Partindo do texto de Nietzsche (Friedrich Wilhelm NIETZSCHE 1844-1900, filólogo e influente filósofo alemão do século XIX) “Genealogia da Moral”, importa evidenciar a situação da Filosofia no futuro, e que no mais profundo da sua intencionalidade consiste, afinal, na sua sujeição à interpretação: «programada no espaço de uma prática activa e regulada, a filologia».
Neste novo espírito de abertura da Filosofia, é
necessário decifrar o sujeito, e inscrever o processo de formação, num sistema
de ficções e de crenças, ou seja, é preciso redescobrir a sua genealogia.
O texto nietzschiano vai perspetivar os processos
mais importantes do idealismo, numa dialética metafísica entre o significado, o
valor e suas equivalências, o que corresponde a afirmar que a: «metafísica e a religião nos seus esforços
conjugados lançaram uma proibição sobre qualquer ciência do corpo, ao mesmo
tempo que sobre qualquer prática filológica» (cf. NIETZSCHE, 1976: op. cit.), relegando o corpo e o significante para uma
posição de dominados, o que resulta num recalcamento, cuja lógica se inscreve
numa leitura do código linguístico, moral e religioso, colocando a descoberto o
simbolismo cristão.
Tal lógica, que revela um
desconhecimento do sujeito pleno, presente a si, sujeito capaz de um domínio
absoluto, sobre a cadeia dos significantes, parece ter por objetivo o “fantasma da totalização”, que seria o
índice mais constante do idealismo, lugar onde sempre se realizam uma ocultação
e um recalcamento, o que leva a decifrar os conceitos essenciais, utilizados
pelos diferentes sistemas metafísicos e seus parentescos.
Os filósofos, vêm-se,
assim, enredados nos sistemas de conceitos filosóficos, procuram estruturar
novos sistemas, mas acabam por cair na mesma circularidade da «ordem sistemática inata dos conceitos e o
seu parentesco essencial. O pensamento consiste menos em descobrir do que em
reconhecer, recordar-se, em voltar atrás.» (Ibid.) e, desde que haja um
parentesco linguístico, tudo fica preparado para um desenvolvimento e um
desenrolar análogo dos sistemas filosóficos.
Assim, as metafísicas, nas
suas variantes, são apenas o retorno contínuo ao fundamento de uma gramática,
que requer sempre a posição incondicionada de um sentido, a determinação ideal
de uma série de enunciados suficientes a si próprios e, nesse sentido, a
genealogia tem por espaço privado a língua, os processos de inscrição postos no
texto metafísico.
Esta língua “funcionou como uma fé, como um sistema de
crenças eternas” e o sinal deve tornar-se o espaço ascensional genealógico,
que tem de ser decifrado como um sintoma. O reconhecimento dos valores morais e
religiosos assenta, portanto, na crença da verdade dos conceitos e na
transparência dos sinais.
A linguagem serviu, ainda,
para o homem situar o seu próprio mundo e a partir deste construir o resto do
globo e tornar-se o seu senhor. O conhecimento do mundo fundamentava-se na
língua. A crença na linguagem tornou-se um dogma, e o homem o detentor
orgulhoso que se elevava acima do animal.
Pela língua se
estabeleceram os conceitos, e por estes o conhecimento universal, fundamentos
que fora do seu tempo se reconhecem, no entanto, errados. Na verdade, e a
título de exemplo, o conceito de “castigo”,
em termos semióticos, o que implica que qualquer significado só pode ser
decifrado na posição de significante.
O mesmo se passa com tudo o que se apresenta como “valor”, porque a genealogia é uma construção, um trabalho sobre os próprios materiais da Filosofia (abordagem semiótica), porque o filósofo crê que a sua Filosofia reside no conjunto, na construção, e mesmo que tal construção possa ser destruída, ela conservará o seu valor material.
GLOSSÁRIO
Semiótica - Literalmente "a ótica dos sinais", é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenómenos culturais, como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. Ambos os termos são derivados da palavra grega σημεῖον (sēmeion), que significa "signo", havendo, desde a antiguidade, uma disciplina médica chamada de "semiologia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Semi%C3%B3tica
Bibliografia
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, (1976). A Genealogia da Moral. 3ª Edição. Tradução, Carlos José de Meneses. Lisboa: Guimarães & Cª Editores.
Portugal
https://youtu.be/DdOEpfypWQA
Brasil
https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc
Venade/Caminha – Portugal, 2020
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
http://diamantinobartolo.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário