Toda a Arte é expressão, mas nem toda a expressão é
Arte, porque, efetivamente, não há Arte no deficiente que é mudo, como não há
Arte naquele que, emotivamente, se exprime de forma inarticulada. A Retórica no
sentido depreciativo, deturpando a palavra, simulando expressão, também não é
arte.
A expressão artística não pode ser deficiente, nem
transcendente, nem insuficiente, nem excessiva, mas pode haver arte na
introdução intencional do teatro, da pintura, da escultura, da arquitetura. No
estudo sobre a arte, o autor destas três situações, José RÉGIO, destaca igual
número de aspetos eliminatórios de arte.
Uma expressão existe que não chega a ser Arte, pela
qual se pode imaginar uma pessoa que, visivelmente emocionada, não consegue
exprimir-se com clareza e rigor, por mais compreensível que seja a mímica, por
mais profunda que seja a sua dor, no entanto, tais manifestações são uma forma
de expressão.
Toda e qualquer expressão vital: desde o silêncio ao
grito angustiado; da tristeza à alegria; da alteração da fisionomia à
descompostura do corpo; exprime, a cada instante, a infinita complexidade da
vida psíquica do ser humano, mas tais expressões vitais não são expressão
artística, porque lhes faltam a intencionalidade, porque revelam sinceridade,
porque denotam espontaneidade, porque não há o compromisso de suscitar a
admiração, nem a preocupação do receio da crítica.
A expressão artística é uma representação mediata,
indireta, em relação à expressão vital, tendo, apesar disso, de comum o ser
humano, daí que a reciprocidade entre as duas expressões seja uma realidade, na
medida em que o artista precisa de ser uma pessoa superiormente dotada, em
experiência humana, isto é, rica em sentimentos, emoções e ideias.
A arte vai beber à expressão vital quando um simples
gesto humano é captado, descrito ou interpretado por um pintor, romancista ou ator,
ela até complementa a expressão vital, tornando-se, por vezes, uma substituta
da vida.
Com efeito: «muitas
vezes a expressão artística se afirma suplente duma expressão vital frustrada
ou incompleta (…) ganhando mais força e realidade, atingirem superior
profundeza e superior subtileza (…) aqueles instintos, tendências, impressões,
emoções, sentimentos, ideias a que o artista não soube, não pôde ou não quis
dar expressão vital.» (RÉGIO, 1980:25). Apesar de tudo, a expressão
artística não substitui a expressão vital, nem tão pouco uma se reduz à outra.
A expressão artística é interessada, intencional,
dirigida, ao contrário da expressão vital, que é espontânea, reflexiva e
imprevidente, todavia, certas atitudes da expressão vital, como o rir, o chorar
e o gritar, podem transformar-se em expressão artística, se a intenção é, efetivamente,
fixar e comunicar, dentro dos mais amplos limites, no espaço e no tempo, porém,
a pura expressão vital, no seu aspeto mais rudimentar, espontâneo, não chega a
ser expressão artística, precisamente por lhe faltar intencionalidade,
premeditação, fixação e comunicação.
Naturalmente que tais limites definidores, são-no
dentro de um relativismo mais ou menos dilatado e subjetivista.
Bibliografia
RÉGIO,
José, (1980). Três Ensaios sobre a Arte. Em Torno da Expressão Artística. 2ª
Ed. Porto: Brasília Editora.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Jornal:
“Terra e Mar”
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e
Tribuna)
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