domingo, 22 de janeiro de 2012

A Dimensão Estética na Beleza dos Sentimentos

 
 
Sendo a Estética o ramo da Filosofia que trata da Beleza ou do Belo, especialmente na Arte, a qual deve ser julgada com os critérios de gosto e de valor, curial se afigura a defesa de uma teoria, ou atitude coerente, perante tais matérias.
A palavra “Estética” foi usada pela primeira vez por BAUMGARTEN, (Alexander Gottlieb BAUMGARTEN, 1714-1762) em 1750, para se referir à ciência do conhecimento sensorial, que tem por objetivo a Beleza.
Presentemente, a Estética está a conquistar um estatuto mais independente, como domínio que estuda as obras de arte, os processos de produzir e experienciar a arte, e certos aspectos da produção natural e humana, fora do campo da arte, principalmente os que podem ser considerados belos ou feios, com referência às formas e às qualidades sensoriais.
Tem-se verificado, na Estética recente, a tendência para dar ênfase crescente ao tratamento descritivo e concreto dos fenómenos artísticos e da experiência estética, não obstante a existência de outras correntes.
A Estética mantém um halo filosófico, ao comparar exemplos de todas as artes, e ao reunir dados e hipóteses de fontes diversas, incluindo a Filosofia, a Psicologia, a História Cultural e as Ciências Sociais, mas diverge da concepção tradicional da Filosofia, na medida em que o que hoje se apelida de Estética inclui, frequentemente, um estudo mais pormenorizado e empírico de fenómenos particulares, em vez de se restringir, como antigamente, à discussão abstracta do significado de beleza, sublime e outras categorias, a sua natureza objectiva ou subjectiva, a sua relação com o prazer e com o bem-moral e comum.
É pela importância do estudo estético que, actualmente, se pensa ser fundamental uma educação estética e, se não a partir dos primeiros anos escolares, pelo menos ao nível do ensino preparatório, porque tal educação proporcionaria uma formação humana mais sensível e mais compreensiva, relativamente às belezas artificiais e naturais e, quanto a estas, permitiria a formação de uma consciência de aperfeiçoamento, preservação e estudo.
O amor ou o ódio, o sofrimento ou a felicidade, a dor, a saudade de alguém e até o insurgimento contra dado normativo social, clamam do homem o seu impulso estético. Ao exteriorizar os seus sentimentos de exaltação do belo, de conformação ou repulsa, o homem busca, na sua inspiração, o deleite da natureza que admira, ou a reacção do que considera perverso, já que a indiferença não toca o seu coração.
No entanto, a beleza que o circunda, o amor que o amarra, a saudade que o inquieta ou o ódio que o atormenta, dão-lhe o poder de transmitir nas suas obras, o estado estético do seu “eu” que se encontra numa pintura, numa escultura, num poema e até num grito de revolta.
Todo o homem é artista enquanto ser sensível, e também numa obra de arte, segundo SCHILLER (Johann Christoph Friedrich von SCHILLER, 1759-1805), ele pode ou não saber exprimir-se em algo, fora de si, mas em si mesmo ele tem a própria arte, a qual tanto pode surgir pela produção de um clássico ou em manifestações culturais progressistas, como na arrogância de uma conquista ou no desalento de uma derrota, pois em qualquer destes estados e sentimentos, o homem pode encontrar o prazer.
SCHILLER faz parte de uma sociedade que não lhe era favorável, e por isso, sofreu, viveu isolado e, não tivesse sido a ajuda de alguns amigos do seu tempo, teria sido marginalizado, daí que esta sua obra reflicta, extraordinariamente bem, o seu sofrimento, a sua luta por aquilo que ele designou por “Terceiro Carácter”.
A sua nostalgia, o seu idealismo e a vontade forte de um estado moral, são a expressão do seu sentir em relação aos homens da sua época, da sua cultura e das suas afectividades. Naturalmente que não cabe aqui descrever a biografia exaustiva de Johann Christoph Friedrich von SCHILLER, no entanto, alguns factos da sua vida atribulada, serão necessários para uma melhor referenciação e enquadramento sócio-cultural do seu tempo.
Tendo nascido em Marbach, Alemanha, em 1759, viria a falecer em 1805. Temperamento melancólico, muito propenso ao misticismo, quase seguia a via eclesiástica, acabando por cursar medicina e, mais tarde, exercesse a actividade de médico militar, embora com bastante indiferença.
A sua vocação de poeta, de filósofo e dramaturgo, manifestava-se a cada momento, tendo privado com SCHUBART, (Christian Friedrich Daniel SCHUBART, 1739-1791), escreveria bastante para o teatro. A sua primeira peça constituiria um motivo de polémica e, provavelmente, a causa directa do seu futuro sofrimento. No âmbito da poesia sentimental e ingénua escreveu, numa perspectiva filosófica, que publicou, algumas obras, nomeadamente as “Cartas sobre a Educação Estética da Humanidade”, objecto do presente trabalho.
As suas cartas exaltam a educação estética, que para ele dará lugar a um estado moral único, em que o homem se dignificará a ele próprio. Nesta obra é evidente o seu idealismo estético, já que foram muito fortes as influências e o ambiente do seu tempo, bem como a profundidade dos seus sentimentos. Foi grande admirador de KANT (Immanuel KANT 1724-1804), todavia não seguiu, completamente, os seus princípios.

Bibliografia

DUCASSÉ, P., (s.d.). As Grandes Correntes da Filosofia. 5ª Ed. Lisboa: Publicações Europa-América
HADJINICOLAOO, N., (1978). História das Artes e Movimentos Sociais. Lisboa: Edições 70
MARCUSE, H., (s.d.). A Dimensão Estética. Lisboa: Edições 70
PLAZAOLA, Juan, (1973). Introdución a la Estética. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos
SCHILLER, Johann Christoph Friedrich von, (s.d.). Cartas Sobre a Educação Estética da Humanidade. Buenos Aires: Ed. Aguilar.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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