quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ANO NOVO, vida nova

 NOBRES CONFREIRAS/DES. ILUSTRES AUTORAS/RES. ESTIMADAS/OS LEITORAS/RES. PREZADAS/OS AMIGAS/OS.


O ano que agora termina, 2020, ninguém tem dúvidas que ficará na História da Humanidade, infelizmente, pelos piores motivos, porque para além dos conflitos humanos, em várias regiões do globo, da situação calamitosa dos migrantes, da violação dos Direitos Humanos mais elementares, como é o direito à vida, o direito ao trabalho, à habitação condigna, a miséria, a fome e a morte, que igualmente grassam um pouco por todo o mundo, obviamente Portugal incluído, o mundo viu-se invadido por uma terrível pandemia, provocada pelo vírus COVID-19 e que em todo o mundo, foram confirmados 68.165.877 casos de COVID-19 e 1.557.385 mortes  até 10 de dezembro de 2020.

Neste tempo “pandémico”, em que milhares de profissionais de saúde, forças armadas e de segurança, autarquias, bombeiros, cidadãos voluntários, que ajudam no que podem e sabem, todos estão na denominada “linha da frente”, embora uns mais expostos do que outros: médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, assistentes operacionais,  que lidam com os doentes, diariamente, e, muitos profissionais, acabam, também eles, por serem infetados, transmitindo às próprias famílias a doença e, mais ainda, muitos destes “heróis”, desta linha da frente, sucumbem à doença.

Algo mais, as entidades competentes têm o dever de fazer em consonância, para a salvaguarda do maior número possível de pessoas infetadas pelo COVID-19, como ainda por aqueles cidadãos, com diversas patologias que aguardam há longos meses, uma intervenção do Serviço Nacional de Saúde, porque, efetivamente, “ninguém pode ficar para trás”, embora se assista, quase diariamente, que muitas destas pessoas, acabam por falecer, nas suas próprias residências, precisamente, porque, afinal, “ficaram mesmo para trás”, por falta de assistência médica, medicamentosa ou intervenção cirúrgica atempada.

Atualmente, é fundamental disciplinarmos os nossos corações para o bem, para a ajuda a quem mais necessita, para atendermos a quem solicita o nosso apoio, a nossa amizade, a nossa presença, a nossa benevolência, o nosso perdão.

Hodiernamente, é tempo de concedermos aos nossos concidadãos, mais atenção, mais carinho, um pouco mais de tempo, de solidariedade, de bem-querer e de esperança na recuperação da saúde, entretanto perdida, abandonados e, infelizmente, passados à indiferença, ao ostracismo, pela rejeição e pela humilhação.

Aproveito esta oportunidade: primeiro para pedir desculpa por algo que, involuntariamente, tenha cometido e magoado alguém; depois para desejar: um próspero Ano Novo de 2021, com saúde, trabalho, amor e felicidade. Que 2021 nos restitua grande parte do que nos foi retirado em 2020 e que a normalidade, em que sempre temos vivido, regresse rapidamente a todo o mundo.

 

«Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. As “benditas” vacinas começaram a chegar. CALMA. Já se vê a luz ao fundo do túnel

Acreditemos nos investigadores, na Ciência, na tecnologia e instrumentos complementares. Agradeçamos, a quem, de alguma forma, está a colaborar na luta contra a pandemia.

Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Aclamemos a VIDA com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.

Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.  https://youtu.be/dUIfJ_ZNPDA


Brasil  https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc       Portugal https://youtu.be/DdOEpfypWQA

 

Venade/Caminha – Portugal, 31 dezembro 2020

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal 

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domingo, 27 de dezembro de 2020

A Outra Cena da Filosofia

A constituição do espaço simbólico, é decifrada pela queda da tragédia, no espaço reproduzido e idealista da representação contemporânea do idealismo metafísico, conotação ética, redução de toda a representação à horizontalidade do visível. É necessário refazer o trajeto oculto da própria criação das línguas, a genealogia da representação e da imitação dá início à questão final da consciência e do saber.

