domingo, 24 de fevereiro de 2013

Cidade Promotora da Educação-Formação


Provavelmente, a partir da sustentação na investigação científica, com alguns critérios de rigor, nomeadamente a objetividade e a verificabilidade, pode-se afirmar que, com exceção de situações extraordinárias, as cidades/localidades que mais investem na educação e formação profissional dos seus cidadãos residentes, e outros que a procuram para diversos fins são, eventualmente, as que mais possibilidades apresentam de prosperar.
A prova paradigmática, segundo a qual a educação/formação promove o desenvolvimento, pode reportar-se às cidades/localidades que possuem estabelecimentos de ensino e de formação profissional a todos os níveis, com destaque para as escolas profissionais do ensino médio, superior universitário e politécnico e, seguramente, as entidades formadoras devidamente certificadas.      
Naturalmente que, por outras razões, também se comprova o desenvolvimento de certas localidades, por estarem dotadas de: atividades extrativas, infra-estruturas industriais, comerciais, empresariais, portuárias, acessibilidades, centros de devoção e peregrinação, entre outras, aparentemente, com menos impacto, embora, mais tarde ou mais cedo, essas localidades sejam procuradas pelas unidades, centros, polos universitários e equivalentes, nacionais e internacionais, de natureza pública e/ou privada.
A planificação estratégica, que qualquer dirigente responsável pelo desenvolvimento e progresso da localidade onde exerce as respetivas funções, designadamente, autarcas e membros do governo, passa, necessariamente, pela inclusão da construção e funcionamento de equipamentos coletivos para a educação e formação profissional, a todos os níveis.
E não se trata apenas de educação e formação científica, técnica e prática, mas também, e com elevada carga horária, das componentes sócio-culturais, com destaque, entre outras, para: as línguas, com forte incidência e aprimoramento na língua materna, mais uma ou duas línguas estrangeiras, certamente o inglês, o francês, o espanhol, matemática, filosofia, antropologia, ética, deontologia, história, direitos humanos, mundo-actual, desenvolvimento pessoal e social, relações humanas e interpessoais, direito, enfim, muitas outras da área das ciências sociais e humanas.
Estabelecimentos de ensino e formação profissional que tenham estas preocupações e estejam preparados para ministrar aquelas e outras disciplinas humanísticas terão, à partida, reforçada a sua credibilidade e correspondente sucesso e, de certa forma, estão a contribuir para uma sociedade mais responsável, porque mais esclarecida e participativa, sem se cair num “iluminismo de aparências duvidosas” ou num intelectualismo ornamental, sem utilidade prática.
Exigir dos poderes públicos para estimular e apoiar a iniciativa privada, na implementação daquelas infra-estruturas é, já e por isso mesmo, um dever de cidadania, que nenhum responsável deve deixar de cumprir, sob pena de estar a conduzir toda uma população para o atraso, para o obscurantismo e para a exclusão social, nas vertentes responsáveis por esta anomalia, como por exemplo, a exclusão no acesso ao emprego, ao conhecimento, à progressão na carreira profissional e à discriminação cultural.
Obviamente que não é possível construir universidades, institutos politécnicos, centros de formação, escolas superiores e secundárias em todas as vilas e pequenas cidades do país, porque também se defende que deverá haver a perspectiva das realidades locais e regionais, no sentido da boa aplicação dos recursos públicos e privados, os primeiros dos quais, à custa da tributação, coercivamente aplicada aos contribuintes e que, atualmente, constitui uma carga anormal para as famílias portuguesas.
Será sempre desejável que nenhum serviço, incluindo a saúde, a educação e a formação profissional, provoque elevados prejuízos, apesar dos seus objetivos eminentemente sociais, para o que se defende a aplicação de taxas proporcionais aos rendimentos verdadeiramente auferidos, declarados e sinais exteriores de riqueza que cada cidadão apresenta.
Cidade que educa para o estudo, para a formação, para trabalho, para a cidadania, com toda a envolvência que esta implica, inclusivamente, participar na vida pública da cidade, vila ou aldeia, certamente que será, a curto e/ou médio prazos, um local de procura e de fixação de pessoas, serviços e empresas, que por sua vez vão contribuir para o sucesso dos indivíduos, das famílias e da comunidade em geral, pela produção e pelo consumo sempre em crescendo, até aos limites que forem tecnicamente possíveis, sem deteriorar outros valores e interesses, desde logo, o ambiente, a segurança, o trânsito fluido e seguro, o atendimento rápido, humano e eficaz dos hospitais, escolas, repartições públicas e privadas.
 A difusão do conhecimento, a partir dos polos universitários de investigação científica e tecnológica, é motivo mais que suficiente para que a prosperidade se instale e desenvolva nas localidades que beneficiam ou venham a receber e apoiar tais infra-estruturas, verdadeiras fontes de progresso bem-estar social, económico e cultural.  

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Prazer da Escrita


Muitas são as possibilidades que a vida oferece, para o exercício das mais diversas atividades, a fim de se alcançarem determinados objetivos e que, em função das expectativas criadas, são mais ou menos conseguidos, proporcionando, a quem se envolve em tarefas a eles inerentes, uma relativa satisfação e realização pessoal o que, quando os resultados são positivos, estes constituem fortes incentivos para se prosseguir, sempre e cada vez melhor.
