sábado, 25 de abril de 2015

Honrar a Democracia


É crível que a maioria dos países do mundo, possuam os seus dias simbólicos, alusivos a efemérides que, de algum modo, tenham marcado a História, o Povo, a Cultura dessa Comunidade nacional como, igualmente, se recordam os dias internacionais e mundiais, a propósito de acontecimentos marcantes para a Humanidade. Comemorar tais eventos, com objetivos histórico-pedagógicos, poderá ser importante para corrigirmos o que foi mal feito no passado, e/ou melhorarmos para o presente.
Portugal não foge à regra e, a História nacional, de quase nove séculos de independência, apesar do domínio Filipino Espanhol de 1580-1640, é bem rica em acontecimentos, desde a subida ao trono português do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, em 1143, aos dias de hoje, primeiro quarto do século XXI.
Os Portugueses consolidaram-se no tempo e no seu espaço territorial continental e Regiões Autónomas da Madeira e Açores, na sua História, na sua Língua, esta, uma das seis mais faladas em todo o mundo, na sua Cultura, na Política Democrática e na Religião, ainda, maioritariamente, Católica.
O Povo Português vive, há várias décadas, numa Democracia representativa, sob as regras de uma Constituição progressista e, indubitavelmente, uma das mais avançadas do mundo, ao nível dos valores humanistas. A Liberdade, nas suas diferentes dimensões é, praticamente, total, porque, em geral: é possível as pessoas desenvolverem as suas atividades sociais, profissionais, políticas, religiosas e culturais; constituírem-se em associações legítimas e legais; expressarem-se sobre o que entenderem; manifestarem a sua concordância ou divergência, sobre os mais diversos assuntos.
Os Portugueses já iniciaram o período correspondente à quinta década da vivência democrática, sempre com elevado civismo, grande maturidade política e, frequentemente, com o necessário sentido de Estado, no que respeita aos diferentes atores governamentais e/ou das oposições. Pode-se afirmar que este Povo Lusitano, mantém os seus brandos costumes, até com alguma elegância e subtileza quanto baste, sempre que necessário.
A “Revolução dos Cravos”, assim conhecida nacional e internacionalmente, ocorrida a vinte e cinco de Abril de mil novecentos e setenta e quatro, restituiu aos Portugueses a Democracia, a Descolonização e o Desenvolvimento. Graças ao Movimento das Forças Armadas, liderado por jovens militares, aos quais se uniu o Povo anónimo, Portugal é, hoje, um país respeitado, com futuro promissor desde que as classes: política, financeira, empresarial, laboral, científica, cultural e religiosa conjuguem os seus esforços para objetivos nacionais, tendo como meta final o bem-comum., na sua expressão máxima que é a “Felicidade”.
Ao longo de mais de quatro décadas de regime democrático, nem sempre tem sido possível usufruir-se, plenamente, de todos os valores que a Democracia confere, pelo menos a nível prático-constitucional, na medida em que na vida dos cidadãos, os direitos, liberdades e garantias, em determinados períodos, não têm sido, inequivocamente, cumpridos e, pelo contrário, no que respeita a direitos adquiridos, alguns dos quais, ainda no tempo da ditadura, foram retirados, apesar das promessas eleitorais apontarem em sentido contrário.
Até certo ponto, compreende-se que os valores cívicos, inerentes à Democracia, nem sempre possam ser exercidos até ao limite, provavelmente, nem isso seria exequível, porque sempre existe alguma subjetividade e relativismo, no entanto também se afigura extremamente redutor quando: valores, deveres e direitos são de tal forma minimizados e/ou abolidos que até podem ferir normas jurídico-constitucionais e interesses legais e legítimos, já instalados, quantas vezes, há décadas.
Num Estado Democrático de Direito, todos são iguais perante a Lei e ninguém está acima dela, sendo certo que, por isso mesmo, a Justiça terá de ser igual para todas as pessoas, independentemente dos seus estatutos sócio-profissionais, ou de qualquer situação de revelo na sociedade, porque quem não pode “pagar” as despesas que ela, a Justiça, envolve, então deve ser o Estado a assumir tais encargos.
A Democracia é um regime político dispendioso, mas “compensador”, quando se verifica que os cidadãos, por ela abrangidos, beneficiam de inúmeras condições para exercerem, substancialmente, a cidadania, desejavelmente livre de: represálias sub-reptícias; de inclusão em “Listas/Unidades de Queimados”; sem receio do que lhes possa vir a acontecer, assim como aos próprios familiares e amigos, por causa das posições político-partidárias públicas que tomam.
