domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal: Festa da Família e do Amor


Não vou transcrever para esta reflexão, dedicada a um dos dias mais simbólicos do ano, em que a saudade pelos ausentes se faz sentir de forma particularmente dolorosa, muitas das inúmeras notícias sobre o estado profundamente degradante em que vivem milhões de pessoas por esse mundo fora em geral e, milhares de outras que, em Portugal, sofrem as mais cruéis privações de uma vida que nem sempre lhes sorriu, e que não podemos nem devemos ignorar esta realidade que a todos, de alguma forma, também nos culpabiliza.
Natal é festa da família, de alegria, de esperança num futuro melhor, no acreditar que temos capacidades, determinação e entusiasmo suficientes para vencermos, uma vez mais, as dificuldades presentes e reconstruirmos um futuro digno da pessoa humana, novos horizontes de prosperidade, com saúde, paz, amizade, trabalho e felicidade. Nós, portugueses, já demos provas ao mundo do que somos capazes, eventualmente, em situações bem mais complexas.
Os valores que tanto nos caracterizam, alguns dos quais sentidos e vividos de forma muito singular, como a saudade por todos aqueles que, por diversas circunstâncias da vida, não nos podem acompanhar neste dia que, apesar de tudo, teremos de nos esforçar para que seja de festa, com mais ou menos abundância material, com mais ou menos conforto, mas que possa ser de Amizade sincera e de perdão, no calor do amor dos que verdadeiramente se amam, qualquer que seja a natureza do amor: conjugal, maternal, paternal, filiar, fraternal e naquele que também nos deverá acompanhar diariamente que é o «Amor-de-Amigo».
Festa da família, tempo para reflectirmos no passado, no presente e no que tencionamos ser, fazer e viver, num futuro que, no presente, projectamos com esperança, com projectos, com desejos, com ambição legítima, para nós, para os nossos familiares, mas também para os nossos verdadeiros amigos, sim porque estes, quando leais, solidários, confidentes, conselheiros, cúmplices e que, sempre e inequivocamente estão do nosso lado, são como os nossos familiares mais íntimos.
Tempo de Paz, de Saudade, de Amor, de Felicidade e de Solidariedade, sentimentos entretanto mitigados pelos que nos são especialmente queridos, estando fisicamente longe ou que já se partiram para uma vida eterna, mas que continuam nos nossos corações, bem presentes, bem vivos, que nos acompanham e protegem, lembrando-se e intercedendo por nós, onde quer que estejam.
O mundo, nas pessoas das mais destacadas entidades políticas, empresariais, religiosas e da sociedade civil em geral, não pode aceitar esta quadra natalícia como mais uma festividade que o calendário assinala e, passada que seja, tudo volta às mesmas situações durante mais 360 dias. Todos, de mãos dadas, teremos de dizer um rotundo NÃO a quaisquer situações que degradam a pessoa humana. O Natal da Família e do Amor, não comporta nenhum tipo de humilhação.
Chegou o tempo de banirmos, irreversivelmente, ódios, vinganças, obscurantismo, fome, guerras e a morte resultante daqueles «sentimentos» e situações. Está na hora da inversão de tudo quanto é indigno para o ser humano, a começar em cada um de nós, até para connosco próprios. É tempo de dar voz ao «tribunal» da nossa consciência, porque é o único que nos julga imparcialmente, mesmo que, depois, não tenhamos a coragem de cumprir a «pena» ou seguir os seus conselhos.
Mas é claro que, todos os dias deveriam ser Natal, todos os dias deveríamos reflectir na vida e na morte; na nossa origem mas também no nosso destino; no que fazemos e no que deveríamos fazer; pensarmos que a vida é efémera, que não somos os donos do mundo, nem da verdade, nem da vida de ninguém, nem sequer da nossa própria existência. De onde vimos? Quem Somos? Para onde Vamos?
Independentemente das nossas convicções políticas, filosóficas, religiosas ou outras, a verdade é que não nos conhecemos suficientemente bem par, enquanto pessoas humanas, detentores de imensas capacidades, poderes e oportunidades, sabermos tomar as melhores decisões, quantas vezes, nem sequer somos capazes de orientar as nossas próprias vidas, com sentimentos verdadeiramente altruístas, em proveito dos nossos semelhantes e dos benefícios que nos dizem respeito.
Em boa verdade, ALGUÉM nos deu tantas faculdades, tantas ocasiões, tanto domínio, infelizmente, nem sempre aproveitados da melhor maneira e, então, surgem os dias festivos, na circunstância, o Natal, para revelarmos uns aos outros e ao mundo, de que estamos solidários, temos boas intenções para resolver as situações mais prementes dos que estão abaixo do limiar da dignidade humana.
No rigor da consciência de cada um, todos sabemos que não somos absolutamente perfeitos, que gostaríamos de ser melhores familiares, amigos, cidadãos. Eu próprio me considero um «pecador» em todos os sentidos, porque sou fraco, não tenho a coragem suficiente para impor a mim próprio o cumprimento integral dos valores que defendo, mas luto a cada momento da minha vida, por aquilo em que acredito, pelo exercício dos sentimentos que nutro pelas pessoas que me são especialmente queridas, pelo bom relacionamento que deve existir na sociedade em geral e no exercício dos diversos papeis que vou desempenhando ao longo do dia e da vida. Natal também pode ser este esforço permanente.
A festa da família é, afinal a festa do mundo, porque este é constituído por famílias, extensas, nucleares e também por pessoas que vivem sozinhas, quantas vezes nas margens da sociedade, ou porque esta os excluiu impiedosamente, ou porque as próprias pessoas se auto-afastaram, por já não acreditarem em nada, nem em si próprias. Natal, também deverá ser a reconciliação com a vida, com os nossos semelhantes, com a natureza em geral.
Pensar o Natal, não tanto no tradicionalismo do consumo, embora este seja necessário, desde logo para aqueles que podem, adquirirem os bens materiais de primeira necessidade para doarem aos que não têm esta capacidade, mas no sentido da construção de um mundo mais justo, mais tolerante, mais humano. Um Natal com humanismo, no respeito pela nobreza da pessoa humana que nasce portadora de iguais direitos de liberdade e dignidade.
Caminhar para Natais de progresso a todos os títulos, no aprofundamento, consolidação e boas-práticas dos mais elementares Direitos Humanos, desde logo os direitos: à vida; à saúde, em condições justas, com especiais preocupações para as pessoas mais carenciadas; à educação e formação; ao trabalho; à habitação em condições dignas; à justiça, enfim, aos direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A Humanidade está cansada de discórdias, de injustiças, de exclusões de toda a natureza. A comunidade global não pode continuar no rumo que tem vindo a seguir, onde o «porto seguro» não se vislumbra. O mundo não pode desperdiçar as pessoas de boa-vontade, que desejam e lutam pela Paz, pela Amizade, pela Felicidade e pela Harmonia entre todos os seres. O Natal é isto mesmo.
Finalmente, a minha reflexão muito especial, muito particular, embora a deseje tornar pública, como uma espécie de contributo para que o Natal seja verdadeiramente a Festa da Família Humana, mas a começar por mim próprio, pela minha família, amigos e todas as pessoas que comigo se relacionam.
Um Natal com verdade, com lealdade, com reciprocidade, seja no seio da família, seja com outras pessoas, com aquela amizade de um sincero «Amor-de-Amigo», com um sentimento de tolerância, de perdão e muita gratidão para com todas as pessoas que, ao longo da minha vida me têm ajudado, compreendendo-me e nunca me abandonando. É este Natal que eu desejo festejar com muita alegria.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

domingo, 18 de dezembro de 2011

Universalização dos Direitos Humanos

Quer queiramos ou não, quer gostemos ou não, movemo-nos num mundo de valores, o homem não pode negar-se enquanto ser cultural, apto a transformar a natureza, ainda que parcialmente, em função das suas carências, com a possibilidade de poder escolher os meios e os fins, a partir de valores que a sua cultura lhe oferece. É em função de tais valores que reagimos, que vivenciamos certas experiências, sejam físicas ou psicológicas.
O termo Direitos Humanos focaliza a nossa atenção nos indivíduos humanos e numa Dimensão chamada Direitos. Se os direitos nos são concedidos pelo Estado, então a reciprocidade tem de existir sob a forma de deveres, neste caso, seria mais correcto, dizermos Deveres Humanos. Mas se os Direitos Humanos têm uma abrangência Universal, então o Estado Nacional deverá harmonizar-se com os demais Estados internacionais e cada um destes, conferirá àquele, a legitimidade necessária para proteger a eficácia dos Direitos Humanos, em toda a plenitude, de que resultará, a nível mundial, uma desejável situação de Paz e Progresso.
A manifesta irrelevância com que os Direitos Humanos são invocados é, cada vez mais, alvo de denúncia por parte das Organizações Não Governamentais, do olhar indiscreto dos Media, dos biliões de pessoas que sentem a miséria, o analfabetismo, a intolerância, as discriminações a violência e a guerra.
Neste sexagésimo terceiro aniversário da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, (10 de Dezembro de 1948/2011), quantos milhões de crianças, idosos e marginalizados estão a passar fome, sabendo que algumas Organizações pagam para não se produzir alimentos, para se controlar as matérias-primas, com o objectivo de se criarem condições para que a especulação tenha o caminho mais livre?
O século XX ficará na história, certamente, por bons motivos, mas, também, pelo que de mais negativo a humanidade alguma vez viveu. Com palavra de esperança, prefiro recordar as maravilhas da ciência, que, obviamente, com o poderio da técnica e da tecnologia se intrometeu, de forma decisiva, na resolução de muitos problemas, principalmente nos que se referem à saúde das populações.
O direito à paz constitui um dos direitos da chamada terceira geração, segundo a estrutura que é estabelecida, tais como outros direitos, por exemplo, ecológicos, parece-me, contudo, cada vez mais um objectivo, importante e necessário a salvaguardar, não fossem os inúmeros conflitos regionais de guerra declarada ou latente, seja por motivos políticos, seja por razões de ordem económica, estratégica ou religiosa.
A “Instituição da Guerra” apresenta-se-nos como uma ordem de magnitude que transcende qualquer agressor – a vítima particular -, na medida em que faz mais sentido responsabilizar um país por uma agressão sobre outro do que imputar culpas a indivíduos isolados, além de que existe, obviamente, violência estrutural no sentido em que danos não intencionais são infligidos, frequentemente, a indivíduos ou países em todo o mundo, porque o opressor está incrustado nas estruturas, com culturas que não deixam outras alternativas.
Sem preconceitos, aceito que uma grande diferença do século XX em relação aos anteriores é a guerra e notemos que a 1 de Agosto de 1914, começaria, belicamente, nesta data, com um longo período de conflitos, que durou décadas, que demonstrou o que o homem pode fazer a outros homens.
Também sabemos, hoje, que nas duas guerras mundiais houve matança, carnificina e destruição sem precedentes. A crueldade e a brutalidade humanas ultrapassaram todas as expectativas e limites do racional. Muitas outras pequenas/grandes guerras ocorreram durante o século XX, algumas das quais continuam, sendo os “motivos”, os mais diversos: políticos, religiosos, étnicos, económicos, raciais, enfim, estratégicos.
Todavia, nem só as guerras bélicas são as únicas calamidades que a humanidade vem sofrendo e, conforme o século XX avançava, também a vida diária das pessoas atravessava mudanças, devido aos desenvolvimentos científicos e tecnológicos e, nesta rápida e irreversível evolução da ciência e da técnica, muitas mentalidades se alteraram, novas formas de violência, opressão e violação dos Direitos Humanos foram surgindo.
Logicamente, as pessoas, nas diversas especialidades das suas vidas, conhecimentos e experiências, têm vindo a reflectir alguns dos aspectos mais significativos e acutilantes do nosso tempo, em que a dignidade humana não deverá ter leituras polivalentes, porque não haverá nobreza humana enquanto não forem promovidos e salvaguardados os direitos humanos, embora a tarefa não seja fácil, na medida em que tais direitos abarcam um amplíssimo leque que pode iniciar-se na dignidade individual (direitos políticos, sociais e económicos) e expandir-se aos legítimos interesses colectivos (direito à paz, ao bom ambiente, à solidariedade).
É certo, desde já, que reconheço existir uma profunda preocupação, nas sociedades humanas, pela diferenciação do humano, em relação aos demais seres, como também é seguro a persistente luta do homem para ir vencendo os diversos obstáculos que a natureza lhe coloca, como, ainda, as crescentes dificuldades que precisa ultrapassar, resultantes da sua própria complexidade, possivelmente, aquelas que directamente o afectam na sua alegada superioridade.
O homem, desde sempre, tem sentido a necessidade da vivência experienciada da religião, mesmo aquele que não acredita no poder Transcendental da Divindade, porque em situações-limite, recorre ao Absoluto, qualquer que este Absoluto seja, qualquer que seja o processo, a fórmula utilizada, o homem, desesperadamente esperançado, ainda luta para sair de Situações-Limite, independentemente da solução adoptada, mesmo que aponte para o suicídio.
A religião não poderá ser um valor a ignorar, antes pelo contrário, cada vez mais, faz parte integrante das nossas vidas, mesmo que, cada um, a pratique à sua maneira, constituindo assim uma dimensão vital das suas diversas e universais culturas.
Os cidadãos, particularmente os membros de confissões religiosas minoritárias, não precisavam da indiferença benevolente do Estado, mas do compromisso obrigatório do Estado, na defesa do seu direito fundamental, ao livre exercício do culto religioso, apenas limitado, evidentemente, pelos outros Direitos Humanos essenciais, como a vida, a segurança, a liberdade e a propriedade.
Deparamo-nos, contemporaneamente, com diversos, graves e complexos problemas sociais, originados em diferentes comunidades, em contextos naturais ou artificiais, com objectivos explícitos ou intencionalidades inconfessáveis e, quaisquer que sejam as áreas de intervenção: política, religiosa, ecológica, económica, financeira, a dimensão cultural está, intrinsecamente, mais ou menos envolvida, por isso não se deve estranhar este permanente confronto de culturas, tanto mais acentuado, quanto mais o factor étnico-rácico se revela e interfere.
São relativamente bem conhecidos os movimentos universais de defesa dos valores morais, ou de outros valores, no sentido moral, que a experiência, a sensibilidade e a razão vêm construindo ao longo da História. São valores que sempre têm modelado os Movimentos e Estados Democráticos.
As lutas contra a exploração, contra a opressão, contra os privilégios no acesso aos bens da cultura, e do espírito, contra todas as formas, antigas e modernas, de injustiças e discriminações sociais, contra o modo como a sociedade se organiza e se apresenta, por vezes, como um dado ou uma fatalidade inelutáveis e contra todas as formas de submissão, que retiram ao homem o seu papel de sujeito dominante.
Nenhum responsável político, detentor de cargos de decisão, pode, hoje, ignorar o aprofundamento da participação dos cidadãos nas decisões económicas, a nível público ou privado, bem como o acesso aos bens de cultura, como formas de dar conteúdo real à democracia política, porque o esforço de democratização económica e cultural constitui condição para o bom exercício dos direitos políticos e humanos, no âmbito de uma ordem social, em que todos disponham de iguais oportunidades e também para que os laços de solidariedade humana sejam optimamente desenvolvidos, sendo compreensível que os grupos lutem por uma sociedade mais justa, e pelo estabelecimento progressivo da efectiva igualdade de todos no acesso à saúde, à educação, ao trabalho e à cultura.
Não podemos ignorar a importância que a elaboração democrática, de um sistema de direitos, tem para as minorias na incorporação de objectivos gerais e colectivos, que são confirmados nas lutas pelo reconhecimento, na medida em que se as normas morais regulam interacções entre os sujeitos de acção, as normas legais, por sua vez, resultam das decisões de um corpo local de elaboração de leis, que se aplicam numa determinada área geográfica, e a uma comunidade de indivíduos do estado, socialmente delimitada, não sendo permitido aos objectivos colectivos dissolverem a estrutura da lei.
O processo de estabelecer disposições normativas, para modos de comportamento, está aberto a influências através dos objectivos políticos da sociedade e por isso, todo o sistema legal é a expressão de uma forma de vida específica, e não apenas a reflexão da satisfação universal dos direitos básicos.
Num mundo cada vez mais “pequeno”, mais interdependente, mais global ainda haverá lugar para os valores da cidadania, da identidade nacional, e se afirmativo, tais valores devem ser reforçados pelas comunidades nacionais?
E a imigração, constituirá ela mesma o meio e o fim para a melhoria da vida das pessoas que, no seu próprio país, não obtêm as condições mínimas de sobrevivência humana digna, ou pelo contrário, não estará ao serviço da exploração dos mais desfavorecidos e desprotegidos pelos poderosos economicamente, como forma de aumentarem, ainda mais, a influência e o poder de uma minoria, detentora dos meios de controlo mundiais?
E quanto à identidade nacional, será que ela é assim tão importante na qualidade de vida, na harmonia e felicidade dos povos, ou, como diz o adágio: “A minha terra é onde eu vivo bem” e a identidade ficará apenas para as formalidades legais e burocráticas?
Qualquer que seja a conceptualização do tema, a verdade é que os Direitos Humanos pressupõem, necessariamente, uma relação, não só, interpessoal, mas também e, fundamentalmente, entre Governos e Governados; entre Povos e Nações, ou seja, uma relação ambivalente, partindo, porém, do Estado o dever de evitar a todo o custo limitar a liberdade dos governados, mas deve pôr em causa quando essa liberdade se torna criminosa, quando atenta contra os direitos de outrem, porque os Direitos do Homem estão subjacentes a uma Sabedoria individualista e o Poder só será legítimo se respeitar um determinado número de prerrogativas concedidas ao indivíduo, como tal considerado.

Ermezinda Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)


 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Religião: Uma Alternativa para a Paz?

Nem só de ciência, de técnica e de recursos materiais vive o homem. Para além daquelas capacidades e possibilidades, existe mais vida, mais mundo, mais alternativas que podem contribuir para o bem-estar da humanidade em geral e de cada pessoa em particular. Ignorar, por preconceito, por descrença, por agnosticismo, ou por quaisquer outras razões, a dimensão religiosa do homem é dificultar o processo para a pacificação, mesmo para aqueles que argumentam que a religião também está na origem de muitos conflitos.
Ao invocar-se a dimensão religiosa da pessoa humana, pretende-se sensibilizar cada um e todos, para a doutrina social das diversas religiões, excluindo-se, portanto, os fundamentalismos dogmáticos, os radicalismos mais sectários e as posições exacerbadas, aliás, estes excessos de algumas correntes também precisam da ajuda dos moderados, e estes têm o dever, não só de compreender tais posições extremadas como, e principalmente, proporcionar as condições que conduzam ao diálogo, ao bom-senso e à pacificação entre os grupos desavindos.
Pensando, portanto, nos interesses das novas e emergentes gerações, onde se incluem, porventura, os filhos de quem, neste momento, analisa este artigo e reflecte sobre estes temas, urge desencadear acções que aproveitem ao objectivo último de, a curto prazo, se vislumbrarem melhorias no inter-relacionamento da humanidade.
A dimensão religiosa do homem crente deve ser colocada ao serviço da educação e formação destas novas gerações, a começar na família, porque o ser humano tem imensas dimensões, capacidades e possibilidades de as exercer no seio do grupo e da sociedade, desejavelmente, no sentido do bem-comum.
A educação religiosa é, por tudo isto, essencial na construção de pessoas que se pretendam íntegras, que possuam a liberdade de se autodeterminar, com responsabilidade e generosidade, para com os seus semelhantes.
A preocupação, por uma educação e formação integrais, deve ser uma constante em todos aqueles que, de alguma forma e a um qualquer nível social, têm responsabilidades em preparar o futuro, porque: “Quando educamos os nossos filhos, todos pretendemos faze-los partilhar das nossas mais profundas convicções e enriquecê-los com o que nos parece mais válido. Cada um, segundo a sua própria escala de valores, dar-lhes-á, antes de mais, com prioridade absoluta, o que lhe parece importante. (…). Quando os pais são crentes, a sua fé em Deus é, certamente, desta ordem; eles têm, se são coerentes com as suas convicções, uma outra dimensão, uma outra óptica dos acontecimentos que os rodeiam. Pensamos que é importante fazê-la partilhar pelos nossos filhos desde a sua infância e falar-lhes muito cedo de Deus.” (D’ARNUY, (1977:172
O mundo, cada vez mais profanizado, precisa de Deus; os homens não podem viver e não conseguem resolver todos os problemas à margem da Bondade e Sabedoria Divinas; a humanidade será reduzida à sua mais brutal animalidade se continuar a rejeitar Deus. O caminho seguro, que poderá conduzir à pacificação do mundo, tem de passar por Deus e muitos seres humanos sabem que não há outra alternativa.
Excluir Deus do processo de pacificação é prosseguir o caminho para a destruição total da humanidade. Não se pretende, nem seria compatível com a natureza pró-científica deste trabalho, profetizar o apocalipse, ou uma escatologia do Juízo Final condenatório de toda a humanidade. O que se pretende desmontar, pela observação-participante, é a condição frágil, insegura e indefinida do ser humano.
 A demonstração da necessidade de Deus na formação da pessoa humana, igualmente se comprova, sem dificuldades nem argumentos científicos, porque a humanidade, na sua esmagadora maioria, busca Deus e n’Ele a solução para todos os problemas que a ciência e a técnica não resolvem.
A educação e formação religiosas são um argumento poderosíssimo, para que os sistemas educativos integrem nos seus cursos, currículas e conteúdos programáticos, os valores religiosos, aceitando que: “Os ensinamentos de uma religião devem influir na personalidade e na conduta diária do crente. Assim a conduta de cada pessoa, normalmente, será um reflexo, num maior ou menor grau, de formação religiosa dessa pessoa.” (SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS, 1990:12).
Acontecimentos que comprovam, inequivocamente, a importância da religião para se alcançar a pacificação, surgem, frequentemente: a preocupação dos mais altos dignitários das religiões maioritárias, em estabelecerem o diálogo ecuménico interreligioso; as grandes reuniões da juventude, por iniciativa pontifícia que, regularmente, ocorrem em locais diferente da terra; as peregrinações de milhões de crentes, todos os anos, aos santuários e outros locais sagrados; o crescente número de peregrinos que, mundialmente percorrem os caminhos da Fé; a intervenção das Igrejas nos domínios sociais, assistência humanitária e moderadora de conflitos.
No contexto da pacificação da humanidade, o papel da religião e das boas relações humanas, a todos os níveis, são fundamentais, não se excluindo os conhecimentos que a ciência pode proporcionar e o recurso à técnica e seus instrumentos, no que se refere a melhorar as condições de vida das comunidades, nas quais a origem dos conflitos se localiza em determinadas insuficiências e/ou carências de ordem social/material: saúde, educação, trabalho, habitação, segurança social e uma velhice tranquila.
Toda esta complexidade levanta, porém, algumas interrogações que se deixam para reflexão: Ciência, Técnica e Religião são incompatíveis? A pacificação da humanidade pode dispensar alguma daquelas, entre outras, dimensões do homem? E, afinal, as disciplinas sociais e humanas, bem como os domínios ditos não-científicos, qual o estatuto que lhes será reconhecido? A interdisciplinaridade será possível, desejável, útil ou cada ciência vai manter-se na sua redoma?

Bibliografia

D´ARNUY, Jo, (1977). Nós e os Nossos Filhos. Trad. António Agostinho Torres. Porto: Editorial Perpétuo Socorro
 SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS, 1990:12

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Conciliação pelo Diálogo

A humanidade está predestinada à inevitabilidade da comunicação. Quem se esconder na penumbra da indiferença, na tranquilidade do silêncio sistemático e inconfessável, ou no egoísmo dos interesses ilegítimos, terá, provavelmente, imensas dificuldades em cooperar com os seus semelhantes, com as instituições, com um mundo cada vez mais exigente e com a própria natureza.
Gerir, equilibradamente, a comunicação interpessoal é, cada vez mais, uma ciência superior, (também uma arte), nem necessariamente uma ciência exacta, nem absolutamente uma ciência social e humana, porque numa ou noutra, sempre terá lugar alguma objectividade e, simultaneamente, haverá espaço para uma certa margem de subjectividade, sem que isso afecte a veracidade da comunicação, a sua autenticidade e eficácia.
Ser competente na comunicação impõe, desde logo, aos vários interlocutores, uma atitude comunicacional assertiva, isto é, pela positiva, pelo respeito, pela verdade, pela tolerância, pelo diálogo que conduz a um resultado do tipo ganha/ganha, ou seja, nenhum dos intervenientes perde tudo, mas também nenhum deles ganha tudo, porque todos cedem a favor de todos.
Analisada a comunicação por esta perspectiva, reconhecendo-se, embora, não ser a única possível, o conceito de competência comunicacional envolve o princípio do diálogo, com as características referidas e o resultado previsível, segundo a fórmula do “ganha/ganha”. Uma comunicação, onde existe diálogo, que atinja aquele resultado, pode considerar-se competente.
Num tempo e num espaço que se desejam de profunda harmonia, compreensão, lealdade, tolerância, solidariedade, reciprocidade e paz, desenvolver estratégias que visem resultados do tipo “ganha/perde”, em que uma das partes ganha tudo e a outra perde tudo, poderá não ser a melhor gestão da comunicação, porque o adágio, segundo o qual: “Vencido mas não convencido”, a médio prazo, pode trazer retornos de consequências imprevisíveis.
Vencer o interlocutor com base em argumentos: falaciosos, porque falsificados; agressivos, porque intimidatórios; manipuladores, porque hipócritas; passivos, porque, comodamente, indiferentes e, aparentemente, inofensivos, vão criar novas situações, mais complexas, porque suscita a dúvida, a incerteza, a desconfiança e o sentimento de desforra.
A arte de comunicar envolve o conhecimento de factores que, em determinadas circunstâncias, constituem barreiras à comunicação, entre outros: factores pessoais, sociais, fisiológicos, psicológicos, personalidade; linguagem. Factores que o agente da comunicação sabe utilizar e/ou evitar.
Este saber construir a comunicação, numa perspectiva estética, à escala do belo, certamente que é próprio do artista, por isso se pode aceitar a comunicação como arte, eventualmente, uma arte muito difícil de aprender (se é que a arte se aprende!), porque envolve interacções entre pessoas, frequentemente, face-a-face, sujeitas a influências, pressões, valores, interesses e muitas outras variáveis, imprevisíveis e não controláveis.
Se a omissão, em certas circunstâncias, é compreensível, nomeadamente em determinado tipo de negócios e competições, porque não provoca prejuízos nem ofende a outra parte, já a mentira, (que implica deslealdade, falta de solidariedade e intransigência, muito dificilmente, serão compreendidas e aceites), ressalvando-se sempre o conceito quando elevado ao nível do absoluto, porque a omissão e a mentira absolutas, também, tal como a verdade, não estão ao alcance da capacidade humana, existindo, muitas vezes, algum relativismo: o que hoje é verdade, amanhã poderá não o ser; o que ontem era mentira, hoje será verdade; o que foi omisso no passado, poderá ser declarado no futuro.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

domingo, 27 de novembro de 2011

Inegociabilidade de Sentimentos, Valores e Amigos

Os sentimentos, os valores, os princípios e os amigos, não se vendem, nem se compram, nem se trocam interesseiramente, porque: ou se têm, se sentem e se acarinham amorosa e generosamente; ou não se vivem e, portanto, não existem. A amizade incondicional, verdadeira, imbuída de sentimentos de um sincero “Amor-de-Amigo”, naturalmente que gera valores supremos, inegociáveis e insubstituíveis.
Se se analisar, por exemplo, o papel crucial que os verdadeiros amigos exercem na vida de quem tem a felicidade de os possuir, verifica-se, imediatamente, que não se podem negociar, trocar ou, simplesmente, ignorá-los. Tais amigos, complementa-se, no bem e no mal. Na alegria e na tristeza. Eles vivem para objectivos comuns: manter, contra tudo e contra todos, uma amizade sincera.
Em princípio, um amigo puro, do coração, especial, vai assumir esse superior privilégio para o resto da vida, jamais poderá ser inimigo, porque entre amigos leais, solidários, confidentes, a inimizade nunca existirá, porquanto a reciprocidade de sentimentos, comportamentos e conivência serão sempre como que o escudo que os defende de todos os obstáculos, fraquezas, intromissões, situações, interesses e pessoas que, nitidamente os prejudicam.
Uma amizade, unida pelo verdadeiro “Amor-de-Amigo”, pode, porém, fragilizar-se e até destruir-se face à existência de atitudes que configurem sentimentos de negação dos valores unificadores daquele amor. É necessário ter-se muita firmeza, muita sensibilidade, amar-se muito o amigo para que nada nem ninguém destrua uma dilecção tão profunda quanto nobre.
Nestas circunstâncias são fundamentais, entre os amigos, o a comunicação permanente, o diálogo leal e um elevado nível de empatia constante, no sentido de que: “A pessoa se esforça por entender o outro, mas se coloca à disposição para ajudar, respeitando seu sentimento, seu interesse, sua individualidade. Propõe compartilhar o poder e a solução do problema com o outro.” (RESENDE. 2000:94)
O “Amor-de-Amigo” é um sentimento que, como muitos outros, não sendo totalmente lógico, pelo menos, em certas circunstâncias, pode complementar a racionalidade humana; o contrário será, eventualmente, verdade. Nem sempre os sentimentos são totalmente racionais.
O ser humano não é exclusivamente racional, nem sentimental, de resto é, provavelmente, esta dicotomia que o diferencia da restante natureza. Por isso não se poderá considerar fraco quem é sentimental, nem forte que é, racional. A virtude, para quem a possui, estará, como em tudo na vida, no meio-termo.
A existência humana, possivelmente, não teria uma dimensão superior se a emoção não estivesse presente. A emoção dos sentimentos verdadeiros, porque puros, desinteressados dos valores materiais, talvez por estranhos complexos e, alegadamente, de auo-inferioridade, nem sempre é revelada por quem a vive. Numa sociedade “fria” em que os números, normalmente, estão acima das pessoas, os sentimentos, os valores e as emoções são entendidos como sinal de fraqueza.
 Talvez por isso: “Algumas pessoas relutam em agir de forma emocional porque a consideram uma atitude infantil. No entanto existe uma diferença entre ser infantil e ser como as crianças. Ser infantil é ser imaturo e recusar-se a assumir a plena responsabilidade pelas próprias ações. Ser como as crianças é assumir a responsabilidade e ao mesmo tempo ser capaz de entregar-se às emoções.” (BAKER, 2005:124)
O percurso de vida, ao longo dos anos, vai ensinando que há situações, interesses e pessoas que importa defender, aprofundar e conservar. Com as vivências experimentadas: umas bem sucedidas; outras que se ficaram pelo caminho e, ainda, outras, que resultaram em autênticas tragédias relacionais, é fundamental possuir a faculdade e também a felicidade de separar o essencial do acessório, e isto é um privilégio que nem todas as pessoas possuem, mas que se deve buscar incessantemente.
A capacidade para se ser criança, no sentido de assumir as responsabilidades e da vivência autêntica das emoções, paradoxalmente, ou não, consegue-se, eventualmente, na idade dita madura, em que determinados sentimentos, valores, princípios e amigos, estarão, ou deveriam estar, consolidados.
 Na verdade: “Com a idade, poderá encontrar-se rodeado por amigos e pessoas que se preocupam genuinamente consigo, que proporcionam toda a segurança que resulta de ser amado e tratado com dignidade e respeito. Esses amigos, essas pessoas tornam-se então a sua verdadeira família. Essas pessoas também podem partilhar os seus valores espirituais e entre todos é possível ajudarem-se mutuamente e evoluir de uma maneira positiva. A sua família espiritual são essas pessoas.” (BRIAN, 2000:102)
O ser humano experiencia sentimentos, emoções e situações mais ou menos intensas. Para certas pessoas, determinados sentimentos e as consequências deles resultantes serão positivos, para outras não. Instala-se como que um certo relativismo perigoso, na medida em que nem tudo pode ser considerado negativo, embora se tenha de admitir que existem conceitos que não são interpretados e vividos da mesma forma.
Por exemplo: se para determinadas pessoas a paz é a ausência da guerra e com esta definição se contentam; para outras, a paz é um valor a defender intransigentemente, porque consideram um bem supremo da humanidade; finalmente, para outras, a guerra é mais importante porque movimenta outros “valores”, quer materiais quer também um caminho para se atingir a paz, através do derrube dos ditadores. Em todo o caso e apesar desta divergência, ainda se acredita que a paz, no sentido da harmonia, é desejada pela maioria da população mundial.
O valor da paz, aqui percebida como o supremo desejo da humanidade em geral, resultará sempre da paz individual que cada pessoa tiver dentro de si. Para que tal aconteça: “(…) precisamos primeiro da capacidade de compreensão, e a compreensão não é possível sem uma comunicação gentil e afectuosa. Por isso, restaurar a comunicação é uma prática essencial para a paz. A comunicação é a raiz e o desabrochar da nossa prática de não-violência.” (HANH, 2004:30)
Considerando-se e respeitando-se os valores que cada pessoa defende, segundo as suas próprias convicções, o facto é que há valores que as sociedades modernas, democráticas, livres e responsáveis defendem e os comungam, transmitindo-os, por vezes com alguma dificuldade, às gerações mais novas, precisamente porque outros alegados valores, de natureza material, “abafam” aqueles que são genuinamente próprios do ser humano, ou que o deveriam ser e, jamais, negociáveis, tais como: a vida, a dignidade, o respeito, o amor; bem como os direitos inalienáveis designadamente: a saúde, a educação, o trabalho, a segurança, a propriedade, a liberdade, entre outros.
Por vezes afirma-se que tudo tem um preço, tudo se pode negociar, tudo se pode substituir, desde que, materialmente, resultem lucros concretos para as partes envolvidas. Vive-se, em muitas circunstâncias, uma vida de conveniências, de oportunismos, do “vale-tudo”, para se atingirem determinados fins, sem se olhar aos meios, “cilindrando”, até, os mais nobres sentimentos e valores das pessoas que não podem defender-se ou ousam obstaculizar tais projectos, quantas vezes maquiavélicos.
A justiça social, a harmonia, a felicidade, esta aqui entendida no sentido de cada um e de todos estarem de bem consigo próprios e com o mundo, respectivamente, não se constroem nem se consolidam enquanto não se respeitarem sentimentos, emoções, valores, opções e a dignidade que são devidos a toda a pessoa humana.
Claro que parece inevitável que no exercício dos valores a existência de sentimentos nobres em muito ajuda para o sucesso das relações humanas, sejam pessoais, profissionais, empresariais e quaisquer outras. Quando não se respeitam sentimentos, emoções, valores e princípios das pessoas, não se lhes está a reconhecer a dignidade, a honra e até o seu bom nome.
O valor da amizade só se tornará efectivo se envolvido em sentimentos de amor sincero, entre verdadeiros amigos, que são capazes de dar prioridade total ao relacionamento entre eles, independentemente de outros afazeres, situações interesses e pessoas. A amizade entre dois amigos, quando genuína, estará sempre em primeiro lugar e a comunicação, os actos mais singelos, são veículos insubstituíveis para a manter consolidada e inabalável.
Este sentimento bem profundo, bem legítimo que é o “Amor-de-Amigo”, que se nutre por outra pessoa, é inegociável, não tem qualquer preço, nem quaisquer condições, é ilimitado e permanece indestrutível, quando firmado nos valores da lealdade, da solidariedade, da reciprocidade e da cumplicidade.
Este sentimento fortíssimo que é o “Amor-de-Amigo”, que em nada se confunde com o amor conjugal, filial, fraternal, e outros de natureza familiar, dir-se-á que se consubstancia ao nível da dignidade, do respeito, da nobreza e generosidade do carácter e de uma certa elevação espiritual, porque não pressupõe relações sexuais, nem quaisquer outras intenções inconfessáveis.
Trata-se de um sentimento que não é próprio de “aventureiríssimo”, de “conquistas de fim-de-semana” ou de “colecção de casos”. Ele pauta-se pelo carinho, pelos gestos ternos, meigos e sinceros. Estará próximo do “Amor Platónico”. É um amor ideal que conduz, justamente, à felicidade dos amigos, enquanto tais.
Vivem-se emoções, cumplicidades, reciprocidades, solidariedades, lealdades, sempre com total amizade. O fim deste amor singular, acabará com a morte física do último dos dois amigos, mas sobreviverá, espiritualmente, se eles acreditarem numa vida celestial, para além da morte biológica.
Como conclusão pessoal, defendo que o “Amor-de-Amigo é um sentimento que se considera inegociável, intransmissível e insubstituível: ou se tem e se pratica, amando o amigo incondicionalmente e para todo o sempre; ou não se tem e vive-se um pouco na solidão e nas margens do “rio da felicidade”.

Bibliografia

BAKER, Mark W., (2005). Jesus o Maior Psicólogo que já Existiu.Trad. Cláudia Gerpe Duarte. Rio de Janeiro: Sextante.
BRIAN L. Weiss, M.D. (2000). A Divina Sabedoria dos Mestres. Um Guia para a Felicidade, alegria e Paz Interior. Trad. António Reca de Sousa. Cascais: Pergaminho.
HANH, Thich Nhat, (2004). Criar a Verdadeira Paz. Cascais : Pergaminho
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark





domingo, 20 de novembro de 2011

Inclusão pelo Trabalho


Para o projecto de inclusão existe, entre outros, um instrumento facilitador, pelo qual a esmagadora maioria dos cidadãos se esforça por alcançar: o trabalho ou emprego, se possível estável, digno, material e socialmente compensador. A precariedade no emprego constitui uma chaga social que urge erradicar da sociedade.
A própria demografia nacional é prejudicada com esta situação, na medida em que os jovens receiam constituir família porque, em bom rigor, não podem esperar qualquer espécie de segurança. Ter filhos, torna-se, ainda mais complicado e poderá ser um risco que, mais tarde, possivelmente, afetará uma ou mais crianças.
Preparar as novas gerações para uma actividade profissional, proporcionar novas oportunidades para todos os que, por qualquer motivo, perderam o emprego, ou ainda para aqueles que, não obstante terem atingido uma situação de reforma, querem continuar a trabalhar, deve ser uma preocupação, não só dos interessados como também das instâncias oficiais competentes, no sentido de facultarem aos cidadãos a formação profissional integral, que lhes permita encarar o futuro com segurança, entusiasmo e desempenharem, produtivamente, uma determinada profissão na sociedade. 
Ao inserir-se no mundo do trabalho, o ser humano foge a outras situações, nomeadamente, as da ociosidade, do vício que, mais tarde ou mais cedo, pode conduzir à marginalização e consequente exclusão.
O ser humano é muito mais do que um outro animal qualquer, na medida em que, não se conformando com a natureza animal que o integra e também o envolve, procura, através de uma praxis, concertando teorias e práticas, numa dialéctica sempre em tensão, mas progressiva, vencer as dificuldades, autoproduzindo-se.
Pelo trabalho o indivíduo humano se distingue, se eleva e se dignifica, atingindo vários estatutos, que ele próprio também inventa e aplica, ao ponto de se tornar elemento fundamental na organização da natureza e do mundo que o rodeia.
Na verdade: “(…) pelo trabalho o homem aprende a conhecer as próprias forças e limitações, desenvolve a inteligência, as habilidades, impõe-se uma disciplina, relaciona-se com os companheiros e vive os afectos de toda a relação. Nesse sentido, dizemos que o homem se autoproduz, pois ele se modifica e se constrói a partir da sua acção. E nesse movimento tece a sua liberdade.” (ARANHA, 1996: 17)
A sensibilização para hábitos de trabalho deve constar dos programas educativos e de formação profissional, designadamente, na componente sócio-cultural: Cidadania e Empregabilidade, Cidadania e Profissionalidade, Mundo Actual, Integração, Desenvolvimento Pessoal e Social, Ética e Deontologia, Religião, Psicologia, História, Relações Interpessoais, Língua materna, Direito, e outras disciplinas de sustentação de valores, necessários, também, à formação da personalidade e do cidadão responsável.
O trabalho é um valor, tomado aqui o conceito de valor como sendo: “Tendência natural do homem. Valor é interesse, e tudo quanto satisfaça uma necessidade profunda, quer se trate de objecto ou de ideia, de pessoa ou de realização. É o sistema de valores, isto é, os princípios e os ideais que governam no jovem de carácter, seu estilo de vida, bem como a sua vida emocional.” (SCHMIDT, 1967: 202).
Incutir na criança, no adolescente, no jovem e no adulto e, se necessário, no idoso, o conceito de trabalho como um valor ideal, que dignifica o ser humano, elevando-o à condição da cidadania plena, com amizade, solidariedade, liberdade, lealdade, verdade, reciprocidade, competência, responsabilidade, entre outros valores, constitui, indubitavelmente, um instrumento que, rapidamente, retira a pessoa da exclusão e/ou a mantém firme e respeitada na sociedade inclusiva.

Bibliografia

ARANHA, Maria Lúcia Arruda, (1996). Filosofia da Educação. 2a Ed. São Paulo: Moderna.
SCHMIDT, Maria Junqueira, (1967). Educar para a Responsabilidade, 4ª edição, Rio de Janeiro RJ: Livraria Agir Editora.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

domingo, 13 de novembro de 2011

Paradigmas Pedagógicos

A fragmentação do conhecimento científico, com especial aceleração no último século, tem provocado correspondente necessidade de especializações, de construção de equipamentos, cada vez mais sofisticados, de intervenções técnicas adequadas e soluções pertinentes, para os problemas entretanto surgidos, que se adicionam a outras situações, ainda não resolvidas, que transitaram para o novo século.
No emaranhado dos conhecimentos e na luta entre os respectivos paradigmas, surgem as fórmulas pedagógicas, didácticas e técnicas, para se transmitir o volumoso acervo de conhecimentos, que a ciência vem proporcionando.
Modernamente, recorre-se, intensamente, à transmissão dos conhecimentos através das tecnologias da informação e da comunicação, -TIC- com suporte informático. Planificam-se e ministram-se cursos à distância, com a mesma garantia de rigor e validação dos cursos presenciais: as engenharias e as tecnologias ao serviço da educação e formação profissional. A utilização de uma linguagem técnico-científica suportada num idioma a caminho da universalização. – Inglês -
Experimenta-se o ensino à distância, inventam-se as máquinas de ensinar, criam-se soluções informáticas para avaliar, rigorosamente, na perspectiva das ciências exactas, matérias e alunos/formandos. A capacidade humana aplicada à ciência, à tecnologia, à criatividade e ao progresso, parece não ter limites.
A qualidade e nível de vida têm vindo a melhorar e reflecte-se no desenvolvimento precoce das crianças, em diversos domínios, e no aumento da esperança de vida. Será correcto, então, afirmar-se que se vive num mundo maravilhoso? Habita-se num espaço terrestre onde predominam a saúde, a paz, a felicidade, a lealdade, a solidariedade, quaisquer que sejam os seus conceitos?
A força e influência paradigmáticas da ciência e da técnica, conseguem introduzir-se na pessoa, sob fórmulas de valores, princípios, sentimentos e emoções? Interpretam e resolvem questões estritamente do foro íntimo de cada pessoa? Podem as máquinas substituir o ser humano na sua consciência, no exercício da moral e da ética, nas manifestações de alegria e de tristeza, na relação, mais profunda e íntima, entre um homem e uma mulher? São muitas as interrogações para as quais ainda não existem respostas definitivas e solucionadoras das dúvidas que se colocam.
A humanidade aproxima-se de uma encruzilhada complexa: em cujo ponto central se interceptam, cruzam e partem cada vez mais caminhos; desconhecendo-se, em muitos deles, a natureza e objectivos a que conduzem; ignora-se o fim, embora se conheça o princípio; são como que uma caminhada sem destino concreto.
Ao nível das alegadas ciências exactas, objectivas e positivas, tais itinerários são incompatíveis com o rigor que as caracteriza, embora se saiba que aqueles itinerários existem. Recorrer a algumas disciplinas (ou ciências) humanas e sociais levanta, nalguns sectores científicos, dificuldades de aceitação de resultados, ditos não objectivos, devido ao grau de maior ou menor subjectividade, que caracteriza o conhecimento adquirido através destas disciplinas (ou ciências) sociais e humanas.
E nos domínios da metafísica e da espiritualidade: onde imperam a crença e a fé; o misterioso e o inefável, como aceitar estes conhecimentos e como transmiti-los? Serão as máquinas inventadas pelo homem competentes para o fazer?
Como atitude intelectualmente honesta e metódica, pode-se dar o benefício da dúvida, e aceitar que constituem mais um bom recurso, a utilizar no ensino à distância, este sim, cada vez mais interessante e que oferece imensas vantagens.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)
http://www.webartigos.com/meus-artigos/?cache=4830

domingo, 6 de novembro de 2011

Amigo Ignorante ou Inimigo Sábio: Qual Preferir?

Se partisse de duas premissas, segundo as quais: o amigo “ignorante” pode conduzir a situações muito difíceis, precisamente porque sendo amigo, nele acrditamos e nos quer bem; a segunda, que poderá induzir-nos numa outra situação, que talvez leve o nosso inimigo sábio a envolver-nos, através da sua sabedoria, eventualmente astuta e maligna, se for o caso, em situações, igualmente preversas, embora também nos possa dar indicações para a nossa própria autodefesa.
O conceito de amizade, quando implica valores como lealdade, solidariedade reciprocidade e entrega, entre duas pessoas que verdadeiramente se querem bem, não é fácil de se destruir, embora, não se desconheça que o amigo de hoje pode ser o maior inimigo  de amanhã e, nesse sentido, tendo obtido conhecimentos privados e até íntimos, do que até então era amigo, os possa utilizar, já na qualidade de inimigo, contra aquele que até então foi amigo.
A amizade, fundada no num verdadeiro “amor-de-amigo”, não será fácil de destruir, os amigos que assim se tornamaram, por via deste vínculo mais forte, estarão sempre disponíveis para se ajudarem e, mesmo que sejam “ignorantes”, é preciso saber em que domínio são “ignorantes” para, entre eles, se aperfeiçoarem e adquirirem os conhecimentos necessários e assim, no futuro, evitarem erros e não se prejudicarem.
O amigo verdadeiro, mesmo “ignorante”, quando pela sua “ignoranãncia”, conduz o outro amigo, a situações complicadas, ele é o primeiro  a assumir as conserquências, a reparar o erro, a oferecer o “ombro amigo”, a desculpar-se e a  revelar toda a sua boa-fé. Será que o inimigo “sábio” terá esta dignidade, ou, pelo contrário, não se aproveitará de uma determinada situação, que é lhe favorável, para alcançar os seus objectivos inconfessáveis?
Por outro lado, o papel do inimigo em termos da sua evolução, pode, igualmente, ser o mesmo, isto é, o que hoje é o nosso maior inimigo, no futuro poderá ser o nosso maior amigo, por circunstâncias da vida, estratégias, interesses ou por gratidão, em função de alguma atitude praticada por aquele que até então era seu inimigo. Haverá pessoas assim, certamente.
Em todo o caso, poderá existir uma espécie de relativização do ponto de vista comportamental, talvez mais do que na óptica racional. Na verdade, provavelemtne, bem lá no íntimo da sua consciência, o inimigo de sempre, nunca o vai deixar de ser, mesmo que numa dada fase da sua vida se torne amigo. O contrário será, igualmente, válido para o amigo.
Para melhor justificar a preferência pelo amigo “ignorante” agora  no sentido da amizade pura, partilha-se aqui um conceito muito interessante  de amigo, com o qual estou de concordo, e que passo a citar:  “Para mim um amigo verdadeiro é aquele que nos apoia, que é leal connosco, que nos respeita, que investe no nosso desenvolvimento, nos ajuda a expandir os nossos horizontes, que nos incentiva, alguém com o qual temos afinidades idênticas ou diferentes mas que nos completa, com quem partilhamos os nossos sonhos, aquele que nos elogia ou nos diz as verdades no momento certo, aquele que nos empresta um ombro para chorar, mas também aquele que nos faz rir, aquele com quem gostamos de conversar sem receio, ter um diálogo sincero e verdadeiro, aconselhar-nos, alguém que não nos cobra nada, que nunca desconfia de nós, alguém de quem temos saudades quando não está por  perto, em suma que faz de nós uma pessoa melhor e feliz. Por vezes, nem sempre dizemos aos nossos amigos o quanto eles são importantes para nós… por isso quebrem esse silêncio e digam-lhes!” FERNANDES in http://oquemevainacabecaagora.blogspot.com/ acessível em 05.11.2010)
 Parece evidente que um amigo destes, mesmo que seja “ignorante”, é preferível a um inimigo sábio, porque, em bom rigor, com aquele amigo podemos contar, sempre, com ele, nos bons e nos maus momentos, é aquela pessoa que sincera e frontalmente nos diz, no momento certo, quantas vezes, as verdades que não queremos ouvir, mesmo que proferidas pela boca do tal amigo “ignorante”, mas que nos quer bem e, ainda que por vezes nos magoe, ele é sincero.
E o inimigo, como actua ele para atingir os seus fins? Provavelmente com premeditação, astúcia, utilizando argumentos que nos seduzem e nos conduzem para situações verdadeiramente inimagináveis, das quais não sairemos, justamente porque para lá fomos conduzidos pelo tal inimigo sábio. Este inimigo sábio, possivelmente, não dá a “cara”, poderá, inclusivamente, agir sob a capa da simpatia, da subserviência, da bajulação hipócrita, colhendo para si o fruto que é de outros.
E se a seguir desenvolvermos o tema para o plano do “amor-de-amigo”, considerando este amigo, igualmente ignorante, uma vez mais verificamos quanto é importante termos amigos que fundamentam a sua amizade com este verdadeiro amor, o que parece não ser exequível num inimigo sábio. Aliás, eventualmente, este inimigo “sábio” até poderá simular uma qualquer amizade e utilizar as fraquezas e fragilidades de uma pessoa para dela extrair o que lhe convém.
Igualmente se transcreve para aqui um conceito que também se pode aplicar ao amigo “ignorante”, que é o verdadeiro “Amor-de-Amigo”, no qual: “A relação de Amizade é uma grande manifestação do Amor humano. O Amor de Amigos é Amigável, puro e sem hipocrisia. A pessoa escolhe livremente gostar dessa pessoa, amar essa pessoa, a que chama AMIGO. A pessoa não está ligada à outra pelo instinto! É uma simpatia pela pessoa. Amizade pode existir entre homem e mulher, entre homem e homem, entre mulher e mulher. Neste Amor de Amizade não há! Não existe atracção sexual. A verdadeira Amizade ou seja Amor de Amigos, trás muita alegria, a pessoa Ama e dá sem esperar nada em troca. Não Ama o Amigo pelo que ele fez ou faz! Ama independentemente da ajuda, de qualquer coisa que a pessoa Amiga faça.
Nós Amamos os nossos Amigos queremos estar perto deles. Desejamos o melhor para eles. Desculpamos os erros. Temos bons pensamentos, boas palavras, bons sentimentos, bons desejos para os nossos Amigos. Desejamos tudo de bom para os nossos Amigos. Somos sinceros! puros! Amáveis! Honestos! Leais! Verdadeiros! com os nossos Amigos. Esta é a verdadeira relação de Amizade. Gostamos dos nossos Amigos.” (ROBERTSON, 2007).
Pode deduzir-se que tal amor deve ser cultivado como um sentimento profundo, muito especial, sem reservas, obviamente traduzido nos actos compatíveis com ele. Os verdadeiros amigos que se sentem inundados por este “Amor-de-Amigo” devem respeitar-se dentro dos limites que, reciprocamente, se impõem, sem prejuízo dos gestos e atitudes carinhosas, reveladores de pessoas com bons sentimentos e sem quaisquer outras intenções inconfessáveis.
A amizade traduzida e levada às respectivas manifestações do “Amor-de-Amigo” implica, inclusivamente, passar por uma necessidade de maior proximidade, acompanhamento, atenção, carinho e consideração especiais em relação aos amigos ditos de ocasião. Se em cada duas pessoas houvesse este verdadeiro “Amor-de-Amigo”, o mundo estaria bem melhor e a felicidade seria possível.
Acredita-se que será difícil, por vezes, confiar em certas pessoas e, provavelmente, impraticável em relação a muitas outras. É possível compreender que, em muitas situações, um homem ou uma mulher se possam relacionar muito bem, mesmo tendo em conta uma certa sociedade preconceituosa ou mesmo maledicente.
 O verdadeiro “Amor-de-Amigo” dever ser superior a tudo isso. As pessoas devem, livremente, escolher os seus amigos, sem emboscadas, nem imposições, nem hipocrisias. Quando tal “Amor-de-Amigo” existe, com sinceridade e sentimentos puros, a entrega deve ser total e recíproca e não uma rendição provocada por instintos animalescos. Uma dádiva comungada simultaneamente pelos amigos, mas regulada por valores que resultam da sensibilidade e da racionalidade.
Obviamente que a defesa de uma ou de outra tese é sempre legítima e que se respeita. Do meu ponto de vista, em boa verdade, prefiro viver com um amigo “ignorante”, porque a amizade é um valor que muito prezo, mesmo que, por vezes, seja difícil compatibilizar situações, personalidades, interesses, intromissões e outros acontecimentos que, momentaneamente, desestabilizam os amigos verdadeiros, mas que a amizade entre eles, sendo leal, solidária e recíproca, não deixa que se afastem, bem pelo contrário, os torna mais coesos e fortes para enfrentarem as adversidades e as maledicências lançadas por outras pessoas, (os tais inimigos sábios e/ou os “amigos” hipócritas, de ocasião) contra os dois amigos e/ou um  deles.
Os amigos, quando leais, não temem colocarem-se perante certos factos, porque, “ignorantes”, ou não, sendo amigos, eles depressa se entendem, rapidamente se perdoam e, depois do perdão, a amizade como que se reforça, a coesão, entre eles, fortalece-se de tal maneira que muito dificilmente algum inimigo sábio a destruirá.
Prefiro, portanto, os verdadeiros, sinceros, leais, cúmplices e transparentes amigos “ignorantes” do que os inimigos sábios, sim, porque estes nunca olharão a meios para nos derrubarem, se estiverem em causa os seus próprios interesses.
Com os amigos, ainda que “ignorantes”, poderemos sempre contar, nas horas boas quanto nas horas más, nos desentendimentos como nos melhores entendimentos, ou de contrário não serão amigos, porque aqui, o que está em causa, para mim, é o conceito de amigo e o de inimigo, este, como já disse, mesmo que no futuro venha a tornar-se “amigo”, provavelmente, nunca o será de verdade, porque, bem no seu íntimo, permanecerão as alegadas razões da sua anterior inimizade.
A corroborar esta tese e de autor desconhecido, transcrevo a seguinte posição: “A amizade verdadeira está por cima das idéias ou da bagagem conceitual de cada um. Amigo ignorante não deixa de ser amigo. Não sou amiga somente de pessoas que tem escolarização ou tem maior sabedoria. A amizade não deixa de existir diante da simplicidade. Não gostaria de ter inimigo, muito menos, sábio. São verdadeiras víboras. São capazes de ir até o fim na sua malignidade, pior ainda, são sutis, astutos. Puxam tapete sorrindo pra você. Estejam longe de mim sempre.
Sem dúvida, valem infinitamente mais os amigos verdadeiros, ainda que sejam “ignorantes”. Eles não me servirão de tropeço.”
(autor desconhecido, in site http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070418191907AAQT8RX.
Finalmente, considero que a amizade da/o amiga/o dita/o “ignorante” poderá incluir-se num amar sincero, sempre preocupado com o bem do amigo amado, numa perspectiva de profundo respeito aqui, sem margem para dúvida e/ou segundas interpretações, no sentido de: “desejar-lhe o melhor, olhar por ele, tratá-lo de forma excepcional, dar-lhe o melhor de nós mesmos. Significa a outra nossa alma gémea da amizade sincera, dos valores e exigências a ela associados, em suma, trata-se de um amar característico de verdadeiros e incondicionais amigos”. (cf. ROJAS, 1994)

Bibliografia

FERNANDES, Cecília Manuela Gil Fernandes (2010). Profissão versus Amizade. (Disponível em http://oquemevainacabecaagora.blogspot.com/ acessível em 05.11.2010)
ROBERTSON, Maria, (2007). Amor de Amigos. (http://blogamor.blogs.sapo.pt/30407.html, consultado em 05.11.2011)
ROJAS, Enrique, (1994). O Homem Light. Tradução Pe. Virgílio Miranda Neves. Madrid: Ediciones Temas de Hoy, S.A.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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