domingo, 18 de fevereiro de 2018

Pedagogia Otimista: Competência e Prudência

Se a felicidade da humanidade tiver de incorporar, no seu conceito, situações materiais, como o bem-estar geral, este, por sua vez, entendido como a satisfação das carências que constituem exigências de uma vida moderna de conforto, a todos os níveis, então é necessária uma preparação: para o estudo, para o trabalho, para a poupança, para o investimento permanente na formação, com vista a melhorar o nível e a qualidade de vida.
Todos têm de ser competentes, nos diversos papéis que desempenham: familiares, profissionais, culturais, sociais, religiosos, ou seja, qualquer intervenção e/ou atividade tem de ser exercida com o máximo das competências pessoais, designadamente, ao nível de: conhecimentos, informação/preparação técnico-operacional, intelectual, emocional, espiritual, física, competências de vida, ao nível das experiências, justamente, porque: «(…) a valorização da competência constitui uma importante mudança de paradigma, com  relação a conceitos e valores, que terá grande influência nos destinos das organizações, nas carreiras das pessoas e em evoluções na sociedade. (…). A competência será mais prestigiada do que a erudição. A competência será o atributo mais importante das pessoas.» (RESENDE, 2000:7).
O caminho para a pacificação da humanidade deve ser percorrido com competência, seja nas relações interpessoais, na celebração dos acordos a que se chegar, na implementação das medidas consensualizadas e na avaliação dos resultados dos projetos de pacificação.
Os intervenientes devem estar de espírito aberto, acionar os mecanismos de empatia sincera, serem competentes na realização das tarefas, por mais simples e, aparentemente, menos importantes, que possam parecer, manifestarem-se verdadeira e moderadamente otimistas.
Trata-se de, competentemente, desenvolverem uma pedagogia otimista. Todo o cidadão será, simultaneamente: aluno e professor; aprendiz e artista; formando e formador; logo, comportar-se-á em função e coerência com o papel que, em cada momento, desempenha, tendo sempre presente, que: «A linha mestra de desenvolvimento da pedagogia do futuro é a consideração criadora do estado psicológico dos alunos – e não só de um grupo em geral …» (CHATALOV, 1988:162).
Uma pedagogia mista – cognitiva, otimista, não-cognitiva -, assente na Fé, onde a teoria, a prática e o otimismo sejam os principais eixos, que contribuam para uma formação sólida dos alunos, dos formandos, entendidos nos dois sentidos: ora aprendendo; ora ensinado; auxiliará na busca de soluções para uma humanidade menos conflituosa.
O século XXI não pode caracterizar-se pela violência, pelo desrespeito pelos mais elementares direitos humanos, pela impunidade de uns e perseguição de outros. Este novo século deve passar à História da Humanidade pelos valores mais bondosos, altruístas e de ordem religiosa, porque: quer se queira, ou não, o homem não é só um animal político; o homem é, também, um indivíduo religioso, criado à imagem e semelhança de Deus, o que, dentro de uma certa coerência, ele é um ser potencialmente religioso.
O processo de pacificação do mundo terá êxito, a partir do momento em que o homem convidar Deus para moderar os conflitos. É preciso acreditar que Deus existe, que Ele é fonte de vida e de salvação, que Ele deu ao homem o que tem de mais importante, porque: «Deus é espírito e, por isso, Ele nos deu um espírito. Deus é eterno e Ele nos deu um espírito imortal. Deus é sabedoria infinita e perfeita, e Ele dotou-nos de inteligência, poder de decisão e escolha; concedeu-nos o livre-arbítrio; além disso deu-nos um corpo e, a este corpo, o poder de procriar.» (CASTRO, 1997:17).
A complexidade humana comporta em si aspetos que, praticamente, continuam cientificamente desconhecidos. As milenares interrogações que a Filosofia vem colocando, ao longo dos últimos vinte e cinco séculos, continuam sem respostas científicas, objetivas, verificáveis. Os demais domínios do conhecimento, também não apresentam soluções credíveis, para resolver os problemas que resultam daquela complexidade e, em “desespero de causa”, o homem volta-se para o sobrenatural, envergonhado, e preconceituosamente, evita proferir o nome de Deus.
