segunda-feira, 29 de junho de 2020

Trabalhos literários publicados em junho de 2020


Ilustres autoras/res. Estimadas/os leitoras/res. Prezadas/os amigas/os.

Os artigos publicados, nesta fase da minha vida, são da minha exclusiva autoria e responsabilidade, porém: atualizados, desdobrados, alguns com novos títulos,  e divulgados várias vezes, para serem lidos, interiorizados por mais pessoas e, assim, se alcançarem, paulatinamente, os objetivos que eu pretendo: Paz, Direitos Humanos, Liberdade, Igualdade, Solidariedade, respeito e Gratidão, pela Dignidade da Pessoa Humana. Nestas circunstâncias, os trabalhos que foram difundidos neste mês, abaixo identificados, dedico-os a quem estiver recetivo a estes valores humanistas.


BIOGRAFIA E BIBLIOGRAFIA LITERÁRIA DO AUTOR, ATUALIZADAS

O estatuto sublime e dignificante da mãe

http://www.webartigos.com/autores/diamantino.bartolo@gmail.com

O Homem Contemporâneo na Relação do Eu-Tu     
Limites da Ciência
A Responsabilidade da vitória
Sedução Política
Cultura de uma ética dos deveres
Profissionalismo. Normas, Metodologias, Deveres e Favores
Linhagem e Sensualidade
A Maturidade adquirida através da Filosofia
Democracia fortalecida com Cidadãos bem formados
Estratégias de Ajuste e de Assertividade
A criança e a sociedade contemporânea
http://diamantinobartolo.blogspot.com/2020/06/a-crianca-e-sociedade-contemporanea.html https://www.facebook.com/100004672628759/posts/1572056829626723/  
Pode-se ser um Vencedor? 
O Anticristo
A Comunidade Fundamentada na Família
Vencer a Crise com a Fé no Progresso
O Estado e os Cidadãos
Vitalidade para Avaliar Ocasiões
A Sociedade Alicerçada na Família
Métodos de Tomada de Deliberação para Resolver Dilemas
Preconceitos contra pessoas idosas
Controlo do Destino Humano
“Saber-fazer” por si só, não constitui um valor absoluto
Estado Paradigma
Rentabilizar Habilidades
Democracia
Ensino para a Renovação, com Poder e Obrigação
Desenvolver-se com as Ideias
Instrução Comunicacional
Cultura da Ponderação e da Obrigação
Espírito Participativo, através da palavra escrita

Aceitem por favor: https://youtu.be/pTilJu2Wp78
  

Caminha – Portugal, 2020
Com o protesto da minha perene GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG

sábado, 27 de junho de 2020

Contextualização Silvestrina sobre os Direitos Humanos

Constitui um desafio estimulante, decorridos mais de cento e setenta e quatro anos após a sua morte, estabelecer a ligação do pensamento político-filosófico de Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846) com a avassaladora importância dos Direitos Humanos na época contemporânea.
Afinal, trata-se de um percurso que, iniciando-se em finais do século XVIII, atravessará os séculos XIX e XX para, no início do atual século XXI, estamos já a meados da segunda década, debater, sistematicamente, apelar e firmemente condenar, tudo e todos os que violam direitos fundamentais do homem.
Todavia, verifica-se tratar-se de um tema que, não sendo novo, continua cada vez mais a preocupar os responsáveis mundiais, principalmente aqueles que estão sensibilizados para cooperar com as organizações e com a sociedade solidária e livre.
Neste trabalho e nos que se seguem, procurar-se-á desenvolver o melhor possível a problemática dos Direitos Humanos, recorrendo-se ao luso-brasileiro de referência, Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846) corroborado pelos diferentes autores, nacionais e brasileiros, no âmbito da Filosofia da Educação e Política, em contexto democrático. De uma forma simples e coerente, reflete-se sobre o mérito da vida e obra de Pinheiro Ferreira, sem a necessidade de o invocarmos paradigmaticamente.
No que hoje se denomina por “Direitos de Primeira Geração”, tais como a liberdade, nos seus vários aspetos (circulação, pensamento, consciência, expressão), a propriedade, principalmente a privada, móvel e/ou imóvel, já Silvestre Pinheiro Ferreira, há quase dois séculos, os invocava, sem, contudo, os classificar, nesta ou naquela geração.
Não só a partir das suas principais obras: “Manual do Cidadão em um Governo Representativo” e “Declaração dos Direitos e Deveres do Homem e do Cidadão”, respectivamente de 1834 e 1836, como também resulta da sua vida e comportamento, descortinar-se direitos inalienáveis que ele muito bem nomeou e desenvolveu: Liberdade, Segurança e Propriedade, este último, aliás, tão caro aos liberais e à burguesia.

