A busca, por vezes desenfreada, do poder é, em grande parte das pessoas, uma característica, designadamente, naquele domínio que permite fazer depender de quem detém um cargo, um outro conjunto de pessoas que desejam, e carecem, de ver certas situações e problemas resolvidos e, por isso mesmo, há aqui como que: uma insinuação permanente de “autoridade” de um lado; e uma subserviência, por dependência, do outro, respetivamente.
Esta dimensão “vaidosa” e ostensiva do poder, leva
a que alguns atores manipulem: estatísticas, projetos, promessas e pessoas, com
o objetivo, óbvio, de se instalarem num “pedestal” que, por vezes, se
transforma num “Trono Imperial”, que
depois não querem abandonar, recorrendo, então, às mais incríveis e inaceitáveis
condutas: «Muitos alcançam o poder com a
ajuda e a solidariedade de outros e, logo em seguida, voltam-se contra estes,
em um gesto de fria e calculista ingratidão. A criatura volta-se contra o
criador.» (SANTANA, 2003:42).
Na verdade, não só na política, como em muitas
outras atividades e situações da vida real, acontece a retribuição com
injustiça, ingratidão, indiferença e rejeição. A ambição, o egoísmo, a
hipocrisia e a bajulação, cegam determinadas pessoas que, para elas, tudo vale
para alcançarem os seus fins, por mais obscuros, ilegítimos e ilegais que eles
sejam.
Quando nos interrogamos, onde estão os nossos
amigos verdadeiros, não raro, pensamos que os temos, e por isso, a eles nos
abrimos, os apoiamos, sempre na convicção de que realmente estão a ser
solidários, leais e gratos para connosco, porém, a história já nos vem
ensinando que: «O maior mal que se faz a
um amigo sincero é rejeitá-lo em benefício de velhos desafetos. Somente os
ambiciosos são capazes de conspirar contra aqueles que lhes deram a mão e
emprestaram a solidariedade nos momentos adversos. Entretanto, ao que se
observa, a referida prática é adotada por muitos detentores do poder, para quem
o exercício do mal é tão necessário quanto o do bem, porque, para eles, os fins
justificam os meios (sejam eles quais forem). (Ibid.:43).
A “vaidade”
do poder conduz a comportamentos autenticamente “camaleónicos”, na medida em
que as pessoas que assim procedem, conseguem, no mesmo dia, e/ou em certos
períodos de tempo, desenvolver várias personalidades, precisamente em função
dos objetivos que pretendem atingir e, com esta “capacidade dissimuladora”, própria dos camaleões, rapidamente se
adaptam às pessoas e situações, que lhes convém conhecer e dominar.
Infelizmente, não obstante vivermos, na
circunstância, num Estado Democrático de Direito, numa sociedade livre, dita
civilizada, na qual: a cidadania plena deveria ser totalmente respeitada por
todos, em geral; e por aqueles que detêm um qualquer poder, em particular,
estamos relativamente longe de podermos manifestar as nossas opiniões, quando
discordantes de um determinado poder, e/ou do seu titular, muito embora os seus
líderes afirmem que: “é salutar o
confronto de ideias”.
Em Portugal, até ao “vinte e cinco de abril de mil
novecentos e setenta e quatro”, existiu uma polícia que perseguia, reprimia,
violentava e, por vezes, fazia “desaparecer”, fisicamente, muitos cidadãos que
se opunham, apenas com as suas ideias, ao poder ditatorial, então instituído.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, por vezes
parece que: “as paredes têm ouvidos”,
os “informadores democráticos” estão
por aí, à espera que alguma pessoa, sincera e rigorosamente, faça uma
apreciação sobre a conduta de alguém que exerce um poder qualquer, para, de
seguida, a fazer chegar, frequentemente, com deturpações, à individualidade
visada.
Pois bem, se o analista/crítico vier a precisar
dessa pessoa que detém o poder, anteriormente observada, ou “salutarmente criticada”, provavelmente,
pode esperar o resto da vida, isto se não lhe surgir uma situação incompreensíbil,
um problema complexo, vindo do organismo cujo titular foi comentado. Hoje,
todos os cuidados são poucos, porque a falta de humildade de alguns titulares
de poder, para aceitarem a crítica, para reconhecerem os seus erros, é evidente
e, então, desforram-se naqueles que tiveram a “liberdade saudável”, e sincera, a coragem democrática, de os
avaliar.
Hoje, vemo-nos confrontados com muitos alegados
líderes, em praticamente todas as atividades humanas, que não têm as mínimas
qualidades pessoais, nomeadamente: ético-morais, princípios, valores,
sentimentos e condutas humanistas, para estarem à frente de uma instituição e,
se nelas continuam, é porque têm o apoio: não já de quem os elegeu; mas de quem
é do mesmo nível deplorável que eles.