Mas não haverá muitos mais caminhos, para desanuviar as tensões que a complexidade humana vem gerando ao longo do tempo, e o preconceito contra Deus não faz sentido, bem pelo contrário, assumir Deus como Garante do equilíbrio, da concórdia e da imortalidade do próprio homem pelo seu espírito, será a atitude sensata, coerente e prudente.
Na qualidade de cidadão, cada pessoa é responsável, parcial ou totalmente, do que vai acontecendo no seu círculo de influência, na medida em que tem o dever de colaborar, por palavras e atos, na construção desse círculo, de tal forma que todos os que nele se encontram se sintam bem.
Com esta estratégia, pode-se partir do círculo mais restrito, que se circunscreve ao próprio indivíduo, e depois se interpenetra com o da família, este com a vizinhança, a comunidade, a localidade, o país e o mundo, formando-se assim um imenso conjunto de círculos, em que uns se vão interpenetrando com outros, estes com outros tantos e assim sucessivamente.
Esta simples teoria dos “círculos interpenetrantes”, tem a vantagem de facilitar a transferência de princípios, normas, valores, sentimentos, emoções, culturas e boas-práticas, de uns para outros, podendo, inclusivamente, haver valores que acabam por estar em todos os círculos, como: paz, justiça, felicidade e Deus.
Se cada indivíduo construir, coerentemente, o seu próprio círculo, ou a sua auréola de bem-estar, de princípios, valores, sentimentos nobres e boas-práticas, certamente que os círculos, que com ele se interpenetram, vão beneficiar destas características. A sabedoria e a prudência, alicerçadas na Fé em Deus, seguramente são a chave para muitos conflitos, os quais podem ser resolvidos com aquelas virtudes – sabedoria e prudência –, mantendo a Fé inabalável em Deus e na Sua misericórdia, generosidade e compreensão.
O cultivo das virtudes é, afinal, o caminho certo para a pacificação do mundo, conforme o raciocínio atual, na medida em que: «A virtude é uma cadeia de todas as perfeições, o centro de toda a felicidade. Torna-o prudente, discreto, perspicaz, sensível, sensato, corajoso, cauteloso, honesto, feliz, louvável, verdadeiro, (…) um herói universal. Três ésses nos tornam bem-aventurados: sábio, sadio e santo. A virtude é o sol do Mundo, seu hemisfério é uma boa consciência. É tão encantadora que ganha a graça de Deus e dos homens. (…) Capacidade e grandeza se medem pela virtude, não pela sorte. Só a virtude basta a si mesma. Faz-nos amar os vivos e lembrar os mortos.» (GRACIÁN, 2006:139).
É certo que as virtudes não são um produto da ciência, nem da técnica, mas fruto de qualidades superiores, que o homem vai aperfeiçoando, e que se podem invocar na família, na escola, no trabalho, na sociedade, transmitindo-as, praticando-as, exibindo-as com humildade e orgulho.
Nenhuma pessoa, verdadeiramente humana, deverá ter vergonha, preconceito ou receio de se considerar virtuosa, no sentido do exercício de boas-práticas ao serviço da humanidade, porque se todos estão à espera que a ciência e a técnica resolvam todos os problemas, então o mundo continuará conflituoso, e esta situação de permanente instabilidade não é própria de seres superiores, criados à imagem e semelhança de Deus.
Justamente, e também por esta circunstância, provavelmente única, entre todos os seres conhecidos, do homem ser um representante de Deus neste mundo, é que as responsabilidades que recaem sobre a Humanidade são imensas.

Bibliografia

CASTRO, Maisa. (1997). Necessário vos é nascer de novo. 10 ª Edição. Campinas/SP: Raboni Editora, Ltda
CHATALOV, Victor. (1988). Pedagogia Optimista. Trad. K. Asriants. Moscovo: Edições Progresso
GRACIÁN, Baltasar. (2006). A Arte da Prudência. Trad. Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
http://www.grebal.com.br/autor.php?idautor=242http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0045_dbartolo.html
                           https://laosdepoesia.blogspot.ca/search/label/Diamantino%20%20B%C3%A1rtolo

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