sábado, 28 de novembro de 2020

Cultura: Memória e Desejo

              A Hermenêutica que vem do grego “hermēneuein”, que significa interpretar, era um termo inicialmente teológico, que indicava a metodologia própria da interpretação da Bíblia, dependendo da exegese linguística e histórica.

O vocábulo transitou depois para o domínio laico, para designar o esforço de interpretação científica e, se possível, exaustiva, de um texto difícil, tendo sido retomado contemporaneamente, por Paul Ricoeur, entre outros.


Certamente que a interpretação da Bíblia, ou de um texto difícil, ou mesmo de uma cultura, constitui, eventualmente, um obstáculo intransponível, se se considerar a ausência de investigação científica, profunda, exclusiva e longa no tempo, situação que se verifica, com muita frequência, entre estudantes, investigadores e académicos. Não é fácil, nem levianamente encarada a obrigação de elaborar um trabalho, sobre qualquer tema hermenêutico, como bastante espinhoso se torna o estudo desta matéria.


Neste contexto hermenêutico, a cultura é, portanto, a base fundamental, a partir da qual o homem se projeta para um horizonte de esperança, porque conhecedor do seu passado, ciente dos erros que a História lhe narra e das virtudes que lhe ensina.


Tradição e Cultura são aspetos do mesmo enquadramento humano no mundo, porque, efetivamente, a cultura acumula-se pela tradição, pela experiência, pelo intercâmbio entre os povos, ela é, afinal, o modo de ser, agir e pensar de um povo e, só na posse desse conhecimento, tão rico e profundo, é que a compreensão se torna possível. A cultura é, acima de tudo, um estudo prolongado, sempre renovado, sempre atualizado aos seus temas, no contexto histórico-social.

              Como ser no mundo, o homem tem, forçosamente, um comportamento perante esse mundo e que inclui diálogo. É este diálogo que faz, para além do ambiente, o mundo do homem. Em consequência, o homem encontra-se numa relação de pertença para com a sua experiência originária do mundo: não é sem o que já foi, sem o que já viveu e experimentou; não é sem a experiência acumulada por si e seus antepassados.

Ele pode captar, perfeitamente, o seu sentido último, compreender a sua posição no mundo e explicar aos vindouros os factos do presente, interpretando com segurança os projetos que deseja para o futuro, não numa atitude dedutível nem puramente lógica, mas numa postura de entendimento dos valores que lhe estão subjacentes, os quais deve aplicar e desenvolver no sentido positivo, depois de corretamente assimilados.


A cultura é memória e desejo, uma recapitulação do mundo antigo, em projeção para o futuro. A cultura é mais uma formação de caráter do que transmissão de saber, uma valorização total do homem, no sentido da sua otimização humana, pelo que não há cultura sem um certo conceito de humanismo, que lhe sirva de suporte e de orientação permanentes


É neste âmbito que se pode defender o investimento na cultura: não como uma forma de intelectualismo encapuzado; não numa perspetiva de “sucessocracia” material e faustosa, mas, bem pelo contrário, numa estratégia antropológica, direcionada para o desenvolvimento do homem, para o seu apalavramento com o mundo e com os outros, seus iguais, justificando-se como pessoa de direitos e deveres, como “animal de cultura”, enfim, como Homem, como Pessoa Humana.


Um projeto de futuro, que leve consigo a ousadia da Esperança, o atrevimento da Utopia, mas que assente sobre a racionalidade e a tradição dos valores fundamentais do homem, nomeadamente nas ideias de Solidariedade de Amizade, de Lealdade, de Gratidão, de Justiça, de Fraternidade, de Bondade e de Verdade, entre tantas outras dimensões humanas, que se mantêm atuais.

No domínio da Hermenêutica, nenhum texto fica concluído, sob o ponto de vista da interpretação, completamente fechado, até porque, a abertura que nas suas entrelinhas se revela seria suficiente, para se continuar nova interpretação, novos ensaios. O Homem, com todo o peso da sua cultura, será indefinidamente um ser aberto, incompleto e sempre em busca da verdade da sua condição.

 

 Venade/Caminha – Portugal, 2020

 

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

 

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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domingo, 22 de novembro de 2020

A Cultura Enquanto Projeto Humanista

Para António Sérgio “o problema da cultura é uma questão de mentalidade”. Esta é comum, e adquire-se muito gradualmente. A inteligência é uma coisa que não se pode ensinar, pois é o resultado das convicções mais profundas de cada um, faz parte da vida de todos nós.

Por outro lado, Protágoras afirma “o homem é a medida de todas as coisas” e, contrariamente, Platão afiança que “Deus é que deve ser a medida de todas as coisas” e, finalmente, Jorge Dias pretende que “o coração é que se torna a medida de todas as coisas”, mas, Ortega defende que “na cultura não há caminho, este faz-se no andar, porque a cultura é activa, exige sonho, mesmo acordado, reivindica invenção, aponta para o futuro e pressupõe esperança”.

A Cultura manifesta-se nas formas de agir, sentir e pensar que vão sendo apreendidas, isto é, traduz a totalidade do modo de vida de um povo, transmite-se pela: tradição oral ou escrita; ritual ou monumental.

a) Características da Cultura – É uma atividade que diz respeito ao homem individual (domínio do subjetivo) e que contém, intimamente, a ideia de transformação no sentido do melhor. É um processo de valorização do homem, um produto do espírito humano, uma melhor formação do carácter, uma “aristocracia do espírito”, segundo o conceito dos gregos.

Uma cultura é sempre uma relação histórica com o passado, uma relação atual com o presente e uma direção para o futuro, porque como produtores e portadores de cultura, pertencemos, efetivamente, ao passado e quando ignoramos este pressuposto estamos a gerar uma grave crise cultural.

Não se trata de saudosismo, não se pretende um seguidismo dos atos praticados por homens valorosos, mas tão só assumir esse passado, sem preconceitos nem complexos, numa perspectiva de preparar condignamente o futuro. Aqui reside a grande virtualidade da cultura, é nesse contexto que tem de se compreender o homem no seu mundo.

A cultura é memória e desejo, uma recapitulação do mundo antigo, em projeção para o futuro. A cultura é mais uma formação de carácter, do que transmissão de saber, uma valorização total do homem, no sentido da sua otimização humana, pelo que não há cultura sem um certo conceito de humanismo, que lhe sirva de suporte e de orientação permanentes.

b) Humanismo como Envolvente da Cultura – Uma cultura que não possua uma ideia de humanismo a propor, é uma cultura sem fundamento e, como tal, indigna de se lhe chamar cultura. É imperioso mostrar e desenvolver o que no homem há de puramente humano, e aqui se revela a função inigualável da Arte, da Literatura e da Filosofia, esta como a última forma de cultura, que o homem criou.

Em nossos dias parece começar a compreender-se, no sentido lato, que mais do que os produtos criados pelo progresso (ciência e técnica) e alcançados pelo homem, este vale incomparavelmente muito mais.

No entanto, com as alterações profundas da educação, e das inter-relações sociais, o sistema de valores vai-se modificando. O homem transforma-se, paulatinamente, ao longo da história e, ao fim de séculos vividos de várias formas, sob diversos sistemas, enfrenta, hoje, um mundo que se evoluciona vertiginosamente, e a cuja influência não pode escapar.

O predomínio de alguns países é cada vez maior, e o inter-relacionamento universal é um facto irrecusável, porque ele assenta na interdependência dos povos. Hoje, em toda a parte, o dinheiro é “a medida de todas as coisas” e passa a substituir o coração, a razão, os valores universais, a religião e a cultura.

Os valores verdadeiramente humanos estão, de facto, em crise, e por isso se vislumbram já alguns “ventos de mudança”, no sentido de um moderno renascimento humanista, num agarrar toda uma cultura que, afinal, é património universal. Os valores do homem, enquanto pessoa de deveres e de direitos, não estão completamente perdidos, mas antes, dir-se-ia, estão, preconceituosamente esquecidos.

A positividade da História humana, mostra que nunca houve motivos para desespero, o bom senso e a esperança sempre reinaram, de resto, a Esperança sempre foi, e será, uma boa saída para a crise, como também para a projeção de um futuro mais promissor.

Um projeto de futuro, que leve consigo a ousadia da Esperança, o atrevimento da Utopia, mas que assente sobre a racionalidade e a tradição dos valores fundamentais do homem, nomeadamente nas ideias de Amizade, de Justiça, de Lealdade, de Fraternidade, de Solidariedade, de Bondade, de Gratidão e de Verdade, entre tantas outras que se mantêm atuais.

c) Compreender a Revolução Cultural – A capacidade de reflexão pode desenvolver-se em nostalgia ou projeto, não coincidindo com o momento, preenchendo a insatisfação pela colocação, noutro tempo, das hipóteses ou decisões, porque toda a reflexão é metafórica de uma ação, campo substituto de uma implantação radical, que vai crescendo.

O pensamento só vale na medida em que a aplicação material o prossegue, o que significa que algumas questões, desde logo, se colocam, nomeadamente: em que medida reflexão e ação se perseguem, se condicionam, se corrigem e se interdizem; ou, ainda, em que medida revolução e cultura se podem articular, isto é, haverá a revolução da cultura ou a cultura da revolução?

Logicamente que não se pode compreender uma revolução cultural quando, em ações de campanha e dinamização cultural, se assiste a uma maciça “lavagem” aos cérebros, a coberto de uma ação pretensamente cultural, que apenas serve fins ideológicos e de propaganda político-partidária, com recurso a uma linguagem profundamente ideológica.

Ora, a análise do discurso dos outros, é feita pelo discurso do intelectual, o qual procura, pela ação cultural, vincular-se, dialeticamente, no confronto das classes sociais.

Assim, verifica-se que se a revolução política for exatamente aquilo que deve ser, ou seja: uma revolução feita pela cultura, e que novas formas de cultura, inevitavelmente, determinarão, então é evidente que haverá um primeiro estádio cultural, formado pelas aquisições do conhecimento e pelas projeções do desejo, que vive, fundamentalmente, dos processos estabelecidos pela sociedade; enquanto que, num segundo estádio da cultura, que consiste numa aquisição da revolução, e que corresponde a uma satisfação das necessidades e desejos.

Pode-se, portanto, compreender a Revolução Cultural como um processo de valorização do homem, integrado numa cultura, numa história, sem relações de exclusão de valores humanistas e de princípios universais, e que jamais se deverá enveredar por qualquer tipo de cultura da revolução, porquanto se cairá, indubitavelmente, em fanatismos ideológicos, religiosos e partidários.

Ação, História e Texto, estarão sempre integrados numa Revolução Cultural, é nessa perspectiva que se torna importante compreender qualquer mensagem cultural, porque esta denota, de alguma forma: «O conjunto das crenças, dos conhecimentos, dos ritos e dos comportamentos tradicionais de uma sociedade (…) não passando, porém, de uma ilusão, se não for tolerante porque aberta à variedade das culturas». (Dicionário Filosofia, Gérard Legrand, s.d.: 104).

d) Compreensão e Explicação, resultam na Interpretação – Sendo a cultura uma condição fundamental para a compreensão, é bem sabido que esta depende, num outro aspeto, da melhor explicação possível, o que remete para uma dialética, que não pode seguir por uma relação de exclusão mas, bem pelo contrário, deve manter uma tensão entre polos de momentos relativos, num processo complexo que conduz à interpretação, que é o apogeu deste mesmo processo, o qual apresenta uma dissensão epistemológica e ontológica.

Assim, entre explicação e compreensão, há uma relação recíproca, considerando que esta só se concretiza desde que aquela coloque, claramente, o objeto da sua explicitação, ou seja: a compreensão apela à explicitação através de uma situação de diálogo, onde se verifique o jogo de perguntas e respostas.

 Inversamente, não existe explicação, que não se conclua pela compreensão, há como que um laço dialético, entre explicar e compreender, que tem por consequência uma relação muito complexa, entre ciências humanas e ciências da natureza. Explicar e compreender são, portanto, dois momentos relativos de um único e mesmo processo – a interpretação -, a compreensão envolve a explicação sendo desenvolvida analiticamente por ela.

e) Teoria da História no Processo Interpretativo – Sendo uma das características da cultura, o modo de sentir e agir de um povo, a este modo de agir não lhe é alheia toda uma ação humana, que no passado se teria desenvolvido, mas que hoje é parte integrante de uma certa tradição e cultura.

É neste processo de transmissão dos factos passados, às gerações do presente, que tem especial relevância a Teoria da História, que desde já vem reforçar a dialética da explicação/compreensão, assente nos três vetores fundamentais: Teoria do Texto, Teoria da Ação e Teoria da História.

A História, numa perspectiva da historiografia, é uma espécie de narrativa verdadeira, porque se refere às ações dos homens do passado, consistindo, no presente, em reativar ou repensar o pensamento passado, no pensamento presente do historiador.

Uma história, de facto, é compreender uma sucessão de ações, de pensamentos, de sentimentos, apresentando, ao mesmo tempo, uma determinada direção, e assim a História não pode ser dedutível e, muito menos, previsível, embora exista uma ligação de continuidade lógica, visto que a saída deve ser, simultaneamente, contingente e aceitável.

Compreender a História é seguir a História, sem deduções, corrigindo antecipações até que elas coincidam com a saída real e, se tal for conseguido, então pode-se dizer que a História é compreendida, como uma narrativa verdadeira.

Por outro lado, a explicação permite avançar na História quando a compreensão espontânea é posta em causa. Este jogo alternativo de compreensão/explicação, não constitui dois métodos opostos, senão, diferentes, porquanto se pode afirmar que a compreensão não é um método, mas um momento que, nas ciências da interpretação, se compõe com o momento metódico da explicação. Este momento antecede, acompanha, encerra e assim envolve a explicação que desenvolve, analiticamente, a compreensão. 

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades. Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.  Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.

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Venade/Caminha – Portugal, 2020

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 15 de novembro de 2020

Pressupostos para a Compreensão

A interpretação gramatical e histórica dos textos, cientificamente designada por exegese, tem uma íntima ligação à Hermenêutica, no sentido de permitir a compreensão dos mesmos. A faculdade de interpretação não é, porém, alheia ao problema de entendimentos incorretos, daí que a compreensão se tenha tornado num processo de análise e explicitação do texto.

A génese da Hermenêutica está, portanto, intimamente associada à ideia inicial de exegese, e hoje constitui uma indiscutível exigência de interpretação universal, quaisquer que sejam as culturas, ideologias e sistemas.

A explicitação do que diz o texto, concretiza-se numa estrutura circular que implica, simultaneamente, a pré-compreensão – experiência acumulada, pré-conceitos – e o horizonte – Texto (objeto) -, sendo desencadeada pela interpretação – dialética pergunta/resposta. Existe compreensão quando: há um entender-se com…; quando se dá uma fusão de horizontes, entre a Hermenêutica e o que o texto revela.

O círculo hermenêutico: o passado – pré-compreensão, tradição -; o presente – compreensão atual, horizonte do interpretante –; e o futuro – horizonte antecipado -, são os três vetores que definem e caraterizam o círculo hermenêutico, no qual se encontra objetivada a compreensão. O objeto histórico (texto) é inteligível porque se põe em relação com o intérprete, através de um fundo temporal e linguístico, que permite a comunicabilidade, o relacionamento e o entendimento.

A hermenêutica tem, forçosamente, de partir do facto de que toda a compreensão está vinculada a uma tradição, ou seja, a tradição é uma transmissão efetiva, pela qual os objetos históricos têm uma influência na nossa consciência presente e numa certa antecipação do futuro. Sem tradição não há condições para compreender, porque não se pode anular a distância temporal, pelo contrário, constitui o meio pelo qual se revela o sentido de uma coisa em toda a sua plenitude, ou, por outras palavras, não se verifica o facto consumado, mas um processo infinito.

A historicidade e a existencialidade da experiência humana, no seu mundo relacional (relação de pertença), podem construir a perspetiva pela qual se aborda o presente da compreensão, embora esta não se remeta única e exclusivamente a tal projeto.

Tradição e Cultura são aspetos do mesmo enquadramento humano no mundo, porque, efetivamente, a cultura acumula-se pela tradição, pela experiência, pelo intercâmbio entre os povos, ela é, afinal, o modo de ser, agir e pensar de um povo e, só na posse desse conhecimento, tão rico e profundo, é que a compreensão se torna possível. A cultura é, acima de tudo, um estudo prolongado, sempre renovado, sempre atualizado aos seus temas, no contexto histórico-social.

Na sua base estão sempre pressupostos, é impossível qualquer captação sem algo previamente dado, na medida em que a ausência de preconceitos e pressupostos, parece tornar-se incomportável com o modo como a compreensão opera, porque ela, além de ser uma apropriação do sentido de um texto, é, também, compreensão realizada por alguém inserido no seu próprio contexto histórico-cultural que, afinal, lê e interpreta com os seus próprios pré-conceitos. Neste aspeto, a atividade de interpretar envolve algo de ontológico, algo do seu próprio ser integrado numa cultura.

a) Perspetivas Contemporâneas – A compreensão não pode entender-se como um método, como um processo subjetivo e psicológico do homem, face a um objeto, mas, pelo contrário, como um modo de ser do próprio homem.

Não negar a importância da formulação dos princípios interpretativos corretos e, saber como é possível a compreensão, não apenas nas humanidades, mas em toda a experiência humana no mundo.

Numa outra abordagem, verifica-se uma inversão na relação epistemologia- -ontologia, ou seja, a compreensão passa da psicologia à ontologia (ao mundo), pretende explicitar a estrutura ontológica, na qual se suportam as ciências da natureza e as ciências humanas, e assim assiste-se à passagem duma compreensão parcial (ciências humanas) duma compreensão histórica, separada de uma compreensão científica, para uma compreensão ontológica.

A experiência ontológica que o homem tem do seu mundo, fundamenta o “círculo hermenêutico”, implicado na compreensão, porque: «A situação fundamental do homem no mundo pode desenvolver-se em termos de implicação e explicitação e, o chamado “círculo hermenêutico” quer designar esta situação fundamental do homem.» (ORTIZ-OSÉS, 1983:75).

A estrutura dialética não é a do sujeito/objeto, mas a de mundo e homem, porque a peculiaridade do homem não se coloca na mera inteligência, mas no seu entendimento (compreensão), isto quer dizer que a postura do homem, no seu mundo, não é de inexperiência (tábua rasa, ponto zero), mas de portador de uma pré-compreensão da realidade, o homem compreende: «A partir da própria experiência auto-interpretativa humana» (Ibid:76).

Com efeito, o “círculo hermenêutico” mostra que a antecipação de um horizonte depende, efetivamente, do passado. O compreender será atual, formulando o horizonte do presente, em comunicação efetiva com a tradição, o que denota que não há compreensão. Sem os pressupostos (ligação matriarcal) que existe por detrás de tudo.

Compreende-se, através de uma constante referência à experiência vivida (ontologia), na medida em que se percebe sempre a partir do nosso próprio horizonte. A compreensão pressupõe constantemente um movimento às coisas, ao mundo, às origens: «Uma teoria da compreensão torna-se extremamente significativa quando considera a experiência vivida – o evento da compreensão – como seu ponto de partida.» (PALMER, 1969:76-77), e o pensamento torna-se uma fenomenologia deste evento.

b) A linguagem Envolvida na Compreensão – Na verdade, a compreensão envolve sempre a linguagem, confrontação com um outro horizonte humano, um ato de penetração histórica e, exatamente por isso, o hermeneuta também se ocupa de uma teoria da compreensão linguística e histórica, tal como funciona na interpretação do texto.

Com efeito: «Compreender é uma operação essencialmente referencial; compreende-se algo quando se compara com algo que já se conhece. O homem não realiza o seu conhecimento a partir do zero, mas por meio de uma reestruturação, correcção e integração dos seus próprios ‘a prioris’ e ‘a posterioris’, por isso a interpretação é um conhecimento simultaneamente: reconstrutivo e integrativo.» (cf. ORTIZ-OSÉS, op. cit.)

O processo que permite a tensão presente/passado, a dialética pergunta/resposta, a fusão de horizontes, a revelação ontológica é, precisamente, a linguagem. Esta é o meio em que a tradição se esconde e é transmitida. Toda a experiência ocorre na e pela linguagem, há como que um acordo, ou apalavramento, originário na constituição linguística do mundo.

É neste apalavramento linguístico que se encontra a condição “sine qua non” para toda a comunicação e compreensão: «Uma antropologia que reconhece que a condição humana repousa neste acordo profundo pode, então, interpretar em função dele, a variedade de discursos sobre o homem, aliás, engendrados e geridos pela natureza dialógica deste acordo.» (ORTIZ-OSÉS, 1983:13).

Portanto, a pertença e a participação na linguagem, como meio da experiência no mundo é a verdadeira base da experiência hermenêutica. Esta, encontra a sua total realização na condição da linguagem, é uma compilação do passado, na medida em que ouvir é um poder muito maior do que ver: «A linguagem é finita e histórica, é um repositório e um condutor da experiência do ser que se tornou linguagem no passado. A linguagem tem que nos levar a compreender o texto, a tarefa da Hermenêutica é tomar a sério a linguicidade da linguagem e da experiência e desenvolver uma Hermenêutica verdadeiramente histórica.» (PALMER, 1969:215).

c) Estrutura Histórica da Compreensão - Seguramente que a compreensão possui uma estrutura intrinsecamente histórica e: «… não precisamos cair numa atitude psicologizante para defender que a compreensão não pode ser concebida independentemente das relações significativas que tem com a nossa experiência anterior» (PALMEIR, 1969:102), porque esta, como ato histórico, está sempre relacionada com o presente.

Seria demasiado ingénuo falar-se de interpretações objetivamente válidas e rigorosas, porque isso implicaria ser possível uma compreensão que partisse de um ponto de vista exterior à História. O passado não se nos pode opor como objeto de interesse puramente arqueológico, porque a autointerpretação do sujeito é apenas uma luz trémula, na corrente fechada da vida histórica, daí que os juízos prévios do indivíduo sejam mais que meros juízos: eles são a realidade histórica do ser.

Os juízos prévios traduzem a capacidade que temos para compreender a história, porque dentro ou fora das ciências não pode haver compreensão sem pressupostos, resultantes da tradição em que nos inserimos.

