domingo, 14 de abril de 2019

Ser Professor/Formador

Inclui-se aqui, como um dos baluartes da escola, a todos os níveis de ensino, o processo de formação, de desempenho e de avaliação dos professores/formadores, os quais devem ter condições para atingirem a excelência, consideradas as suas idades, tempo de serviço e habilitações técnicas, científicas e pedagógicas.

Se é verdade que a necessidade de professores/formadores se justifica pela existência de alunos/formandos, igualmente é certo que ter-se-ão tantos mais, e melhores alunos/formandos, quanto os professores/formadores estiverem, eles próprios, suficientemente preparados, motivados e reconhecidos, tornando-se indiscutível a sua manutenção em todos os domínios da educação e formação do cidadão moderno.
Naturalmente que a avaliação dos professores/formadores se considera, no contexto da sociedade em que eles desenvolvem a docência/formação, e as suas práticas e formação profissional, como as implementa e testa, e não na obrigação de prestação de provas dos seus conhecimentos científicos, porque estes já foram sujeitos à avaliação pelos próprios estabelecimentos de ensino, onde eles fizeram a sua formação académica, pedagógica e científica, a nível superior, preparados para iniciarem a sua atividade.
Por mais sofisticados que os recursos técnicos e tecnológicos se apresentem, a substituição do professor/formador por máquinas de ensinar não se presume como sendo o melhor processo pedagógico, para um ensino e formação de qualidade, nesta participando princípios, valores, afetos e sentimentos.
A reconhecida indispensabilidade do professor/formador, pessoa-humana e presencial, face aos seus alunos e formandos, é uma situação que se deve não só destacar como enaltecer, preservar e apoiar, porque: «Ensinar e preparar para ensinar, são valores orientados. Os professores/formadores, como todos os profissionais, aprenderam que todo mundo necessita e busca significado e valores em suas vidas.» (MARSHALL, 1977:12).
Sem se pretender empolar a importância do professor/formador, no sistema educativo, a verdade é que a sua intervenção na formação do cidadão é crucial e, em muitos casos, indelevelmente marcante para os alunos e formandos, com extensão aos próprios encarregados de educação, os quais vêm no professor/formador como que um complemento insubstituível da família. Além disso, pela sua preparação, desempenho e dedicação, contribuem, decisivamente, para se atingirem, melhor ou pior, é certo, os objetivos da escola e de todo um sistema.
Defende-se a avaliação contínua dos professores/formadores, mas prefere-se a melhor preparação académica, a maior experiência e a máxima maturidade. Nesse sentido, considera-se fundamental uma certa flexibilidade para que: por um lado, os professores/formadores tenham acesso ao maior número possível de ações pedagógicas de atualização, facilidades para a investigação no sentido de obtenção de graus académicos e da divulgação de resultados; por outro lado, maior abertura para o professor/formador trabalhar para além da idade legal da reforma, caso se encontre em condições físicas e intelectuais adequadas, e se essa for a sua vontade.
A formação ao longo da vida que se vem institucionalizando, e exigindo para certas profissões, deve ser uma característica do professor/formador. Com efeito, a preparação teórica do candidato a professor/formador é extremamente importante, torna-se altamente benéfica, quando aplicada à prática, ao longo dos anos de docência e formação, sempre modernizada e atualizada.
Simultaneamente, com a formação do professor/formador, numa determinada área disciplinar do conhecimento, forma-se, também, o cidadão que, cumulativamente, exerce com as funções de professor/formador. A apologia vai no sentido da aplicação dos conhecimentos teóricos à realidade, com maioria de razão para o futuro professor/formador porque: «a realidade do sistema educacional no contexto problemático actual merece mais questionamentos e pesquisas que observem, descrevam, analisem e proponham alternativas, acenando num horizonte em que o ideal e o real possam se encontrar.» (OLIVEIRA, 1994:231).

Bibliografia


MARSHALL, John P., (1977). O Professor/formador/formador e sua Filosofia, Tradução, Paulo Queiroz Marques, São Paulo: Summus.
OLIVEIRA, Ana Cristina Baptistella, (1994). Qual a sua Formação Professor/formador/formador? Campinas-SP: Papirus, (Colecção Magistério:Formação e Trabalho Pedagógico).



Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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