Escrever é uma atividade complexa porque envolve várias capacidades humanas, para além das funcionalidades físicas, precisamente, da mão que conduz a caneta e/ou o teclado de um computador, tentando acompanhar a espontaneidade e rapidez do pensamento, o que é, praticamente, impossível.
Mas, para além deste “pormenor”, que não é assim tão simples, refletir sobre um tema, organizar, minimamente que seja, o pensamento para que este produza, lógica e adequadamente, um texto que, por sua vez, deve respeitar imensas regras ortográficas, sintáticas, éticas, morais e axiológicas, constitui, na verdade, um trabalho difícil, nem sempre enaltecido e compreendido.
O esforço mental que a escrita pressupõe, raramente é valorizado por algumas pessoas, talvez porque os textos escritos implicam, para a sua compreensão, muita concentração e domínio de um ou outro termo, por parte do leitor, alguns dos quais, nem sequer tem disponibilidade para ocupar um pouco do seu já pouco tempo livre, na análise dos conteúdos e, sobre eles, extrair as ilações que julgarem corretas, independentemente de ficarem, ou não, em sintonia com o pensamento do autor.
A leitura de textos corridos, tal como a reflexão sobre o teor da mensagem que eles transmitem, parece que está “fora de moda”, porque quase ninguém tem tempo para coisa alguma e, nestas circunstâncias, parece tornar-se mais prático, para tais pessoas, uma linguagem telegráfica, superficial e pretensamente objetiva, pragmática, do tipo: “um recado no vão da escada”, mas que nem sempre produz os melhores resultados, afigurando-se que esta situação se tem vindo a agravar, por via do recurso sistemático às mensagens curtas, quase codificadas que, através dos telemóveis, tanto se usa e abusa.
Por outro lado, vem-se comprovando, com muita preocupação, que cada vez se escreve e lê menos. Que a incorreta construção da frase deturpa a fidelidade e correspondência que se deseja existirem entre o pensamento e a escrita, tudo isto agravado pela incapacidade em elaborar um texto, sem erros e com uma pontuação correta esta, todavia, pode ser efetuada de acordo com a intencionalidade, princípios, valores, sentimentos, emoções e objetivos que o autor pretende imprimir ao seu texto.
Com todos os condicionalismos, quer pela parte do autor, quer no que respeita ao leitor, a verdade é que se trata de uma tarefa complexa, mas muito estimulante, porque criativa, inovadora e livre. O leitor tem a possibilidade de recriar o texto, criticá-lo, reinterpretá-lo e, no limite, ignorá-lo, (que também há que o faça), mas é sempre livre para contextualizar a mensagem, como muito bem entender, ainda que o seu entendimento não corresponda ao pensamento do autor, até porque não tem de estar de acordo.
Escrever é um ato que implica grande responsabilidade, exposição permanente, relativamente ao público que vai ler, refletir, criticar, sugerir e, quantas vezes, reformular o texto, suscita, também, incompreensões, mal-entendidos e em certas circunstâncias, procedimentos radicais.
Transpor para um texto, que muitas vezes torna público: um pensamento, uma amizade, um desejo, um sentimento, uma emoção, valores e princípios, uma opinião, um estudo, um êxito, um insucesso, reflexão sobre um qualquer tema, comporta sempre algum risco, confronto e pode deixar sequelas para o resto da vida, se não houver o cuidado, a lealdade e a coragem de se esclarecerem dúvidas, também por isto é que os comentários são muito importantes.
O autor que, mais uma vez se expõe, comemora neste mês de Fevereiro, cinco anos no exercício da escrita regular que, semanal e ininterruptamente, vem publicando o resultado das suas reflexões, sobre os mais diversos temas, com especial preocupação no domínio das ciências sociais e humanas: Filosofia, Axiologia, Sociologia, Psicologia, Antropologia, Religião, Política, História, Economia, Educação, Formação, Trabalho, entre muitos outros domínios.
Ao longo destes últimos cinco anos, são algumas centenas de artigos publicados, em vários meios da comunicação social, desde Revistas, Jornais, blogs, sites e livros. Mas que imenso prazer este trabalho, não remunerado, tem proporcionado ao autor. Que grande satisfação e alegria se experienciam.
As reflexões/artigos publicados e a sua continuação no futuro, em circunstância alguma e sob qualquer pretexto jamais tiveram a mínima e voluntária intencionalidade em prejudicar, injuriar, difamar, denegrir, humilhar ou ofender alguém. Os trabalhos dados à estampa e os que vierem a ser lançados, para o público analisar, não pretendem atingir ninguém, não se deseja com eles exercer quaisquer atos de vingança, nem de desforra, nem de perseguição de nenhuma natureza, nem fazer juízos de valor, objetivamente direcionados à idoneidade e bom nome que assiste a todas as pessoas (não há nenhuma razão para que o autor tenha tais atitudes).
As reflexões/artigos que ao longo de cinco anos e em número superior a quatrocentos têm sido acompanhados, analisados, escrutinados e escalpelizados, sob inúmeras perspectivas isso é sabido através dos retornos que vão chegando ao conhecimento do autor e que, felizmente, têm sido muito positivos, porque a inteligência dos leitores, a sua compreensão, tolerância e generosidade os leva a formular avaliações extremamente amáveis, bondosas, livres, estando, ou não, de acordo com a linha seguida pelo autor.