A tensão presente/passado é, em si mesma, essencial e frutífera em Hermenêutica. A distância temporal tem, simultaneamente, uma função negativa e positiva, porque tanto permite a eliminação de juízos prévios, como provoca o aparecimento daqueles que nos levam a uma compreensão verdadeira. Os pressupostos não são absolutos, antes sujeitos a mudança e são: positivos, quando conduzem à compreensão; negativos, quando originam mal entendimento.

d) Dialética Questão/Solução, Pretérito/Presente – Qualquer que seja a tentativa de compreender, ela implica, necessariamente, a dialética pergunta/resposta, pelo que entender, significa, precisamente, ajustar permanentemente, a pergunta, ou seja, pôr em jogo os pressupostos próprios para melhor formular a pergunta, o que envolve um jogo dialético entre leitor e texto, que faz parte da experiência mais originária do homem, cujo modo de ser é compreender.

Assim, ao interpretar o objeto (texto) o interpretante parte da sua experiência, que a coloca em jogo, por isso, os objetos históricos e os seus efeitos, participam, e influenciam, o presente, isto é, a compreensão não é uma atividade subjetiva (romantismo), mas uma inserção no processo de transmissão. A experiência hermenêutica implica, antes de mais, a participação e a pertença a uma tradição cultural, nasce da relação entre o familiar (pré-compreensão) e o estranho (texto).

Como Ser no mundo, o homem tem, forçosamente, um comportamento perante esse mundo e que inclui diálogo. É este diálogo que faz para além do ambiente, o mundo do homem. Em consequência, o homem encontra-se numa relação de pertença para com a sua experiência originária do mundo: não é sem o que já foi, sem o que já viveu e experimentou; não é sem a experiência acumulada por si e seus antepassados.

A sua experiência hermenêutica realiza-se dentro de uma tradição, numa atitude de escuta e interpretação. A estrutura dessa experiência assenta no acontecer da linguagem, inserta numa tradição cultural. A História é a que primeiramente interpreta. Importa trazer à linguagem os princípios determinantes da vivência cultural do homem, o qual vive numa relação de pertença com a dialética passado/presente, pergunta/resposta, pondo em confronto os pré-conceitos do interpretante.

Ao falar-se da tradição cultural, como condição do ato de compreender, é interrogar-se pelos últimos pressupostos, que tornam possível o entender e a verdade enquanto tal. Sem a cultura não é mais possível ao homem integrar-se num processo evolutivo; qualquer que seja o apadrinhamento de tal processo; quaisquer que se verifiquem as ideologias que lhe estão subjacentes. O analfabeto, o inculto, tal como o imbecil, não compreendem a verdade do texto, precisamente porque lhes falta o alimento cultural.

 

Bibliografia

 

ORTIZ-OSÉS, Andrés, (1983). Antropologia Hermenêutica. Tradução, L. Ferreira dos Santos. Braga: Eros.

PALMER, Richard E., (1969). Hermenêutica. Tradução, Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa: Edições 70

 

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domingo, 8 de novembro de 2020

Compreensão e Linguagem

 A Hermenêutica aparece, historicamente, ligada à exegese dos textos e à compreensão dos mesmos. Surgiu o problema porque sempre existiu a possibilidade de mal entendimento (interpretação). A compreensão tornou-se um processo de análise e explicitação do texto. Nascida como exegese, a Hermenêutica apresenta-se, hoje, como exigência de interpretação universal.

A compreensão, além de ser uma apropriação do sentido de um texto é, também, compreensão realizada por alguém, inserido no seu próprio contexto histórico e cultural, que lê e interpreta com os seus pré-conceitos. É neste aspeto que a atividade de interpretar envolve algo de ontológico.

A compreensão envolve, constantemente, a linguagem, a confrontação com um outro horizonte humano, um ato de penetração histórica, por isso, a Hermenêutica abarca uma teoria da compreensão linguística e histórica, tal como funciona na interpretação do texto. Compreender é uma operação essencialmente referencial; compreende-se algo quando se compara com algo que já se conhece.

Toda a tentativa de compreender implica, necessariamente, a dialética pergunta/resposta, e entender significa ajustar constantemente a pergunta, isto é, pôr em jogo os pressupostos próprios, para melhor formular a pergunta; provoca este jogo dialético entre leitor e texto, que faz parte da experiência mais originária do homem, cujo modo de ser é compreender.

A linguagem é o meio em que a tradição se esconde e é transmitida. Toda a experiência ocorre na e pela linguagem. O homem tem um mundo, e vive no seu mundo, por causa da linguagem. Há, por assim dizer, um acordo, ou apalavramento, originário na constituição linguística do mundo, e é neste apalavramento linguístico (coletividade cultural) que se encontra a condição “sine qua non” para toda a comunicação e compreensão.

Como interpretação primeira da realidade e do homem, a linguagem ultrapassa uma mera razão histórica (fundista de horizontes), e torna-se numa razão hermenêutica (razão crítica), auscultadora da verdade da linguagem, como apalavramento da realidade. Perante a tendência esteticista de GADAMER, segundo a qual há que trazer tudo à linguagem, para proceder à sua revelação, há que opor uma tendência complementar, segundo a qual há que desenvolver criticamente a linguagem ao todo da realidade.