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

domingo, 21 de junho de 2020

Ensino para a Renovação, com Poder e Obrigação

Neste primeiro quarto do século XXI tem-se verificado algumas evidências que podem explicar, em parte, a situação mundial de permanente conflitualidade, possivelmente, a um exacerbar dos diversos individualismos e egoísmos que, por sua vez, não serão alheios aos sistemas político-educativos vigentes, nos últimos 30/40 anos, fundados em alguns novos valores materiais e esquecimento, preconceituoso, daqueles que, secularmente, vinham sendo ensinados e transmitidos.
 Uma educação, com objetivos técnico-científicos, justificada pela necessidade do saber-fazer que não foi, equitativamente, acompanhada pelos desígnios axiológicos, ético-morais do Saber-ser e do Saber-estar. Optou-se por uma educação para a mudança tecnológica, para uma sociedade do conhecimento, da informação e do consumo, certamente, muito importante, mas relativamente empobrecida pela pouca insistência e relevância dos domínios humanísticos e clássicos.
A educação e formação profissional que hoje for ministrada às crianças, adolescentes e jovens, serão responsáveis pelo que no futuro venha a acontecer, quando estas gerações ocuparem os diversos poderes de decisão, porque: «A cultura de individualismo é uma fonte de preocupações para a experiência escolar dos alunos, para a sua satisfação com a mesma e para a vontade de continuar. É, também, uma preocupação a longo prazo, antecipando-se o tipo de adultos em que se podem tornar estes estudantes isolados e individualistas. Farão parte de uma “geração eu” futura – individualista, materialista, hedonista e autocentrada.» (HARGREAVES, EARL & RYAN, 2001:48).
E se por um lado, a educação para a mudança, que se deseja e se considera inadiável, deverá incluir a família, como o primeiro e grande agente socializador da criança, porque é na família que ela vai adquirir os primeiros hábitos, regras, valores, comportamentos e, desejavelmente, um Saber-estar e um Saber-ser, na vida;
 Por outro lado, coloca-se, entretanto, a grave situação em que a instituição familiar vem mergulhando, desde há várias décadas. Por razões várias, a família nuclear – pai, mãe, filhos – cada vez se dissolve mais rapidamente, ou nem sequer chega a constituir-se, sendo substituída pelas famílias monoparentais e pelas uniões de facto.
As famílias nucleares, que ainda se mantêm completas e coesas, comungando objetivos comuns de segurança, afetividade, alimentação, parentesco, solidariedade e união amorosa, por sua vez, muitas delas, não estão suficientemente preparadas para darem uma educação compatível com a mudança que se preconiza.
Igualmente se deve considerar, ainda, o exercício da autoridade no seio da família, a qual também terá sido bastante enfraquecida, não tanto pela partilha de tarefas entre os cônjuges, talvez mais porque a ocupação dos pais e encarregados de educação os obrigam a longas ausências perante os filhos, procurando, depois, compensá-los com um conjunto de facilidades e objetos do gosto das crianças, reduzindo, muito, até por uma questão moral, a imposição de determinados valores, princípios e regras, o que prejudica o exercício da autoridade.
A alegada infalibilidade da ciência e da técnica; a tão propalada insubstituabilidade destes domínios; um certo preconceito de superioridade reinante em algumas comunidades, dificultam a urgente interdisciplinaridade entre ciência, técnica, conhecimentos abstratos, subjetividade de análises e posições, quando, em boa verdade, não parece existir incompatibilidade entre aqueles domínios.
O princípio a partir do qual todos devem trabalhar é considerar que a pessoa humana é um todo, indivisível, único, irrepetível e não uma qualquer máquina, composta por várias peças, comandadas à distância e programada para determinadas tarefas, num tempo previamente fixado. É esta mudança que urge introduzir na educação das crianças, dos adolescentes, dos jovens, dos adultos e até dos mais idosos.
Uma educação para a mudança, em termos de valores que jamais deveriam ter sido esquecidos, como a Autoridade. O exercício da Autoridade permite criar e manter um clima de segurança, de confiança e de proteção.
Autoridade também na execução de funções profissionais, enquanto sinónimo de competência, de conhecimento, de eficácia na obtenção de resultados. Autoridade, ainda, como cidadãos, membros de instituições, a começar na instituição mais antiga e importante: a família, mesmo com todas as dificuldades que ela atravessa.
O exercício da autoridade dos pais não anula a autoridade dos filhos, porque o cumprimento dos deveres de uns equivale à fruição dos direitos dos outros. Com efeito: «Para poderem cumprir dignamente esta difícil tarefa, os pais têm de fazer sentir a sua autoridade amorosa, obrigando os filhos a comportarem-se de certa maneira, impondo-lhes determinados princípios de actuação ou submetendo-os a uma vida disciplinada. Todavia, se se deve fazer sentir a autoridade paterna e materna, esta não se pode considerar como um peso que esmaga ou abafa a personalidade infantil ou que estrangula o espírito de iniciativa e a confiança em si mesmo.» (ALVES, 1991:9).