Nesta difícil arte, a de escrever e publicar, uma outra preocupação central do autor, tem sido a de expressar o seu pensamento acerca das suas próprias experiências, alguns poucos conhecimentos, nunca se eximindo a manifestar princípios, valores, sentimentos e emoções que, realmente, fazem parte, tanto quanto se julga saber, da sua própria personalidade, da sua maneira de estar na vida, da sua solidariedade, amizade e fidelidade para com um ou outro amigo, sendo certo que as circunstâncias e situações da sociedade em que vive, também de uma ou outra pessoa, por vezes o possam levar a alguma incoerência ou mesmo pequenas contradições.
É normal mudar-se de opinião, quando causas profundas impelem as pessoas para a mudança, contudo, apesar de alguma instabilidade emocional, por vezes manifestada, eventualmente devido a relacionamentos que se afigura terem-se desconsolidado, por razões alheias ao compositor, nunca tais circunstâncias conduziram o autor para atitudes incorretas, desrespeitosas, de falta de consideração e estima, para com as pessoas em geral e os leitores em particular. A intervenção literária tem-se pautado por total respeito.
Expor princípios, valores, sentimentos e emoções pode constituir um grande risco, mas vale a pena adotar-se uma postura de verdade, sem reservas, solidária, amiga, leal, com grande gratidão e humildade. Afinal a verdade é sempre a mesma: só uma, com ela se conquista a confiança, o respeito, a amizade e a credibilidade e deve ser retribuída por quem a recebe.
É um privilégio, dir-se-ia, uma bênção divina, ter-se a possibilidade de expor, livremente, o pensamento, num país onde a liberdade de expressão é um direito cívico, constitucionalmente garantido, mas que, por vezes, é mal recebido, porque ainda existe uma certa cultura persecutória, em relação a quem ousa comentar situações que violam os mais elementares direitos humanos.
É uma honra ser lido por tantas pessoas, receber cada vez mais incentivos, ainda que outros tenham sido, ao fim de algum tempo, interrompidos, negados, por razões que o autor desconhece, mas que muito o magoam e julga não merecer tal indiferença, mas um pensador está sujeito a estas vicissitudes, à incompreensão, por vezes alguma ingratidão que, apesar de tudo, tenta superar.
Claro que é muito importante perceber que existem leitores verdadeiramente amigos e sinceros, que apreciam o trabalho do autor, que manifestam total solidariedade, que oferecem as suas ideias para melhorar os artigos. São estes leitores leais, transparentes, que ajudam, com as suas críticas fundamentadas, a melhorar a escrita e as atitudes.
Também é verdade que nem todos os textos agradam a todos os leitores, o que é salutar, porque significa que há opiniões diferentes, o que enriquece as análises e até contribui para soluções mais equilibradas, em relação aos problemas que vão sendo abordados sobre situações do dia-a-dia.
Como é gratificante ouvir e ler comentários sobre os trabalhos que se vão publicando. Como é importante que as análises, diferentes, idênticas ou mesmo divergentes, sejam elaboradas e transmitidas ao autor, porque isso estimula para mais: estudo, investigação, reflexão, cuidado nas abordagens dos temas e, por que não, mais entusiasmo no trabalho.
São essenciais os comentários que os leitores produzem, porque, no limite, revelam consideração, estima, apreço, por vezes carinho pelo autor e, valorizam os trabalhos. Por tudo isto é que a gratidão do autor para com os seus leitores em geral, e em particular, para com aqueles que comentam, sugerem, incentivam a continuação desta caminhada, é infinita.
Qualquer autor aprecia imenso os apoios recebidos dos leitores e, nesta linha de pensamento há, justamente, quem defenda igual desejo: «Vivemos na era em que para nos inserir no mundo profissional devemos portar de boa formação e informação. Nada melhor para obtê-las do que sendo leitor assíduo, quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a consciência, o raciocínio e a visão crítica. Espero que gostem do meu blog e deixem sugestões, comentários ou troca de ideias.» (Disponível em http://oquemevainacabecaagora.blogspot.pt/ consultado em 02.01.2013)
Cinco anos a escrever e a publicar, semana após semana, é uma grande e agradável responsabilidade. O prazer da escrita torna-se mais profundo, mais permanente, mais cuidado e, acima de tudo, mais direcionado e oferecido, com sincera generosidade, a todos os leitores, porque é para eles que todo o trabalho é dirigido, que as preocupações em fazer melhor são constantes e estimulam a não parar, enquanto Deus assim o permitir.
É da mais elementar justiça, trazer para esta reflexão, o inestimável contributo dos órgãos de comunicação e editoras que tem sido postos à disposição do autor, quer a nível local, regional, nacional e internacional. Com efeito, todo este projeto só tem sido possível com o apoio gracioso e sempre disponível dos respetivos diretores dos órgãos de comunicação onde são publicados os trabalhos. Sem esta insubstituível ajuda, os leitores estariam privados de analisar, criticar e incentivar um desígnio que se deseja perdure por muitos anos, essa é a determinação do autor.
O prazer da escrita fica reforçado, porque ao longo de cinco anos, com mais de quatrocentas reflexões/artigos publicados, a nível universal, sem quaisquer intenções materiais e/ou contrapartidas financeiras fica, inequivocamente, recompensado, pela adesão que tem suscitado.
