Na obra que serve a presente reflexão, António
Sérgio, descreve como a partir do “Self-government” se podem criar tipos de
escolas mais abrangentes, à semelhança de um Estado.
Acompanhou depois todo o processo que se
desenvolveu a partir de três cidades escolares a funcionar numa escola normal
em Nova Platz – Estado de Nova York. De modalidades tais como a “Júnior Republic”, onde se instituíram
leis necessárias à defesa da propriedade e o deferimento de julgamento e
punição de delinquentes, verificou que as regras eram melhor executadas quando
instituídas pelos estudantes do que impostas autocraticamente.
A Cidade-Escolar passou a organizar-se na sociedade
dos estudantes à maneira de um município norte-americano, com as suas câmaras,
presidente, etc. Vários estados podem reunir-se numa nação ou confederação.
A forma rudimentar do sistema é o das Aldeias
Escolares. No Município Escolar preparam-se as crianças para receber a ideia de
Município. Aqui propõe-se-lhes uma noção concreta do governo democrático o qual
terá por funções: fazer leis para cooperação dos cidadãos; vigiar em comum pelo
seu cumprimento; elaborar um plano de governo que é votado pelos alunos;
ensinar os alunos a fazerem petições e nestas a indicarem os objectivos
principais.
No funcionamento dos Municípios Escolares são
importantes os forais nos quais constam as regras fundamentais, nomeadamente:
objectivos, lei geral, coisas proibidas, deveres, punições, etc. O capítulo
termina com uma advertência (1984: 58): «Daí a necessidade fundamental de
impedir que nas escolas surjam partidos imperados nas clientelas das políticas
da nação, a fim de que preparem cidadãos dispostos a atender antes de tudo aos
interesses reais do Município.»
António Sérgio encaminha-se para o final da obra,
considerando o “self-government” e o “self-support” (1984:69) afirmando que: «o verdadeiro educador
há-de ser um vidente, um percursor, um profeta», sujeitando as
crianças às exigências espontâneas, naturais e ideais de uma sociedade
progressiva.
O trabalho é aqui encarado como uma divisa que
suporta as condições de dignidade, de esforço pessoal criador e disciplinado,
de justiça e de cultura. Os artigos produzidos na República, quer nos campos, quer
nas oficinas são vendidos dentro dela ou para fora.
Desenvolve-se, depois, todo o processo
organizativo, que conduz, inclusivamente, se for o caso, à reabilitação,
perante os cidadãos e o instrutor, de todo aquele que não se esforça por
cumprir as regras trabalhando, tal como se passa na vida real, em sociedade.
Destaca-se, pedindo ao leitor (1984:83-84) que «...
se coloque neste ponto de vista ao medir o valor pedagógico de autonomia ligada ao trabalho profissional.»
Sérgio conclui a obra com o seguinte comentário: «Os remédios são,
evidentemente, uma escola de trabalho e de autonomia, do labor profissional e
de iniciativa – uma escola civil para a vida: é essa mesma que vos proponho.
Dessa escola não vai banida – bem ao contrário – a educação estética e
filosófica: só nela a arte, a ciência e a filosofia tomam vida, deixam de ser
um cadáver mumificado numa sebenta.»
Bibliografia
SÉRGIO, António, (1984). Educação Cívica. Lisboa: ICLP/ME.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário