Só as
obsessões, próprias da teimosia, do orgulho inflamado, da arrogância e da
prepotência, é que possibilitam comportamentos tão desestabilizadores, quanto
injustos e prejudiciais à tranquilidade, harmonia e paz sociais.
A
estabilidade que conduz a uma determinada paz, equivalente ao marasmo ou à
acomodação, obviamente que não interessa, na medida em que prejudica o
desenvolvimento, a troca de conhecimentos, de experiências, de ideias e de
opiniões. Uma estabilidade sem progresso, sem debate, sem democracia, seria
própria de uma monopartidocracia qualquer.
Não é
isso que se está a defender aqui, mas, bem pelo contrário, uma estabilidade
dinâmica, que se credibiliza pela evolução, isto é: cada meta alcançada e
ganha, a favor da comunidade, deve ser consolidada; fixados os seus resultados,
a partir dos quais se avança para novos objetivos; caminhando sempre para um
valor-ideal, o da perfeição, conscientes, porém, que jamais será alcançado,
embora, persistentemente buscado.
O confronto de ideias, a utilização recíproca de
conhecimentos e experiências, sem recurso a ‘bodes expiatórios’, aproveitando os erros do passado, para com eles
se aprender ou, pelo menos, a não repeti-los, e conjugando as sinergias de
todas as pessoas e grupos de boa-vontade, parece uma boa metodologia para
apaziguar ânimos mais exaltados, compreender as razões pelas quais certos
factos aconteceram, e determinadas pessoas e/ou grupos tiveram comportamentos
diferentes dos esperados.
Nem sempre o que parece é e, em política, como em
religião, entre quase todas as restantes atividades, e como em tudo na vida,
tal como se aplica, através do aforismo que nos ensina que: “à mulher de César, não basta parecer; é
preciso ser”, na circunstância, é necessário parecer e ser, por exemplo,
honesta ou, numa outra situação e interveniente: “não basta parecer sério; é
preciso ser sério”.
No contexto da governação política, poucos valores
são tão importantes como a estabilidade, não significando que seja este o
único, e o mais valorizado valor, numa hierarquia axiológica, ou no quadro das
referências ético-políticas. Em democracia é muito difícil governar, devido,
justamente, à instabilidade provocada pela luta política pelo poder.
Os interventores políticos têm dificuldades em
separar a dimensão pública da cidadania, da dimensão privada dos adversários,
recorrendo, quantas vezes, acreditando-se que sem intencionalidade ofensiva, ao
insulto, à ingerência na vida particular do concorrente, na família, na
atividade profissional, tudo vasculhando para denegrir e eliminar o opositor
político.
A estas práticas, normalmente, adiciona-se: uma
linguagem complexa, por demasiado técnica, por excessivamente ambígua; também pela
circularidade dos desenvolvimentos temáticos, vislumbrando-se, eventualmente,
algumas técnicas ‘tautológicas’, um certo “cinzentismo” que nada afirma e nada
nega, mas que poucos entendem.
A estabilidade social, no seio de uma comunidade,
como são os aglomerados populacionais, da maior parte dos concelhos
portugueses, consegue-se, portanto, a partir dos comportamentos modelares dos
dirigentes, através de uma comunicabilidade assertiva, que se caracteriza, por
uma: «Comunicação transparente, através
da qual as pessoas expressam necessidades, pensamentos e sentimentos, de forma
clara, honesta e direta, respeitando o direito dos outros. (…) A comunicação
assertiva é o estilo que possibilita SER e PARECER, pois suas características
estimulam uma comunicação transparente, honesta, objectiva e de mão dupla. A
pessoa que adopta a comunicação assertiva consegue estabelecer as duas
direcções que flexibilizam e dão equilíbrio à sua relação com o outro:
influenciar e ser influenciado. » (MARTINS, 2005:16, 28, 48, 50).
A estratégia, normalmente, utilizada por regimes
prepotentes, passa pelo recurso a várias ‘técnicas’,
como por exemplo: lançar a divisão entre os que se pretende governar; pelo
obscurantismo e desinformação da população; pela hipocrisia envolvida em lamúria
e tristeza, por situações conhecidas, entre outras.
Felizmente, neste primeiro quarto do século XXI,
têm vindo a implementarem-se e a consolidarem-se instrumentos políticos, os
quais se revelam s propícios à eliminação de tais sistemas políticos, embora,
ainda, sem resultados evidentes, sendo a Democracia, atualmente, um valor
frágil, mas essencial ao exercício pleno da cidadania.
Hoje, pretende-se que se formem verdadeiros
líderes, no sentido profundo da Democracia, da comunicação e do comportamento assertivos.
É não só desejável como imperioso a prática do diálogo democrático-assertivo,
de elevado nível, e no respeito pela dignidade dos interlocutores,
independentemente das suas posições.
Atualmente, desejam-se líderes com autoridade
democrática. Adotando, pois, alguns princípios e valores de liderança
assertiva, num contexto de sinceras relações humanas, é possível viver com
estabilidade, até com amizade e simpatia, na medida em que: «As relações sociais são cruciais para o
desenvolvimento do indivíduo. Um corolário é que apenas através da experiência
de outras pessoas podemos aprender a fazer frente a outras pessoas e
compreendê-las, e isto, evidentemente, pressupõe que permitamos às nossas
mentes permanecer abertas e que estejam preparadas para reconsiderar nossos
próprios pontos de vista, quando estes forem questionados por outros. »
(WILLIAMS, 1978:95).
No
espaço físico-territorial dos municípios portugueses, obviamente que os
Presidentes das Câmaras Municipais e os Presidentes das Juntas de Freguesia,
politicamente considerados como as máximas autoridades civis locais, são os
líderes que devem constituir-se em paradigmas dos valores genuinamente humanos,
tais como: o respeito pelo seu concidadão; pela dignidade da pessoa humana; a
tolerância, a solidariedade, a humildade democrática e tantos outros.
Os
líderes locais devem simbolizar a autoridade democrática, a garantia da
estabilidade social, os dinamizadores do trabalho em equipa, quaisquer que
sejam as tarefas, com objetivos inequivocamente comunitários, os moderadores de
conflitos, solucionadores de problemas e das dificuldades, enfim, devem ser os
garantes de uma genuína e insofismável paz social, num clima de liberdade, de
empatia, de relações humanas assertivas, de sincera amizade, ajudando a
construir uma comunidade de valores, verdadeiramente solidária e coesa.
A
estabilidade dinâmica é a palavra-chave para o êxito dos líderes, quaisquer que
sejam os níveis do poder que ocupam. A segurança pode conseguir-se pela
generosidade, pela humildade, pela compreensão, pela entreajuda, pela
tolerância e pelo respeito pela pessoa humana. É impossível liderar-se e
pretender-se a paz e coesão pela “força
violenta das armas”, considerando-se aqui como armas, por exemplo, o
insulto, a humilhação, a perseguição e todos os métodos que violam os mais
elementares direitos humanos.
Bibliografia
MARTINS, Vera Lúcia Franco, (2005).
Seja Assertivo – como ser direto, objetivo e fazer o que tem de ser feito: como
construir relacionamentos saudáveis usando a assertividade. Rio de Janeiro:
Elsevier
WILLIAMS, Michael, (1978). Relações Humanas.
Tradução, Augusto Reis. São Paulo: Atlas
Venade/Caminha – Portugal, 2019
Com o
protesto da minha perene GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
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