A recompensa é, portanto, gratificante, na medida em que este trabalho criativo, reflexivo e pretensamente inédito, tem gerado, na maior parte das pessoas, grande consenso, muita consideração, estima, carinho e respeito para com o autor que apenas pode proferir um singelo e totalmente sincero: obrigado.
Muito obrigado pela paciência, compreensão e tolerância na apreciação que tem sido feita ao trabalho de um desconhecido. Muito Obrigado prezadas/os leitoras/es e, para finalizar, uma pedido para quem deixou de produzir comentários: que retome essa boa prática, porque isso revela consideração, estima, carinho e uma grande firmeza em ajudar quem tem na escrita um imenso prazer. Obrigado.
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amigos, Carinhosamente Enamorados


Associar S. Valentim ao dia dos namorados, ou vice-versa, é inevitável, porque o destaque que aqui se pretende dar contempla o Santo e os Namorados (ou Enamorados), muito embora, o fio condutor do tema, o núcleo central, o objetivo que se pretende, aponte no sentido do amor, não necessariamente o “amor-paixão” que, eventualmente, será efémero.
Pensa-se ser muito importante o amor que fundamenta uma amizade sólida, para toda a vida, entre duas pessoas que se gostam, se respeitam, se cuidam e comungam as alegrias e as tristezas, os sucessos e os fracassos, a cumplicidade, a confiança, a solidariedade e a lealdade, de resto, excelentes bases para um namoro que conduza, justamente, a um casamento feliz, se possível, para sempre.
Num breve resumo da vida de S. Valentim, resulta logo numa análise despretensiosa, sem qualquer manifestação elitista ou hagiográfica, que o padroeiro dos namorados é uma entidade santificada, muito popular e querida no sei da humanidade, independentemente do escalão etário de cada pessoa, porque nunca se é demasiado velho, nem muito novo para as “coisas” do coração, que quantas vezes se sobrepõem à racionalidade calculista.
A história do “Padroeiro dos Namorados” resume-se, neste trabalho, ao seguinte: «Há muitos anos, o Imperador Cláudio pretendia reunir um grande exército pois queria aumentar o império romano. Mas nem todos os homens queriam alistar-se no exército porque já estavam cansados de tantas guerras e de estarem muito tempo sem as suas famílias. O Imperador ficou furioso. Então teve uma ideia: se os homens não fossem casados, nada os impediria de ir para a guerra. Assim decretou que não seriam permitidos mais casamentos. Os jovens acharam aquela lei cruel e injusta.
Um sacerdote chamado Valentim, que também discordava da lei imposta pelo Imperador, decidiu realizar casamentos às escondidas. Uma noite, durante um desses casamentos secretos, ouviram-se passos. O casal que nesse momento estava a casar conseguiu fugir mas o padre foi capturado. Durante o seu cativeiro, jovens passavam pelas janelas da sua prisão e atiravam flores e mensagens onde diziam acreditar também no poder do amor. Entre os jovens que admiravam Valentim, encontrava-se a filha do carcereiro. O pai dela deixou que ela o visitasse na sua cela e ficavam horas a conversar. No dia da sua execução, Valentim deixou uma mensagem à sua amiga agradecendo a sua amizade e lealdade. Dizem que essa mensagem foi o início do costume de trocar mensagens de amizade no dia de São Valentim, celebrado no dia da sua morte, a 14 de Fevereiro do ano 269.» (Disponível em http://www.cybertic.net/images/Hotpotatoes/respostatextos_multipla/saovalentim/saovalentimjogo1.htm, consultado em 20.01.2013).
Namorar, amar, casar, estimar, cuidar, são atitudes e sentimentos que não têm idade e ninguém pode provar que uma amizade, dita tardia, sentida, vivida, oferecida por uma pessoa sénior, seja menos intensa, menos verdadeira e menos sólida do que esse mesmo sentimento, experienciado aos vinte ou trinta anos porque, em boa verdade, há valores, sentimentos e emoções que vivenciados ao longo da vida, poderão ter exuberâncias, causas e consequências diferentes e, cientificamente, parece que ainda não há conclusões sobre qual a faixa etária em que aquelas atitudes e sentimentos são mais autênticos e sólidos.
Partindo-se do princípio de que o namoro poderá ser um período de aprofundamento de uma amizade, ainda na sua fase embrionária, com o objetivo de estreitar o relacionamento, conhecimento mútuo do casal, projetos que serão comuns aos dois e, eventualmente, a união matrimonial, então será necessário que os futuros cônjuges se abram plenamente um ao outro, que confiem, que consolidem os seus propósitos, para estarem preparados para constituírem uma família, iniciarem uma vida a dois, com todas as responsabilidades inerentes.
O namoro, tendo por objetivo projetos sérios, de constituição de família será bem diferente do namoro de ocasião, que visa apenas a conquista fácil, a posse e fruição do corpo, para prazeres erótico/sexuais, enquanto nenhuma das partes se saturar da outra, porque onde não existe amizade sincera, o amor, muito dificilmente, surgirá e vencerá. Importa, por isso mesmo, nesta breve reflexão, dedicada, primeiramente, ao dia dos namorados, abordar o namoro na perspectiva de constituição de uma família honrada, respeitada, em que os futuros cônjuges, para além de se amarem, comportam-se com respeito, consideração, estima e confiança na fidelidade um do outro para, de seguida, abordar o namoro a partir de uma amizade sincera, que se transformará num expoente mais elevado.
Na perspectiva do casamento, o namoro é um período de conhecimento recíproco, de confissão, de gestos, desejos, sucessos, fracassos no passado, portanto e por um lado: «Manter seu namoro moralmente limpo dá evidência clara de que você tem autocontrolo e que o interesse altruísta no bem-estar do outro está acima de seus próprios desejos» e, por outro lado: «O namoro honroso inclui também a comunicação honesta. À medida que seu namoro se encaminha para o casamento, certos assuntos terão de ser considerados francamente. (…) Além disso, é muito justo revelar coisas, talvez do passado um do outro que possam afetar o casamento.» (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Trados, 1996:24-25)
Culturalmente, em certas sociedades, entre o namoro e o casamento, haverá um outro período em que o casal de namorados experiencia uma nova vivência, que tradicionalmente se pode designar por noivado. Acredita-se que este ciclo já é a antecâmara do casamento, em que se acertam pormenores, se confidenciam situações, se afirmam e clarificam desejos. Também nesta época se deve consolidar o conhecimento recíproco, sem sombras, sem passados duvidosos. É o tempo de tudo clarificar, definitiva e assumidamente.
O noivado é, portanto, o primeiro passo para o casamento e, nesse sentido, é necessário que seja encarado como uma espécie de “ensaio geral”, de resto, ainda  em relação ao noivado admite-se que: «Há quem imagine que vem a ser um jogo romântico ou um passatempo divertido, como qualquer outro, ou uma vaga e ‘sentimentaloide’ aventura para satisfazer a descoberta do coração que se abre para um mundo desconhecido. Nada disso merece o qualificativo de noivado. O que entendemos aqui por noivado é o trato particular, assíduo e sério de um jovem com uma jovem que normalmente costuma acabar em casamento.» (GUERRERO, 1971:31).
Estipulou-se para os namorados um determinado percurso, que culminaria numa situação que, felizmente, ainda é desejada por muitas pessoas, certamente jovens, mas não só, porque se tem entendido o casamento como mais um patamar para a felicidade, para a família, para a responsabilidade conjugal, para a fundamentação da sociedade. Mas nem todos os namoros e noivados se consolidam no casamento, porque uma outra consequência também é possível: a ruptura, quantas vezes com especial dramatismo e violência, ao ponto de se verificar um desfecho fatal, para ambos ou para um dos namorados. Eventualmente, não terá havido total abertura, lealdade e reciprocidade.
É interessante, agora, abordar-se o namoro na perspetiva da amizade íntima, entre duas pessoas, que ao longo de um relacionamento geram uma simpatia salutar, que depois se transforma numa amizade sincera e, finalmente, surge o verdadeiro “Amor-de-Amigo”. Aqui já se pode aceitar, perfeitamente, sem qualquer receio, e neste contexto muito especial, que: «Amar não é apoderar-se egoisticamente. É viver uma atitude de dádiva desinteressada. Amar é também receber. Humildemente, agradecidamente. E isto, às vezes, é mais difícil do que dar. O amor é o intercâmbio de dois seres em tudo. Amar é compreender. Amar é sentir-se responsável pelo outro e conduzi-lo desinteressadamente. É abrir-se ao serviço do outro.» (Ibid.:22-23).
Todos os anos, a catorze de Fevereiro celebra-se o “Dia dos Namorados” e também, todos os anos, a trinta de Julho se comemora o “Dia do Amigo”, da amizade. A conjugação das duas figuras: namorado e amigo, pode resultar numa nova situação intermédia, cujos sentimentos até se enquadram, entre o namoro e o casamento, que não são incompatíveis com os valores do matrimónio, porque este novo sentimento tem a suportá-lo: amor, fidelidade, entrega, respeito, compreensão, tolerância, solidariedade, reciprocidade, companheirismo, doação.
Aceite-se, portanto, sem reservas nem preconceitos, uma nova noção  de namorados, na perspetiva de uma amizade sincera, solidária, leal, recíproca, em que tal afeição se transforma num genuíno “Amor-de-Amigo”, que realmente é possível cultivar e consolidar e, com base neste sentimento tão nobre: regular as relações de quem realmente se quer muito bem; de quem se gosta sem reservas; com respeito pela honra e dignidade pelo outro; de quem nos orgulhamos e com quem partilhamos alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, projetos, desejos, aflições na vida, dificuldades familiares, profissionais e sociais.
Este dia dos namorados, que S. Valentim, pelo seu exemplo, apadrinha, é, perfeitamente, extensível aos amigos que se enamoram no âmbito de uma amizade íntima, em que o respeito prevalece, a consideração, a estima, o carinho, o estar do lado do amigo, incondicionalmente, em quaisquer circunstâncias, é o denominador comum aos dois e o limite para este amor muito especial é balizado pelo respeito e pela felicidade do outro.
