José Pereira de Sampaio (30 de Novembro de 1857 - 6 de Novembro de 1915), de pseudónimo Bruno (do nome de Giordano Bruno) e Sampaio Bruno para a posteridade, foi um escritor, ensaísta e filósofo portuense e figura cimeira do pensamento português do seu tempo.» (in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sampaio_Bruno
É um dos grandes Filósofos Portugueses, que
construiu o seu sistema como pensador intérprete perante Deus e o Universo
fraterno entre os homens. Pensador do absoluto, para além de toda a revelação.
A sua filosofia é, por isso, marcada pelo mistério, do qual faz parte, nos seus
desenvolvimentos futuros metafísicos. Existem algumas reticências quanto à
originalidade do seu pensamento, já que recebeu fortes influências de E.
Hartman, do positivismo, apesar de o ter criticado.
Reconhece a existência do mal, e para resolver tal
problema elabora o sistema filosófico que viria a ser posteriormente muito
contestado, na medida em que afirma que Deus necessita do homem para a sua
própria perfeição. O mal é uma realidade irrecusável, ele existe a todos os
níveis: físico, moral, metafísico e até em Deus. Aqui, segundo os seus
críticos, teria ido longe de mais.
A visão da realidade consiste na finalidade natural,
na evolução de todos os seres do universo para a perfeição final, sendo o mal o
princípio de tudo, condição do mundo, da história e da própria vida. Os seres
vivos só subsistem à custa do mal, da destruição da vida de outros animais.
Causalidade entre todos os seres, e por isso o seu
sistema pretende explicar o mal. Para tal, parte do “Espírito Puro”, provoca
uma queda neste de forma a produzir o “Espírito Diminuído”, que é Deus e que é,
qualitativamente, superior ao “Espírito Puro”, criando, depois, através de uma
nova queda, o “Espírito Alterado”, ao qual corresponde o mundo e que é, quantitativamente,
superior ao “Espírito Puro”.
A tensão entre o “Espírito Puro” e o “Espírito
Diminuído”, reside nas verdades incompreensíveis e, entre o “Espírito Puro” e o
“Espírito Alterado”, verificam-se as proposições absurdas contrárias à Razão.
Na convergência dos “Espíritos Diminuído e Alterado”, ocorrem as unidades
compreensíveis, e desta convergência resulta a Reintegração dos dois Espíritos,
novamente em “Espírito Puro”. Nas suas principais obras, Sampaio Bruno, procura
consolidar o seu pensamento. Assim:
Ideia de Deus (Porto, 1902) – É o primeiro momento. O
Espírito Separado está em constante movimento, até se encontrar com o Espírito
Diminuído, e por isso é que o mal explica tudo, é necessário e afetante. O
relativo converge para o absoluto por intermédio das “Imanações”. O homem tem
como finalidade libertar-se a si mesmo e aguardar, ajudando a Natureza a
libertar-se até se integrar no “Espírito Diminuído”, numa vontade de viver
superiormente.
O Bem consiste apenas em fazer convergir a maior
parte ou porção do “Espírito Alterado”, na direção de Deus, até à reintegração.
Recusar este “retorno a Deus é o “Mal”. Será através da Razão que o homem
poderá caminhar para o encontro com Deus e sua reintegração.
A religião tem de ser
posta ao serviço do homem. No fim, haverá só Deus, Deus homogéneo. A oposição à
teologia cristã e à metafísica clássica messiânica, não profética, não dinâmica
e não redentorista, é patente nesta obra, propondo uma Teurgia
Messiânica-Profética. A sua heterodoxia fica, assim, bem clara perante a
teologia cristã. «A Teurgia, busca a
perfeita comunhão com Deus, obtida através de técnicas cerimonialistas como
rituais, preces, exercícios e estudos. Possui muita influência do cristianismo
esotérico. É uma forma de magia ritual (cerimonial), com o objetivo de
incorporar a força divina ou em um objeto material como por exemplo uma
estátua, ou no ser humano através da produção de um estado de transe
visionário.» (in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teurgia)
A tudo isto, Sampaio Bruno, contrapõe a
necessidade de uma Metafísica, admitindo o Mistério como fonte entendida de
todo o pensamento. Esta obra significa a transição do cientismo agnóstico, e do
materialismo ateísta, para um pensamento metafísico de nítido sentido
“Teúrgico”, marcando os limites da doutrina positivista.
O Encoberto (Porto, 1904) – Faz a análise do
pensamento sebastianista, e uma crítica a todo o messianismo, porque a
humanidade é que tem que se salvar a si própria, através do homem do futuro,
que consiste na permanência de alguns valores em grau maior, tais como a Saúde,
o Trabalho, a Paz, a Liberdade, a Solidariedade e a Justiça, seguramente entre
outros muito importantes.
O sebastianismo não é mais que emergência do espírito messiânico, pelo qual se anuncia a mensagem do Espírito, a Harmonia, a Verdade Suprema. No fundo do messianismo está o homem que necessita de redenção. Esta obra pode enquadrar-se numa filosofia da história, porque coloca todo o problema da redenção do homem no seio da redenção do universo. É uma das mais notáveis interpretações da existência histórica de Portugal e do seu povo.
Bibliografia
ARRIAGA,
José de, (1980). “A Filosofia Portuguesa 1720-
PRAÇA,
J. J. Lopes, (1988). História da Filosofia Em Portugal. 3ª Edição. Lisboa:
Guimarães Editores.
Venade/Caminha
– Portugal, 2021
Com
o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
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