Seja no campo do “SER” ou do “NADA”, do cogito, da substância ou do sujeito, a decifração genealógica põe a claro, camadas textuais imbricadas. Na perspetiva genealógica Nietzschiana, desenha-se uma sequência inédita, no sentido do desmantelamento da coerência idealista do discurso filosófico, a superfície dos seus significados, e o princípio da sua articulação.

O trabalho de intertextualidade filosófica tem de passar por outras cenas. O obscuro conhecimento dos fenómenos psíquicos, reflete-se na construção de uma realidade suprassensível, no sentido de tornar a metafísica numa metapsicologia.

A Genealogia da Moral, questiona com profundidade o idealismo filosófico, numa perspetiva do processo de desenvolvimento do saber, qualquer que ele seja. Com efeito, a genealogia dos saberes não reside no discurso metafísico, na medida em que este se limita a repensar o que anteriormente foi pensado, ou seja, a Filosofia será como um círculo vicioso, que depois de percorrer um longo e milenar caminho, nada de novo descobriu.

As leis foram transmitidas por Deus, e o seu cumprimento assenta na tradição. Os conceitos são meras metáforas, refundidas tantas vezes quantos os sistemas que os abordaram. Enfim, as coisas só se tornam visíveis depois de lhes serem dados nomes.

Parece pertinente apresentar o contraponto ao pensamento Nietzschiano, porque o homem não é só subjetividade vazia, linguagem opaca ou, pior do que isso, um ser sem sentido.

Na verdade, o homem de qualquer época, de qualquer religião ou raça, evoluiu ao longo dos séculos, graças à sua capacidade de construir o seu próprio mundo, no qual tem buscado, incessantemente, uma verdade absoluta, e que só a poderá encontrar: se tiver um projeto de salvação coletivo; num ideal comunitário de bem-comum; num projeto de felicidade universal, em completa liberdade; numa aproximação ao outro, que com ele se relaciona, mas que o transcende, que o ilumina, mas não se desvela.

Esse ideal é concretizável, tal projeto é exequível, e o desvelamento final desse Outro, que lhe dá infinitas capacidades, também acontecerá na realização plena da humanidade, convergente para o Absoluto e o Supremo Bem.

Ora, um tal conjunto de circunstâncias só se tornarão coincidentes pela via dialógica, pela reflexão, não para descobrir nada de novo, mas simplesmente para unir num mesmo plano, o que já existe em muitas cabeças, isto é, uma atitude ético-filosófica.

 

Bibliografia

 

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, (1976). A Genealogia da Moral. 3ª Edição. Tradução, de Carlos José de Meneses. Lisboa: Guimarães & Cª Editores

 

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Acreditemos nos investigadores, na Ciência, na tecnologia e instrumentos complementares. Agradeçamos, a quem, de alguma forma, está a colaborar na luta contra a pandemia.

Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.

Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela músicahttps://youtu.be/dXApBvgUNBQ

https://youtu.be/-EjzaaNM0iw  https://youtu.be/RY2HDpAMqEo   https://youtu.be/PRFkpwcuS90

 

https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc  https://youtu.be/DdOEpfypWQA

 

Venade/Caminha – Portugal, 2020

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Natal. Uma reflexão profunda sobre o passado vivido

Vivenciar, com a dignidade que enobrece a pessoa humana, um período tão especial como este que agora se atravessa, correspondente à quadra Natalícia, é a renovação de um acontecimento que, ano após ano, se repete e que culmina em dois dias de profundo significado para as famílias: o dia de Ceia de Natal e o dia de Natal. Cada um com o seu simbolismo, intenso, emocional e místico, porque a sensibilidade para os valores da família fica mais exposta, mais emotiva e também mais vulnerável.

A vida humana é curta, demasiado rápida, para que se perca tempo com atividades, comportamentos, interesses e situações, que apenas revelam grande falta de sentimentos e de boas-práticas, no exercício dos valores fundamentais da dignidade da pessoa, que se deseja verdadeiramente humana.

Com efeito: «Viemos cá para estarmos em comunhão, para aprendermos sobre o amor com outros seres humanos que estão no mesmo caminho que nós, que aprendem as mesmas lições. O amor não é um processo intelectual. É sim uma energia dinâmica que entra em nós e flui todo o tempo através de nós, estejamos nós conscientes desse facto ou não. O fundamental é aprendermos a receber amor, assim como a dá-lo. Só podemos compreender a energia envolvente do amor na comunhão com os outros, nas relações, no serviço» (BRIAN, 2000:64).