O homem vive numa permanente dependência duma interpretação do passado, e assim se ousa designar o homem de “animal hermenêutico”, que se compreende a si mesmo, em termos de interpretação de uma herança que está constantemente presente, ativante em todas as suas ações e decisões.

Interpreta e está sempre interpretado em relação ao mundo que constrói e em que vive, por isso, a sua existência como interpretante imerge no pré-conceito (experiência), porque o homem esteve, está e estará sempre carregado desta experiência tradicional, que pavimenta e sustenta a sua possibilidade de compreender.

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.  Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.

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domingo, 1 de novembro de 2020

O Jogo Dialético

Toda a tentativa de compreender implica, necessariamente: a dialética pergunta/resposta; e entender significa ajustar constantemente a pergunta, isto é, pôr em jogo os pressupostos próprios, para melhor formular a pergunta; provoca este jogo dialético, entre leitor e texto, que faz parte da experiência mais originária do homem, cujo modo de ser é compreender.

Ora, ao interpretar o objeto (texto), o interpretante parte da sua experiência que se põe em jogo, por isso, os objetos históricos e os seus efeitos participam e influenciam o presente, quer dizer: a compreensão não é uma atividade subjetiva (romantismo), mas uma inserção no processo de transmissão; a experiência hermenêutica envolve, antes de mais, a participação e a pertença a uma tradição cultural; e emerge da relação entre o familiar (pré-compreensão) e o estranho (texto).

O meio permite a tensão presente/passado, a dialética pergunta/resposta, na fusão de horizontes (GADAMER). A revelação ontológica (HEIDEGGER) é, precisamente, a linguagem. Esta fornece o suporte, no qual e sobre o qual, os horizontes se podem encontrar.

A linguagem é o meio em que a tradição se esconde e é transmitida. Toda a experiência ocorre na e pela linguagem. O homem tem um mundo e vive no seu mundo, por causa da linguagem. Há, por assim dizer, um acordo, ou apalavramento originário, na constituição linguística do mundo, e é neste apalavramento linguístico (coletividade cultural), que se encontra a condição “sine qua non” para toda a comunicação e compreensão: «Uma antropologia que reconhecer que a condição humana repousa neste acordo profundo pode, então, interpretar em função dele a variedade de discursos sobre o homem, aliás, engendrados e geridos pela natureza dialógica deste acordo.» (ORTIZ-OSÉS, 1983:13).

Assim, a pertença e a participação na linguagem, como meio da experiência humana no mundo, é a verdadeira base da experiência hermenêutica. Como ouvir é um poder muito maior do que ver (GADAMER), e como a linguagem é o repositório do passado, e o meio que existe para o conhecer, é na audição da linguagem, que a experiência hermenêutica encontra a sua total realização: «A linguagem é finita e histórica, é um repositório e um condutor da experiência do ser que se tornou linguagem no passado. A linguagem tem que nos levar a compreender o texto, a tarefa hermenêutica é tomar a sério a linguisticidade da linguagem e da experiência e desenvolver uma Hermenêutica verdadeiramente histórica.» (PALMER, 1969:215).

O homem, como ser no mundo, tem, forçosamente, um comportamento perante esse mundo, conduta que implica diálogo. É este diálogo que faz, para além do ambiente, o mundo do homem. A linguagem representa o ponto de partida, comum da experiência do mundo e da prática hermenêutica.

Consequentemente, o homem encontra-se numa relação de pertença para com a sua experiência originária do mundo (ligado ao matriarcal), não é sem o que já foi, sem o que já viveu e experimentou, não é sem a experiência acumulada por si e seus antepassados.

A sua experiência hermenêutica realiza-se dentro da linguagem e dentro duma tradição, numa atitude de escuta e interpretação, a estrutura desta experiência assenta no acontecer da linguagem, inserta numa tradição cultural. A história é que primeiramente interpreta: «Esta história, sujeito da nossa própria interpretação, acaba por ser linguagem, texto a comprovar, jogo a conjugar, diálogo a realizar» (Ibid:56).

A transferência da questão hermenêutica de uma Gnoseologia a uma Ontologia da linguagem (GADAMER) não é o suficiente, no entender de ORTIZ-OSÉS, porque esta mesma fica prejudicada. ao ser entendida em “perigosa” circularidade. A linguagem não é uma mera dialética histórica, uma vez que para além da sua função “imediadora”, o objetivo e o subjetivo se “disputam”.

Como interpretação primeira da realidade e do homem, a linguagem ultrapassa uma mera razão histórica (fundista de horizontes), e torna-se numa razão hermenêutica (razão crítica), auscultadora da verdade da linguagem, como apalavramento da realidade.

Perante a tendência esteticista de GADAMER, segundo a qual tem que trazer tudo à linguagem, para proceder à sua revelação, há que opor uma tendência complementar, segundo a qual é necessário desenvolver, criticamente, a linguagem ao todo da realidade, porque: «Se o que somos é um diálogo, a verdade do diálogo não radica num falar para não estar calado – onde tudo é simultaneamente verdade e mentira -, mas falar para calar, onde algo é mais ou menos verdadeiro e falso.» (ORTIZ-OSÉS, 1983:59).

Importa trazer à linguagem os princípios determinantes da vivência cultural do homem. A filosofia grega apresenta-se como a trave mestra, como a origem matriarcal do mundo ocidental. Ora, como dependentes e participantes, encontramo-nos imersos nesta tradição, vivendo efetivamente as consequências (negativas e positivas), da experiência e do pensamento grego.

Mas mais importante que a pura contemplação do mundo, da receção da cultura tradicional e da dialética integradora desta mesma tradição, é a conversão e transformação do mundo. Por isso, ORTIZ-OSÉS propõe-se, através da mediação hermenêutica, atribuída à linguagem (proto interpretação), transformar a tensão matriarcal/patriarcal, em fatriarcado (diálogo crítico).

Através da linguagem, o mundo humano é interpretado entre o mito e o logos (CASSIRER). É nesta tensão mito/lógica, que se encontra na linguagem a dialética pertença/conquista. A Hermenêutica Filosófica aparece, assim, como uma interlinguagem crítica e mediadora (Razão Hermenêutica), entre o senso comum (mito), e o pensamento lógico (logos). A Hermenêutica mediatiza dialeticamente o polo ontológico da experiência do mundo, e o polo lógico-racional da ciência.

A metafísica clássica, está intimamente ligada e condicionada pelo sistema sociopolítico, em que se insere (matriarcalismo e patriarcalismo), e a metafísica Hermenêutica está ligada a uma estrutura fatriarcalista, isto porque a Metafísica Hermenêutica, não se pode reduzir a um corpo teorético, a uma simples e passada interpretação da realidade, mas sim a uma atividade prática de transformação da realidade humana. A nova Metafísica Hermenêutica será, então, um novel tipo de linguagem, que leva a cabo uma articulação totalizadora do universo do discurso humano.

O homem vive numa permanente dependência duma interpretação do passado, e assim se ousa designar o homem de “animal hermenêutico”, que se compreende a si mesmo, em termos de interpretação de uma herança que está constantemente presente, ativante em todas as suas ações e decisões.

Interpreta, e está sempre interpretado em relação ao mundo que constrói, e em que vive, por isso, a sua existência como interpretante imerge no pré-conceito (experiência), porque o homem esteve, está e estará sempre carregado desta experiência tradicional, que pavimenta e sustenta a sua possibilidade de compreender.

Há que entender que: os pré-conceitos são sempre o ponto de partida; e que a linguagem é o reservatório e o meio de comunicação da tradição; a linguagem e a história não estão, somente, relacionadas, mas também misturadas: «Não é o tempo quem dirá as coisas – o tempo diz apenas o que a linguagem sabe» (ORTIZ-OSÉS, 1983:26).

O homem vive numa relação de pertença com a tradição, a partir da qual elabora, segundo as normas transmitidas, um discurso que retoma e altera através da dialética: passado/presente; pergunta/resposta, e pondo em jogo os pré-conceitos do interpretante.

A compreensão, o novo sentido, a nova visão (pensar) corresponderá a um processo de integração gradativa, que se vai tornando inteligível no contexto do discurso pré-elaborado.

Mas esta linguagem implicada no ato de compreender, não deve tornar-se, apenas, num meio transmissivo, deve ser uma linguagem crítica (razão crítica), transformadora da realidade, isto é, a conjugação entre reconstrução e integração implicada (círculo hermenêutico), tem que ser pensada, criticamente, através da linguagem.

Falar da tradição cultural como condição “sine qua non”, no ato de compreender, é perguntar pelos últimos pressupostos (paradigmas e pré-paradigmas, segundo KHUN), que tornam possível o entender e a verdade como tal, circunstância fundamental para uma teoria da ciência.

Bibliografia

ORTIZ-OSÉS, Andrés, (1983). Antropologia Hermenêutica. Tradução, L. Ferreira dos Santos. Braga: Eros.

PALMER, Richard E., (1969). Hermenêutica. Tradução, Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa: Edições 70 

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