Educar crianças com autoridade significa incutir-lhes, simultaneamente, um outro valor que é o Respeito. A autoridade dos pais, exercida com tolerância e firmeza, amor e disciplina, liberdade e obediência, contribuirá para, no futuro, aquela criança saber exercer, quando adulta, este valor superior, com idênticos parâmetros, em quaisquer papéis que vier a desempenhar, sabendo sempre colocar-se na posição que lhe compete, sem usurpar os direitos dos seus semelhantes.
A criança que hoje se construir será o adulto que amanhã governará o mundo, por isso, todo o investimento será pouco para a mudança que se impõe, para uma nova família, uma nova escola, uma nova sociedade.
Tudo passará pela educação integral, assumindo-se a pessoa como a entidade mais importante entre todos os seres existentes neste planeta. Aos educadores das crianças de hoje pede-se-lhes que as preparem para a mudança, com autoridade nas técnicas, nas estratégias e nas avaliações, com responsabilidade, moderação e generosidade
No futuro exigir-se-á, não só uma especialização, mas o desenvolvimento de muitas outras capacidades e competências, que completam a pessoa em toda a sua dignidade, de resto, uma preocupação que não é de hoje, mas que, na prática, parece não ter, ainda, produzido resultados que ajudem a construir um mundo melhor.
As crianças e também os educadores, devem ser orientados para: «Princípios, técnicas, conhecimentos, métodos de análise e de solução de problemas, interpretação dos resultados e enunciado correcto das respostas com projecto de colocá-las em aplicação implicando, por sua vez, em reflexão, tais as capacidades gerais a particularizar de acordo com os imperativos da mudança.» (BONBOIR, 1977:188).
A responsabilidade de educadores, professores e formadores é imensa e não há mais tempo a perder. Naturalmente que as primeiras medidas ao nível legislativo, recursos humanos, financeiros e infraestruturas competem aos poderes constituídos ao nível do aparelho do Estado, em cuja composição devem ter lugar, e voz ativa, todos os representantes do sistema educativo-formativo.
Educar para a mudança, com responsabilidade, significa inclusão de toda a sociedade, cabendo, porém, aos decisores e aos executores, promoverem uma política que, estrategicamente, prepare as crianças atuais (e também adolescentes e jovens), para, quando assumirem a cidadania plena, estarem dotadas de todas as capacidades e competências que as tornem melhores profissionais, governantes e cidadãos do que as gerações que as precederam e que têm vindo a ocupar os vários poderes, nas diversas estruturas políticas, empresariais, governamentais e até religiosas.
Indiscutivelmente que compete aos adultos darem o exemplo, na circunstância o bom-exemplo, aquele que leva a criança a querer imitar, portanto, um modelo que possa trazer algo de melhor em relação ao que existe, porque, independentemente da subjetividade dos valores e dos gostos, sempre haverá um conjunto de procedimentos que servem o interesse do maior número possível, logo, da sociedade em geral. É pelo exemplo responsável e generoso que as crianças de hoje poderão ser os adultos que as gerações dos diversos poderes atuais não o foram.
A reflexão efetuada há mais de quarenta anos, mantém-se, incomodamente, atual: «O espectáculo constante de adultos que se impõem deveres e os cumprem; não fogem às obrigações, por menores e aparentemente insignificantes, pois sabem o quanto é misterioso e fugidio o momento da influência; não procuram inocentar suas faltas com razões fúteis; não mentem aos outros nem a si mesmos; não gracejam com as coisas sérias; em suma, são exigentes consigo próprios e obedecem com amor a certas leis que lhes são superiores; esse espectáculo é o instrumento por excelência e infalível de formação do senso de responsabilidade.» (SCHMIDT, 1967:296).
Se a situação em que nesta segunda década deste novo século vive a humanidade é da responsabilidade de gerações anteriores, que não educaram convenientemente as atuais, a questão que aqui fica para reflexão é a seguinte: Então por que esperam os responsáveis, diretos e indiretos para, de imediato, desenvolverem os projetos que visem a mudança para uma nova educação com autoridade e responsabilidade?
Uma educação para a preparação de cidadãos, capazes de proporcionarem o bem-estar geral, quando no exercício de funções politico-governativas? Para a assunção dos deveres e direitos de cidadania? Para o exercício da autoridade democrática partilhada entre educadores e educandos? Enfim, por uma nova sociedade dos valores altruístas, do pluralismo a todos os níveis, do multiculturalismo e da livre circulação das pessoas. Pela tolerância e pela solidariedade

Bibliografia

ALVES, A. Martins, (1991). Autoridade Educativa na Família, Porto: Editorial Perpétuo Socorro.
BONBOIR, Anna, (Dir.). (1977). Uma Pedagogia para Amanhã. Tradução, Frederico Pessoa de Barros. São Paulo: Cultrix.
HARGREAVES, Andy; EARL, Lorna; RYAN, Jim, (2001) Educação para a Mudança: Reinventar a escola para os jovens adolescentes, Tradução, Inês Simões. Porto: Porto Editora
SCHMIDT, Maria Junqueira, (1967). Educar para a Responsabilidade, 4ª edição, Rio de Janeiro RJ: Livraria Agir Editora

Venade/Caminha – Portugal, 2020
Com o protesto da minha perene GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG

sábado, 13 de junho de 2020

Filosofia da Educação da Criança na Conciliação de Paradigmas

O paradigma científico constitui, relativamente a diversos domínios do conhecimento, um avanço e um bem para a qualidade de vida das pessoas, que sendo complementado, ou coadjuvado, pelo paradigma tecnológico, possibilita a resolução dos problemas que afetam a existência físico-biológica do ser humano. A sociedade pode e deve agradecer às comunidades científicas e técnicas, o que de melhor usufrui atualmente. Mas a sociedade não pode ignorar que o homem comporta outras dimensões, outros objetivos, outras realizações.
Aos paradigmas científicos e técnicos, deve-se acrescentar a preocupação por outras possibilidades de concretização de conhecimentos e comportamentos, que em muito podem ajudar na formação de uma vida, ainda mais motivadora e gratificante, uma vida de boas-práticas a partir da aprendizagem, interiorização e implementação dos futuros paradigmas axiológicos, ético-morais. Então sim, a humanidade terá as condições necessárias e suficientes para resolver grande parte dos problemas que ela própria cria, e hoje vem enfrentando.
Uma nova filosofia da educação, que não exclua nenhum ramo do conhecimento, nenhuma técnica, que proporcione mais comodidade para o homem, uma filosofia que conceptualize uma educação e uma escola do futuro, que abrigue os projetos verdadeiramente dignos da superior condição humana, na medida em que: «Os meios e os fins da educação devem ser completamente remodelados para satisfazerem as exigências da actual crise cultural e se harmonizarem com as descobertas das ciências do comportamento. A importância das ciências do comportamento reside no fato de nos habilitarem a descobrir os valores em que os homens acreditam mais vigorosamente, quer esses valores sejam universais ou não.» (KNELLER, 1979:79).
Na verdade, não basta a população ter saúde, bem-estar material e bens de ostentação, se não houver paz, segurança, harmonia, compreensão, tolerância, justiça, respeito, autoridade, entre outros valores que, em princípio, a maioria das pessoas deseja, mesmo quando estão doentes, não deixam de pensar em tais valores, porque eles são essenciais à superior condição humana.
O mundo sempre atravessa diversas crises e, ao longo da História da Humanidade, têm sido muitas as situações idênticas, de natureza diferente, repercussões mais ou menos graves; da religião à política, sociais, económicas, pestes e epidemias mortíferas, guerras fratricidas.
Apesar da conflitualidade sempre presente; das consequências terríveis que têm atingido a sociedade; ainda não se aprendeu e implementou a solução adequada e que, reconhecendo-se ser difícil, é exequível, justamente a partir da educação e formação da criança, do adolescente, do jovem, e tentar, também, junto do adulto, principalmente no seio das famílias e nos locais de trabalho.
Pensar em melhorar o mundo não é uma utopia para os cidadãos responsáveis, poderá sê-lo para os céticos, extremistas e todos aqueles que estão a beneficiar com esta situação de permanente conflitualidade, e hegemonia de uma minoria sobre uma maioria de oprimidos. Não está em causa quem governa democrática e legitimamente. Contesta-se, isso sim, quem se serve do poder para “esmagar” aqueles a quem devem esse mesmo poder.
Uma nova filosofia para a melhoria da educação, através do enriquecimento dos paradigmas técnico-científicos, poderá ser um bom princípio a incutir nas crianças de hoje, e que no futuro serão os adultos que irão governar o mundo, em todos os setores da intervenção humana. O enriquecimento dos atuais paradigmas passa pela introdução de valores, boas-práticas, virtudes e sentimentos verdadeiramente humanos.
O cientista, o técnico, o pragmático, serão tanto mais humanos quanto melhor integrarem nos seus comportamentos sócio-profissionais as regras da boa-convivência, da responsabilidade e do compromisso. O homem, independentemente do seu estatuto, deverá ser um cúmplice, leal e firme no exercício de práticas saudáveis, no relacionamento com os outros, sem ter que abdicar dos seus valores, direitos e deveres, obviamente, num quadro jurídico-legal e legitimamente institucionalizado, à luz da sua própria cultura antropológica. Um ser comprometido com a sociedade que escolheu para viver e conviver. Um ser engajado com as soluções que propiciem um futuro melhor para a humanidade.
Atualmente, verifica-se grande dificuldade, praticamente, em todas as atividades, em as pessoas assumirem responsabilidades, comprometerem-se com a efetivação de determinadas práticas e comportamentos, recorrendo-se, exaustivamente, a uma postura que, diplomaticamente, se convencionou denominar do “politicamente correto”, permanecendo-se em posições dúbias, não assumindo o “sim”, nem o “não”, mas como se diria na gíria, o que será mais seguro é o “nim
Ninguém se quer comprometer e assim ninguém é responsável por nada, o que, em bom estilo português, “a culpa deve morrer soleira”, isto é, não tem responsáveis. Impõe-se uma educação para o compromisso, para a responsabilidade, até porque será no comprometimento que a solidariedade, a amizade, a lealdade, a reciprocidade, a consideração, a estima e o humanismo, têm a oportunidade de melhor se manifestarem.
São valores que conduzem a comportamentos que se integram perfeitamente na realidade técnica, científica e paradigmática, porque o compromisso, responsavelmente assumido, também é real, ativo e um elemento fundamental nas boas-práticas.
De facto: «Na medida em que o compromisso não pode ser um acto passivo, mas praxis-acção e reflexão sobre a realidade – inserção nela, ele implica indubitavelmente, um conhecimento da realidade. Se o compromisso só é válido quando está carregado de humanismo, este, por sua vez, só é consequente quando está fundado cientificamente. Envolta, portanto, no compromisso do profissional, seja ele quem for, está a exigência de seu constante aperfeiçoamento, de superação do especialismo, que não é o mesmo que especialidade. O profissional deve ir ampliando seus conhecimentos, em torno do homem, da sua forma de estar no mundo, substituindo por uma visão crítica a visão ingénua da realidade, deformada pelos especialismos estreitos.» (FREIRE, 1983:21).
Valores, regras, boas-práticas, fruição de direitos, cumprimento de deveres, constituem aspetos exclusivos da condição humana, enquanto entidade pensante, comprometida, dialogante e cooperante com os seus iguais, em particular; e com toda a natureza, em geral. Nada, nem ninguém, substitui o ser humano em plenitude, excetuando, obviamente, Deus que tudo pode.
O comportamento, adequado a tais dimensões humanas, deve ser adquirido ainda no berço e sempre melhorado. O homem, antes de mais, é um ser pensante, atuante, interrogativo e esclarecedor; problemático e solucionador; material e espiritual. Os sucessivos obstáculos, que lhe surgem ao longo da vida, vão sendo vencidos, contornados, adiados ou ignorados, mas o seu pensamento vai estar previamente presente a qualquer solução prática, técnico-científica.
O homem é um ser comprometido com a reflexão, com a praxis e, correlativamente, com os domínios disciplinares da educação, da formação, da filosofia, esta, uma área do conhecimento com um percurso milenar, porque ela: «(…) exige um processo no qual toma distância com o problema para poder compreendê-lo totalmente e ver a sua implicação em nossa vida concebida como um todo. (…) se a filosofia é o que nos instrui a viver, e que é instrutiva tanto na infância quanto para as outras idades, porque não se transmite?” (Montaigne). “Será porque os poderes de todos os tipos temem que os indivíduos descubram seus recursos internos e se ponham a pensar por si próprios?» (COHEN-GEWERC, (2007:61).
Os comportamentos técnicos, científicos, paradigmáticos e da especialização, certamente serão muito melhor compreendidos, e proporcionarão um bom ambiente humano na comunidade técnico-científica, se forem integrados num contexto humanista, a partir da interdisciplinaridade.
A ciência e a técnica, no que à educação e formação profissional respeitam e forem aplicáveis, muito podem beneficiar e com elas os seus executivos se, desde bem cedo, se ensinar as crianças a pensarem, a serem críticas construtivas perante os factos reais, objetivos e quantificáveis, que são apresentados pelas denominadas ciências exatas.
Uma nova filosofia para a educação implica estudo e práticas filosóficas, também estas o mais cedo possível na vida de cada pessoa. As crianças devem ser um alvo preferido, dado que nas suas precoces idades estão recetivas à curiosidade, a tudo o que é novo, são especialistas na arte dos “porquês”, então a filosofia deveria ser um domínio disciplinar do conhecimento que, transversalmente, se inter-relacionaria com todas as restantes áreas da atividade humana, por isso se justifica que: «A proposta de ensinar filosofia às crianças está na prática do desenvolvimento do bem pensar ou pensar bem, das nossas habilidades cognitivas.» (PAGENOTTO, 2006:23).


Bibliografia


COHEN-GEWERC, Elie, (2007). “Problema e Filosofia”. In Filosofia, Ciência & Vida. São Paulo: Escala. Nº 6, pp. 60-61
FREIRE, Paulo, (1983). Educação e Mudança. 8ª Ed. Trad. Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro - Brasil
KNELLER, George F., (1979). Introdução à Filosofia da Educação. 5ª Edição revista e actualizada. Nova Tradução. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores
PAGENOTTO, Maria Lígia (2006). “Perguntas Constantes. Respostas Necessárias”. In Filosofia, ciência & vida. São Paulo: Escala. Nº 1, pp.16-23

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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sábado, 6 de junho de 2020

A Criança e a Sociedade Contemporânea


Se as pessoas adultas são consideradas como um dos mais valiosos e rentáveis recursos naturais, ao serviço de quase todos em geral, e de cada qual em particular, então as crianças são a garantia desses recursos, a reserva mundial, com a vantagem de que poderão ser muito melhores, em todos os sentidos, do que as atuais gerações mais velhas.
As crianças são um tesouro de valor inestimável que, devidamente instruídas, em todas as suas capacidades, contribuirão para a riqueza das nações, justamente, através da sua educação e formação. A sociedade contemporânea, pela atuação dos seus máximos representantes: políticos, empresários, familiares, e religiosos, terá um papel preponderante na defesa das crianças que, como se sabe, são vítimas das maiores atrocidades: físicas, psicológicas éticas e morais.
As crianças de hoje, em muitas partes do mundo, tal como ocorreu durante a Revolução Industrial, continuam a ser exploradas, para diversas finalidades, incluindo o enriquecimento material de indivíduos sem valores ético-morais, sem escrúpulos. São milhões de crianças a sofrer abusos de toda a ordem, vítimas inocentes: da pedofilia, da prostituição, da guerra, da fome, do analfabetismo, da falta de cuidados de saúde, de habitação, de educação e formação, enfim, de amor.
Crianças que são um estorvo para muitos progenitores, uma despesa para certos governantes, um negócio, quando ainda sob a forma de feto, sem culpa formada, são assassinadas, a troco de intervenções clínicas, bem pagas. Mas, afinal, o que se pode afirmar, com segurança, é que nenhuma criança: a) pediu para nascer; b) escolheu os seus pais; c) cometeu qualquer crime. Então porque se condenam as crianças às penas mais degradantes, incluindo o castigo capital – a morte –?
Apesar de existir um quadro negro, felizmente, não generalizado, acerca da situação de milhões de crianças, na sociedade atual, também é verdade que, em bastantes países, muito se tem feito pela dignificação da criança, pela sua valorização moral e espiritual e pela sua preparação para a vida ativa, no futuro. É verdade que, em geral, existe uma forte sensibilidade para a proteção dos “superiores interesses da criança”. Mas será que existe?
Os países mais desenvolvidos têm, desde há várias décadas, apostado tudo na educação e formação das crianças e dos jovens (também nos adultos), e o que se verifica, sem grande esforço científico, é que nesses países o nível e qualidade de vida da população são de excelência.
O investimento nas crianças é a melhor estratégia para um mundo melhor, um futuro promissor que pode beneficiar: a humanidade em geral; e muitos dos atuais responsáveis, aqueles que pertencem a gerações novas, mas já no “Poder”, que se tiverem uma visão estratégica para a construção de uma humanidade mais afetivista, investem numa educação com objetivos diferentes.
Na verdade e: «Entretanto a escola deverá e muito rapidamente sofrer grandes transformações para redefinir sua missão, hoje tão voltada exclusivamente para transformar crianças e jovens em eficientes prestadores de qualidade de mão-de-obra para o mercado do trabalho, hoje tão erroneamente endeusado, para concomitante e eficazmente ensinar um humanismo prático e direto, de forma que em poucas gerações comece a surgir um novo homem e uma nova mulher, mais afetivamente equilibradas e distanciadas dos pontos extremos e exacerbados que foram levados a viver, em decorrência de ensinamentos falhos e incompletos …» (COLETA, 2005:19).
A sociedade contemporânea não pode perder mais tempo, deverá iniciar o processo de recuperação de todas as crianças, a começar por aquelas que estão sendo vítimas dos maiores atropelos aos seus direitos, consagrados em numerosos documentos, subscritos pelas mais altas instâncias internacionais.
Olhar as crianças como um futuro mais promissor e humano, porque elas estão na idade de tudo receberem, qual recipiente vazio, que se pode encher com o que se desejar, qual tábua rasa de cera, onde se pode escrever tudo, sem prejuízo do exercício da sua criatividade, espontaneidade e liberdade.
Esta nossa sociedade, tão avançada científica e tecnologicamente, não se deve envergonhar de assumir as responsabilidades do estado degradante em que se encontram milhões de crianças por esse mundo, de resto, em todas as nações há “pingos sujos” a mancharem o lençol branco da inocência destas crianças.


Bibliografia

COLETA, António Carlos Dela, (2005). Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio Claro, SP – Brasil: Graff Set., Gráfica e Editora

                    Aceite, por favor:     https://www.facebook.com/lagrimasdeportugal/videos/116561239668543/

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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