O
“Dia do Trabalhador”, comemorado no primeiro de maio, principalmente nos países
democráticos, constitui um marco histórico na libertação da mulher e do homem:
da escravatura salarial, da prepotência patronal e da reivindicação por
melhores condições de trabalho, com garantias de uma velhice tranquila e
materialmente confortável, porque ninguém deve iludir-se quanto ao futuro que,
salvo alguma situação imprevisível, a maioria deseja atingir idade provecta e
usufrui-la com dignidade.
É
normal que os trabalhadores lutem por melhores dias laborais, em todos os
sentidos e, independentemente das qualificações que possuam, sejam:
intelectuais, cientistas, liberais, operários, agricultores, pescadores,
mineiros, funcionários públicos, militares, policias, entre outras profissões.
É
justo, e será legítimo e legal, que recorram a todos os meios para fazerem
valer as suas pretensões, porém, e sempre que possível, minimizando os
prejuízos aos colegas de outros setores, principalmente quando optam pelo
instrumento mais incisivo, a grave que, sabendo-se o seu objetivo, é
precisamente, causar danos e demonstrar que aquele grupo de profissionais faz
falta à sociedade.
Neste
“Dia do Trabalhador”, convém recordar que ele, em qualquer atividade
profissional, é parte da máquina do progresso, cada um contribuindo com a sua
quota-parte de tempo, de conhecimentos e de prática, sem o que: cada
empresário, patrões, chefias e outros interventores de topo, não teriam
sucesso, ou então não continuariam a progredir numa determinada carreira.
Talvez
interesse aqui referir que, por vezes, afigura-se existir algum afastamento, e
até mesmo insensibilidade por parte de determinados trabalhadores no ativo,
quando desencadeiam greves, para conseguirem melhores condições gerais pelo
trabalho que realizam e, raramente, se lembram daqueles que, estando agora na
reforma, já contribuíram para manter a empresa, onde os atuais têm os seus
postos de trabalho, e até em melhores condições.
Verifica-se
que nem sempre haverá solidariedade dos trabalhadores no ativo para com os
colegas reformados. Raramente ocorre uma greve, ou uma qualquer outra forma de
luta, dos trabalhadores ainda em funções, a favor daqueles que, atualmente,
aposentados, vivem com magras reformas. Esta mentalidade que poderá revelar
desconsideração pelos ex-colegas, em nada favorece a imagem de quem está no
ativo que, afinal, também descartam aqueles que, eventualmente, no passado os
tenha ajudado a entrar para a sua empresa, para a função pública, enfim, os
tenha apoiado e obterem um emprego.
O
“Dia do Trabalhador” também deve ser aproveitado, não só para manifestações, como
também para refletir na situação que tendo sido trabalhadores, agora, grande
parte, estão votados ao ostracismo. Neste dia, feriado nacional, consagrado ao
trabalhador, não se pode ignorar, pelo contrário, quem trabalhou uma vida
inteira e contribuiu para um país melhor, sofrendo na pele, quantas vezes, a
humilhação, a repressão, a perseguição, para que hoje se possa comemorar este
dia. Seria bom que nenhum trabalhador esquecesse o passado de seus avós, pais,
parentes, amigos e conhecidos.
Neste
primeiro de maio, deseja-se que a população: quem trabalha; quem está a chegar
ao mundo do trabalho e os que já deram décadas das suas vidas, deem as mãos
para que haja mais união, mais solidariedade e mais reivindicações globais,
para que possamos usufruir de melhores condições de vida. Na verdade, não pode
haver portugueses de primeira e de segunda classes.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
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