A Estética é uma ciência: recente, na sua estruturação
quanto ao método e ao objeto; antiquíssima, quanto à sua etimologia. A História
da Estética está ligada à História da Filosofia, enquanto que é compreensão
hermenêutica da arte e, neste contexto, temos uma Filosofia da Arte, ou seja,
uma Estética Filosófica, aquela que, verdadeiramente, interessa a este
trabalho.
Etimologicamente, e no seu sentido originário grego,
a “aisthesis” é sinónimo de sensação e perceção, no âmbito da cultura helénica.
Ao nível da compreensão, verificam-se duas linhas: a dos filósofos e a dos
poetas, consistindo em a primeira, numa capacidade de perceber, conhecimento
inferior ao da razão, eminentemente epistemológico e inferior à lógica. Nesta
estética o respetivo campo estético é inferior ao intelecto.
Quanto à segunda compreensão, a dos poetas, o seu
sentido é fornecido pela perceção dos sentidos, o que implica que o seu objeto
tenha as mesmas caraterísticas que o objeto da perceção, igual à assunção pelo
sujeito, sendo necessário que, do ponto de vista do objeto, este seja dotado
das caraterísticas do sujeito, isto é, clareza, proporção, medida. Os poetas
revalorizam assim o poder da perceção sensitiva nas pessoas que têm todas as
faculdades.
Além dos níveis de compreensão na cultura grega, que
são o gnosiológico e o epistemológico, há, ainda, um nível existencial que
significa que a Estética, como perceção sensível, é uma experiência racional
integradora, completa e englobante, e é esta relação sujeito-objeto que resulta
na harmonia estética, que evidencia o sentido do belo, da arte e do prazer
estético.
A tarefa da Estética a nível histórico é procurar
esclarecer os problemas relacionados com a Arte e a Beleza, ela representa o
próprio desenvolvimento do pensamento humano, no entanto, como disciplina
filosófica, o positivismo admitia-a como ciência positiva, contudo, haveremos,
hoje, 2018, de considerar que o positivismo terá, eventualmente, uma visão
redutora da ciência e, portanto, nele não cabem os valores estéticos universais
de Arte e da Beleza, por isso, não tem lugar a Estética Filosófica como ciência
especulativa, que busca explorar, sobre certos valores, mas que não é uma
axiologia, porque não são valores do agir, mas do fazer da Arte e da Beleza,
logo a especulação estética não se identifica com a Ética.
A Arte tem por fim exprimir a beleza, e produzir na
alma dos espetadores a emoção estética, que o artista sentiu, e por meio desta
emoção estética a Arte moraliza e inspira a virtude. Na verdade, a emoção
estética desapega a alma de tudo o que é pequeno e mesquinho.
A Arte é um refúgio, onde o homem encontra o repouso
para as suas preocupações vitais, nascendo nele o sentimento da adoração e da
admiração, desenvolvendo a simpatia, produzindo o respeito, contribuindo para
uma melhor educação individual e coletiva, local, nacional, comunitária e
universal.
A Arte, destinada por essência a elevar o homem,
pode também produzir efeitos nocivos, mas cuja responsabilidade cabe,
exclusivamente, ao espetador ou ao artista. A arte-pela-arte será sempre
verdadeira, quanto se pretende exprimir um fim próprio, orientada no sentido
último do homem que é Deus, sem O qual o homem não pode viver, para O qual o
homem procura convergir, precisamente pela Arte, que é cultura, síntese do que
há de mais perfeito, numa época, num país, numa sociedade, por isso, país sem
arte é país sem cultura, sem perspetivas, sem sentido último supremo.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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