domingo, 15 de janeiro de 2012

S. Bento, Pescador de Homens

«Ser homem, numa sociedade decadente, é muito para se notar. Então ser homem de Deus, não só como todos o são, pois Ele a todos criou, mas na vivência consciente duma pertença total, diremos que é super-homem; e na linguagem cristã é um santo. A vida de um santo é difícil de se escrever. Porque se move em parâmetros que não são os do comum dos mortais; gira na órbita de Deus, e se os factos são pertença da história, a sua vis íntima e a explicação derradeira escapam à nossa apreciação.» (S. GREGÓRIO, 1992:47) (Introdução)
São Bento em Seixas, não propriamente de Seixas, porque Ele é universal, está, porém, no coração de todos os crentes que conhecem a sua vida, a sua obra, os seus milagres. Mas os seixenses têm-no como seu, obviamente pelas imensas graças e milagres que dele têm recebido, ao longo do tempo. Seria óptimo que São Bento fosse de toda a humanidade, que todos os seres humanos o “disputassem” para ele interceder pela felicidade, pela saúde, pela paz no Mundo. (Introdução)
São Bento foi proclamado Padroeiro da Europa por Sua Santidade o Papa Paulo VI, durante a consagração da nova Igreja Abacial da Abadia de Montecassino, restaurada depois de completamente destruída durante a Segunda Guerra Mundial. (Cap. 6)
Entre os muitos milagres de S. Bento, insere-se aqui neste resumo o seguinte: «Espantoso Poder de Cicatrização da Medalha de São Bento - No ano de 1665, um homem tinha no braço uma chaga grande e infeccionada, que não cedia a remédio algum. Ocorreu então a lembrança de se colocar a medalha de São Bento sobre o braço enfermo, juntamente com o habitual curativo. No dia seguinte, verificou-se que a chaga estava com bom aspecto, e ao cabo de alguns dias cicatrizou inteiramente.» (Cap.12). (http://homepage.mac.com/ie.msa/VILA-NOVA-DE-SÃO BENTO/page7/page7.html)
Tal como hoje, já em plena idade média, Seixas tinha a sua projecção, que lhe era reconhecida, na medida em que então constituía: «Um núcleo populacional de certa importância, para merecer uma carta de foral do primeiro Rei.» Essa carta de foral viria a desaparecer por extravio ou incêndio, levando então «D. Afonso III, em 09 de Novembro de 1262, conceder-lhe novo foral na cidade de Coimbra.» Por este foral, a «Vila de Seixas ficava vinculada, de certo modo, ao Rei, embora este não fosse Senhor, pois a paróquia pertencia ao bispo de Tui.» (ALVES, 1985:160). (Cap. 2)
A população de Seixas, ao longo da sua história tem revelado que sabe muito bem o que pretende, os valores que sustenta e como defendê-los. A verdade é que entre as duas grandes linhas de orientação: São Bento de um lado; coesão da população, por outro, este povo movimenta-se exemplarmente, sem atropelos, com toda a dignidade e respeito pelos valores que entre os seus habitantes resguarda, mas também perante quem os visita. (Cap. 4)
A 5 de Julho de 1848, a monarca, D. Maria II, resolve dar início ao processo com vista à emissão do Alvará Régio que instituirá a Confraria de São Bento de Seixas, porém, em condições bem mais favoráveis do que as que eram solicitadas pelos seixenses.
«Eu A rainha Faço saber aos que este Meu Alvará virem que: Attendendo ao que Me foi requerido por parte dos Moradores da freguesia de Seixas, no Concelho de Caminha, pedindo a authorização para instituírem uma Irmandade de denominação de São Bento na antiga Capella do mesmo Santo, sita naquela freguesia, com a declaração de ficar a dita Capella e seus rendimentos separados e independentes da administração da respectiva Junta de Parochia, ao que esta prestará seu decidido consentimento, como se mostrava no documento junto; e pedindo também a confirmação dos estatutos, por que deverá reger-se a nova Irmandade» (CARVALHO, in LIMA, 2001:53-54) (Cap. 9) 
A dimensão religiosa do homem é, seguramente, um aspecto essencial da sua superioridade face aos restantes animais que povoam o mesmo mundo. O homem, centro e objecto das maiores investigações científicas, apresenta-se, neste particular, como algo ainda misterioso, indecifrável, incógnito. (Cap. 16)
A religião é, naturalmente, vivenciada pelo homem e pela sociedade, através de processos e reacções diferentes, mas que têm em comum uma relação com Algo Transcendente. Por muito santificado e/ou divinizado que se pretenda ver um outro homem, nosso semelhante, e existindo concreta e fisicamente a relação que com ele se estabelece, esta não configura uma dimensão religiosa, apesar de nessa relação se colocar crença, respeito e uma ligação mística. (Cap. 13)
O homem deve viver com fé, quer ao nível espiritual, quer no âmbito da sua intervenção no mundo, acreditando e demonstrando que tudo o que faz tem uma finalidade boa, um sentido concreto, um objectivo real e até altruísta, revelando-se, também, fiel aos valores e princípios. É necessário estar dotado de uma grande fé, quer para o êxito dos projectos espirituais, quer na realização dos projectos materiais. (Cap. 3)
O ser humano que alcança estes valores, certamente que fica dotado de um poder que nenhuma outra via lhe proporciona. O poder religioso solidifica quem o possui nos sentimentos da confiança e da esperança, sem os quais será difícil evoluir para uma sociedade verdadeiramente humana, fundamentalmente, quando se perde o amor pelo Deus que tudo cria, controla e extingue. (Cap. 5)
Pensar, exclusivamente, na dimensão espiritual e prepará-la para uma vida eterna, certamente é muito importante, principalmente na perspectiva dos que acreditam numa outra vida, liberta da materialidade terrena, todavia, a pessoa crente poderá preparar-se melhor para essa outra existência extraterrestre, se cuidar bem da sua parte física, corporal, até porque num corpo são as possibilidades de uma mente sã são muito maiores, logo, os resultados cognitivos serão beneficiados. Descuidar o conforto material da saúde e do corpo poderá ser contraditório com o sentido último da vida, que os crentes numa realidade eterna pretendem viver. (Cap. 7)
O homem, superiormente iluminado, impulsionado por um outro sentimento, que lhe é exclusivo e constitui um privilégio, vence, finalmente, o drama, a angústia, o sofrimento e a incerteza quando, invocando a ajuda divina, uma sensação de tranquilidade e de esperança o invade e liberta daquele desconforto. É este homem superior, gerado e criado à imagem e semelhança do seu Deus e nos preceitos da sua religião, que se determina em função do ente divino que o justifica. (Cap. 8)
A pessoa de fé manifesta uma conduta perfeitamente assumida, declarada, exibida perante os outros seus iguais e será este seu comportamento que lhe assegura um Poder legítimo, transcendente e que ninguém lho pode usurpar.
A sua conduta ética no exercício da sua fé ilimitada, garantem-lhe um poder que, sem violência, sem armas, sem fundamentalismos, se impõe e, de certa forma, subjuga todos aqueles que, no limite e na dúvida, preferem manter-se, aparentemente, indiferentes, não hostilizando os detentores deste poder ético da fé. (Cap. 10)
A dimensão espiritual (principalmente para quem nela acredita) começa por ser inefável, não tem rosto, integra-se (ou não?) num corpo, este com uma identidade própria e que o acompanha ao longo da vida. A alma, espírito ou qualquer outra designação, tem um princípio e um fim (ou não?). Então considerando as duas dimensões do homem, qual é, afinal, o seu destino? Trata-se de uma questão complicadíssima à qual não se pretende, aqui, responder, mas tão-só, reflectir sobre ela. (Cap. 11)
Os valores que, antropologicamente, são considerados característicos das atitudes do crente – submissão e reverência –, em nada diminuem a dignidade da pessoa humana total, integralmente considerada: corpo e espírito, bem pelo contrário, elevam o crente a um estatuto supra técnico-científico e, consequentemente, à sua própria felicidade, tal como a deseja na vida física e para além desta. (Cap. 14)
A felicidade e a paz dos povos passam, necessariamente, pelo diálogo inter-religiões, pela compreensão dos valores de cada uma, no respeito, na submissão e na adoração que poderão conduzir, num tempo ainda não previsto, a um Deus único e universal de toda a humanidade. (Cap. 17)
«São Bento contribuiu em grande medida para forjar a alma e as raízes da Europa, que são essencialmente cristãs e sem as quais não se entendem nem se explicam a nossa cultura e o nosso modo de ser. A própria identidade europeia “é incompreensível sem o Cristianismo” e “é precisamente nele que se encontram essas raízes comuns das quais brotaram a civilização do Continente, a sua cultura, o seu dinamismo, a sua actividade, a sua capacidade de estender-se construtivamente aos outros Continentes.» (Cap. 6).

