Neste primeiro quarto do século XXI, a situação
mundial, no que respeita à observação de deveres e direitos fundamentais,
praticamente mantém-se inalterável, em muitos países, ou, se se preferir:
equilibrada entre o Bem e o Mal; entre o Progresso e o Retrocesso; entre a
Abastança e a Miséria. Claro que se pode afirmar que o mundo sempre foi assim,
e que a sociedade humana nunca foi muito justa, porque, como já tem sido
referido, uma minoria possui a parte maior da riqueza mundial e uma esmagadora
maioria, vive com a preocupação de ter um dia razoável de cada vez e outra
parte, que em Portugal é cerca de quinze por cento da população, “arrasta-se”
no limiar da pobreza e da miséria total, sendo mais que provável que esta
percentagem tenha aumentado significativamente desde o início de março de 2020,
devido à horrível pandemia, denominada COVID-19, que se abateu por todo o
mundo, infetando e matando milhões e centenas de milhares de pessoas,
respetivamente.
É precisamente a camada mais vulnerável e, em certa
medida, desprotegida, que muito necessita do apoio oficial, não de esmolas, nem
de migalhas de um qualquer Orçamento de Estado. O mundo atravessa um período
muito complexo, e os detentores dos diversos poderes, bem como as populações em
geral, obviamente que têm parte significativa de culpabilidade: seja no que de
melhor se poderia fazer e ter; seja no que há de pior.
Por isso, quem ainda tem condições mentais,
psicológicas e físicas procura, para si e para a família, novas oportunidades
de vida e, nesse sentido: «Fugindo de
situações de miséria ou de perseguição em vista de melhores perspetivas ou para
salvar a sua vida, milhões de pessoas embarcam no caminho da migração e,
enquanto esperam encontrar a satisfação das expetativas, muitas vezes o que
encontram é suspeita, fechamento e exclusão; quando não são golpeadas por
outros infortúnios, muitas vezes mais graves e que ferem a sua dignidade
humana.» (PAPA FRANCISCO, 2016:110).
Os portugueses não podem, nem devem esquecer que já
tiveram de emigrar, praticamente para todos os países do mundo, embora
maioritariamente para a Europa e Américas, por motivos de perseguição político-ditatorial,
guerras com as ex-colónias e também para terem um melhor futuro, para eles e
famílias e, também, uma velhice mais tranquila.
Infelizmente, milhares de Portugueses, agora
pertencentes, na sua maioria, a uma geração ilustre de: cientistas, investigadores,
técnicos e outros especialistas em vários domínios, porque o país que neles têm
investido, não lhes garante o direito a um trabalho compatível com os seus
conhecimentos, têm sido obrigados a abandonar a terra que os viu nascer e os
formou assim como as famílias que os criou.
Recuperar: princípios, valores e sentimentos,
deveria ser uma preocupação de uma sociedade culta, civilizada e humanista,
tendo por objetivo último a restauração plena da dignidade da pessoa, porque
hoje em dia, a inteligência humana vence muitos obstáculos, produz conhecimentos
e tecnologias que, se aplicados com rigor e espírito de bem-comum, contribuem
para que a: paz, bem-estar, felicidade e alegria, regressem ao seio da
comunidade.
Existem condições extremamente favoráveis, a nível
de recursos, para que a humanidade possa viver em segurança, com abundância de
bens de primeira necessidade, com tecnologias avançadíssimas, se os decisores
nos diferentes ramos de atividade, assim o desejarem, todavia, convém não
ignorar que: «É preciso acrescentar que
os melhores dispositivos acabam por sucumbir, quando faltam as grandes metas,
os valores, uma compreensão humanista e rica de significado, capazes de
conferir a cada sociedade uma orientação nobre e generosas.» (Ibid.:115).
Apesar dos imensos interesses, instalados em todo o
mundo, cujos beneficiários detêm um poder de decisão, e uma capacidade de
intervenção quase absolutos, é sempre possível reverter para o bem-comum,
muitas situações que, atualmente, pervertem e prejudicam o bem-estar das
pessoas, de populações inteiras e até de nações subdesenvolvidas.
Poder-se-á afirmar, com alguma certeza que: «Ninguém quer o regresso à Idade da Pedra,
mas é indispensável abrandar a marcha para olhar a realidade doutra forma,
escolher os avanços positivos e sustentáveis e, ao mesmo tempo, recuperar os
valores e os grandes objetivos arrasados por um desenfreamento megalómano.»