O aproveitamento deste período, para dissimular sentimentos mesquinhos, cínicos e impostores, trocando-os, hipocritamente, durante alguns dias, por aqueles que se deveriam sentir, manifestar e praticar, ao longo do ano inteiro, de todos os anos, alegadamente para se “levar a vida”, constitui uma atitude inaceitável e mesmo reprovável, imprópria da superior dimensão de todo o ser humano.

O período natalício deveria compor-se por trezentos e sessenta e cinco dias, todos os anos, e, na vivência de cada um deles, o Natal será sempre um dia diferente, renovado, melhorado, que conduza à interiorização e prática de sentimentos puros, do bem, que não se compram, não se negoceiam por qualquer forma, simplesmente se retribuem com a mesma nobreza, desde logo, com amor.

Este fortíssimo e insubstituível sentimento, no pressuposto de verdadeiro, incondicional e diariamente reiterado, vencerá todas as barreiras e transportará a humanidade à vitória final: Saúde, Trabalho, Amizade, Amor, Paz, Felicidade e a Proteção Divina

Em cada Natal sempre se promete a reconciliação para, decorridos poucos dias, tudo voltar à mesma situação, e poucas serão as pessoas que realmente mudam de atitude. É certo que o ser humano é fraco, imperfeito e instável, todavia, também é verdade que a força espiritual da pessoa, igualmente vence barreiras, por mais difíceis que elas se apresentem.

Mas o Natal é, também, um dia especial, principalmente quando utilizado na reflexão profunda sobre o passado vivido, o presente fugaz e um futuro que se deseja de dignidade e consolidação dos valores mais nobres de toda a pessoa humana, bem formada: «O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga sua consciência sobre seus próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia (…), se fez aos outros tudo o que desejava que os outros fizessem por ele (…). Tem fé em Deus, em sua bondade, em sua justiça e em sua sabedoria (…). Tem fé no futuro; por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.» (KARDEC, 2010:332).

Assumir o Natal como o primeiro dia do resto da vida, é uma atitude inicial, que, a partir de agora, deve preocupar toda a pessoa: um primordial dia de solidariedade para com aqueles que são vítimas de alguma injustiça ou situação; um primeiro dia de amizade, desde já numa dimensão de verdadeiro e sincero “Amor-de-Amigo”, onde cada um dos amigos é parte integrante do outro amigo, nas alegrias como nas tristezas; no sucesso como no fracasso; afinal, como duas almas gémeas que se amam; um primeiro dia para o início de uma lealdade sem limites, à prova de qualquer tentação de destruição ou de traição; um primeiro dia de manifestação de gratidão, por tudo quanto nos tem sido oferecido, com sinceridade e amizade; um primeiro dia para a reconciliação de pessoas em geral, dos desavindos e até dos amigos, em particular.

Este tempo festivo, que secularmente se designa por “Quadra Natalícia” deverá ser aproveitado para: se fazer um balanço de relacionamentos passados; analisar onde é que se cometeram erros, e porquê; em que circunstâncias se praticaram injustiças, incorreções e ingratidões, para com aquelas pessoas que sempre estiveram do nosso lado que, incondicionalmente, gostam de nós, nos apoiam em tudo o que lhes é possível, que connosco se solidarizam quando somos humilhados e injustiçados. Pessoas que são como um “Porto Seguro”.

Este é o tempo: de fazermos justiça; de nos reconciliarmos com aqueles que, injustamente, maltratamos, que ostensivamente desprezamos; que, mais ou menos sub-repticiamente, lhes mostramos e, contra eles praticamos a indiferença, mesmo sabendo e recebendo carinho, respeito, consideração e até um sincero “Amor-de-Amigo”. Em boa verdade, este é o tempo de nos arrependermos, de pedirmos perdão àqueles que ofendemos, e nos quais provocamos grandes sofrimentos e desgostos.

