domingo, 24 de junho de 2018

A Reflexão Como Método de Interdisciplinaridade


Não carece de prova científica, porque é do conhecimento público, que as ciências exatas se mostram incapazes para resolver determinados problemas que fazem sofrer a humanidade e, alguns deles, até conduzem à morte, em grande escala, muitas pessoas, em todo o mundo.
A mentalidade técnico-positivista tem desvalorizado muitos ramos do saber e as ciências da saúde, por exemplo, revelam dificuldades em aceitar toda e qualquer intervenção que sai do âmbito científico da medicina convencional, duvidando das possibilidades, e mérito, das denominadas medicinas alternativas, de base natural e processos, por vezes, esotéricos.
A verdade, porém, é que o mundo se compõe do natural, do artificial e do espiritual ou sobrenatural. Ignorar estas realidades em nada ajuda, e ninguém beneficia, como igualmente seria prejudicial não reconhecer os excelentes progressos realizados pela ciência e pela técnica, em quase todos os domínios da intervenção humana.
O aparente complexo de superioridade, mesclado com alguma arrogância tecnocrática, que ainda se detetam em diversos profissionais, revela, afinal, que lhes faltam a preparação e formação de base, indispensáveis à pessoa verdadeiramente humana e que, muito embora com mérito, profissionalismo e atualização, resolvam muitos problemas, ao nível do indivíduo e da sociedade, continuam a mostrar-se incompetentes para as questões do foro íntimo das consciências, dos males que perturbam os espíritos, e que conduzem a problemas psico-sociais, para os quais as terapias disponíveis, ao nível das ciências exatas, não têm sido suficientes.
Importa, por isso, que se avance para a interdisciplinaridade entre as ciências exatas, e outros ramos do conhecimento empírico, e da reflexão estruturada, sistematizada e permanente.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, a posse de competências estritamente profissionais, numa determinada área de especialização científica, por si só, é insuficiente para se melhorar o relacionamento humano, e o bem-estar individual e coletivo.
Uma bem organizada polivalência, envolvendo várias competências, inclusivamente nos domínios sociais, pessoais e reflexivos, pode ser um primeiro passo para a desmitologização de certos paradigmas científicos, na medida em que: «Competências pessoais, profissionais e sociais constituem um grande potencial latente, em parte não utilizado, em parte por ser desenvolvido, nas pessoas, nas organizações e nas comunidades.» (RESENDE, 2000: XII).
A participação na construção de um mundo mais humano, compatível com os superiores valores que enformam o indivíduo, enquanto pessoa de deveres e direitos, não é exclusiva deste ou daquele profissional, desta ou daquela tese, desta ou daquela técnica. O contributo dos diferentes saberes é essencial para elevar toda a humanidade ao estatuto que lhe é devido e, consequentemente, superior à restante animalidade.
Uma tal elevação, no sentido da pessoa humana viver num ambiente de grande felicidade, harmonia e paz estáveis, naturalmente que necessita da cooperação de todos os saberes: ser, estar, fazer e conviver-com-os-outros, todos eles controlados por duas faculdades carateristicamente humanas: pensamento e raciocínio, os quais comandam, inclusivamente, todos os órgãos dos sentidos humanos: «Pensamentos e raciocínios são sentidos, porém, muito mais sofisticados que os da visão, audição, olfato, tato, e gosto, uma vez que são os atributos e determinantes maiores e essenciais da própria vida humana.» (COLETA, 2005:14).
Importa valorizar o conhecimento, que pela conjugação reflexiva e do raciocínio se vai construindo no espírito de cada pessoa e, posteriormente, desfrutado, discutido e validado, nos aspetos que se compatibilizam com as ciências, as técnicas e tecnologias descobertas, postas à disposição e ao serviço da humanidade, no sentido do bem-comum.
Recolocar a Filosofia no lugar que, desde há mais de 2500 anos, lhe é devido, é uma medida que deve ser tomada, de imediato, por todos quantos têm responsabilidade na educação, formação e bem-estar das pessoas, desde já o bem-estar emocional, psicológico, intelectual e social.
Estimular, a partir da família, da escola, da Igreja, da empresa e dos meios de comunicação, para o pensamento positivo, aqui entendido como reforço da auto-estima, da dignidade, da felicidade individual e coletiva, poderá ser outra medida que, também através da Filosofia, possa conduzir a um bem-estar geral, beneficiando, inclusivamente, de tudo o que há de positivo nas ciências exatas, refletindo sobre o seu melhor aproveitamento.

