Há
momentos na vida de uma pessoa que, independentemente de convicções religiosas,
mais intensas, ou não, percebe-se que existe uma outra dimensão, imaterial,
metafísica que, no mínimo, nos leva a refletir sobre: o que realmente somos; o
que estamos a fazer neste mundo terrestre; de onde viemos e para onde iremos
pós-morte biológica? Questões que, de alguma forma, nos intrigam e nos deixam
algo inseguros, porque nos faltam as “certezas rigorosas e técnicas”, a chamada
“verdade científica”.
No
presente ano de 2017 e, mais concretamente, a treze de maio, celebra-se o
centenário da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, aos Pastorinhos, na
Cova da Iria. Há quem acredite, quem duvide, quem não acredite, ou este tema
lhe seja indiferente. Obviamente que se respeitam todas as posições, como de
igual modo se pede que reverenciem as convicções daquelas pessoas crentes que,
sem quaisquer dúvidas, aceitam as Aparições de Fátima.
Nesta
reflexão, comemorativa de uma data tão importante para os crentes católicos,
permitam-me analisar o evento pela perspetiva da Fé em Deus, através de Nossa
Senhora de Fátima, na medida em que: «Fátima
é uma das manifestações mais espetaculares da presença de Deus na História da Humanidade
ao longo do século XX e com uma clara projecção para o nosso século XXI.
Estamos perante um acontecimento que, quer queiramos quer não, faz parte da
nossa memória coletiva e da nossa História não só nacional, mas do mundo. A
História da Igreja em Portugal, a História de Portugal e mesmo a História
Universal não podem ser escritas sem fazer uma referência a Fátima.»
(TRINDADE, Manuel de Almeida (Bispo Emérito de Aveiro), in: CARVALHO, 2017:21).
Escamotear,
ridicularizar, denegrir e humilhar os crentes cristãos por estes vivenciarem,
intensa e publicamente, a Fé em Nossa Senhora de Fátima, parece configurar uma
atitude, incompreensivelmente, preconceituosa, de alegada e infundamentada
superioridade racional, como ainda, para algumas destas pessoas, entenderem que
possuem um coeficiente intelectual muito elevado, quando, em boa verdade, no
seio da população mundial crente, se multiplicam, precisamente, pessoas do mais
alto nível racional e intelectivo, ocupando, na sociedade, posições de imensa responsabilidade, a que
ascenderam, justamente, pelas suas inigualáveis capacidades: inatas e
adquiridas; pelas competências profissionais e pelas dimensões pessoais, seja
no âmbito material; seja no círculo mais íntimo da espiritualidade.
Invocar
Maria, todos os dias do ano, todos os segundos da nossa vida, revela humildade,
fragilidade humana para a qual pedimos, incessantemente, proteção, porque se a
“Fé é que nos salva”, então devemos
ser coerentes e não nos recordarmos d’Ela, apenas, quando estamos aflitos, de
resto como refere o aforismo popular: “Só
nos lembrarmos de Santa Bárbara quando troveja”.
A
dimensão espiritual da pessoa humana, revela-se em todos os momentos da vida,
mesmo naquelas criaturas não-crentes, porque sendo elas, igualmente racionais,
inteligentes e pensantes, reconhecem, ainda que para si próprias, que existe
“Algo” para além de toda a materialidade de que se compõe o corpo humano, e
tudo o que o rodeia.
Nesta
dimensão espiritual a figura santificada de Nossa Senhora de Fátima é incontornável,
e pode-se considerar que o seu Santuário é um dos mais visitados do mundo, com
uma afluência de peregrinos impressionante. Fátima, “arrasta” multidões de
todas as idades, etnias, estatutos, condições socioprofissionais, crentes de
todo o mundo, muitos dos quais têm um sonho na vida: visitar este simples, mas
imponente, “Altar do Mundo”, o Santuário de Fátima, em Portugal.
Com
efeito: «É evidente que Fátima tem uma
importância especial, única, que não têm outros Santuários. A importância de
Fátima deriva da importância da Mensagem, que é, antes de mais, um apelo à fé.
Num mundo em que a fé está a desaparecer, em que os ateus aumentam, é um apelo
ao mundo de hoje para viver a fé que os cristãos professam, não só
teoricamente, mas concreta, vivida, existencial.» (MARTINS, D. José
Saraiva, Prefeito Emérito da Congregação Para as Causas dos Santos, 2016, in:
CARVALHO, 2017:117-118).
Os
Portugueses, na sua maioria, certamente, que se orgulham de Fátima, do seu
Santuário, da afluência de crentes peregrinos e, provavelmente, até de turistas
religiosos, ou não, que, diariamente, visitam aquele local Sagrado, porque eles
sentem-se: reconfortados nas suas dificuldades; mitigados nas suas dores; e
esperançados numa interceção miraculosa da Virgem Santa e, não se pode (nem
deve) duvidar de quem se considera “atendido” nas suas preces.
Numa
retrospetiva político-ideológica, e talvez nacionalista, alguém afirmava,
designadamente, no antigo regime ditatorial em Portugal, que o nosso país era
conhecido por atributos muito específicos e consubstanciados em três “F’s”:
Fátima, Fado e Futebol. Acredita-se que não haverá ofensa premeditada e
humilhante contra a religião católica, então em vigor, inclusive, apoiada pelo
próprio Estado, contudo, será sempre de bom-senso, separar estas atividades,
muito embora, todas elas constituam atributos nacionais, nada despiciendos.
