Nem só de
ciência, de técnica e de recursos materiais vive o homem. Para além daquelas
capacidades e possibilidades, existe mais vida, mais mundo, mais alternativas,
que podem contribuir para o bem-estar da Humanidade em geral, e de cada pessoa
em particular. Ignorar, por preconceito, por descrença, por agnosticismo, ou
por quaisquer outras razões, a dimensão religiosa do homem, é dificultar o
processo para a pacificação, mesmo para aqueles que argumentam que a religião
também está na origem de muitos conflitos.
Ao invocar-se
a dimensão religiosa da pessoa humana, pretende-se sensibilizar cada um “de per si” e de todos em geral, para a
doutrina social das diversas religiões, excluindo-se, portanto, os fundamentalismos
dogmáticos, os radicalismos mais sectários e as posições exacerbadas, aliás,
estes excessos de algumas correntes também precisam da ajuda dos moderados, e
estes têm o dever, não só de compreender tais posições extremadas como, e
principalmente, proporcionar as condições que conduzam ao diálogo, ao bom-senso
e à pacificação entre os grupos desavindos.
Pensando,
portanto, nos interesses das novas e emergentes gerações, onde se incluem,
porventura, os filhos de quem, neste momento, analisa este artigo e reflete
sobre estes temas, urge desencadear ações que aproveitem ao objetivo último de,
a curto prazo, se vislumbrarem melhorias no inter-relacionamento da Humanidade.
A dimensão
religiosa do homem crente deve ser colocada ao serviço da educação, e da formação
destas novas gerações, a começar na família, porque o ser humano tem imensas
dimensões, capacidades e possibilidades de as exercer, no seio do grupo e da
sociedade, desejavelmente, no sentido do bem-comum.
A educação
religiosa é, por tudo isto, essencial na construção de pessoas que também se pretendam
íntegras, que possuam a liberdade de se autodeterminar, com responsabilidade e
generosidade, para com os seus semelhantes.
A
preocupação, por uma educação e formação integrais, deve ser uma constante em
todos aqueles que, de alguma forma e a um qualquer nível social, têm
responsabilidades em preparar o futuro, porque: «Quando educamos os nossos filhos, todos pretendemos faze-los
partilhar das nossas mais profundas convicções e enriquecê-los com o que nos
parece mais válido. Cada um, segundo a sua própria escala de valores,
dar-lhes-á, antes de mais, com prioridade absoluta, o que lhe parece
importante. (…). Quando os pais são crentes, a sua fé em Deus é, certamente,
desta ordem; eles têm, se são coerentes com as suas convicções, uma outra
dimensão, uma outra óptica dos acontecimentos que os rodeiam. Pensamos que é
importante fazê-la partilhar pelos nossos filhos desde a sua infância e
falar-lhes muito cedo de Deus.» (D’ARNUY, (1977:172).
O mundo, cada
vez mais profanizado, precisa de Deus; os homens não podem viver e não
conseguem resolver todos os problemas à margem da Bondade e Sabedoria Divinas;
a Humanidade será reduzida à sua mais brutal animalidade se continuar a
rejeitar Deus. O caminho seguro, que poderá conduzir à pacificação do mundo,
tem de passar por Deus, e muitos seres humanos sabem que não há outra
alternativa.
Excluir Deus
do processo de pacificação é prosseguir o caminho para a destruição total da Humanidade.
Não se pretende, nem seria compatível com a natureza pró-científica deste
trabalho, profetizar o apocalipse, ou uma escatologia do Juízo Final condenatório de toda a Humanidade. O que se pretende
desmontar, pela observação-participante, é a condição frágil, insegura e
indefinida do ser humano.
A demonstração da necessidade de Deus, na
formação da pessoa humana, igualmente se comprova, sem dificuldades, nem argumentos
científicos, porque a Humanidade, na sua esmagadora maioria, busca Deus e n’Ele
a solução para todos os problemas que a ciência e a técnica ainda não
resolveram.
A educação e
formação religiosas são um argumento poderosíssimo, para que os sistemas
educativos integrem nos seus cursos, currículas e conteúdos programáticos, os
valores religiosos, aceitando que: «Os
ensinamentos de uma religião devem influir na personalidade e na conduta diária
do crente. Assim a conduta de cada pessoa, normalmente, será um reflexo, num
maior ou menor grau, de formação religiosa dessa pessoa.» (SOCIEDADE TORRE
DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS, 1990:12).
Acontecimentos
que comprovam, inequivocamente, a importância da religião, para se alcançar a
pacificação, surgem, frequentemente: a preocupação dos mais altos dignitários
das religiões maioritárias, em estabelecerem o diálogo ecuménico interreligioso;
as grandes reuniões da juventude, por iniciativa pontifícia que, regularmente,
ocorrem em locais diferentes da terra; as peregrinações de milhões de crentes,
todos os anos, aos santuários e outros locais sagrados; o crescente número de
peregrinos que, mundialmente percorrem os caminhos da Fé; a intervenção das
Igrejas nos domínios sociais, assistência humanitária e moderadora de
conflitos.
No contexto
da pacificação da Humanidade, o papel da religião e das boas relações humanas,
a todos os níveis, são fundamentais, não se excluindo os conhecimentos que a
ciência pode proporcionar e o recurso à técnica e seus instrumentos, no que se
refere a melhorar as condições de vida das comunidades, nas quais a origem dos
conflitos se localiza em determinadas insuficiências e/ou carências de ordem
social/material: saúde, educação, trabalho, habitação, segurança social e uma
velhice tranquila.
Toda esta
complexidade levanta, porém, algumas interrogações que se deixam para reflexão:
Ciência, Técnica e Religião são incompatíveis? A pacificação da Humanidade pode
dispensar alguma daquelas, entre outras, dimensões do homem? E, afinal, as
disciplinas sociais e humanas, bem como os domínios ditos não-científicos, qual
o estatuto que lhes será reconhecido? A interdisciplinaridade será possível,
desejável, útil ou cada ciência vai manter-se na sua redoma?
Bibliografia
D´ARNUY, Jo, (1977). Nós e os Nossos Filhos. Trad. António Agostinho Torres. Porto:
Editorial Perpétuo Socorro
SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS, 1990:12
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e
Tribuna)
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0045_dbartolo.html
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