O último quartel do século XIV marca,
indelevelmente, a História de Portugal, como sendo o marco histórico-temporal
da expansão portuguesa, à qual ficou intrinsecamente associada a geração de
Avis. Na verdade, inicia-se um dos maiores feitos dos portugueses, consumado
nos Descobrimentos, cuja empresa esteve na origem de profundas alterações
económicas, políticas, sociais e culturais, verificando-se que os reflexos se
fizeram sentir, posteriormente, por alguns séculos.
Várias são as críticas sobre os Descobrimentos
Portugueses e, desde já, pode-se dizer que foram o elemento mais importante
para caracterizar o Renascimento Português. Poderá significar tal empresa uma
aventura civilizacional, uma empresa coletiva, que marcou o destino nacional,
movimentação de pessoas, um voltar-se para o mar, contactos com civilizações
diferentes, aquisição de novos conhecimentos e uma nova e mais alargada visão
do homem. A renovação e a descoberta de novas técnicas, correção de conhecimentos
antigos. O desenvolvimento da Ciência e da Experiência são factos inegáveis. Confirma-se
que:
a) Quanto à Ciência – A matemática, como
ciência, com a matematização do real, introdução do algarismo árabe,
racionalização da experiência. Inicia-se a pré-história da experiência
científica. À experimentação alia-se e acentua-se a Razão. A autoridade dos
conhecimentos antigos era contestada e as correções e atualizações eram
introduzidas.
Embora a nível filosófico se continuasse o
aristotelismo, numa visão qualitativa do universo, a mentalidade portuguesa
está marcada pelo saber do mar e, como tal, a experiência é valorizada, ela é a
“Madre de todas as coisas”. O
conhecimento é fundamentado epistemologicamente na experiência concreta, e esta
constitui um novo critério de verdade e certeza.
O homem é uma “Tábua
Rasa” que recebe as novas experiências, mas não as elabora. Vive-se uma
época de ambiguidade, com o despontar de uma nova mentalidade quantitativa.
Antropologicamente, a descoberta de civilizações
diferentes, do outro civilizacional, perspetivam um espírito inovador, embora o
mesmo não se venha a verificar, porque o heterocentrismo acentua a civilização
europeia, e tudo o que é diferente, é desvalorizado, importando impor a
civilização ocidental aos outros povos, numa mentalidade tipicamente medieval,
com base na fé cristã.
O conhecimento é igual à visão. Não se ultrapassa o
nível meramente empírico, não obstante a grande abertura provocada pelos
Descobrimentos. O conceito de ciência, nesta época, é algo de racional e
empírico, consiste numa dialética entre os conhecimentos antigos e os modernos,
embora prevalecendo, ainda, a visão qualitativa, teocêntrica e dogmática,
própria da escolástica, embora com profundo espírito de abertura aos novos
conceitos.
b) Quanto à Natureza – É vista numa época
racional, e como elemento fundamental para o saber humano, desde logo a partir
do mar, cujos conhecimentos dele extraídos eram integrados no sistema
qualitativo já existente, num plano de fundo medieval.
A noção de natureza consistia nos conhecimentos
qualitativos. A experiência da natureza é um conceito-chave. Visão sintética
que delimitava o conceito de natureza em dois elementos: O Cristianismo e a
Bíblia e os autores antigos, sobretudo Aristóteles. Visão racional,
hierarquizada, criada por Deus, dotada de sentido, que se dirigia de volta ao
Criador, porque a Natureza é uma criação de Deus.
O conceito de Natureza, a nível particular, aparece,
também, ligado ao sentido de uma região, ao mar, à fauna. É o ordenamento de
todo o fenómeno, com vários significados: poder criador e estruturado de toda a
realidade, das capacidades do homem, e ordem de movimento de todos os corpos. É
uma espécie de organismo universal, “mãe
de todas as coisas” e do “Homem”. É como que uma ponte entre a Ciência e a
Filosofia, na qual Deus estabelece a medida entre o Homem e a Natureza.
Nesta Filosofia da Natureza os elementos
aristotélicos e franciscanos estão ligados ao empirismo. A experiência-visão
são as fontes de relação do ser qualitativo e ainda não quantitativo. O
conhecimento é uma harmonização com o real. O conhecimento que antes era
coletivo, de construção de grandes sistemas, transmitidos com autoridade é,
agora, individual, a partir de vivências fundadas nos sentidos, imediatas,
quantitativo. Os antigos já não são um dogma.
Bibliografia
ARRIAGA,
José de, (1980). “A Filosofia Portuguesa 1720-1820” , in: História da
Revolução Portuguesa de 1820, Coleção Filosofia e Ensaios, Lisboa:
Guimarães Editores.
PRAÇA,
J. J. Lopes, (1988). História da Filosofia Em Portugal. 3ª Edição. Lisboa:
Guimarães Editores.
Venade/Caminha –
Portugal, 2019
Com o protesto da minha perene GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal
TÍTULO
NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR, condecorado com a “GRANDE CRUZ DA ORDEM
INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR DO BRASIL, Pedro Álvares Cabral” pela
Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística
http://www.minhodigital.com/news/titulo-nobiliarquico-de
COMENDADOR das
Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker – Brasil
TÍTULO HONORÍFICO
DE EMBAIXADOR DA PAZ pelos «serviços prestados à Humanidade, na Defesa dos
Direitos as Mulheres. Argentina»
DOCTOR HONORIS
CAUSA EN LITERATURA” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la
Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
E-mail: diamantino.bartolo@gmail.com
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