Há cerca de mais de sete
anos (abril de 2011) fui confrontado com um repto que me deixou muito aflito e
amedrontado. O desafio que me foi colocado primeiro, por um colega de trabalho,
depois confirmado e reforçado por uma instituição de imenso prestígio local,
nacional e internacional, representativa de valores religiosos que ultrapassam
a minha condição de simples mortal, de um pecador que, eventualmente, nem seria
merecedor de tal privilégio por parte de quem o convocou para esta nobre
missão.
Com efeito, o meu colega
Dr. Rui Ramalhosa, teve a gentileza de me sondar sobre a possibilidade de eu
escrever "umas coisas",
sobre a vida e obra de São Bento de Seixas, conjugadamente com a história da
Confraria do venerando Santo, no contexto de uma população residente e
emigrante que, convictamente, professa a sua fé em São Bento, tendo, ainda, em
atenção quatro grandes dimensões que os escritos deveriam abarcar: religiosa,
histórica, profana e filosófica.
Confesso que fiquei, num
primeiro momento, bastante confuso e, desde logo, fui invadido pelo receio de
que tal exigência poderia ser incompatível com as minhas capacidades, para além
de poder vir a resvalar para algum tipo de profanização o que, de todo, eu
teria o dever de evitar. Além do mais, eu nunca escrevi nada com a exigência,
rigor e fé a que ficaria obrigado, caso aceitasse a "provocação" que
então me era dirigida.
Claro que fiquei a pensar
no convite, para mim, muito aliciante e, antecipadamente, gratificante, para
além de muito honroso, porque eu também sou crente, acredito na santificação de
São Bento, por Quem manifesto respeito e crença, apelo à sua intercessão, nos
momentos de maior aflição na vida.
Entendi, ainda, este
repto como uma oportunidade para galardoar e dignificar São Bento, por tudo o
que Ele tem feito por mim, pela minha família e pelas pessoas minhas amigas,
para as quais, e sempre que julgo necessário, peço proteção, orientação e sorte
na vida. Tenho sido atendido, por isso, também tenho de retribuir.
Este será um primeiro
motivo para amadurecer a decisão de aceitar o convite que, amavelmente, me foi,
posteriormente, endereçado por todos os membros da Confraria de São Bento de
Seixas, numa reunião para o efeito realizada.
Aconselhei-me,
entretanto, com algumas pessoas da minha inteira confiança: família, que
rejubilou com este dignificante convite e me entusiasmou a aceitar a tarefa.
Tive o cuidado de, numa postura ético-cultural, conversar com outro colega da
escrita que, numa atitude de grande humildade e solidariedade me deixou
à-vontade para iniciar o "trabalho". Troquei, igualmente, impressões
com colegas de trabalho que, desde logo, não só me incentivaram como se
disponibilizaram para me ajudar no que fosse preciso. Estavam reunidas as
condições para avançar.
Desde já devo agradecer
todo o apoio que me foi dado pelos membros da Confraria de São Bento, ao me
disponibilizarem toda a documentação que tinham em seu poder, pelo
acompanhamento que ao longo do trabalho me deram, de forma muito compreensiva,
solidária e com permanente incentivo. Sem esta ajuda, provavelmente, não
chegaria a este resultado. A estes ilustres membros da Confraria de São Bento
de Seixas, aos irmãos e a todos os seixenses, muito obrigado.
Uma palavra de grande
gratidão devo-a ao Senhor Padre Ricardo, digníssimo Pároco de Seixas que, me
honrou com um prefácio que, na verdade, ultrapassou todas as minhas expetativas,
porque não serei a pessoa assim tão merecedora de elogios que, apesar disso,
sei serem sinceros, mas devo confessar-lhe que, a sua análise psicológica e
religiosa, a meu respeito, corresponde à verdade. Já li imensas vezes o seu
generoso prefácio que, a partir de então, passa a ser uma referência na minha
vida, que terei muito orgulho em apresentá-la em quaisquer circunstâncias.
Muito Obrigado Senhor Padre Ricardo.
Penso que é importante
realçar, aqui e agora, a adesão manifestada pelas mais diversas personalidades
da nossa vida societária. Registo com muita emoção e orgulho a presença de pessoas
que, desempenhando várias e elevadas funções no seio da nossa comunidade local
e nacional, também me fazem a gentileza de serem minhas amigas e que eu,
humildemente, procuro retribuir. É gratificante sabermos que temos amigos, que
eles respondem positivamente aos nossos apelos, para os bons e para os maus
momentos da vida. Hoje, é um bom ensejo para todos nós festejarmos S. Bento, e
por isso agradeço a vossa generosa presença. Obrigado, estimada/o/s amiga/o/s.
Algumas, muito breves,
referências ao "livrinho" que então foi lançado. Nele coloquei, sem
qualquer preconceito: toda a minha sensibilidade religiosa; as minhas
dificuldades existenciais, as quais e invocando a sabedoria de um dos maiores
filósofos de todos os tempos, Sócrates, que tendo vivido entre os anos 469-399
antes de Cristo, portanto há mais de 2.400 anos, manifestava dúvidas,
aparentemente, tão simples como estas: "Quem sou, de onde venho, o que
faço e para onde vou?". Que cada pessoa reflita profundamente e dê a
resposta.
Hoje, em pleno século
XXI, não temos a certeza de que a Ciência, a Técnica, a Tecnologia e todos os
avanços cognitivos do homem, possam dar respostas concretas, objetivas,
observáveis e validadas àquelas interrogações! O HOMEM continua a ser um
mistério para si próprio. Ele vive atormentado porque não consegue controlar
tudo o que está à sua volta, muito menos dentro de si próprio, nem sequer
consegue saber qual será o seu fim último, e quando este vai ocorrer.
Em todo o caso, este
mesmo HOMEM, insatisfeito, porque ainda não totalmente realizado, ele continua
a considerar-se um ser superior, concebido à imagem do seu Criador,
independentemente das suas convicções religiosas, que, no presente livrinho,
houve o cuidado de respeitar. É possível que, numa situação-limite, de vida ou
de morte, todos nós tenhamos, um pensamento, dirigido a Deus suplicando-Lhe
proteção. Não tenhamos vergonha nem preconceitos com os valores religiosos e
com eles recorrer à Divindade.
É este HOMEM que, neste
livrinho, se invoca, consubstanciado na figura insigne de São Bento, também
Este, com todas as suas dificuldades e incompreensões, até dos próprios monges
que Ele sempre defendeu, ensinou e repreendeu, quando tinha de o fazer. Também
Ele, um homem imperfeito, porém, determinado a seguir o caminho de Deus, um
exemplo para a humanidade, padroeiro da Europa Livre e Democrática.
Entretanto e antes de
concluir, tenho o dever de vos dizer que, enquanto crente, estou sempre
disponível para colaborar com as instituições religiosas, para a realização de
trabalhos desta natureza, em prol da defesa de valores que, de alguma forma, e
nas mais diversas circunstâncias da vida, por vezes, todos comungamos, com mais
ou menos Fé, mas com a esperança na obtenção de soluções que contribuam para a
resolução dos nossos problemas.
Quero com isto afirmar
que terei muito gosto em trabalhar com as pessoas responsáveis pelas Paróquias,
Comissões Fabriqueiras, Confrarias, Juntas de Freguesia e outras instituições
ligadas à divulgação e preservação da nossa cultura, dos nossos valores, das
nossas tradições, especialmente aquelas de cariz religioso. Penso que Religião,
Razão, Ciência, Tecnologia, Ordem e Progresso não são incompatíveis, pelo
contrário, complementam-se e dão ao ser humano a sua dimensão superior.
Não poderei deixar passar
esta oportunidade para vos confessar que estou muito empenhado em contribuir
para que o nosso concelho continue a ser uma referência nacional, nos diversos
domínios que mais o caracterizam: o turismo religioso, com as suas festas e
romarias, dimensões sagradas e profanas, a gastronomia, as belíssimas
paisagens, desde o maravilhoso Rio Minho (ao qual nos referimos neste livrinho
que acabamos de lançar com um artigo intitulado: "A Lenda do Rio
Minho"), a nossa orla marítima, todo o contexto da serra D'Arga, o
artesanato, as tradições seculares das desfolhadas, matança do porco, jogos
populares, a pesca, a caça, a agricultura de minifúndio, enfim, um manancial a
não se perder, que constitui o nosso mais valioso património natural e
construído.
Em consequência e na
qualidade de cidadão, natural, criado e residente no Concelho de Caminha,
também tenho o dever cívico de dar o meu contributo para engrandecer, ainda
mais, este recanto minhoto e manifestar a disponibilidade para prestar a minha
cooperação sincera e empenhada.
Nesse sentido tenciono
lançar, ainda este ano, 2012 um novo livrinho relacionado com os Direitos
Humanos e a Cidadania Participativa, tentando demonstrar a importância da
autêntica Cidadania e que, segundo o conceito que me foi ensinado por um meu
formando, de 75 anos de idade, eu passei a adoptar, sem reservas. Cidadania é
então: «A adaptação da consciência ao
exercício de direitos e deveres, em liberdade e com responsabilidade».
Concluo esta minha breve
intervenção com um muito e sincero obrigado a todos vós que, cada um à sua
maneira, me ajudou a realizar esta obra, a qual, de ora em diante, passa a ser
de todos nós; pedir-vos desculpa por, certamente, não corresponder às vossas
expetativas, mas também vos garanto que fiz o melhor que sabia e podia;
solicitar-vos que adquiram o livrinho, afinal o produto reverterá,
integralmente, para melhoramentos que a
Confraria de São Bento irá fazer e, por fim, formular um pedido a São Bento
para que nos ilumine a todos nós, que interceda por nós e nos proteja.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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