sábado, 12 de dezembro de 2020

A Metáfora e o Sintoma

Na obra “Genealogia da Moral”, o texto filosófico: não é só significado e valor, linguagem e conceitos, construções e refundições filosóficas; mas também uma leitura, um jogo de palavras, um conjunto de nomes dos quais sobressai o de “ser”, cujo conceito «se pode instituir como verdade sem condição, como significado eterno de princípio, causa, verdade, fundamento», (cf. NIETZSCHE, 1976, “Genealogia da Moral”) validado pelo discurso metafísico.

Nietzsche lê no conceito de “ser” uma complexa rede de metáforas, de crenças, de postulados, sistema coerente, mas incontrolado de interpretações, e aqui, uma vez mais, a função linguística que, afinal, contribui para provar que o homem: tem desconhecido inteiramente; e aplicado falsamente, a natureza.

Os erros que se verificam na perspetiva idealista, encontram-se, igualmente, na orientação cartesiana, porque o “cogito” fornece, um resumo, o modelo geral dos enunciados metafísicos, na medida em que estes representam a confusão do ativo e do passivo, da gramática e do discurso filosófico. “O cogito é a falsificação da hipótese do sujeito físico”

A leitura do cogito é o: «sintoma de força e da pregnância das ficções na discursividade metafísica. O cogito lido numa perspectiva genealógica, constitui os indícios seguros de um pôr em causa do sujeito que se torna necessário procurar fazer, realizar e levar a seu termo do modo mais radical, revelando a problemática geral do sinal e da relação filosofia/gramática.» (Ibid.).

Nietzsche entende que o idealista está numa posição de negatividade quanto aos aspetos sócio-materiais, na medida em que possuindo todas as grandes noções, se joga contra a ciência, o conforto, as honrarias, que considera forças perniciosas, acima das quais o “espírito plana na pura ipseidade”.

Assim, tudo se passa como se o idealismo ao utilizar complexas tramas metafóricas, tivesse apagado, por completo, os seus indícios. A usura metafórica, como efeito consequente dos procedimentos do idealismo e, por via disso, esclarecer a cumplicidade, atacar, através de uma escrita indireta e subversiva, os poderes ocultos da metáfora, a riqueza inexplorada do significante, não dominado por um significado-valor

É pela metáfora que Nietzsche descreve a verdade da perspetiva idealista, ou seja: «as verdades são ilusões que esquecemos que o são, metáforas gastas e sem poderes sensíveis, uma moeda cuja efígie se apagou e que já só tem interesses como metal» (Ibid.).

É, portanto, e uma vez mais, o problema da língua que é tomado em consideração pela genealogia, e a deformação de um texto assemelha-se a um assassínio, porque suprime os seus vestígios. A perspetiva genealógica terá como consequências: marcar a rutura histórica, da qual tais processos constituem contragolpes.

A arte incomparável de ler bem já estava fixada na cultura antiga, condição prévia da tradição cultural: «Os métodos são o essencial e o mais difícil, e aquilo que tem durante mais tempo contra si os hábitos e as preguiças» (Ibid.)

 

GLOSSÁRIO

 

Cartesiano«Consiste na pesquisa da verdade, com relação a existência dos "objetos", num de um universo de coisas reais. O método cartesiano está apoiado no princípio de jamais acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar a verdade. Com essa regra não aceitara o falso por verdadeiro e chegará ao verdadeiro conhecimento de tudo.» (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartesianismo)

 

Ipseidade «Carateriza o indivíduo nele mesmo. Ela toma toda sua importância nas doutrinas onde a natureza universal é primeira, o que impõe a questão da individuação (escotismo). Na fenomenologia, a ipseidade carateriza o «Dasein» em sua existência ou seu ser-no-mundo antes da constituição do eu como sujeito.» (J. BAIARD). (http://www.sophia.bem-vindo.net/tiki-index.php?page=Ipseidade)

 

Metáfora «Figura de linguagem que consiste na transferência da significação própria de uma palavra para outra significação, em virtude de uma comparação subentendida. Quando se diz "Ele é uma raposa", emprega-se uma metáfora, isto é, usa-se o nome de um animal para descrever um homem que possui uma qualidade: astúcia, que é própria do animal raposa.» (http://www.dicio.com.br/metafora/)

 

Pregnância «É um conceito desenvolvido pela psicologia da forma. Por pregnância das formas, entende-se pela qualidade que determina a facilidade com que percecionamos figuras. Percebemos mais facilmente as boas formas, ou seja, as simples, regulares, simétricas e equilibradas.» (http://pt.wikipedia.org/wiki/Boa_forma)

 

Bibliografia

 

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, (1976). A Genealogia da Moral. 3ª Edição. Tradução, de Carlos José de Meneses. Lisboa: Guimarães & Cª Editores

 

GRATIDÃO.  «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Cumpra, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Aclamemos a vida com Esperança, Fé, Amor e Felicidade. Acreditemos nos investigadores, na Ciência, na tecnologia e instrumentos complementares. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco. Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros.  Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música.

 

 

Brasil

https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc       

 

Portugal

https://youtu.be/DdOEpfypWQA

 

 

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

 

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