Importa,
isso sim, nesta reflexão, analisarmos a importância da crença em Nossa Senhora
de Fátima, ou seja: como podemos
reforçar a Fé que a Ela nos une e, na medida do possível, trazer, pela
conversão, mais aderentes a esta Força Espiritual que Ela nos transmite;
aceitarmos a sua proteção, sem reservas nem complexos; implorarmos sempre a sua
benevolência e interceção junto de Deus, porque, mesmo para os não-crentes,
nada há a perder, pelo contrário, ganha-se: confiança, tranquilidade e paz.
Neste
treze de maio de dois mil e dezassete, é tempo de festejar a primeira aparição
de Nossa Senhora de Fátima, aos três pastorinhos: Jacinta, Francisco e
Lúcia, que tiveram a felicidade de
desfrutarem da visão esplendorosa e da presença luminosa de Nossa Senhora de
Fátima, que os premiou pela sua Fé, pela sua inocência e pela importância que
iriam ter o mundo, de resto, e como se sabe: «Depois da beatificação de
Jacinta e Francisco, em Fátima, pelo Papa João Paulo II, em 13 de maio de 2000,
todos esperamos, ansiosos, que seja o Papa Francisco a canonizar os irmãos
beatos e a presidir à beatificação de Lúcia.» (CARVALHO, 2017:141).
Hoje,
é cada vez mais necessário vivermos de forma superior, precisamente, adotando
uma cultura de grandes princípios, valores e sentimentos, onde a religião tenha
um lugar de destaque e, na circunstância, nós, Portugueses, possamos continuar
a venerar a Virgem de Fátima, depositando n’Ela: as vicissitudes da vida;
orando para que Ela nos defenda de todos os males possíveis, tal como a Mãe que
ama, intensa e infinitamente os seus filhos; curiosamente, não é por acaso que
o “Dia da Mãe”, também se celebra no mês de maio e não é uma feliz simultaneidade,
mas antes, uma opção de Fé.
Virgem
Mãe, também a nossa Mãe biológica, ou adotiva, ou de acolhimento, todas, porém,
com amor de Mãe, que nos amam, nos orientam na vida, que nos protegem até ao
limite das suas forças. Esta Mãe Celestial, que sempre vela por nós, tem de ser
venerada, respeitada e a Ela lhe pedimos para nos acompanhar sempre, porque sem
esta dimensão espiritual, e a Fé nesta Mãe adorável, teremos muitas
dificuldades em nos afirmarmos nas duas dimensões que integramos em nós: o
corpo físico; a alma inefável espiritual.
Nestes
cem anos de devoção intensa a Nossa Senhora de Fátima: é provável que continuem
a existir dúvidas sobre as aparições de 1917; é compreensível que os
não-crentes continuem a manterem-se afastado de todas e quaisquer cerimónias
religiosas, peregrinações, cumprimento de promessas e de outras manifestações
de adoração à Virgem Celestial, até porque, em boa verdade, compete aos
crentes, exteriorizarem respeito por tais comportamentos.
Em
todo o caso, pode-se aceitar que: «A mensagem
de Fátima mostra-nos uma experiência universal e permanente: o confronto entre
o bem e o mal que continua no coração de cada pessoa, nas relações sociais, no
campo da política e da economia, no interior de cada país e à escala
internacional. Cada um de nós é interpelado a corresponder ao chamamento de
Deus, a combater o mal a partir do mais íntimo de si mesmo, a compreender o
sentido da conversão e do sacrifício, em favor dos outros, como fizeram os três
pastorinhos, na sua pureza e inocência.» (Ibid.:130).
São
biliões as pessoas que em todo o mundo creem em Nossa Senhora de Fátima,
independentemente do nome que se possa seguir ao título de “Senhora”: Fátima,
Aparecida, Lourdes, Dores, Rosário, Minho, Assunção, Remédios, Desatadora dos
Nós, Imaculada Conceição, dos Milagres e tantas dezenas de outros nomes. Nossa
Senhora é sempre a mesma, una e indivisível, Mãe de todos nós, que nunca nos
abandona, se quisermos sintetizar, diríamos: Nossa Senhora do Mundo, ou Nossa
Senhora da Paz.
Na
celebração deste centenário, invoquemos Nossa Senhora de Fátima, roguemos-lhe
que conceda a todas as pessoas e ao mundo; saúde, estabilidade, segurança,
amor, felicidade e paz e não esqueçamos que: «Na sua dupla dimensão mística e profética Fátima – na sua mensagem e
no seu Santuário – tem uma missão a cumprir na Igreja e no mundo: ser farol e
estímulo para a conversão pastoral da Igreja e critério e bússola a orientar o
compromisso dos cristãos nos conflitos do nosso mundo» (Ibid.:136).
Bibliografia.
CARVALHO, José, (2017). Francisco e
Nossa Senhora. Um Amor Incondicional. S. Pedro, do Estoril: Prime Books
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone:
00351 936 400 689
Imprensa
Escrita Local:
Jornal:
“Terra e Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
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