Bibliografia

COLETA, António Carlos Dela. Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio Claro, SP – Brasil: Graff Set, Gráfica e Editora. 2005.
RESENDE, Enio. O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark. 2000.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo


domingo, 17 de junho de 2018

Os Que Podem, ajudem os que Precisam


A dinâmica do progresso, praticamente a todos os níveis da sociedade e em todos os setores da atividade humana, vem ganhando uma tal constância que será difícil inverter, ou mesmo parar, este movimento que, adjetivamente, já se concetualiza como: aldeia global, globalização, mundialização, universalização, em domínios como a economia, o comércio, a ciência, as tecnologias, a comunicação.
As barreiras à livre circulação de ideologias, à liberdade de pensamento e de expressão vão desaparecendo. As fronteiras físicas e fiscais têm vindo a diluir-se entre alinhados, não-alinhados, blocos intercontinentais e outras formas facilitadoras da liberdade de circulação, muito embora, alguns países, persistam em diversas formas de proteção aos bens a importar ou a exportar.
Apesar das grandes aberturas e profundas alterações no relacionamento interpessoal entre cidadãos, governos, religiões e instituições diversas internacionais, ainda não se atingiu a cidadania universal, caraterizada pela livre circulação e fixação de pessoas, bens e capitais, em qualquer território., existindo, ainda, interdições à entrada e fixação de pessoas, oriundas de países, eventualmente, ligados a organizações terroristas.
Por outro lado, os interesses geopolíticos e geoestratégicos dos países e os ainda exacerbados individualismos, egoísmos, etnocentrismos, narcisismos e outras formas de dominação e discriminação, continuam bem interiorizados em certas mentes e culturas, impedindo a concretização de um desígnio universal: o homem livre, num mundo livre, que pertence, afinal, ao Criador.
O progresso, no seu conceito mais otimista, correspondendo ao desenvolvimento positivo, sustentado, tendente para um melhor nível e qualidade de vida dos cidadãos, não tem correspondido às justas expetativas da esmagadora maioria da população mundial, pois é sabido que a vala que separa ricos e pobres é cada vez mais larga e funda, na medida em que, muitos dos ricos aumentam desmesurada e inexplicavelmente as suas fortunas, enquanto a maioria dos pobres se aproxima, rápida e perigosamente, do limiar da miséria, das diversas formas de exclusão, de situações gritantemente desumanas, sem que se vislumbrem soluções que invertam esta tendência catastrófica.
A vida é cada vez mais agitada e incerta para a maioria das pessoas, para poderem sobreviver com alguma dignidade e conforto material, tentando garantir, àqueles que delas dependem, um mínimo de condições biosociais, relativamente à melhor preservação da vida física e disporem de uma situação de relativa tranquilidade, no acesso aos bens de primeira necessidade, como: a saúde, a alimentação, a educação, o trabalho, a habitação a cultura.
A dificuldade ou a impossibilidade de aceder a alguns ou diversos destes bens, de primeiríssima necessidade, provoca nas pessoas grande ansiedade, incertezas, sentimentos de desânimo e de revolta, de tentativas múltiplas para acabar com certo tipo de situações e, no limite, com a própria vida.