A dimensão sentimental da pessoa, verdadeiramente humana é, porventura, uma das suas maiores riquezas. O valor do sentimento nobre e puro, que engrandece e respeita, não só quem o possui, mas também quem o recebe, é o fundamento para quem, sinceramente se gosta. O sentimento da amizade é uma dimensão humana que, realmente, poderá ser difícil para quem vive num mundo de aparências, de fingimentos, de falsidades, do faz-de-conta.

Aproveito esta oportunidade: primeiro para pedir desculpa por algo que, involuntariamente, tenha cometido e  magoado alguém; depois para desejar: um Santo e Feliz Natal, com verdade, com lealdade, com reciprocidade, se possível, com gratidão, seja no seio da família, seja com outras pessoas, com aquela amizade de um sincero «Amor Humanista», com um sentimento de tolerância, de perdão, e muito reconhecimento pelo que me têm ajudado ao longo da minha vida, compreendendo-me e nunca me abandonando. É este o Natal que eu desejo festejar com a alegria possível, pesem, embora, as atuais restrições e condicionalismos, impostos por uma pandemia cruel e mortífera, que a todos nos preocupa muito.

 

Bibliografia

BRIAN L. Weiss, M.D. (2000). A Divina Sabedoria dos Mestres. Um Guia para a Felicidade, alegria e Paz Interior. Tradução, António Reca de Sousa. Cascais: Pergaminho.

KARDEC, Allan, (2010). O Evangelho Segundo o Espiritismo: contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação nas diversas situações da vida. Tradução, de Albertina Escudeiro Sêco. 4ª Edição. Algés/Portugal: Verdade e Luz – Editora e Distribuidora Espírita.

 

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Acreditemos nos investigadores, na Ciência, na tecnologia e instrumentos complementares.

Agradeçamos, a quem, de alguma forma, está a colaborar na luta contra a pandemia.

Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade.

Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.

Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.  https://youtu.be/dXApBvgUNBQ

 

https://youtu.be/-EjzaaNM0iw  https://youtu.be/RY2HDpAMqEo   https://youtu.be/PRFkpwcuS90

https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc  https://youtu.be/DdOEpfypWQA

 

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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sábado, 19 de dezembro de 2020

Genealogia e Discursividade

 O sinal como sintoma produzindo implicações e reconstruindo a sua historicidade, num duplo sentido de movimento de reativação do sinal e apreensão dos processos que o constituem como simples pontualidade, constituem a “necessidade metafísica” na expressão de Nietzsche, e é assim que a genealogia se encontra continuamente confrontada com um texto opaco, sobrecarregado, cujos constituintes são sempre sobredeterminados.

Nestes contextos, e no de outras obras, o filósofo é na realidade intérprete, o espetador das “coisas europeias” perante um «texto misterioso e ainda não decifrado», cujo sentido se nos revela cada vez mais. (cf. NIETZSCHE, 1976).

Devido à opacidade dos textos metafísicos, a genealogia tem de abrir caminhos, entrelaçar códigos, numa perspetiva desenvolvimentista, colocando em relação as diversas figuras de representantes dos vários códigos: moral, religioso e até estético, pondo-se em questão o privilégio da “eterna presença do código”.

Por isso há que evitar a busca da experimentação dos valores, escudando-se na dupla defesa da revelação e da tradição, isto é, a sabedoria das leis é de origem divina, total, perfeita, um prodígio, e a afirmação de que a lei existe desde tempos imemoriais. Deus deu a lei aos antepassados e eles viveram-na.

O discurso metafísico utiliza metáforas que convertem em conceitos, implicando a “crença noutro mundo”; o idealismo é efeito de uma repetição, o mundo desdobrado e repetido, mais uma vez, e é por isso que o conhecimento filosófico só pode decifrar-se como uma repetição desfasada, deslocada de interpretações e nunca uma descoberta, mas o retomar modificado de um sistema de sinais, anteriormente produzido, daí a opacidade do texto metafísico, porque é um texto acumulado, condensado de diferentes interpretações.

A genealogia explica, portanto, que o conhecimento é o processo real do próprio conhecimento, seu logro de estrutura, por isso, «o conhecimento é uma interpretação, um conferir um sentido, mas nunca uma explicação» (Ibid.), muitas vezes uma interpretação nova de uma interpretação antiga, que se tornou ininteligível e que já não passa de um sinal, consistindo este processo num conferir valores, cujo curso completo foi orientado para a depreciação da vida.