Ser e ter um amigo, nestas condições, é maravilhoso. Pode-se afirmar que um amigo assim é um privilégio que não está acessível a qualquer pessoa, é uma dádiva divina, que se deve preservar, com total carinho, preocupações pelo bem-estar desse amigo, cumulando-o, sempre de atenções, gentilezas, amabilidades sem fim. É, comparativamente com muitas situações de namorados e matrimónios, muito mais sólido, mais genuíno, mais sublime.
É pertinente, incluir aqui, algumas frases, tão célebres quanto dignas de reflexão, a propósito da amizade e dos amigos: «Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade.» (MARQUÊS DE MARICÁ); «Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.» (CONFÚCIO); «A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro.» (PLATÃO); «Ter muitos amigos é não ter nenhum.» (ARISTÓTELES); «Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.» (SÓCRATES); «Dos amores humanos, o menos egoísta, o mais puro e desinteressado é o amor da amizade.» (CÍCERO); «A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.» (MILLÔR FERNANDES).
É fundamental e condição indispensável para o reforço de uma felicidade, oriunda da família nuclear: esposos e filhos, cultivar-se um “Amor-de-Amigo” pelo qual se possa ser, ainda mais feliz, porque a felicidade, não tendo medida nem dimensão, ela é sentida e tanto pode ser prejudicada, por fatores externos à família, como beneficiada e ampliada, justamente, pelo amor que os verdadeiros amigos se dedicam reciprocamente.
O sentimento que se designa por “Amor-de-Amigo” não é nenhuma traição ao matrimónio, não constitui nenhuma infidelidade por parte de quem o dá e recebe e, neste “Amor-de-Amigo” os comportamentos e gestos carinhosos só vêm demonstrar o quanto se pode gostar de uma pessoa, na qual se confia, com quem se deseja partilhar, desabafar, encostar a cabeça num ombro amigo, saber que se tem um rumo para um porto seguro, em quaisquer circunstâncias.
O dia dos namorados também se pode aplicar a todas as pessoas de quem verdadeiramente se gosta, de quem se recebe permanentes manifestações de amizade, de consideração, de estima, de ajuda, enfim, de genuíno, inédito e infalsificável “Amor-de-Amigo”. Adapte-se o dia dos namorados, também, aos “Amigos, Carinhosamente Enamorados”, porque os sentimentos destes, em certas situações, até se podem considerar bem melhores do que aqueles. Em bom rigor vale muito mais um amigo solidário, leal, companheiro, carinhoso e cuidador do que alguns namorados, noivos ou cônjuges, apenas interessados numa conquista e/ou manutenção de comportamentos meramente sexuais, onde o corpo de um não passa, de facto, de um objeto de prazer, quantas vezes efémero, em função da vitalidade do outro.
Entretanto, o percurso da vida ensinará, numa fase mais adiantada, no período em que os valores, princípios, sentimentos e emoções se destacam sem complexos, estão consolidados e proporcionam momentos de autêntica felicidade, um amor nobre que prevalece, além dos aspetos físicos, dos prazeres eróticos passados, quantas vezes esquecidos ou, então, esgrimidos como troféus de caça mansa e indefesa, de pessoas desorientadas na vida.
É nesta perspectiva que também se pode celebrar este dia, como sendo o de um outro tipo de namorados, que aqui se conceptualiza como sendo o dia dos “Amigos, Carinhosamente Enamorados”, cujo objetivo final será sempre uma amizade íntima, no seu sentido mais notável, mais eloquente, puro, que por sua vez proporcionará legítima felicidade, que será acrescida à felicidade que, por via do casamento, por exemplo, já se adquiriu ou, então, uma felicidade que no matrimónio se chegou a ganhar ou já se perdeu.
A felicidade complementar, ou paralela, que se pode obter através do “Amor-de-Amigo” é um direito pelo qual todas as pessoas podem (e devem) lutar, procurando uma amizade sincera, incondicional e duradoura, de uma pessoa que se deseja, que seja sempre nossa verdadeira amiga, que nos dê provas permanentes do seu sincero “Amor-de-Amigo”.
Fica aqui, portanto, um novo conceito de namorados, numa dimensão nobre, consolidado pelos valores da solidariedade, da amizade, da lealdade, da cumplicidade, da confiança, da reciprocidade, do companheirismo. Namorados para um “casamento” de amizade íntima, de confidencialidade, de ombro amigo, que navega para o porto seguro da estabilidade deste sentimento tão necessário, quanto maravilhoso e supremo.
Enalteçam-se os “Amigos, Carinhosamente Enamorados”, para além da família, do casamento, da sexualidade, dos “amigos de ocasião”. Defendam-se amigos para a proteção recíproca, para a entre-ajuda, para a consolidação do sentimento mais puro, mais desejado, como é o “Amor-de-Amigo”, que acompanha para todo o sempre quem tem a felicidade de o sentir, de dá-lo e recebê-lo, sem reservas. “Amigos, Carinhosamente Enamorados”, resguardados num cantinho do coração de cada um dos amigos, guardados a sete chaves, para todo o sempre.

Bibliografia.

GUERRERO, José Maria, (1971). O Matrimónio Hoje, à Luz do Vaticano II, Trad. José Luís Mesquita, Braga: Editorial Franciscana.
SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS, (1996). O Segredo de uma Família Feliz, Edição Brasileira, São Paulo: Cesário Langue

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Homem: Núcleo Fundamental da Política

 
O homem é um fim e não um meio para a concretização de uma dignidade universalmente única e, simultaneamente, o lugar exclusivo da eticidade. A pessoa humana é, desde logo, uma realidade Ética, o centro de irradiação dos valores morais e, na sua transmissão, cada sujeito humano é, também, um elo da corrente intersubjetiva, que num comportamento de reciprocidade proporciona a difusão dos princípios fundamentais da convivência humana.
A Ética é, portanto, a base normativa da tarefa do homem-ser-homem, inviolável, intimamente pessoal, a que nenhuma autoridade terrena tem acesso. A Ética como disciplina normativa, do foro íntimo de cada ser humano, subordina a si todas as demais disciplinas práticas, e tanto mais quanto mais íntima e direta é a relação destas com o humano.
O homem é um “ser-com-os-outros”, numa atitude dialógica permanente e, como tal, palco de inúmeras atividades, especificamente humanas. A atividade política é, neste contexto heterogéneo, uma vertente ou dimensão do homem que não o globalizando ou substancializando, não deixa, porém, de ser um componente importante, na caraterização do seu todo.
A política radica no aspeto social do homem, constitui a síntese de ação e instituição em ordem à convivência social, no seu mais alto nível, referenciada no Poder. A comunidade política existe por causa do bem-comum, no qual está a sua plena justificação e sentido. A política é tanto mais nobre quanto mais e melhor resolver os problemas dos cidadãos.
Sendo a política uma dimensão eminentemente humana, então o homem é o seu núcleo fundamentador e difusor, centro da comunidade política e, perante esta, o homem torna-se cidadão com obrigações e responsabilidades, em que os interesses particulares se submetem ao interesse geral, materializado no bem-comum, a que toda a comunidade, sem exceção, tem direito.
O poder político é oriundo do homem, o vínculo natural que garante a coesão do corpo social, como tal também ele justificado, desde que organizado para o bem-comum, este, essência da legitimação daquele. A comunidade política, como realidade histórica, assume diversas formas na sua estrutura e, atualmente, nela se pode distinguir três aspetos fundamentais: 1) o Bem-Comum; 2) o Direito; 3) a Autoridade, que, no seu conjunto, definem o Estado.
Muito sinteticamente dir-se-á que: o Bem-Comum é a finalidade do Estado; o Direito objetiva e define o poder político, através da Lei à qual devem obedecer a Administração e os particulares. A Lei fundamental define o Estado de Direito, que a partir daquela funciona com as leis ordinárias, em estrita observância dos seus princípios definidores e orientadores.
O Estado de Direito implica, ainda, a separação dos poderes: legislativo, Executivo e Judicial, bem como o reconhecimento dos direitos e liberdades fundamentais. Finalmente, na composição do Estado, surge a Autoridade que se reveste de uma exigência imanente da comunidade política, a fim de coordenar, de forma livre e responsável, os esforços dos cidadãos em ordem ao Bem-Comum. A Autoridade funda-se na natureza humana, pertence à ordem fixada por Deus e, assim, pertence aos cidadãos eleger, livremente, o seu governo e a determinação do regime político mais adequado à prossecução do Bem-Comum.
A Política e a Ética não podem ser aspetos incompatíveis na dinâmica sociomoral que ao homem cabe promover. Na verdade, as relações Ética-Política podem ser analisadas numa perspectiva puramente histórica, pelo que se pode afirmar que: “na origem da Ética política está a cultura greco-romana, na simbiose da filosofia grega com o direito romano”, de resto, já em Platão se verifica uma primeira síntese da teoria política.
Nem sempre foram de igual forma as relações entre a Ética e a Política: tendo uns, defendido o primado daquela (Platão, Santo Agostinho); outros, preferem a política (Aristóteles, Maquiavel) e, finalmente, há aqueles que conciliam as duas componentes, quer o social, quer o político, reduzindo-os às fronteiras do humano e do secular, sem qualquer abertura a Deus e ao seu projeto (Hobbes, Rousseau). Mais recentemente, Kant manifesta-se a favor da Lei Moral, como imperativo categórico, que determina ao homem a vontade à ação, independentemente de todos os motivos materiais.
Nos dias atuais, coloca-se, também, a questão de se saber se o progresso moral e espiritual acompanham o progresso técnico-material. Com efeito, a descoberta de técnicas que ainda há bem poucas décadas seriam uma utopia, e a consequente aplicação de práticas, revelam até que ponto pode a grandeza do homem chegar, todavia, tal dimensão será ela, por si só, dignificante do homem como pessoa humana, ou conduzirá, pelo contrário, à escravidão e humilhação do mesmo homem, que a desenvolveu?
Naturalmente que tais posições pessimistas e derrotistas são contrárias ao otimismo religioso e, então, poder-se-ia valorizar a tecnologia, o progresso material, acompanhando-os, em igual dimensão, da práxis Ética, colocando em relevo as virtualidades dos atos moralmente bons, positivamente apoiados na certeza da consciência moral, defendendo, constantemente, os mais elementares direitos naturais e valores humanos, como o direito à saúde, à liberdade de consciência e de religião, o direito de livre escolha da educação que os pais pretendem para os seus filhos, o direito de associação desde que em ordem ao Bem-Comum.
