Da análise quadripartida dos pilares fundamentais da
constituição da convivência humana, num espaço que o homem procura controlar e
dominar: Sociedade – Direito – Justiça – Autoridade resultam, ainda que muito subjetivamente,
algumas conclusões ou opiniões que, devendo ser entendidas exclusiva e
rigorosamente no âmbito de um trabalho de natureza académica, não deixarão de
levantar algumas questões preocupantes, tanto mais graves quanto vistas a
partir de um simples cidadão que procura valorizar a Autoridade, quer no âmbito
policial, quer de outra natureza.
Que destino, recompensa e estatuto esperam os
Agentes da Autoridade que, procurando valorizar-se profissional, cultural e
eticamente, quantas vezes a expensas próprias, continuam na mesma base
categorial, com promoções “congeladas”, direitos adquiridos e para os quais
descontaram, entrementes retirados e/ou suspensos?
Será
que: a mediação se resolve com medidas discricionárias, entre vários agentes
policiais, das diversas corporações, com responsabilidade na fiscalização, na
investigação, na paz e na segurança, por um lado; e o comum do cidadão,
indefeso, desinformado e sem recursos técnicos e financeiros para fazer valer
os direitos adquiridos, por outro lado? Para todos os cidadãos os pilares que
nos sustentam devem ser iguais e a todos beneficiarem.
Defende-se que aos Agentes da Autoridade devem
ser-lhes dadas as condições para ocuparem, na respetiva hierarquia, o lugar que
por mérito próprio a cada um cabe, mas, entretanto, verifica-se que,
ciclicamente, se detetam descontentamentos numas corporações, que noutras há um
latente mal-estar, que podem significar injustiças, eventualmente cometidas por
quem decide.
O Estado não tem, atualmente, uma Autoridade
Policial unificada, (um Ministério de todas as polícias) no entanto tem muitos
polícias que atuam, por vezes, em paralelo, ou em sobreposição de missões, com
“atropelo” de competências jurisdicionais e territoriais e, mais insólito do
que tudo isto, disputando objetivos que são idênticos, resultando, por vezes,
em gastos dobrados.
Os Agentes da Autoridade, normalmente, estão
dispersos por diferentes setores de intervenção, representam uma significativa
percentagem do aparelho estatal, o que origina uma injusta e diferente condição
estatutária, aos mais diversos níveis: desde o remuneratório, regalias sociais,
perspetivas de ascensão em cada organismo; até às situações que prejudicam a
eficácia e funcionalidade da Autoridade, que deve possuir o controlo de todos
os meios técnicos e humanos, destinados à prevenção, fiscalização, orientação e
moderação de uma sociedade que se pretende moderna e civilizada
Os Agentes da Autoridade, qualquer que esta seja, devem
possuir formação humana, no sentido antropológico mais profundo, sem as
preocupações materialistas, porque o homem não é só matéria mas muito mais do
que isso, ele é espírito, consciência, alma, detentor de princípios, de valores
de projetos, e, portanto, combatente pela dignidade humana, pela defesa dos
direitos e pelo cumprimento da Lei.
É para este projeto, para esta sociedade que se
devem formar todos os cidadãos em geral e, particularmente, aqueles que vão
exercer uma determinada Autoridade. Uma Autoridade que, verdadeiramente,
comungue os valores do humanismo, da compreensão, da tolerância e da firmeza,
porque, afinal, todos os seus agentes, provêm dos mais diversos estratos
sociais: dos mais humildes e desfavorecidos, aos económica e intelectualmente
mais favorecidos.
A inevitabilidade do percurso da vida, levará,
também, os Agentes da Autoridade, à condição de cidadãos comuns, quando
estiverem na situação de reformados, serão idosos, fragilizados e, certamente,
vão gostar de serem cuidados com amizade, com carinho, com tolerância e
benevolência por aqueles que, então, estarão, no auge das respetivas carreiras.
É por tudo isto que Autoridades e sociedade civil
devem caminhar de mãos-dadas, compreendendo-se, tolerando-se, ajudando-se uns
aos outros, com lealdade, com solidariedade e dignidade.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link Tribuna)
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