Bibliografia

ALVES, Lourenço (Coord./Organiz.). (1985). Caminha e o seu Concelho (Monografia). Caminha: Câmara Municipal de Caminha
Catolicismo Romano. São Bento Abade, padroeiro da Europa, (Disponível em http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/115/42/, Consultado em 01.01.12)
LIMA, Manuel Artur Sousa Ribeiro, (Dir./Coord). (2001). Centro de Bem-Estar Social de Seixas: 50 Anos ao Serviço da Solidariedade, Caminha: Gráfica do Minho.
S. GREGÓRIO, (1992). São Bento, II Livro dos Diálogos de S. Gregório Mosteiro de S. Bento da Vitória da Cidade do Porto. Porto: Edições Ora & Labora.
SANTOS, Armando Alexandre dos, (s.d). "A vida maravilhosa e a Medalha de São Bento" São Gregório Magno.(http://homepage.mac.com/ie.msa/VILA-NOVA-DE-SAO-BENTO/page7/page7.html)
  
 Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)
NOTA: O Livro: “S. Bento, Pescador de Homens. Confraria de S. Bento Homenageia a Fé dos Seixenses”, pode ser adquirido na sede da Confraria, largo de S. Bento - Seixas


1 comentário:

Rui Ramalhosa disse...

S. Bento é universal e um dos maiores agregadores de almas. A nossa cultura diz-nos que, para além do ser humano como homem, existe um ser humano religioso que o ajuda a crescer e a criar a sua identidade. A fé em Deus e nos seus representantes levam-nos a ser mais indulgentes com o próximo e a ser beneficentes com quem precisa, não só material, mas também espíritualmente. Vivemos em sociedade e a felicidade e a paz só é verdadeira quando todos as sentirmos. Não só eu, mas sim todos os que nos rodeiam.
Bem haja por pensar assim
Rui Ramalhosa