E muito embora, por vezes, se tente fazer passar a mensagem de que existe liberdade, a realidade nem sempre corrobora aquela afirmação, na medida em que a mentalidade política, em muitas pessoas, defende a posição, segundo a qual as leva a agir de acordo com a máxima: “Quem não é por mim; é contra mim”, portanto, para tais criaturas, é necessário, se possível, “destruir” as pessoas que discordam de certas situações vigentes.
Decorridas mais de quatro décadas, após a “Revolução Democrática Portuguesa” e, sabendo-se que muitas estruturas e recursos humanos, utilizados pela ditadura, foram desmantelados, ainda assim, fica-se com a ideia de que algumas pessoas, saudosistas do passado, ou influenciadas por determinadas práticas do exercício do poder ditatorial, comportam-se, eventualmente, bem pior, sob a capa de uma “Democracia Travestida”.
Hoje, os valores democráticos da Cidadania, como: a Fraternidade, a Solidariedade, a Gratidão, o Civismo, a Liberdade, a Coragem Política, o Humanismo, entre outros, utilizam-se, prolixamente, nos períodos eleitorais, na sedução dos eleitores, para que estes votem nesta ou naquela força política, neste ou naquele candidato que, depois de vencer o ato eleitoral e assumir o respetivo cargo, raramente cumpre o que prometeu e, frequentemente, retira direitos conquistados e aumenta deveres que dificultam a vida às pessoas: impostos.
Uma democracia não pode, em circunstância alguma, ser avaliada como tal, se ela, através dos seus representantes, legítima e legalmente eleitos e/ou nomeados, acrescenta deveres, retira direitos e desqualifica ou altera princípios, valores e regras democráticas e justas.
A Democracia tem de estar ao serviço do Povo anónimo, do Povo que, no Portugal de Abril, ajudou a restaurá-la. A Democracia é esse conjunto de Deveres, Direitos, Liberdades e Garantias que são pertença do Povo, porque todos somos Povo, mesmo que titulares de estatutos diferentes.
Ao celebrarmos mais um vinte e cinco de Abril, seria bom que todas as pessoas fizessem uma introspeção ético-política e que esse resultado fosse confrontado com os valores democrático-constitucionais, um tal exercício, naturalmente a começar na classe política e, dentro desta, daquelas pessoas que nos governam, poderá contribuir para a melhoria do relacionamento cívico entre governantes e governados e a qualidade da nossa Democracia sairia ganhar, com toda a certeza.
Só existirá verdadeira Democracia quando as pessoas puderem: exprimir publicamente o que sentem; quando forem totalmente livres de tomarem opções sem receio de represálias para elas próprias, famílias e amigos. A Democracia não é um regime perfeito, será, porventura, o menos mal, de todos os outros que são bem piores, porque ela está, deve estar, em permanente aperfeiçoamento, assim o desejem e façam por isso todas as pessoas.
É neste contexto que se defende o “imperativo categórico”, um pouco ao jeito Kantiano, segundo o qual, a ética na política é fundamental, mas para isso não basta ser-se, alegadamente, íntegro, é necessário preparar, educar, formar as pessoas em geral e, particularmente, quem vai exercer cargos políticos de eleição e/ou nomeação legal, por via de competências reconhecidas.
Neste vinte e cinco de Abril, eleitores e eleitos, deem as mãos, unam esforços para que possamos ter uma Democracia com melhor qualidade, que nos permita: exteriorizarmos os pensamentos e projetos, sem receios de perseguições encapuzadas; que qualquer pessoa possa, livremente, defender as suas ideias, tendo a certeza de que, pelo menos, serão respeitadas, mesmo que não sejam aceites e seguidas.
A Democracia implica: bom-senso; respeito pelas ideias contrárias; dignidade da pessoa humana, independentemente do cargo, atividade e ideologia que ela tem na sociedade. Pretende-se, neste vinte e cinco de Abril Português, quando se celebra mais um aniversário da “Revolução dos Cravos”, transmitir ao mundo Democrático que os nossos princípios, valores, cultura, sentimentos e emoções, são tão importantes como os de quaisquer outras grandes e/ou superpotências.
