O respeito pelas condições de vida de todos os seres que habitam este planeta, deveria ser uma preocupação constante, tanto pelos governantes, como pelos governados, independentemente da natureza do poder que exercem, como do estatuto que lhes está atribuído e, eventualmente, usufruem, respetivamente, porque a todos é exigível que tudo façam para garantir a dignidade, que é uma condição para o conforto, felicidade e paz das pessoas
É inaceitável, porque injusto, desumano, ilegal e
ilegítimo que, praticamente, se sacrifique em toda a sua extensão, o Bem-estar
da pessoa humana, para que uma economia ao serviço de uns poucos, conduza,
muitas nações, e os seus povos, a uma situação de autêntica exploração dos mais
fracos, dependentes e fragilizados: pela miséria, escravatura e submissão; pelo
medo e pela ameaça que alguns autoproclamados “donos do mundo”, ou, como alguém
diria: “O Dono disto Tudo” continuem a tentar impor e dominar.
Há como que uma guerra surda, encapuzada por lindos
discursos, por milhares de reuniões de que, praticamente, nada sai de positivo,
adiando-se decisões, marcando-se novas reuniões e assim sucessivamente, para
depois tudo ficar, praticamente, na mesma, quebrando-se acordos, faltando-se à palavra
dada e recomeçando-se tudo de novo, num outro alegado “ciclo”.
É provável que se esteja a: «Viver a terceira guerra mundial, mas por etapas. Há sistemas
económicos que para sobreviver devem fazer a guerra. Então, fabricam-se e
vendem-se armas e, assim, os balanços das economias que sacrificam o homem aos
pés do ídolo do dinheiro. Obviamente estão salvos. E não se pensa nas crianças
famintas, nos campos de refugiados, não se pesa nos deslocamentos forçados, não
se pensa as casas destruídas, não se pensa sequer nas tantas vidas destroçadas.
Quantos sofrimentos, quanta destruição, quantas dores.» (PAPA FRANCISCO,
2016:31).
Como é possível existir tanta insensibilidade entre
“irmãos” que, sendo filhos de um mesmo Criador, e que habitam uma “Casa Comum”,
haja imensa discriminação, muito sofrimento, inúmeros atropelos aos deveres e
direitos humanos? Em que mundo nós vivemos, que se pretende civilizado, culto,
filantrópico, de liberdade em todas as suas dimensões, mas no qual as pessoas
continuam a alimentar narcisismos, cultos da personalidade, recorrendo: à
violência física e psicológica; à mentira, à traição, à deslealdade, à
hipocrisia, à bajulação e à ingratidão. Afinal que mundo é este que habitamos?
Evidentemente que não se pretende fazer uma apologia
da desgraça, do descrédito e do pessimismo. Deseja-se, isso sim, alertar para
as realidades atuais, que só não as vê quem tiver interesses menos claros, de
aproveitamento em benefício próprio, à custa do mal dos restantes. É necessário
estabelecer e cumprir uma Nova Ordem Mundial ao nível cultural, axiológico e
humanístico. É imperioso que se interiorize e pratiquem atos verdadeiramente
humanos, com o sentido: da solidariedade, da amizade, da lealdade, da gratidão,
da generosidade da benevolência e da compaixão.
Na verdade: «Uma
coisa é clara! Não podemos continuar a desinteressar-nos da nossa realidade,
dos nossos irmãos, da nossa mãe terra. Não nos é lícito ignorar o que está a
acontecer ao redor, como se determinadas situações não existissem ou não
tivessem a ver com a nossa realidade. Não nos é lícito – mais ainda – não é
humano entrar no jogo da cultura do descarte.» (Ibid.:42).
O ser humano deve ser respeitado, muito mais do que
qualquer outro animal, não pode, nem deve ser tratado como lixo. que depois de
utilizado nos mais diversos fins e para servir diferentes interesses: passa
para a “prateleira” dos esquecidos; para a “gaveta” dos inúteis; e, no limite,
enviado para um qualquer campo de concentração de refugiados, como se fosse uma
espécie animal, sem qualquer dignidade.
A valorização da pessoa humana é uma tarefa que urge
desenvolver, constantemente, porque não é só a ciência, nem a técnica, que
proporcionam melhores condições de vida, na medida em que se não houver:
estima; elevação moral; princípios éticos; boas práticas cívicas e um maior
esforço na aplicação dos deveres e direitos, verdadeiramente humanos, o mundo
vai continuar a ser um espaço, onde determinados grupos continuarão a impor as
suas arbitrariedades, a pugnar pelos seus interesses, eventualmente, egoístas e
mesquinhos.
O passo essencial para se começar esta caminhada da
dignificação da pessoa humana, deve iniciar-se na formação, ou seja: «Educar-nos para a solidariedade, que
significa educarmos para a humanidade: edificar uma sociedade que seja deveras
humana quer dizer pôr sempre no centro a pessoa e a sua dignidade, e nunca a
malbaratar na lógica do lucro. O ser humano e a sua dignidade são pilares sobre
os quais construir regras partilhadas e estruturadas que, superando o pragmatismo
e o aspeto técnico, sejam capazes de eliminar as divisões e preencher os vazios
existentes” (Cf. Discurso aos participantes da 38ª sessão da FAO, 20 de
junho de 2013, in: Ibid.:57).
