A esmagadora maioria da população mundial, seguramente, está cansada de viver num mundo desequilibrado, de excessos, muitos destes, no pior sentido. Há situações insuportáveis e inaceitáveis, às quais o ser humano, superiormente dotado de inteligência, habilidades e recursos naturais e construídos, não consegue por fim, não obstante os vertiginosos avanços da ciência e da tecnologia.
Alguém com a maior segurança possível, terá
condições e credibilidade para garantir a paz? Alguém será capaz de afirmar,
perentoriamente, para onde vamos? Quem é
que vai arriscar dizer e cumprir que um mundo melhor nos aguarda a curto prazo?
Será possível escamotear uma eventual hipótese de ocorrência de uma terceira
guerra mundial? Não é pessimismo. São realidades.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, as exigências
dos povos, não são, apenas, materiais, mas também de natureza: social, de
cidadania, de igualdade e dignidade, a partir da aplicação de direitos e a obrigatoriedade
de cumprimento de deveres. A pessoa humana tem de ser considerada como um todo,
integralmente cuidada, em todas as suas dimensões, porque só assim se evitarão
mais conflitos e misérias de diversa ordem que, na maior parte dos casos,
terminam em morte.
Como grandes preocupações, não se pode ignorar que: «As pessoas e os povos exigem que se ponha
em prática a justiça; não só a justiça legal, mas também a contributiva e a
distributiva. Por conseguinte, os planos de desenvolvimento e o trabalho das
organizações internacionais deveriam ter em consideração o desejo, tão
frequente entre o povo comum, de ver respeitados, em todas as circunstâncias,
os direitos fundamentais da pessoa humana e, no nosso caso, da pessoa que tem
fome. Quando isto acontecer, também as intervenções humanitárias, as ações
urgentes de ajuda e de desenvolvimento – o verdadeiro, integral – terão maior
impulso e darão os frutos desejados.» (PAPA FRANCISCO, 2016:99-100).
Tudo indica que já não restam dúvidas, que se impõe
uma mudança para o Bem, para um mundo melhor, para uma sociedade mais
solidária, amiga, leal, cooperante, generosa e agradecida. Está à vista de
qualquer leigo que quanto mais egoísmo houver, as desigualdades, a miséria, os
conflitos e os confrontos sangrentos e mortíferos, ocorrem com mais frequência,
e um pouco por toda a parte.
Acredita-se, e não temos hesitações em afirmar, que:
«Queremos uma mudança nas nossas vidas,
nos nossos bairros, no vilarejo, na nossa realidade mais próxima; mas uma
mudança que toque também o mundo inteiro, porque hoje a interdependência global
requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança,
que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização
da exclusão e da indiferença.» (Ibid.:106).
E se relativizar não significa radicalizar, a
verdade é que o Bem para uns não é, necessariamente, para outros, assim como o
Mal, não o será para todas as pessoas e, com este raciocínio, poder-se-ia
afirmar que “tudo é relativo”, no entanto, haverá princípios, valores,
sentimentos e emoções que, universalmente, deveriam ser aceites como absolutos,
designadamente: a justiça, a paz, o bem-comum, a felicidade, entre outros
possíveis e desejáveis pela esmagadora maioria da sociedade, e aos quais se
podem acrescentar: saúde, trabalho, habitação, solidariedade, amizade,
humildade, gratidão, tolerância e compaixão.
Independentemente de estatutos, de políticas, hoje
as pessoas desejam viver bem, num mundo em mudança sim, mas para o Bem, onde
cada ser humano seja respeitado e reconhecido pelos seus méritos próprios, e
que a individualidade e riqueza de cada pessoa contribua para o todo, porque
efetivamente: «Cada um de nós é apenas
uma parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo: povos que
lutam por uma afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por “viver
bem”» (Ibid.:107).
Apoiar o desenvolvimento científico-tecnológico,
para que toda a gente possa viver melhor, será uma atitude que ninguém poderá
recusar, salvo se outros interesses próprios, legítimos e legais estiverem em
jogo e possam ser prejudicados, como igualmente não devem ser impeditivos da
evolução positiva para o bem de todos, porque os benefícios coletivos para o
bem comum, devem: em quaisquer circunstâncias; e até às últimas consequências,
ser preservados.