A genealogia procura desvendar uma série de interpretações embaralhadas num movimento indefinido de significados, pelo qual se constituem, simultaneamente, o sentido e o valor, ela desmonta a pretensa unidade do sujeito, resolve-o nos seus constituintes materiais.

No termo do processo, a genealogia encontra séries de deslocamentos e de recuperações, que delimitam a articulação dos sinais. É assim que quanto aos conceitos o problema reside na demarcação das suas deslocações, distinguindo-se dois elementos fundamentais e que são: por um lado, o permanente, o uso, o ato, o drama; por outro lado, a fluidez, o sentido, o objetivo, tudo o que se liga à realização destes procedimentos, em cuja diferença se situa a leitura não determinada pelo idealismo da essência, evitando qualquer posição metafísica dos conceitos e dos valores, eliminando a confusão mantida pelo idealismo filosófico, entre o significado e o valor, o ativo e o passivo, o discurso e a gramática, o sinal e o interdito.

A genealogia explicita as condições formais da produção dos conceitos e nesta trajetória há a considerar três momentos:

1º) Assinalar um texto de caráter lacunar conhecido, os elementos significantes, os núcleos de sentido que funcionam como significados originários, como função legisladora no texto metafísico;

2º) Destacar a sintaxe que dá forma e sentido àqueles elementos, desvendar o sistema formal das crenças, dos postulados ou das hipóteses, pontos de apoio de uma produção conceptual, regulamentada como verdade;

3º) Decifrar o conjunto do texto, mostrando a função das lacunas, e trabalho de extinção, de obliteração e de erosão contínua.

A hierarquia dos significados remete para uma “vontade” de verdade, que encontrou num determinado grupo de representantes o seu suporte, os quais impulsionam a produção metafórica, codificada no espaço de uma retórica denominada “Filosofia”, no interior da qual a aparência assumiu o valor da essência, com o próprio nome de verdade. É assim que se pode entender a originalidade como qualquer coisa que ainda não tem nome. O nome é fundamental para tornar visíveis as coisas.

Aproveito para vos desejar: Um Santo e Feliz Natal, com verdade, com lealdade, com reciprocidade, se possível, com gratidão, seja no seio da família, seja com outras pessoas, com aquela amizade de um sincero «Amor Humanista», com um sentimento de tolerância, de perdão e muito reconhecimento para com todas as pessoas que, ao longo da minha vida, me têm ajudado, compreendendo-me e nunca me abandonando. É este Natal que eu desejo festejar com muita alegria, pesem embora as atuais restrições e condicionalismos, impostos por uma pandemia cruel e mortífera.

 

Bibliografia

 

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, (1976). A Genealogia da Moral. 3ª Edição. Tradução, de Carlos José de Meneses. Lisboa: Guimarães & Cª Editores

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Acreditemos nos investigadores, na Ciência, na tecnologia e instrumentos complementares. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros. 

 

Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.

 

 

Brasil

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Portugal

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sábado, 12 de dezembro de 2020

A Metáfora e o Sintoma

Na obra “Genealogia da Moral”, o texto filosófico: não é só significado e valor, linguagem e conceitos, construções e refundições filosóficas; mas também uma leitura, um jogo de palavras, um conjunto de nomes dos quais sobressai o de “ser”, cujo conceito «se pode instituir como verdade sem condição, como significado eterno de princípio, causa, verdade, fundamento», (cf. NIETZSCHE, 1976, “Genealogia da Moral”) validado pelo discurso metafísico.

Nietzsche lê no conceito de “ser” uma complexa rede de metáforas, de crenças, de postulados, sistema coerente, mas incontrolado de interpretações, e aqui, uma vez mais, a função linguística que, afinal, contribui para provar que o homem: tem desconhecido inteiramente; e aplicado falsamente, a natureza.