A relação entre a Ética e a Política parte, também e desde sempre, da família, núcleo anterior a todo o direito positivo, célula fundamentadora da sociedade. A Ética na família deve sobrepor-se à política na família, quando tal política colide com os princípios éticos, isto é, quando a natureza daquela é puramente ideológico-material.
Afinal, é na família de hoje que reside o governo de amanhã, e são as pessoas responsáveis do presente que devem preparar os dirigentes do futuro, possibilitando à família as condições morais, culturais, religiosas e materiais para que num ambiente de harmonia e amor conjugal se preparem para dar continuidade ao projeto verdadeiramente humano, no plano sagrado traçado por Deus.
Ainda numa apreciação política, sob o ponto de vista ético, igualmente se pode salientar a importância da ética sobre a técnica, na medida em que parece que grande parte das estratégias políticas atuais, pretendem fundamentar na técnica as suas medidas, procurando reduzir ao projeto tecnológico toda a dimensão dos interesses do homem, fomentando-se bastante uma nova mentalidade tecnocrata, ou seja, o culto, o religioso, o sentimental, o pensador, são indivíduos que em anda contribuem para o bem-estar e riqueza materiais da humanidade e, como tal, parasitários dos inventos e técnicas!
Pode afigurar-se que, nesta possível intoxicação mental reside grande parte dos males que afligem a humanidade e, desde já, proporciona: a proliferação de situações que em início do novo século XXI e de um recente milénio, constituem uma verdadeira praga, entre estas a fome (quando se delapidam verbas fabulosas em armamento); o desemprego galopante (só em Portugal 14% em Fevereiro de 2012); falta de habitação condigna, acessível a todas as pessoas; os conflitos regionais mas internacionalizados.
A técnica, a ciência e toda a tecnologia que as envolvem, certamente que se justificam, porém, devem ser sempre acompanhadas e controladas pela Ética. Se assim um dia vier a acontecer, então, felizes os vindouros, porque serão sinais inequívocos que os grandes princípios, valores e sentimentos, voltaram às consciências das pessoas verdadeiramente humanas.
É indiscutível que nas várias facetas da atividade humana existe sempre uma maior ou menor dose da componente política, de acordo com uma ou outra ideologia, sob um ou outro rótulo, mais ou menos sonante, mais ou menos representativo e, neste âmbito, a proliferação de vários excessos, tais como indicam os inúmeros sufixos terminados em “ismos”, que por esse mundo fora proliferam. Neste enquadramento se situam muitos dos atuais “socialismos”, mas muito poucos haverá em conformidade com a vontade e mensagem Evangélica, que convida à fraternidade, à liberdade e à igualdade, que apela à unidade.
Que melhor socialização do que aquela que conduz à plena personalização, à equidade de oportunidades. O que mais pode preocupar é quando os sistemas radicais de certos “socialismos” correspondem, aos seus antípodas do “capitalismo selvagem”, porque se teme que, nem um nem outro, tenham como ponto de referência o homem integral e, pelo contrário, este será utilizado como uma peça da engrenagem “coletivista” ou um “instrumento” para acumulação de riqueza, sujeito de deveres, vítima de obrigações desumanas, da opressão egoísta de uma minoria detentora do poder especulativo da economia e das finanças.
Invoca-se, hoje, as opções socialistas de militantes cristãos e esta tese doutrinária pode, de facto, ser levada à prática, porque na verdade o movimento socialista puro nasceu no operariado oprimido, explorado, escravizado, humilhado, e mesmo vendido. Um socialismo social e democrático, justo e humanista. É necessário um comportamento genuinamente humano, de um “ser-homem-com-os-outros-homens” e, nesta atitude, deve incorporar-se a presença da Divindade, no dinamismo operário, pois Ela é tão necessária quanto urgente, principalmente no seio dos mais fortes.
O mundo não carece de uma “onda messiânica”, mas do simples gesto de “nos darmos as mãos”, de comungarmos dos mesmos ideais de Bem-Comum. O homem é um ser que deve transcender-se, ultrapassar a sua própria finitude, o mal e a infelicidade, porque esta é a sua vontade mais profunda, embora, e infelizmente, muitas vezes, ignorada. É, precisamente, no desembocar de uma corrente privilegiada que surge o misterioso fenómeno da conceção de Deus, é nesta altura que exponencialmente e com toda a liberdade pode surgir o ato de fé, ou seja, de conhecimento e reconhecimento da Verdade buscada pelo homem sobre o homem.
É, portanto, na perceção da existência divina que toda a política poderá ser conduzida, harmonicamente, considerando, na devida conta, os interesses de cada um e a estabilidade do todo, premiando os que honesta e dedicadamente desenvolvem a sua atividade, dando oportunidade àqueles que, por diversos motivos, não conseguiram, ainda, integrar-se numa sociedade que se pretende digna, com possibilidade de amor, de defesa dos valores absolutos, consubstanciados num Deus-Amor. Uma política de trabalho, conhecimento e amor, numa disciplina moral que engloba toda a atividade humana.
É preciso que os políticos tentem uma “aventura de salvação”, e com eles arrastem os seus apoiantes, uma aventura de salvação pelas estradas que conduzem ao Bem-Comum e que desde logo se iniciam nos “carreiros” da: tolerância, respeito, amor, paz e felicidade. Estes “carreiros” quais “afluentes” dos rios, seguramente que convergem para a dignidade da pessoa humana. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

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