(Ibid.:112).
Quem neste mundo global, cada vez mais pequeno,
pensar que tudo pode fazer, sem que daí resultem consequências, provavelmente,
não só estará a fazer uma avaliação incorreta, como também, a ignorar, propositadamente,
ou não, que haverá reflexos negativos, ou positivos, resultantes das decisões e
dos atos que se lhes seguem.
Com esta lógica, não será descabido extrapolar para
as organizações e os próprios Estados/Governos, ou seja: quando tais organismos
optam por determinadas soluções, para um dado problema, mais ou menos
específico, devem ter em conta que poderá haver repercussões, em setores afins,
a montante e/ou a jusante, da situação que deu origem à tomada de uma certa
posição.
Na verdade, é cada vez mais frequente que: «Qualquer ato de envergadura numa parte do
Planeta repercute-se no todo em termos económicos, ecológicos, sociais e
culturais. Até o crime e a violência se globalizam. Por isso, nenhum governo
pode atuar à margem de uma responsabilidade comum. Se queremos realmente uma
mudança positiva temos de assumir humildemente a nossa interdependência, ou
seja, nossa sã interdependência.» (Ibid.:113).
Este meritório processo, para a restauração da Paz e
da Felicidade, tem de ser assumido por todas as pessoas que desejam,
sinceramente, vivenciar aqueles valores e, nesse sentido, devem unir esforços,
”lutar” contra quem persiste na
manutenção da guerra e da infelicidade, porque os bens supremos, a que todo o
ser humano tem direito, para além dos dois já mencionados, não lhes podem ser
negados: saúde, trabalho, educação, formação, habitação, assistência médica e
medicamentosa, velhice tranquila e desafogada, a par da liberdade, da
democracia, do desenvolvimento, a estes se adicionando, ainda, outros valores
cívicos, éticos e morais, que são parte integrante da dignidade da pessoa
humana.
É perfeitamente aceitável, e indiscutível, que a
esmagadora maioria das pessoas, em todo o mundo, prefira e aspire à suprema
elevação: da Dignidade, da Paz e da Felicidade, até porque: «Cada um de nós é apenas uma parte de um
todo complexo e diversificado interagindo no tempo: povos que lutam por uma
afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por “viver bem” (…). Quando
olhamos o rosto dos que sofrem, o rosto do camponês ameaçado, do trabalhador
excluído, do indígena oprimido, da família sem teto, do imigrante
perseguido, do jovem desempregado, da
criança explorada, da mãe que perdeu o seu filho num tiroteio porque o bairro
foi tomado pelo narcotráfico, do pai que perdeu a sua filha porque foi sujeita
à escravidão; quando recordamos estes “rostos e estes nomes”, estremecem-nos as
entranhas diante de tanto sofrimento e comovemo-nos, todos nos comovemos …» (Ibid.:107-108).
É imperioso refletir no que se acaba de transcrever,
tanto mais urgente, quanto é certo que a referida análise parte de uma das
figuras mais proeminentes no mundo atual, como é Sua Santidade o Papa Francisco o qual, com toda a sua
sabedoria, fé, humildade, compaixão e benevolência, não se cansa de apelar a todos os responsáveis, para elegerem a
oração, a paz, a felicidade e o bem-comum, como os principais pilares desta
casa que é e todos, mas que nela estamos de passagem, muito rápida, por muito
longa que a alguns pareça.
A irracionalidade que existe na maior parte da
restante criação, está mais relacionada com o instinto de sobrevivência e de
defesa, pelo menos tanto quanto a ciência e o conhecimento nos é dado perceber.
Na pessoa humana, em particular; e na sociedade, em geral, existem outros
mecanismos, tais como a inteligência, a racionalidade, o bom-senso que deveriam
conduzir à Paz e à Felicidade dos povos, sem reservas e consolidadamente.
Em bom rigor: «Todos
os temas por mais espinhosos que sejam, tem soluções compartilháveis, têm
soluções razoáveis, equitativas e duradouras. E, em todo o caso, nunca devem
ser motivo de agressividade, rancor ou inimizade, que agravam mais a situação e
tornam mais difícil a sua solução.» (Ibid.:122). Por tudo isto a Paz e a
Felicidade são suscetíveis de restauração, moderna e axiologicamente
atualizadas.
Bibliografia.
PAPA FRANCISCO (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.
Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
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https://youtu.be/DdOEpfypWQA https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc
Venade/Caminha –
Portugal, 2022
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
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