Qualquer mudança para o bem implica,
obrigatoriamente, ter a pessoa humana no centro de todas as preocupações,
porque: «O mundo só pode melhorar se a
atenção é dirigida, em primeiro lugar, à pessoa; se a promoção da pessoa é
integral, em todas as suas dimensões, inclusive a espiritual: se não se deixa
ninguém de parte, incluindo os pobres, os doentes, os encarcerados, os
necessitados, os estrangeiros (Cf. MT 25, 31-46); caso se passe de uma cultura
do descartável para uma cultura do encontro e do acolhimento …»
(Ibid.:109-110).
Defender todas as iniciativas que visem promover a
mudança sustentável, no sentido de um mundo mais justo, onde o Bem possa reinar
acima do Mal, é um comportamento que deve ser assumido e valorizado
publicamente, na medida em que, sem uma coesão forte e indestrutível, jamais a
humanidade viverá em paz e confortavelmente.
As duas extremidades do progresso: a do Bem e a do
Mal, na verdade, existem, não podemos ser assim tão ingénuos ao ponto de
acreditarmos que toda a gente está preocupada com o Bem, porque: «Infelizmente, enquanto incentivamos o
desenvolvimento em vista de um mundo melhor, não podemos silenciar o escândalo
da pobreza nas suas várias dimensões. Violência, exploração, discriminação,
marginalização, abordagens restritivas às liberdades fundamentais, tanto para o
indivíduo quanto para grupos, são alguns dos principais elementos da pobreza
que devem ser superados.» (Ibid.:110).
Os principais responsáveis pelo progresso,
designadamente aqueles que se preocupam com a mudança para o Bem, têm a
obrigação de conhecer profundamente as diversas situações, em que determinadas
camadas da sociedade estão a viver, e tudo fazerem para retirar as pessoas das restrições
a que estão, talvez, ilegítima e ilegalmente, submetidas.
A sociedade não pode ficar à mercê de algumas,
felizmente poucas, minorias de: poderosos, financeiros, políticos, militares,
religiosos, cientistas, técnicos, intelectuais e outros grupos privilegiados,
aos quais lhes são dados todos os recursos para desenvolverem instrumentos de
destruição, miséria e morte, bem pelo contrário, tais grupos favorecidos pelas
conjunturas e pelos diversos poderes, devem colocar-se ao lado do Bem, criarem
todas as condições para o Bem-Comum, para o exercício dos direitos fundamentais
de uma humanidade que tem o direito de ser verdadeiramente digna.
Importa, nesta reflexão, destacar que: «Os distintos atores sociais têm a
responsabilidade de contribuir para a construção da unidade e o desenvolvimento
da sociedade. A liberdade é sempre o campo melhor para que os pensadores, as
associações de cidadãos, os meios de comunicação desempenhem a sua função, com
paixão e criatividade, ao serviço do bem-comum.» (Ibid.:121).
Quando desejamos a implementação do Progresso, na
Mudança para o Bem, obviamente que este Bem está, igualmente, relacionado ao
Bem-Comum e este entendido, aqui, como sendo: «Algo mais do que a soma de interesses individuais; é passar do que “é
melhor para mim” àquilo que é “melhor para todos”, e inclui tudo o que dá
coesão a um povo: metas comuns, valores partilhados, ideias que ajudam a
levantar os olhos para além dos horizontes particulares.» (Ibid.:120-121).
Refletir, criticar, implementar e validar um
processo de desenvolvimento para o Progresso na Mudança, para o Bem: seja este
individual; seja coletivo, será o grande projeto de uma humanidade
sensibilizada para os princípios, valores e sentimentos de toda a pessoa digna,
sem exceções, numa sociedade inclusiva, civilizada, culta e altruísta.
Bibliografia.
PAPA
FRANCISCO (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª
Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de
Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente
Editora.
Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
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https://youtu.be/DdOEpfypWQA https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc
Venade/Caminha –
Portugal, 2022
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
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