domingo, 8 de novembro de 2020

Compreensão e Linguagem

 A Hermenêutica aparece, historicamente, ligada à exegese dos textos e à compreensão dos mesmos. Surgiu o problema porque sempre existiu a possibilidade de mal entendimento (interpretação). A compreensão tornou-se um processo de análise e explicitação do texto. Nascida como exegese, a Hermenêutica apresenta-se, hoje, como exigência de interpretação universal.

A compreensão, além de ser uma apropriação do sentido de um texto é, também, compreensão realizada por alguém, inserido no seu próprio contexto histórico e cultural, que lê e interpreta com os seus pré-conceitos. É neste aspeto que a atividade de interpretar envolve algo de ontológico.

A compreensão envolve, constantemente, a linguagem, a confrontação com um outro horizonte humano, um ato de penetração histórica, por isso, a Hermenêutica abarca uma teoria da compreensão linguística e histórica, tal como funciona na interpretação do texto. Compreender é uma operação essencialmente referencial; compreende-se algo quando se compara com algo que já se conhece.

Toda a tentativa de compreender implica, necessariamente, a dialética pergunta/resposta, e entender significa ajustar constantemente a pergunta, isto é, pôr em jogo os pressupostos próprios, para melhor formular a pergunta; provoca este jogo dialético entre leitor e texto, que faz parte da experiência mais originária do homem, cujo modo de ser é compreender.

A linguagem é o meio em que a tradição se esconde e é transmitida. Toda a experiência ocorre na e pela linguagem. O homem tem um mundo, e vive no seu mundo, por causa da linguagem. Há, por assim dizer, um acordo, ou apalavramento, originário na constituição linguística do mundo, e é neste apalavramento linguístico (coletividade cultural) que se encontra a condição “sine qua non” para toda a comunicação e compreensão.

Como interpretação primeira da realidade e do homem, a linguagem ultrapassa uma mera razão histórica (fundista de horizontes), e torna-se numa razão hermenêutica (razão crítica), auscultadora da verdade da linguagem, como apalavramento da realidade. Perante a tendência esteticista de GADAMER, segundo a qual há que trazer tudo à linguagem, para proceder à sua revelação, há que opor uma tendência complementar, segundo a qual há que desenvolver criticamente a linguagem ao todo da realidade.

O homem vive numa permanente dependência duma interpretação do passado, e assim se ousa designar o homem de “animal hermenêutico”, que se compreende a si mesmo, em termos de interpretação de uma herança que está constantemente presente, ativante em todas as suas ações e decisões.

Interpreta e está sempre interpretado em relação ao mundo que constrói e em que vive, por isso, a sua existência como interpretante imerge no pré-conceito (experiência), porque o homem esteve, está e estará sempre carregado desta experiência tradicional, que pavimenta e sustenta a sua possibilidade de compreender.

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.  Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.

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Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

 

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