Qualquer que seja a organização: cívica, religiosa,
política, militar, cultural, desportiva, filantrópica, ou outra, o respetivo
líder deverá reunir características essenciais para o bom desempenho das
funções que lhe foram confiadas, por isso: «O
perfil de um verdadeiro líder molda-se a partir de componentes de inteligência
interpessoal, como aptidões de coordenar grupos de pessoas e a capacidade de
resolver ou evitar conflitos, negociando soluções; de possuir o talento da
empatia, na arte do relacionamento, bem como, o poder de detectar sentimentos e
preocupações das pessoas. São esses os líderes autênticos e naturais, que
articulam, com integridade, a orientação do grupo por ele liderado, para
alcance de elevadas metas e objetivos.» (Ibid.:43).
Admite-se que: se por um lado, um perfil tão
complexo, quanto rigoroso, não será fácil de encontrar numa só pessoa, por
muito boa-vontade que ela tenha, em realizar um bom trabalho, ao serviço da
instituição e dos liderados; por outro lado, também há os autoproclamados
líderes, que mais se preocupam com a exibição de um narcisismo doentio, uma
autoestima que toca os limites da “vaidade
bacoca”, afinal, um ego nunca satisfeito.
Para os líderes que colocam os seus egoísmos, acima
dos interesses da instituição, e das pessoas, que têm o dever de bem-servir,
eles não passam de autênticos “charlatães”, porque: «Mudando de personalidade facilmente, à medida que captam sinais do que
as cerca, para aparecerem e fazerem-se gostar, são capazes de induzir pessoas
de quem não gostam a pensar que são suas amigas. Moldam seu comportamento de
acordo com as situações individuais e sociais, a depender das circunstâncias do
momento, a partir do que alcançam alto índice de valorização, sobretudo na
política.» (Ibid.:44).
O poder, através do qual se exerce o domínio, a
subjugação, a humilhação, sobre os nossos semelhantes, infelizmente, é, assim,
utilizado, em diversas circunstâncias, por muitas pessoas, as quais, à falta de
atributos e méritos pessoais, procuram liderar um certo estrato da sociedade,
ao mesmo tempo que exibem o culto da própria personalidade, sem qualquer
atitude de modéstia e de humildade.
Há um velho provérbio que dispõe o seguinte: “Quem não sabe obedecer, não sabe mandar”;
ou então um outro, segundo o qual: “Nunca
sirvas a quem serviu, nem peças a quem pediu”. O exercício do poder requer,
portanto, um equilíbrio psíquico-emocional, acima da média, a interiorização e
boas-práticas de princípios, valores e sentimentos, genuinamente, humanistas,
porque: «O poder pode ser entendido como
a “capacidade que uma pessoa tem de impor à outra a sua vontade”. (…). Poder é
ter possibilidade. Dispor de força ou autoridade. Ter força física ou moral.
Ter influência. Ter grande influência ou poder sobre.» (Ibid.:49).
O poder é uma situação na vida de cada pessoa que o
exerce, mas que não é eterno, bem pelo contrário, o detentor de um qualquer
poder, quando menos espera, está a ser destronado, por alguém, por algum grupo,
entretanto surgido, com novas: ideias, promessas, recursos. A História tem
demonstrado que mesmo os ditadores de longa duração, acabam por cair: seja por
si próprios; seja “às mãos” de um
outro adversário e/ou inimigo.
Na verdade: «Ninguém
é eterno no território do poder. (…). Em última análise sempre se fica sozinho
e, um dia, o poder se vai. E aí se começa tardiamente a compreender que o poder
não era um bem absoluto: os que o exerceram de forma absoluta não se tornaram
maiores que os outros seres humanos, mas sim menores, cruéis, arbitrários; e
que, mais cedo ou mais tarde, compreenderam, desencantados: o poder não foi o
bastante.» (Ibid.:72).
Deploravelmente, ainda existem muitas pessoas que
buscam, incessante, e até ilegitimamente, o poder, apenas para satisfação de
vaidades desmedidas, prepotência sobre os seus semelhantes, por quererem
alcançar uma notoriedade, eventualmente, imerecida, um estatuto que, de outra
forma, talvez, jamais, o conseguiriam.
Também se pode inferir que tais pessoas procuram o
poder para exercerem vinganças, retaliações, humilhações e ofenderem, quantas
vezes, aquelas outras que lhes deram a mão para alcançarem este “pedestal”, que, afinal, até é efêmero.
São líderes com um caráter “mafioso”:
sem princípios, nem valores; nem sentimentos; ao contrário das pessoas bem
formadas, e de uma sociedade civilizada. São líderes em que a soberba e a
vaidade imperam nas suas condutas e posicionamentos diários. Enfim, são
líderes, “com “pés de barro e cabeças
vazias de caráter humanista”.
«Protejam-se.
Vamos vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de todos». Cumpram, rigorosamente,
as instruções das autoridades competentes. Estamos todos de passagem, e no
mesmo barco chamado: “Planeta Terra”, de onde todos, mais tarde ou mais cedo,
partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos
outros, porque será o único “CAPITAL” que deixaremos aos vindouros: “O
PERDÃO”.
Alimentemos
o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc https://youtu.be/DdOEpfypWQA
Muito obrigado. Aproveito a oportunidade para
desejar um Santo e Feliz Natal, dentro dos condicionalismos existentes. Que
2022 nos proporcione o alívio desta cruel pandemia. https://youtu.be/4FbgwdRX8YY
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal
NALAP.ORG
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http://diamantinobartolo.blogspot.com
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