domingo, 13 de janeiro de 2013

Trabalho: Dignidade, Justiça e Cultura


Na obra que serve a presente reflexão, António Sérgio, descreve como a partir do “Self-government” se podem criar tipos de escolas mais abrangentes, à semelhança de um Estado.
Acompanhou depois todo o processo que se desenvolveu a partir de três cidades escolares a funcionar numa escola normal em Nova Platz – Estado de Nova York. De modalidades tais como a “Júnior Republic”, onde se instituíram leis necessárias à defesa da propriedade e o deferimento de julgamento e punição de delinquentes, verificou que as regras eram melhor executadas quando instituídas pelos estudantes do que impostas autocraticamente.
A Cidade-Escolar passou a organizar-se na sociedade dos estudantes à maneira de um município norte-americano, com as suas câmaras, presidente, etc. Vários estados podem reunir-se numa nação ou confederação.
A forma rudimentar do sistema é o das Aldeias Escolares. No Município Escolar preparam-se as crianças para receber a ideia de Município. Aqui propõe-se-lhes uma noção concreta do governo democrático o qual terá por funções: fazer leis para cooperação dos cidadãos; vigiar em comum pelo seu cumprimento; elaborar um plano de governo que é votado pelos alunos; ensinar os alunos a fazerem petições e nestas a indicarem os objectivos principais.
No funcionamento dos Municípios Escolares são importantes os forais nos quais constam as regras fundamentais, nomeadamente: objectivos, lei geral, coisas proibidas, deveres, punições, etc. O capítulo termina com uma advertência (1984: 58): «Daí a necessidade fundamental de impedir que nas escolas surjam partidos imperados nas clientelas das políticas da nação, a fim de que preparem cidadãos dispostos a atender antes de tudo aos interesses reais do Município
António Sérgio encaminha-se para o final da obra, considerando o “self-government” e o “self-support” (1984:69) afirmando que: «o verdadeiro educador há-de ser um vidente, um percursor, um profeta», sujeitando as crianças às exigências espontâneas, naturais e ideais de uma sociedade progressiva.
O trabalho é aqui encarado como uma divisa que suporta as condições de dignidade, de esforço pessoal criador e disciplinado, de justiça e de cultura. Os artigos produzidos na República, quer nos campos, quer nas oficinas são vendidos dentro dela ou para fora.
Desenvolve-se, depois, todo o processo organizativo, que conduz, inclusivamente, se for o caso, à reabilitação, perante os cidadãos e o instrutor, de todo aquele que não se esforça por cumprir as regras trabalhando, tal como se passa na vida real, em sociedade.
Destaca-se, pedindo ao leitor (1984:83-84) que «... se coloque neste ponto de vista ao medir o valor pedagógico  de autonomia ligada ao trabalho profissional.» Sérgio conclui a obra com o seguinte comentário: «Os remédios são, evidentemente, uma escola de trabalho e de autonomia, do labor profissional e de iniciativa – uma escola civil para a vida: é essa mesma que vos proponho. Dessa escola não vai banida – bem ao contrário – a educação estética e filosófica: só nela a arte, a ciência e a filosofia tomam vida, deixam de ser um cadáver mumificado numa sebenta

Bibliografia

SÉRGIO, António, (1984). Educação Cívica. Lisboa: ICLP/ME.
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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