A nossa História comum é um exemplo para o mundo, porque soubemos sempre assumir os condicionalismos, os erros e os êxitos que nos caracterizam universalmente. Este Património tem de continuar a ser honrado, respeitado e dignificado, por todos os Portugueses: cá dentro ou na Diáspora; por nós e por aqueles que escolhem Portugal para melhorarem as suas condições de vida. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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domingo, 19 de abril de 2015

Absentismo. Presentismo.


É sabido que não existem organizações perfeitas, admitindo-se, contudo, que muitas instituições funcionam exemplarmente, com os seus princípios e valores, respeitando a missão e alcançando, satisfatoriamente, os objetivos consignados nos respetivos programas de ação, para o que contribuem os seus colaboradores, no exercício das funções que lhes estão cometidas, de acordo com o nível hierárquico em que estão posicionados e atendendo aos circunstancialismos vigentes.
Numa organização, onde se conjugam distintas intervenções, desde os recursos humanos, passando pelos financeiros, equipamentos e toda uma panóplia de instrumentos legais, a harmonização entre todos eles não é nada fácil, designadamente, a começar nos colaboradores, na medida em que, muitas vezes, por diferentes motivos, nem todos “remam para o mesmo lado” ou, dito de outra forma, nem todos interiorizam e praticam a cultura e o espírito da instituição.
É claro que muitas são as dificuldades ao funcionamento regular de algumas organizações empresariais, públicas/estatais e privadas, instituições de diferentes natureza e fins diversos, profissionais, amadoras, lúdicas, sem fins lucrativos. Em todas elas, mais cedo ou mais tarde, surgem os problemas a partir dos dirigentes, dos colaboradores, dos equipamentos, da economia, dos mercados, que colocam graves, por vezes irreversíveis, obstáculos ao bom desempenho, afetando a produtividade, a qualidade e a estabilidade da instituição.
Nesta breve reflexão, pretende-se aflorar a questão de alguns comportamentos que prejudicam, não só o bom desempenho do colaborador, como a rentabilidade da organização, a sua credibilidade interna e externa e a consequente quebra de clientes dos bens e/ou serviços. Tais comportamentos nocivos, também designados tecnicamente como disfuncionalidades, requerem correção, através de incentivos à formação, por exemplo e/ou a prémios que visem dissuadir os prevaricadores das más práticas profissionais.
Absentismo. Uma primeira disfuncionalidade que se verifica no funcionamento das organizações é da responsabilidade direta (voluntária ou não) do trabalhador e designa-se por absentismo, que consiste na: «ausência inesperada de um trabalhador do seu posto de trabalho. O termo “inesperado” exclui as ausências devidas a férias, “pontes”, folgas, licenças especiais de ausência (e.g. maternidade), ou outros motivos conhecidos e/ou programados pela organização.» (CUNHA, et. al., 2010:783).
Por vezes, conceptualiza-se o absentismo em termos pejorativos para o trabalhador, e quando assim acontece, então quem faz tais juízos de valor estará, eventualmente, a incentivar a prática que critica sem conhecimento de causa, até porque: «Existem várias formas de classificar o absentismo. Algumas das mais frequentemente usadas incluem a distinção entre absentismo de: (1) curta versus longa duração; (2) voluntário versus involuntário.
As ausências voluntárias dependem da vontade do trabalhador e são habitualmente associadas ao cumprimento de objetivos pessoais (e.g. compromissos familiares). As ausências involuntárias são as que escapam ao controlo do indivíduo e surgem como consequências de doenças, acidentes ou outros factores, os quais, por seu turno, podem ter ou não causas profissionais.
O critério distintivo dos dois tipos de ausência é a inevitabilidade da ocorrência: as voluntárias são evitáveis, dado serem devidas à intenção de quem se ausenta, enquanto as involuntárias (ou inevitáveis) resultam da acção de elementos estranhos à vontade de quem se ausenta (e.g. doenças súbitas, assistência a familiares, doenças imputáveis à actividade profissional, acidentes de trabalho.» (Ibid.: 783-84).
É importante destacar que de facto o absentismo voluntário, injustificado é, efetivamente, muito prejudicial, tanto para os trabalhadores, quanto para a organização e também para com aquelas entidades e pessoas que com ela se relacionam – fornecedores, clientes, organismos oficiais -, porque: «A primeira e mais evidente consequência do absentismo é a nula produtividade do empregado ausente. Em geral, as pessoas que mais se ausentam também são menos produtivas. As relações entre colegas de trabalho também podem ser prejudicadas (frequentemente, quem está presente necessita de realizar o trabalho de quem está ausente). A prestação de serviços aos clientes/utentes também pode ser negativamente afectada.» (Ibid.:784).
Pela ciência da Gestão de Recursos Humanos aplicada aos vários domínios de atividades profissionais, culturais, aqui no sentido abrangente de cultura, passando pelo lazer, consegue-se, atualmente, detetar inúmeras disfuncionalidades no mundo laboral e que para além da já referida, o absentismo, na verdade existem outras, com graus diferentes de gravidade e que influenciam, mais ou menos nocivamente: a inovação, a produtividade, a qualidade e a competitividade das organizações, face às suas concorrentes nos respetivos mercados consumidores de bens e serviços.
Presentismo. Numa breve e muito objetiva definição, identifica-se mais uma de outras anomalias, habitualmente imputáveis aos trabalhadores: «Presentismo. Comportamento que o empregado manifesta durante o período normal de trabalho. Estes comportamentos destinam-se a expressar ou aparentar a ideia, intenção ou vontade de que o presentista está em regime de laboração idêntico ao dos restantes trabalhadores, quando na verdade o seu nível de produtividade é inferior» (Ibid.:785).
Atitudes desta natureza são facilmente detetáveis, ocorrem com demasiada frequência em muitos setores de atividades profissionais, públicas e privadas. Acontece, até, que alguns presentistas tudo fazem para “dar nas vistas”, bajulam, mais ou menos descaradamente, os seus superiores hierárquicos e, se tal se proporcionar, o próprio empresário, chegando, inclusivamente, a denegrir os colegas, recorrendo ao boato, à ironia, à depreciação do trabalho, à intriga, para assim tentarem destacar-se e influenciar os decisores em benefício próprio. O presentista é, muitas vezes, o parasita da equipa e o mais perigoso.

Bibliografia

CUNHA, Miguel Pina, et. al., (2010). Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humano. 2ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Ldª.  

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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domingo, 12 de abril de 2015

Redes Sociais


Atualmente são o grande instrumento universal, a que de uma maneira mais ou menos desenvolvida, a maioria das pessoas vai recorrendo, para o bem e/ou para o mal. O E-mail, o Blog e o Facebook e, dentro deste, as mensagens, os chats de conversação, são ferramentas formidáveis, poderosas e, quando usados com prudência, respeito, solidariedade, amizade, lealdade e consideração, fortalecem a nossa personalidade e dignidade pessoais.
Infelizmente, quase todos os dias, nas minhas pesquisas, verifico que pessoas que têm a obrigação de ser educadas (até pela formação superior e estatuto sócio-profissional-económico que possuem), no entanto, colocam no Facebook as maiores indecências, atingindo, indiscriminadamente tudo e todos, outras pessoas, injuriam, difamam e ridicularizam individualidades e as mais altas entidades da política, da religião, do mundo empresarial.
De facto, constata-se que já é uma prática corrente, a utilização abusiva e indecente das redes sociais. Há pessoas que o que lá colocam é, quantas vezes, incompatível com as mais elementares regras da boa-educação, da ética e deontologia profissionais. Alguns destes utilizadores que, pelo seu estatuto social, cultural e profissional, tinham o dever de contenção, assim não procedem.
Como é que se pode dar credibilidade a estas pessoas, e às funções que exercem, quando são elas próprias a colocar em causa os serviços onde trabalham, ridicularizando-os, denegrindo-os e, afinal, ainda que involuntariamente, incluindo nessas situações outras pessoas, familiares, amigos e colegas? Haja decoro, prudência, bom-senso e respeito.
Ora, quando o nosso nome, a nossa imagem, aparece ao lado de tais intervenções e temos a infelicidade de lá colocar um “curtir/gostar/sustentar”, só porque é o senhor “fulano de tal” ou um “pseudo-amigo” de infância, ou um colega, estamos a transmitir para o mundo uma posição de concordância com o que essas pessoas escrevem, desenhos que inserem e muitas outras diversas “baixezas”.
Chegados a esta situação, então, das duas, uma: ou excluímos tais pessoas do chamado grupo de amigos (eu prefiro designar por “Colegas de Facebook”); ou ficamos sujeitos a diversas consequências que nos podem afetar em diversos domínios, incluindo o familiar, o profissional e o social.
Há valores que quando os aplicamos, incondicionalmente, em defesa de quem pensamos ser nossa/o amiga/o, nos proporcionam uma grande felicidade, uma alegria ilimitada, uma realização jamais pensada, mas, infelizmente, o contrário também existe: quando a nossa generosidade nos leva a praticar, até às últimas consequências, a solidariedade, a amizade, a lealdade, a cumplicidade, o companheirismo, pondo em risco a nossa própria subsistência material, a dos nossos familiares e amigos, bem como a degradação psicológica, porque no final não nos reconhecem estes atos magnânimos, a desilusão, a mágoa, o sofrimento e a dor são fatais.
As redes sociais estão cada vez mais sofisticadas, através delas e quem nelas está registado, rapidamente se expõe ao mundo, a vida de cada titular de conta é escrutinada e, a partir daqui, torna-se possível aceder a muitas características pessoais da pessoa investigada e de quem a ela está associada, o que pode trazer vantagens e/ou prejuízos.
Atualmente é possível desencadear um vasto conjunto de intervenções na sociedade, precisamente, a partir das redes sociais, destacando neste trabalho ferramentas como: o “Facebook”, o “Blog” o “LinkedIn”, as “Lojas online”, instrumentos poderosos que possibilitam: a concretização de projetos; divulgação de eventos; apoio à investigação em vários domínios; a busca de potenciais familiares, amigos e colegas de diversas atividades; convocar reuniões, manifestações; emitir felicitações e/ou sentimentos diversos de pesar, alegria, congratulações; publicar anúncios, entre muitas outras finalidades que são oferecidas aos utentes destas redes.
Importa, neste trabalho, meditar um pouco sobre a prudência que se impõe, quando se utilizam as redes sociais, desde logo, por exemplo, sempre que é necessário manter a preservação da imagem fotográfica, como também a idoneidade e reputação pessoais, porque quando alguém deseja obter informações, trabalho, algum tipo de serviço de uma entidade pública e/ou privada é muito fácil o acesso à nossa “radiografia” biopsicológica, socioprofissional e tudo o mais connosco relacionado, se realmente estivermos registados nas redes sociais.
A partir da inscrição do nome, ou de uma outra referência adequada, e ao alcance de um simples “click”, em frações de segundos, acede-se ao historial disponível sobre a pessoa que desejamos investigar e, assim, vislumbramos as intervenções que ela faz na rede, com quem se relaciona, os comentários que trocam, as imagens que colocam, dando-nos, portanto, uma imagem, ainda que incompleta, talvez até por defeito, das pessoas que se interrelacionam por estes meios informatizados.
Quem procura um emprego, numa empresa de qualquer dimensão, ou nos próprios departamentos do Estado, pode-se ver confrontado, para o bem ou para o mal, numa possível entrevista, ou num qualquer questionário de candidatura, perante questões que, de algum modo, envolvem a necessidade de se conhecerem alguns hábitos do candidato, nomeadamente, o uso que faz das novas tecnologias da informação e comunicação, com quem se relaciona através da internet, e aqui podem surgir as primeiras informações prejudiciais à concretização de admissão num dado emprego.
O milenar aforismo: “Diz-me com quem andas; dir-te-ei quem és”, aplicava-se, inicialmente, à convivência física entre pessoas e tem algum sentido, reconhecendo-se, embora, que poderá não corresponder à verdade se uma das pessoas não conhecer, concretamente, os princípios, valores, comportamentos e histórico da outra, todavia, a partir do momento em que tem conhecimento das características, de quem normalmente se faz acompanhar, e se as respetivas referências não são abonatórias, então deve, rápida e radicalmente, cortar todo e qualquer tipo de relacionamento porque, é uma verdade Lapalissiana: “Se acompanhas e és amigo de uma pessoa de caráter duvidoso, que sistematicamente pratica atos censuráveis e/ou condenáveis, então, mais cedo ou mais tarde, serás como essa pessoa”
Raciocínio idêntico vale para o que hoje se passa nas redes sociais. Quando se adere, comentando favoravelmente, pressionando o “Curtir/Gostar/sustentar” em frases, imagens, notas e análises, que de alguma forma são contrárias e/ou ofensivas à consideração, respeito e amizade devidos a todos os utentes da rede, em geral, e aos familiares e amigos, em particular. Ora, tal comportamento deve ser firmemente condenado e, de imediato, desfazer quaisquer vínculos que, eletrónica e pessoalmente nos ligavam a essa pessoa, porque se esta decisão não for tomada, seremos iguais, ou piores, a quem abusa, indecente e reiteradamente, destas ferramentas universais.
Imagine-se um empregador ter conhecimento que um candidato a um posto de trabalho, na sua empresa, ou sendo já um colaborador, tem determinados comportamentos físicos e/ou eletrónicos que, de alguma forma, denigrem o seu próprio nome como a imagem interna e externa da empresa, inclusive, tal trabalhador, pode estar a ter um relacionamento numa rede social com pessoas/instituições que são concorrentes/adversárias da empresa e/ou do próprio empresário, onde este funcionário ganha a vida. Situação extremamente delicada que pode conduzir à não admissão ou ao despedimento, respetivamente.
Ainda numa outra perspetiva, transporta-se para o seio da família e/ou de amigos íntimos, uma situação como a que ficou descrita acima, ora, não parece curial e muito menos aceitável, ou que revele um mínimo de consideração e amizade, que um amigo nosso se relacione com pessoas que, manifesta e sistematicamente, apresentam um comportamento desviante em relação às mais elementares normas de educação, amabilidade, estima, boas-práticas pessoais, profissionais, cívicas e sociais.
Também a violação da privacidade do que se passa, por exemplo, na casa de um familiar, amigo ou de qualquer outra pessoa, é um ato profundamente deplorável, censurável e mesmo condenável. Quem é convidado para um evento familiar, realizado no interior da casa de um amigo, assume um comportamento indecente, utilizando vocabulário indecoroso, acede a gravações da festa e coloca tais desmandos no seu próprio perfil de “Facebook” e/ou no de outros conhecidos, seguramente que não é amigo de quem o convidou e está a ter um comportamento que coloca em causa a boa reputação, bom-nome e dignidade de quem, generosamente, lhe abriu as portas para um desejado e tranquilo convívio privado. Com estas pessoas, não é conveniente manter qualquer relacionamento.
Quem se diz amigo, e/ou aceita a amizade de pessoas com um caráter tão duvidoso, quanto desrespeitoso, possivelmente não quererá receber de outras pessoas a deferência e comportamento amistoso, porque existe algo de contraditório e inadmissível. Não devemos pactuar com situações, interesses, objetivos, pessoas e comportamentos que não nos dignificam, que colocam em causa a nossa reputação, bom-nome e dignidade e que, no limite, afetam, também, a nossa própria família e os verdadeiros e incondicionais amigos.
Obviamente que podemos, e em certas circunstâncias devemos, ser flexíveis, tolerantes, compreensivos e, na medida do possível, ajudar quem carece do nosso apoio, todavia, desde que siga e/ou oiça as nossas sugestões, orientações e, inequivocamente, assuma um comportamento idóneo, de total consideração e respeito pelos nossos familiares, amigos e sociedade em geral. Nestas condições é importante, e necessário, manifestarmos e desenvolvermos toda a nossa disponibilidade e capacidades para ajudar quem vem trilhando os caminhos do incivismo, da marginalidade, da desconsideração e do desrespeito.
As redes sociais são um excelente meio para se recuperarem os mais nobres e tradicionais princípios, valores e sentimentos; para se reeducarem pessoas que, quantas vezes, “arrastadas” pelos “amigos da onça”, pelos “xicos-espertos”, pelos “engraçadinhos” caíram no descrédito, no crime, na vida censurável e condenável; para partilharmos com as pessoas em geral, e com a família e amigos verdadeiros em particular, novos conhecimentos, novas experiências, novos eventos; para, de alguma forma, termos a possibilidade de lutarmos pelos valores mais profundos e nobres em que acreditamos e nos foram incutidos por uma civilização verdadeiramente humanista.
As redes sociais devem estar ao serviço de todos estes objetivos, tendo em vista uma finalidade universal que é suportada em alguns pilares essenciais à vida humana com dignidade: saúde, trabalho, segurança, liberdade, paz e felicidade. É nesta perspetiva e com este desiderato que devemos utilizar o “Blog”, o “Facebook”, o “LinkedIn” e as outras ferramentas informáticas, unindo-nos para o bem-comum.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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domingo, 5 de abril de 2015

Páscoa: Festa da Alegria e da Esperança


Cada evento comemorativo, tem sempre uma determinada carga simbólica, e é dedicado a um acontecimento na vida de uma pessoa, de uma família, de uma organização, de um país ou a nível mundial. Participar em tais eventos é uma atitude que, salvo determinações impositivas, por instituição competente, fica ao critério de cada pessoa, da sua sensibilidade, valores, sentimentos e das tradições culturais em que está integrada.
Tal como acontece com os denominados dias “Nacionais”, ou “Internacionais”, ou ainda, “Mundiais”, sobre um qualquer facto, ou valor, a exemplo de diversos festejos: Natal, Carnaval, entre outros, também a Páscoa, tem o seu simbolismo, considerando-se a festa da alegria, para os crentes da religião católica, a ressurreição de Jesus Cristo, em toda a sua glória e esplendor.
Na cultura e tradição portuguesas, a Páscoa ainda é festejada com imensa alegria e imenso respeito e, entre diversos rituais, como a “queima do Judas”, a visita pascal às residências dos crentes católicos, tem o seu ponto alto e de profunda confraternização, quando a comitiva pascal saúda os donos da casa, asperge a água benta e dá a beijar a Cruz de Cristo cruxificado, a todos os presentes.
Nas aldeias portuguesas, designadamente no Minho, a tradição do compasso pascal vai-se cumprindo, eventualmente, aqui e ali, com menos entusiasmo e alegria, até porque a situação económico-social de milhares de pessoas e de famílias é horrível, na medida em que vivem no limiar da pobreza, com “rendimentos” abaixo do limite mínimo da dignidade humana, e sem que se vislumbre uma oportunidade para melhorarem a sua qualidade de vida e dos respetivos dependentes.
E se é certo que em determinados setores da vida nacional, as estatísticas alimentam alguma esperança, no sentido da melhoria das condições gerais de vida, como por exemplo: o desemprego, cuja percentagem tem vindo, lentamente, a baixar; por outro lado, também é verdade que milhares de pessoas que, aos quarenta e mais anos de idade, saíram do mercado de trabalho, agora não conseguem entrar e que destas, dezenas ou centenas de milhares não recebem qualquer apoio oficial.
É claro que, para este leque de centenas de milhares de pessoas, não se poderá dizer que a Páscoa é a festa da alegria, deixando-se, porém, prevalecer a esperança em “melhores dias” para todos, porque neste período que corresponde à ressurreição de Cristo, tem de haver mais confiança, porque Ele não pode defraudar os seus filhos, obviamente, na perspetiva dos crentes.
O tempo pascal poderá ser utilizado como um período de reflexão profunda, precisamente, entre os dois extremos da existência humana – nascer e morrer – e, neste percurso de vida, analisar: o que foi feito para o bem; o que foi para o mal; o que pode ser melhorado; o que deve ser corrigido e o que tem de se evitar, para se conseguir obter um equilíbrio nas relações interpessoais, envolvendo nestas os princípios, valores, sentimentos e emoções próprios das pessoas bem-formadas, generosas e civilizadas.
Viver a Páscoa como uma festa meramente consumista, com alguma ou mesmo muita ostentação, do TER, em vez da exigência do SER, enquanto pessoa visceralmente humana, é uma atitude que: não alimenta os comportamentos essenciais da esperança; que ignora a fé em relação a um Cristo protetor e amigo das pessoas. A Páscoa deve ser festejada com muito entusiasmo, também com grande humildade e respeito pelos outros, nossos iguais.
Naturalmente que pelo facto de: existirem milhares de pessoas e famílias, só em Portugal, no limiar da pobreza; centenas de milhares de desempregados, sem auferirem qualquer ajuda oficial para terem uma subsistência, minimamente, condigna; de no curto período de três anos, centenas de milhares de jovens, altamente qualificados, bem como imensos adultos, terem de emigrar; haver milhares de pessoas “sem-abrigo”, a Páscoa não deve deixar de ser celebrada, justamente, sem exibicionismos de quem quer que seja, mas sim com moderação, sem magoar aquelas pessoas que o infortúnio da vida tanto as tem fragilizado.
Durante o período da Quaresma, que decorre de quarta-feira de cinzas até ao domingo de aleluia, da ressurreição de Cristo, há muito tempo para se refletir sobre o que em Portugal tem estado mal e o que possa merecer uma avaliação positiva. É tempo de recolhimento, de meditação em vários domínios e contextos, desde logo: religioso, político, social e económico, os quais constituem quatro grandes pilares, entre outros, para se avaliar a qualidade de vida da população e, a partir desta análise, tomarem-se as medidas necessárias para se corrigir o que tem estado errado e melhorar o que de bom possa ter acontecido.
É, justamente, apesar de todas as dificuldades, que nos deveremos mobilizar para, em conjunto com as entidades competentes, resolvermos alguns problemas mais delicados, apoiarmos, inequivocamente, dentro das nossas possibilidades e capacidades, quem mais precisa, porque a Páscoa também é um tempo de solidariedade, de coesão fraterna e de pensamento em Cristo ressuscitado, como único Salvador da Humanidade.
Quando vivenciamos a Páscoa, como uma festa da alegria, obviamente que nos colocamos num registo otimista, com pensamentos positivos e determinados a não nos deixarmos abater pelos insucessos, pelas faltas de solidariedade, pelas deslealdades, pela doença e pela falta de trabalho, bem pelo contrário, assumindo atitudes de esperança e confiança no futuro, que todos temos de ajudar a construir, independentemente da situação pessoa de cada pessoa.
É nesta perspetiva de confiança, de acreditar que é possível sermos melhores uns para os outros, que a imaginação criativa da pessoa humana, a sua inteligência e a determinação em construir um mundo mais tranquilo, mais solidário e mais fraterno, se consegue sair de muitas “crises” que, atualmente, sufocam muitos países, o povo humilde e trabalhador, que não é responsável por tais situações injustas que outros criaram, devido à ganância, ao desejo incontrolado de Poder e de Ter.
Páscoa enquanto festa para todos, não de pobres nem de ricos, embora estes, materialmente, tenham melhores condições e motivos para “festejar” o evento, com abundância, por vezes, estragando e deitando fora tantos produtos que saciariam a fome e agasalhariam centenas de milhares de pessoas, só em Portugal.
Hoje, segunda década do século XXI, mais do que nunca, torna-se extremamente aconselhável passar-se à prática, desde a conceção de medidas favoráveis à erradicação das situações de miséria à consequente aplicação ininterrupta das mesmas: para que todos os dias possa ser Páscoa; para que todos os dias haja solidariedade, amizade, fraternidade; para que todos os dias haja saúde, trabalho, justiça social, paz e felicidade.
Nesta Páscoa de 2015, alguém tem de lançar algumas sementes de esperança, para que as pessoas e as famílias portuguesas, em particular, e as restantes por esse mundo fora, continuem a acreditar que: não estão abandonadas; que existe uma saída; que os jovens têm futuro; os desempregados terão trabalho; os idosos serão respeitados e não voltarão a ser vítimas da espoliação dos seus parcos rendimentos, que lhes são devidos e para os quais contribuíram uma vida inteira de trabalho e, finalmente, para que quem trabalha, lhe seja pago o justo e devido salário, sem cortes nem impostos brutais.
Vamos acreditar que a Páscoa deste ano será o início de um longo e brilhante futuro, para todas as pessoas sem exceção e que, querendo os responsáveis: financeiros, políticos, empresários, religiosos e trabalhadores, não mais haverá fome nem miséria; que os cuidados de saúde cheguem a toda a população; que a educação e formação, ao longo da nossa existência, nos preparará para enfrentar a vida; que a justiça nos protegerá e ajudará a restabelecer a honra, bom nome e dignidade, seja dos inocentes, seja dos arguidos, seja dos condenados.
Comemora-se, uma vez mais, a ressurreição de Jesus Cristo e, com este acontecimento: devemos acordar para as diversas realidades da vida; para o incentivo a colaborarmos nas tarefas solucionadoras de variadíssimas situações anormais, injustas, irregulares e ilegítimas. Ressuscitemos nós, também, para os grandes princípios, valores, sentimentos e emoções que caracterizam e dignificam a pessoa verdadeiramente humana.
Páscoa com Aleluias, com cantares jubilosos, com esperança no futuro da humanidade, para o Bem, para a Concórdia, para a Liberdade, para a Igualdade, para a Fraternidade e para a Paz. Páscoa de Cristo e em Cristo, Páscoa da Humanidade; Páscoa da Vida Redentora.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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Imprensa Escrita Local:
 
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