Os erros que se verificam na perspetiva idealista, encontram-se, igualmente, na orientação cartesiana, porque o “cogito” fornece, um resumo, o modelo geral dos enunciados metafísicos, na medida em que estes representam a confusão do ativo e do passivo, da gramática e do discurso filosófico. “O cogito é a falsificação da hipótese do sujeito físico”

A leitura do cogito é o: «sintoma de força e da pregnância das ficções na discursividade metafísica. O cogito lido numa perspectiva genealógica, constitui os indícios seguros de um pôr em causa do sujeito que se torna necessário procurar fazer, realizar e levar a seu termo do modo mais radical, revelando a problemática geral do sinal e da relação filosofia/gramática.» (Ibid.).

Nietzsche entende que o idealista está numa posição de negatividade quanto aos aspetos sócio-materiais, na medida em que possuindo todas as grandes noções, se joga contra a ciência, o conforto, as honrarias, que considera forças perniciosas, acima das quais o “espírito plana na pura ipseidade”.

Assim, tudo se passa como se o idealismo ao utilizar complexas tramas metafóricas, tivesse apagado, por completo, os seus indícios. A usura metafórica, como efeito consequente dos procedimentos do idealismo e, por via disso, esclarecer a cumplicidade, atacar, através de uma escrita indireta e subversiva, os poderes ocultos da metáfora, a riqueza inexplorada do significante, não dominado por um significado-valor

É pela metáfora que Nietzsche descreve a verdade da perspetiva idealista, ou seja: «as verdades são ilusões que esquecemos que o são, metáforas gastas e sem poderes sensíveis, uma moeda cuja efígie se apagou e que já só tem interesses como metal» (Ibid.).

É, portanto, e uma vez mais, o problema da língua que é tomado em consideração pela genealogia, e a deformação de um texto assemelha-se a um assassínio, porque suprime os seus vestígios. A perspetiva genealógica terá como consequências: marcar a rutura histórica, da qual tais processos constituem contragolpes.

A arte incomparável de ler bem já estava fixada na cultura antiga, condição prévia da tradição cultural: «Os métodos são o essencial e o mais difícil, e aquilo que tem durante mais tempo contra si os hábitos e as preguiças» (Ibid.)

 

GLOSSÁRIO

 

Cartesiano«Consiste na pesquisa da verdade, com relação a existência dos "objetos", num de um universo de coisas reais. O método cartesiano está apoiado no princípio de jamais acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar a verdade. Com essa regra não aceitara o falso por verdadeiro e chegará ao verdadeiro conhecimento de tudo.» (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartesianismo)

 

Ipseidade «Carateriza o indivíduo nele mesmo. Ela toma toda sua importância nas doutrinas onde a natureza universal é primeira, o que impõe a questão da individuação (escotismo). Na fenomenologia, a ipseidade carateriza o «Dasein» em sua existência ou seu ser-no-mundo antes da constituição do eu como sujeito.» (J. BAIARD). (http://www.sophia.bem-vindo.net/tiki-index.php?page=Ipseidade)

 

Metáfora «Figura de linguagem que consiste na transferência da significação própria de uma palavra para outra significação, em virtude de uma comparação subentendida. Quando se diz "Ele é uma raposa", emprega-se uma metáfora, isto é, usa-se o nome de um animal para descrever um homem que possui uma qualidade: astúcia, que é própria do animal raposa.» (http://www.dicio.com.br/metafora/)

 

Pregnância «É um conceito desenvolvido pela psicologia da forma. Por pregnância das formas, entende-se pela qualidade que determina a facilidade com que percecionamos figuras. Percebemos mais facilmente as boas formas, ou seja, as simples, regulares, simétricas e equilibradas.» (http://pt.wikipedia.org/wiki/Boa_forma)

 

Bibliografia

 

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, (1976). A Genealogia da Moral. 3ª Edição. Tradução, de Carlos José de Meneses. Lisboa: Guimarães & Cª Editores

 

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Acreditemos nos investigadores, na Ciência, na tecnologia e instrumentos complementares. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.  Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.

 

 

Brasil

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Venade/Caminha – Portugal, 2020

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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sábado, 5 de dezembro de 2020

A Filosofia e o Texto

Partindo do texto de Nietzsche (Friedrich Wilhelm NIETZSCHE 1844-1900, filólogo e influente filósofo alemão do século XIX) Genealogia da Moral”, importa evidenciar a situação da Filosofia no futuro, e que no mais profundo da sua intencionalidade consiste, afinal, na sua sujeição à interpretação: «programada no espaço de uma prática activa e regulada, a filologia».

