domingo, 29 de outubro de 2023

As Dimensões Social e de Carácter do Homem Executivo.

 A parceria Escola-Família, ou vice-versa, a ordem não parece relevante, e/ou influenciadora dos resultados, ainda que na perspetiva temporal a família surja em primeiro lugar é, portanto, insubstituível, não necessariamente a única. O cidadão-executivo que urge formar, com o objetivo da satisfação social, ao nível das pequenas e grandes sociedades, será extremamente enriquecido com a aprendizagem que receber daquelas duas instituições e, na verdade, facilmente se reconhece a pessoa que é educada no seio de uma família equilibrada, de valores, em conjugação e parceria com uma escola imparcial, ideologicamente neutra.

Mas também é verdade que há muitas pessoas que, não obstante serem educadas no seio de famílias de bem, transformam-se, por razões diversas, em autênticas “criaturas-bestiais”, insensíveis, egoístas, ingratas, desleais, sem os valores civilizacionais e de boa convivência. Tornam-se narcisistas e egocêntricas, não sendo por culpa das boas famílias de onde provêm.

Infelizmente, tais “criaturas-bestiais”, ainda estarão à frente de muitas organizações, seja de carater cultural, cívico, político, religioso ou de outra natureza, com todos os prejuízos para quem depende de tais instituições. Naturalmente que essas “criaturas”, deveriam ter a humildade de reconhecer o quanto são nocivas, indesejáveis e tentarem aprender, interiorizar e praticar os genuínos princípios, valores e sentimentos, tão necessários, em muitas instituições, de solidariedade social, bem como noutros setores da vida em sociedade.

Num destes cenários, ganha relevância, e pertinência a formação de executivos competentes e sensibilizados, ou não, respetivamente, para a resolução de situações sociais difíceis, muitas das quais inaceitáveis, num mundo que se pretende mais justo e fraterno. Também aqui a prudência é uma arma poderosa.

A formação do executivo social, pressupõe, sem menosprezo por quaisquer métodos, conteúdos e avaliações noutras especializações, uma educação e formação especiais, dir-se-ia, únicas, porque compreender e resolver situações que afetam a dignidade humana, é bem diferente de realizar quaisquer outras intervenções materiais.

A pessoa humana está acima dos objetos, de outros animais e de outros interesses. A resolução de situações de carências diversas, não são compatíveis com realizações que visam, muitas vezes, o culto personalista de uma alegada entidade, ou a autopromoção de quem pretende destacar-se dos seus iguais, mas sem quaisquer méritos de humildade e respeito pelo próximo.

 É com tais preocupações que a educação e formação se revestem de características muito especiais, requerendo, ainda:

«1. Um certo ambiente, um clima social cristão. De pouco serviriam belos princípios, se o ambiente que se respira na família, colégio, paróquia, clube, cinema, imprensa, etc., são opostos à doutrina social cristã;

2. Abertura aos outros. Descobrir ao ‘outro’ na nossa vida e esta descoberta nos leve a preocupar-nos e sentirmo-nos responsáveis por ele. Manifestação concreta do sentido social cristão é, sobretudo, sentir um vivo interesse pelos outros, pela situação concreta em que vivem os irmãos. Os problemas dos outros devem chegar a ser problemas de cada um;

 3. Sentido Social. Esta abertura aos outros não pode ficar em uma compaixão que leve talvez à beneficência e à pura assistência de indivíduos concretos para que seja uma abertura com verdadeiro sentido social tem que promover o desenvolvimento humano e orgânico da sociedade e da paz em todos os níveis da convivência. A educação no sentido social supõe despertar a sensibilidade para todos os problemas que afectam a vida dos homens e suscitar uma atitude de colaboração e sacrifício pelo bem comum;

4. Educação da liberdade: (...). Isto implica a educação do homem para que no exercício dos seus deveres e direitos, proceda por decisões pessoais, fruto da própria convicção, da própria iniciativa do próprio sentido de responsabilidade, mais que por coacção, pressão, ou qualquer forma de imposição externa (...);

5. Virtudes sociais. (...) uma actuação livre e responsável exige uma série de virtudes, sobretudo daquelas que são o fundamento de toda a vida cristã (...). E junto a estas, a sensibilidade social para os problemas dos outros, a responsabilidade em tudo quanto se realiza, a tolerância e respeito à opinião dos outros, a solidariedade e sentido de equipe, contra o individualismo, a veracidade e sinceridade, a lealdade, o civismo.» (GALACHE-GINER-ARANZADI, 1969:17-18).  

A circunstância do cidadão-político ser eleito democraticamente, para um determinado cargo executivo, por si só, não lhe confere plena legitimidade decisória, se não estiver dotado de diversos conhecimentos, habilidades, experiências e, fundamentalmente, sensibilidade, respeito, solidariedade, amizade e lealdade, para com aqueles que sofrem as injustiças, que vivem em permanente carência de diversos recursos, que são hostilizados por serem pobres, qualquer que seja a natureza da sua pobreza: espiritual, material, liberdade, fraternidade e igualdade.

Em bom rigor: «A dimensão social do homem, que se pretende no cidadão do futuro, terá em conta a promoção do pleno desenvolvimento da personalidade de cada um, precisamente no quadro de uma sociedade assente na formação integrada, baseada nos valores humanos, com relevância para a dimensão pessoal e comunitária de cada indivíduo, direccionada para o exercício responsável, para a igualdade de oportunidades e de interesses, numa abertura para um futuro de qualidade, no respeito pelos direitos e deveres humanos, com observância pela solidariedade para com o outro e com o mundo, pelas ideias e pela consciência dos demais, numa permanente atitude de flexibilidade e de compromisso, na construção da fraternidade entre os homens e os restantes seres da natureza, ou seja, uma total cumplicidade ecuménica que conduza ao bem-comum.» (BÁRTOLO, 2009:99).

 

Bibliografia

 

BARTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2009). Filosofia Social e Política, Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, Direitos Humanos e Relações Interpessoais, Tese de Doutoramento, (Curso Livre), Bahia/Brasil: FATECTA – Faculdade Teológica e Cultural da Bahia.

GALACHE – GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola

 

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2023

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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