Atualmente, primeiro quarto do século XXI, o
sofrimento atinge milhões de seres humanos, em todo o mundo, as chagas sociais
parecem não querer sarar, porque, talvez, existam muitos interesses para que
esta situação de verdadeira calamidade perdure e, nesta cultura do “utiliza e deita fora”, nem a pessoa
humana escapa, porque: por um lado a ganância de alguns poderosos não tem
limites; e, por outro lado, são apoiados por imensos cúmplices que, de alguma
forma, acabam por ser beneficiados.
O problema é que em muitas situações já nem sequer
funciona aquele princípio, segundo o qual: “se
não os podes vencer; junta-te a eles”, precisamente porque eles já estão
rodeados de fieis e bajuladores servidores, quais “câmaras eletrónicas”, de serviço permanente, recebendo em troca
algumas recompensas: mais ou menos chorudas, para uns; umas migalhas, para
outros.
“Adquire, usa e deita fora”, eis a grande
máxima que, deploravelmente, se está a aplicar a uma parte substancial da
humanidade: «Esta cultura do descarte
tende a tornar-se a mentalidade comum, que contagia todos. A vida humana, a
pessoa já não é sentida como um valor primário a respeitar e salvaguardar,
especialmente se é pobre ou deficiente, se ainda não é útil – como o nascituro
– ou deixou de servir – como o idoso.» (Ibid.:59).
Torna-se
confrangedor, e provoca profunda tristeza em quem está de boa-fé neste mundo, e
tudo faz para que todas as pessoas possam ter uma vida confortável, verificar,
diariamente, os atropelos que são realizados contra quem é mais vulnerável:
crianças pobres; jovens desempregados; adultos a receber esmolas; idosos a
viverem na rua, quantas vezes, maltratados, por uma pequena parte da sociedade
opulenta, que nunca soube o que eram dificuldades da vida.
De
que servem boas leis, se não forem aplicadas com justiça social e caridade,
conforme mandam muitos preceitos religiosos de diversas religiões? Para onde
vão os donativos que algumas pessoas e instituições consignam aos mais
necessitados? E o Estado/Governo, no meio de tanta desgraça, como se comporta?
E se não existissem: instituições particulares de solidariedade social;
Organizações Não-governamentais; milhares de voluntários; equipamentos para
acudir a uma parte dos mais carenciados; como estaria esta sociedade, ávida de
poder, de ostentação, de fartura supérflua? Perguntas incómodas, é verdade, mas
que nos devemos colocar perante a nossa consciência, sem receio das respostas.
A
sociedade é constituída por um tecido extremamente heterogéneo: pessoas,
famílias, grupos, infraestruturas, conhecimento, tecnologia, entre outros, mas
é nas pessoas, e nas famílias, que residem os principais pilares: «Por isso tornam-se necessárias políticas
adequadas que apoiem, provam e consolidem a família. Além disso, sucede que os
idosos sejam considerados um peso, enquanto os jovens não veem à sua frente
perspetivas seguras para a sua vida. E, no entanto, idosos e jovens são a
esperança da humanidade: os primeiros trazem a sabedoria da experiência
enquanto os segundos nos abrem ao futuro, impedindo de nos fecharmos em nós
mesmos. (Cf. Exort. Ap. Evangelii Gaudium, 108). Sábia opção é não marginalizar
os idosos da vida social, para se manter viva a memória de um povo. De igual
modo, é bom investir nos jovens, com iniciativas adequadas que nos ajudem a
encontrar trabalho e fundar um lar doméstico. É preciso não apagar o seu
entusiasmo.» (Ibid.:62).
Importa
reter que a pessoa humana é o recurso mais valioso do planeta que todos
habitamos. Que jamais se pode maltratar, seja de que forma for, qualquer
pessoa, independentemente do seu estatuto: socioeconómico, cultural,
profissional, político, religioso ou outro.
Os
valores supremos da dignidade humana, do respeito, da participação ativa na
comunidade, são potencialidades que nenhum outro animal possui, em tão elevado
nível, por muito que se protejam e estimem os restantes seres da criação,
porque a pessoa humana é única, infalsificável, irrepetível. Será sempre um
crime hediondo, transformar uma pessoa num “Farrapo Humano”.
PAPA FRANCISCO (2016). Proteger a
Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria
Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e
Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.
Apanhados de
surpresa, entre os fogos de uma guerra cruel, desumana e, a todos os títulos,
inaceitável, imploremos a Deus, e aos homens, para que o sofrimento de milhões
de seres humanos, termine definitivamente. Tenhamos a HUMILDADE de nos
perdoarmos uns aos outros, porque o PERDÃO será um dos grandes “Valores
Axiológicos” da Humanidade, que deixaremos às Gerações Futuras. GLÓRIA À UCRÂNIA.
Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
https://www.youtube.com/watch?v=Aif5s90rxoU
https://youtu.be/DdOEpfypWQA https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc
Venade/Caminha –
Portugal, 2022
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
2 comentários:
Sim,fico encantada com seus estudos a relações humana!
Obrigada assim vou ficando dia a dia esclarecida.
Muito obrigado pelo seu generoso comentário. Pena não saber com quem estou a conversar, para iniciarmos uma troca de conhecimentos no campo das ciências sociais e humanas. Respeitosos cumprimentos. Diamantino Bártolo.
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