Nunca se recorreu tanto aos medicamentos do tipo “antidepressivos”, “calmantes”, drogas para levar estes doentes, por algumas horas, para um mundo de fantasia, de sonho, de facilidades e esquecimento de uma vida real indigna, porém, o regresso à realidade, passado o efeito do produto, é ainda mais doloroso e preocupante. Aos que podem, pede-se-lhes atitudes de generosidade.
Nunca os laboratórios farmacêuticos terão produzido tanta e tão diversificada gama de medicamentos, os quais, juntamente com outros intervenientes, nomeadamente ao nível da alimentação, dos cuidados primários de saúde, a higiene e prevenção, têm contribuído para um significativo aumento da esperança de vida, praticamente em todo o mundo.
O combate às doenças com potentes medicamentos, com campanhas maciças de vacinação, e com o avanço da medicina especializada, novas técnicas e instrumentos de cirurgia, em muito têm contribuído para que a vida humana se prolongue e, se possível, com redução do sofrimento físico.
As doenças atuais do corpo físico, porém, estão longe de serem vencidas, embora muitas outras já tenham sido erradicadas em muitos países. Mas as doenças estudadas, e em parte solucionadas pelas ciências exactas, como a biologia, a genética, a medicina geral e suas diversas especializações, são apenas uma parte dos males que atormentam a humanidade.
Um outro conjunto de situações que provocam imenso sofrimento, e até conduzem ao suicídio, continuam, porém, sem boas e eficazes soluções ou, pelo menos, sem avanços significativos que possam garantir estabilidade psico-emocional, uma vida equilibrada e digna.
Perturbações do foro mais íntimo de cada pessoa, resultantes de dificuldades diversas, de obstáculos que surgem, de problemas que: uns, não se sabe como surgem; outros, conhecem-se as causas mas, ignoram-se as consequências e a solução, os quais continuam a afetar, cada vez, mais indivíduos, famílias e até algumas comunidades a caminho da desintegração social.
Quais os remédios? Quais as intervenções? Quem poderá ajudar a minimizar e, posteriormente, resolver situações verdadeiramente dramáticas? Para estas e outras questões, para as quais ainda não foram encontradas respostas, pode-se tentar experimentar algumas soluções práticas, ao nível da reflexão, das boas leituras, das boas práticas, boas no sentido em que possam conduzir ao relaxamento físico-mental, à meditação transcendental, numa perspetiva divinizante.
A leitura: de biografias de grandes vidas; de obras clássicas e paradigmáticas; de máximas universais; de casos concretos, que foram resolvidos sem o recurso à farmacologia química convencional, pode ser uma excelente alternativa, porém, por si só, ainda é insuficiente para resolver os problemas.
A análise diária das obras dos diversos filósofos, teólogos, entidades divinas e santificadas, em cujos textos se procura enquadrar os diferentes problemas e situações, também pode contribuir para amenizar muitas dificuldades, ainda não solucionadas por outros processos, e pelas ciências exactas, técnicas e tecnologias mais avançadas.


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo



domingo, 10 de junho de 2018

Camões: o Poeta Maior

Neste dia, direcionado às comemorações do “Dez de junho”, é importante, e benéfico, destacar a riqueza dos recursos humanos Portugueses, bem como de todas as pessoas que escolhem Portugal para se envolverem na investigação científica e tecnológica, porque é sabido que em todos os países do mundo há Portugueses a desempenhar funções de grande responsabilidade, que exigem conhecimentos profundos, experiência comprovada e resultados substanciais, nas áreas profissionais em que exercem as suas atividades.
Atualmente, quem reside em Portugal, apesar dos fracos recursos materiais e financeiros, ainda assim, sabe que: pode usufruir de um serviço nacional de saúde, tendencialmente gratuito; de um sistema de educação público que é de excelente qualidade, seja nos ciclos obrigatórios, seja no superior; igualmente pode beneficiar de formação continua e profissional de elevada qualidade e atualização permanentes, através dos cursos médios ou superiores, estes ministrados pelos Institutos Superiores Técnicos.
Acredita-se que, esteja para breve, um novo projeto para qualificar as pessoas, não nos moldes da Iniciativa Novas Oportunidades, de resto, de excelentes resultados, mas incompreensivelmente desmantelada, em agosto de 2012. O projeto Qualifica, assim designado, a implementar ainda este ano de 2017, terá metodologias, estratégias, conteúdos e avaliações diferentes.
Existem, portanto, inúmeras razões para Portugal ser considerado um país de futuro, em que uma certa tranquilidade, bastante segurança, perspetivas de melhoria das condições de vida para toda a população, enfim, um espaço europeu de grande evolução científica, tecnológica e económica, assim o desejem os responsáveis: governantes, empresários, instituições, organizações de qualquer natureza legal, e a denominada sociedade civil, com todo o peso da sua cultura.
Neste dia, elogiamos, também, com total justiça, mérito e orgulho o poeta maior da língua que une mais de duzentos milhões de falantes, para além de já ser considerada um dos principais idiomas, atualmente utilizado nos grandes fóruns internacionais. Num aparte, que muito me honra, Luís Vaz de Camões, é o meu patrono na Academia Lavrense de Letras – Lavras-MG – Brasil, na qual ocupo a cadeira perpétua Nº XXI e também as funções de correspondente internacional.
Invocando, agora, um pouco, a figura impressionante do Grande Poeta Lusitano, Luís Vaz de Camões, deve-se incluir neste trabalho uma resumida biografia deste Ilustre Português.
Assim: «Luís de Camões (1524-1580) foi um poeta português. Autor do poema "Os Lusíadas", uma das obras mais importantes da literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal. É o maior representante do Classicismo português. Luís de Camões (1524-1580) nasceu em Coimbra ou Lisboa, não se sabe o local exato nem o ano de seu nascimento, supõe-se por volta de 1524. (…), ingressou no Exército da Coroa de Portugal e em 1547, embarcou como soldado para a África, onde participou da guerra contra os Celtas, em Marrocos, e em combate perde o olho direito.
Em 1552, de volta a Lisboa frequentou tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Numa briga, feriu um funcionário real e foi preso. Embarcou para a Índia em 1553, onde participou de várias expedições militares. Em 1556, foi para a China, também em várias expedições. Em 1570, voltou para Lisboa, já com os manuscritos do poema "Os Lusíadas", que foi publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião.
O poema "Os Lusíadas", funde elementos épicos e líricos e sintetiza as principais marcas do Renascimento português: o humanismo e as expedições ultramarinas. Inspirado em A Eneida de Virgílio, narra fatos heroicos da história de Portugal, em particular a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama. No poema, Camões mescla fatos da História Portuguesa à intrigas dos deuses gregos, que procuram ajudar ou atrapalhar o navegador.
Um aspecto que diferencia Os Lusíadas das antigas epopeias clássicas é a presença de episódios líricos, sem nenhuma relação com o tema central que é a viagem de Vasco da Gama. Entre os episódios, destaca-se o assassinato de Inês de Castro, em 1355, pelos ministros do rei D. Afonso IV de Borgonha, pai de D. Pedro, seu amante.
Luís de Camões é o poeta erudito do Renascimento, se inspira em canções ou trovas populares e escreve poesias que lembram as cantigas medievais. Revela em seus poemas uma sensibilidade para os dramas humanos, amorosos ou existenciais. A maior parte da obra lírica de Camões é composta de sonetos e redondilhas, de uma perfeição geométrica, sem abuso de artifícios, tudo parece estar no lugar correto.
Uma das amadas de Camões foi a jovem chinesa Dinamene, que morreu afogada em um naufrágio. Diz a lenda que Camões conseguiu salvar o manuscrito de Os Lusíadas, segurando com uma das mãos e nadando com a outra. Camões escreve vários sonetos lamentando a morte da amada. O mais famoso é "A Saudade do Ser Amado". Camões deixou além de "Os Lusíadas", um conjunto de poesias líricas, entre elas, "Os Efeitos Contraditórios do Amor" e "O Desconcerto do Mundo", e as comédias "El-Rei Seleuco", "Filodemo" e "Anfitriões”. Luís Vaz de Camões morreu em Lisboa, Portugal, no dia 10 de junho 1580, em absoluta pobreza.» (in: https://www.ebiografia.com/luis_camoes/ ).
Decorridos que estão quase quatrocentas e quarenta anos, após o seu desaparecimento físico, a sua memória, o seu inigualável legado e o seu projeto aglutinador, esses estão bem vivos, bem atuantes, cada vez melhor reconhecidos além-fronteiras porque entre os falantes da língua portuguesa, nos quatro quantos do mundo desde há séculos, o número não para de aumentar e hoje, 2018 o conceito de LUSOFONIA é um recurso linguístico que ada vez mais enaltece Luiz Vaz de Camões e a Língua Portuguesa.


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo


                                                                https://www.facebook.com/ermezindabartolo