Neste novo espírito de abertura da Filosofia, é necessário decifrar o sujeito, e inscrever o processo de formação, num sistema de ficções e de crenças, ou seja, é preciso redescobrir a sua genealogia.

O texto nietzschiano vai perspetivar os processos mais importantes do idealismo, numa dialética metafísica entre o significado, o valor e suas equivalências, o que corresponde a afirmar que a: «metafísica e a religião nos seus esforços conjugados lançaram uma proibição sobre qualquer ciência do corpo, ao mesmo tempo que sobre qualquer prática filológica» (cf. NIETZSCHE, 1976: op. cit.), relegando o corpo e o significante para uma posição de dominados, o que resulta num recalcamento, cuja lógica se inscreve numa leitura do código linguístico, moral e religioso, colocando a descoberto o simbolismo cristão.

Tal lógica, que revela um desconhecimento do sujeito pleno, presente a si, sujeito capaz de um domínio absoluto, sobre a cadeia dos significantes, parece ter por objetivo o “fantasma da totalização”, que seria o índice mais constante do idealismo, lugar onde sempre se realizam uma ocultação e um recalcamento, o que leva a decifrar os conceitos essenciais, utilizados pelos diferentes sistemas metafísicos e seus parentescos.

Os filósofos, vêm-se, assim, enredados nos sistemas de conceitos filosóficos, procuram estruturar novos sistemas, mas acabam por cair na mesma circularidade da «ordem sistemática inata dos conceitos e o seu parentesco essencial. O pensamento consiste menos em descobrir do que em reconhecer, recordar-se, em voltar atrás.» (Ibid.) e, desde que haja um parentesco linguístico, tudo fica preparado para um desenvolvimento e um desenrolar análogo dos sistemas filosóficos.

Assim, as metafísicas, nas suas variantes, são apenas o retorno contínuo ao fundamento de uma gramática, que requer sempre a posição incondicionada de um sentido, a determinação ideal de uma série de enunciados suficientes a si próprios e, nesse sentido, a genealogia tem por espaço privado a língua, os processos de inscrição postos no texto metafísico.

Esta língua “funcionou como uma fé, como um sistema de crenças eternas” e o sinal deve tornar-se o espaço ascensional genealógico, que tem de ser decifrado como um sintoma. O reconhecimento dos valores morais e religiosos assenta, portanto, na crença da verdade dos conceitos e na transparência dos sinais.

A linguagem serviu, ainda, para o homem situar o seu próprio mundo e a partir deste construir o resto do globo e tornar-se o seu senhor. O conhecimento do mundo fundamentava-se na língua. A crença na linguagem tornou-se um dogma, e o homem o detentor orgulhoso que se elevava acima do animal.

Pela língua se estabeleceram os conceitos, e por estes o conhecimento universal, fundamentos que fora do seu tempo se reconhecem, no entanto, errados. Na verdade, e a título de exemplo, o conceito de “castigo”, em termos semióticos, o que implica que qualquer significado só pode ser decifrado na posição de significante.

 O mesmo se passa com tudo o que se apresenta como “valor”, porque a genealogia é uma construção, um trabalho sobre os próprios materiais da Filosofia (abordagem semiótica), porque o filósofo crê que a sua Filosofia reside no conjunto, na construção, e mesmo que tal construção possa ser destruída, ela conservará o seu valor material.

GLOSSÁRIO

Semiótica - Literalmente "a ótica dos sinais", é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenómenos culturais, como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. Ambos os termos são derivados da palavra grega σημεον (sēmeion), que significa "signo", havendo, desde a antiguidade, uma disciplina médica chamada de "semiologia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Semi%C3%B3tica

Bibliografia

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, (1976). A Genealogia da Moral. 3ª Edição. Tradução, Carlos José de Meneses. Lisboa: Guimarães & Cª Editores.

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.  Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.


Portugal

https://youtu.be/DdOEpfypWQA

 

Brasil

https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc       

 

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

 

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