O Ser é a ideia mais abstrata de todas e a menos
compreensiva, porque ela é obtida depois de abstrairmos de tudo o que há de
individual, concreto e quantitativo na realidade, de modo a ficarmos apenas com
a realidade enquanto realidade.
Muito genericamente dir-se-ia que o Ser é tudo o
que existe ou pode vir a existir, logo, opõe-se ao nada e o nada apenas pode
ser concebido pelo Ser de que é negação. O pensamento é, assim, o primeiro grau
da realidade, embora realidade subjectiva.
Na hierarquia do Ser distinguimos três graus: o
Ser possível; o Ser existente e o Ser necessário – este existe por si e cuja
essência é a própria existência. O Ser só o é enquanto lhe reconhecemos os seus
atributos, isto é, unidade, transcendência e analogia.
Mas o Ser em si, tal e qual como ele é, constitui,
hoje, um tema apaixonante, misterioso, quem sabe se sagrado e eternamente
insondável e indecifrável, apesar dele se nos desvelar nos mais insignificantes
actos da natureza, como as fases de desenvolvimento de uma planta, em todo o
seu ciclo vegetal, como na vida do homem a partir do memento da sua concepção
num acto sexual de amor, ódio, sadismo, violação ou vingança, até à sua morte
biológica.
Mas no Ser último que transcende as fases cíclicas
da natureza, causa das causas, necessário e suficiente, infinito e invisível,
neste Ser desconhecido pela ciência, é que interessa meditar e tentar
conhecê-lo melhor o que, naturalmente, só será possível para além do mundo
terreno e concreto que nos cerca, logo, o homem não atinge o Ser pela via
científica ou especulativa, mas tão só pela fé, pela convicção profundamente
religiosa.
Com efeito, verificamos, constantemente, o
desvelamento do ser em todas as coisas, inclusivamente neste acto de escrever.
Ele revela-se em mim como fonte de inspiração, de meditação, de acção, de fé,
todavia eu não o vejo, não o consigo imaginar consubstanciado numa qualquer
forma material ou delimitado no espaço e, apesar de tudo, acredito no Ser que
eu sou e no Ser que faz com que eu seja aquilo que julgo ser.
Perante a grandiosidade deste facto, eu não posso
deixar de me considerar tão pequenino, tão insignificante, tão imperfeito, face
à magnitude do Ser Supremo que me dá o Ser concreto e abstracto, material e
espiritual. Esse Ser Supremo em que eu acredito, ao qual procuro obedecer,
ainda que na prática do mal, esse Ser só poderá existir como cúpula de todos os
seres e então, tenho de o reconhecer em Deus.
O homem de hoje preocupa-se pouco com o Ser
enquanto Ser Homem à imagem e/ou semelhança do seu Criador e não se apercebe do
valor ético-social que representa ser Homem enquanto modelo do Ser Supremo, daí
que a crise espiritual seja constante no seu Ser verdadeiro, porque o ser que
julga ser, não é mais que um “ser máscara”, uma ilusão materializada num
comportamento mesquinho, egoísta e desonesto. É este Ser que o homem do
princípio do século XXI, do terceiro milénio, após o nascimento de Cristo,
procura exibir em todos os momentos, espaços e situações que se lhe
proporcionam.
O desvelamento do Ser Verdadeiro e Supremo apenas
existe a partir d’Ele, porque só Ele é Ser Omnisciente, Omnipotente, Criador de
todos os outros seres e sacrificado pelo ideal de ser Homem à sua semelhança. O
Ser a que me refiro concretiza-se em Jesus Cristo, verdadeiro Ser que se
desvela em todos os mistérios, manifesta-se em todas as coisas e interioriza-se
na minha consciência para me aconselhar, para me guiar, enfim, para me fazer
mais Ser e n’Ele me desvelar também.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
E-mail: bartolo.profuniv@mail.pt
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)
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