sábado, 29 de fevereiro de 2020

Conflitualidade Humana


A primeira década do século XXI apresentava-se à comunidade mundial como uma esperança, mas também transportando toda uma carga negativa de conflitualidade e indiferença, pelos mais elementares direitos e deveres que a cada cidadão, e aos governos compete observar.
A preocupação coloca-se na impreparação que muitas pessoas vêm manifestando e, consequente incapacidade para: por um lado, evitar determinados conflitos; por outro lado, resolver, com prudência e equidade, as situações que afetam a qualidade de vida, ao nível das relações humanas interpessoais.
A humanidade atravessou em 2014-2015, como no passado, mais uma grave crise que se refletiu em vários domínios da sua existência e intervenção. Resolver ou, pelo menos, contribuir para uma solução que aponte no sentido de reduzir o confronto negativo e exacerbado, latente nalguns domínios e atuante noutros, constitui um imperativo do cidadão deste século.
O problema nuclear que se coloca centra-se, essencialmente, na conflitualidade existente na sociedade humana, por razões diversas, destacando-se alguns problemas como: persistente violação de direitos humanos; insuficiente democratização na abordagem de diferentes situações; dificuldade no exercício de uma cidadania plena, entendida na fruição de direitos e cumprimento de deveres e, finalmente, pouca preparação de muitos cidadãos para assumir as responsabilidades que lhes cabem, nos diferentes contextos societários. A tarefa para reduzir os impactos negativos das situações resultantes daquelas insuficiências, não é fácil, e a reflexão sobre estes temas já vai no terceiro milénio.
Do nascimento de um “esboço” de democracia na antiga Grécia, à democracia do século XXI, um longo caminho já foi percorrido e, embora os conceitos clássicos se mantenham relativamente atualizados, no que à democracia respeita, a prática e atitudes de tão importantes valores da cidadania, ainda não se verificam em todo mundo, com autenticidade e liberdade.
E se, igualmente: o século XVIII, ao qual está ligada a Filosofia das Luzes, produziu alterações significativas na sociedade, nos regimes políticos e nos indivíduos; também é verdade que novos conflitos, novas injustiças, novas desigualdades acabariam por substituir velhas arbitrariedades, desavenças e regimes.
Quaisquer que tenham sido os processos, os intervenientes e os meios, os resultados que se gostaria de ter usufruído, então, 2015, não foram totalmente alcançados, porque: outros interesses se interpuseram; outras ingerências dificultaram o processo democrático; e, no centro de todas as polémicas sempre tem estado o indivíduo humano. Então o problema que atualmente persiste é, precisamente: o homem, o cidadão, o membro de família, o político, o religioso, o profissional, o empresário, isto é, o homem em todas as suas dimensões.

Bibliografia

FERREIRA, Silvestre Pinheiro, (1834a). Manual do Cidadão em um Governo Representativo. Vol I, Tomo I, Introdução António Paim, (1998a) Brasília: Senado Federal.


Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

domingo, 23 de fevereiro de 2020

A Ética do Poder

As solicitações que se colocam a cada pessoa, em todos os contextos em que ela se movimenta, são cada vez mais exigentes, pressupõem uma permanente atualização, nos domínios em que são necessários ao bom desempenho das tarefas inerentes aos diversos papéis, que cada uma é chamada a desempenhar.
E se, por um lado: a relação pessoa-máquina já é difícil, devido à tecnologia cada vez mais sofisticada e multifuncional, obrigando, inclusivamente, a uma formação específica e constantes aperfeiçoamentos, atualizações e especializações; por outro lado, o relacionamento interpessoal torna-se, extremamente, complexo, na medida em que a pessoa humana, para além da componente física, visível e relativamente conhecida, tem uma outra dimensão, inefável, que se pode designar, para uma compreensão simplificada, por psíquica, consciência, espírito ou alma.
A formação da pessoa humana é, portanto, muito exigente, postula uma aprendizagem ao longo da vida, e que nunca ficará concluída, no sentido de relacionar-se com os seus pares, de forma rigorosa e infalível, pela simples razão de que não há duas pessoas exatamente iguais. Por enquanto existem contrariedades que são difíceis de superar, desde logo, porque há uma grande diversidade de conceitos sobre uma hierarquia axiológica, a sua importância e necessidade.
Com efeito, cada pessoa tem uma noção diferente sobre determinados valores, que regem a sociedade nas suas múltiplas facetas e estruturas. O elevado grau de subjetividade que persiste, na avaliação de alguns cânones, dificulta: por um lado, o relacionamento interpessoal; mas também se pode considerar uma análise positiva, justamente, a partir da diferença de conceitos, que talvez conduza a uma perspectiva, eventualmente, mais adequada à sociedade contemporânea.
O ser humano, aliás, tal como muitos outros animais, busca, ao longo da vida, várias situações, designadamente, aquelas que de alguma forma lhe permitem exercer autoridade, poder, influência sobre os seus semelhantes e, até, sobre os restantes constituintes da natureza.
Mas poder significa, principalmente, liderança, porque só se exerce o poder sobre alguém que, voluntária, ou obrigatoriamente, obedece, deixa-se conduzir, aceita as ordens e sanções: positivas ou negativas. De facto, “quem lidera, pode”.
O poder desenvolve-se, com mais destaque, nas pessoas que, de alguma forma, exercem um cargo, seja de que natureza for que, como é sabido: «O mais conhecido poder de posição é o poder do cargo, outorgado a alguém assim que assume determinadas responsabilidades, numa organização. É o poder instituído, convencionado a um cargo específico, referendado diariamente em todos os atos formais na estrutura organizacional.» (ARAÚJO, 1999:94).
 É indiscutível que, para se exercer o poder, é necessária uma preparação muito específica e rigorosa, de resto, até se pode ter em atenção o que rezam alguns aforismos populares: “Nunca sirvas a quem serviu, nem peças a quem pediu”; “Quem não sabe obedecer, não sabe mandar”, “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Portanto, poder e obediência, ou vice-versa, são situações complementares, e não será benéfico que sejam entendidas como adversárias porque, estas sim, conduzem ao conflito.
Na relação interpessoal o poder, ainda que sob a forma tácita, está presente, ou então sob uma qualquer outra dimensão: moral, religiosa, política, técnica, científica, económica, empresarial, profissional, paternal, entre outras. Há sempre uma parte que tem mais poder, evidentemente, num contexto de estatutos: socioprofissional, político, religioso, cultural, ou qualquer outro, porque enquanto pessoas humanas, não poderá haver qualquer superioridade: «Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei» (CRP, 2004, Artº 13º, nº 1).
Qualquer líder que se preze de exercer o poder, seja qual for, por exemplo: democrático, político, militar, religioso, empresarial, docente, económico, entre outros, sempre que os seus liderados têm sucesso, numa determina ação, todo o mérito deverá ser atribuído a eles, que devem ser elogiados; todavia, em caso de fracasso, o líder deverá saber tomar a atitude correta, porque: «Assumir a responsabilidade é tomar para si o controlo de determinada situação, comprometendo-se com o seu resultado. É muito saudável e vital para relações que se pretendem produtivas.» (ARAÚJO, 1999:100).
O exercício do poder não envolve, apenas, determinadas caraterísticas, tais como liderança democrática, prudência, sabedoria, humildade e sentido de justiça. O poder também exerce influência nos sentimentos, quer do líder e, principalmente, dos liderados, na medida em que: «Os sentimentos e, em especial, o medo interferem muito na relação de poder e no desempenho. Sentimentos de frustração, vitória, incapacidade, confiança, humilhação ou reconhecimento estão profundamente conectados com a disposição de enfrentar obstáculos e desafios.» (Ibid.).
O exercício do poder democrático, em qualquer organização, deve obedecer a uma Ética própria, por forma a, em circunstância alguma, humilhar. É importante assumir uma Ética do poder, e para isso é preciso merecer o poder, e não o conquistar a qualquer preço, porque, realmente: «Poder, reconhecimento e respeito se conquistam por merecimento. Não vem de graça. São os comportamentos, as ações do dia-a-dia que demonstram quando somos confiáveis, quando merecemos – de facto – o poder que está nos sendo atribuído.» Ibid:173).
O exercício do poder, com Ética, implica, ainda, a exigência de cada pessoa se conhecer a si própria, saber escutar-se e ouvir atentamente o tribunal da sua consciência. As razões que cada pessoa apresenta para justificar as suas atitudes, têm de ser escutadas porque: «Ao escutarmos os outros, descobrimo-nos a nós mesmos como seres singulares, distintos, dotados de ideias próprias e capazes de delimitar fronteiras e espaços de convergência com o outro.» (TORRALBA, 2010:182).
A tentação do exercício do “poder-pelo-poder” é uma caraterística do ser humano, todavia, é essencial que também haja um esforço de grande humildade, de gratidão para com aquelas pessoas sobre quem se exerce algum tipo de poder, porque líderes e liderados são uma única dimensão do poder: uns não existem sem os outros. O apreço deve ser sempre recíproco.
A estima e consideração mútuas; a gratidão e a solidariedade; a amizade e a lealdade; a cumplicidade e a humildade; a reciprocidade e a entreajuda, serão, talvez, os melhores ingredientes para que desta relação, entre líder e liderado, frutifique bons e duradouros resultados, entre as pessoas que, realmente, se querem bem, independentemente dos estatutos que tenham na vida.
A amizade sincera e incondicional, quando for possível e desejável pelas partes, deverá ser o núcleo duro das relações entre as pessoas, independentemente dos cargos e situações que detenham na sociedade. Assumida uma amizade pura, entre duas pessoas, tudo o resto decorre com alegria e felicidade, com aceitação da crítica justa, amiga, corretora, sempre no sentido do aperfeiçoamento.

Bibliografia

ARAUJO, Ane (1999). Coach: Um parceiro para o seu sucesso. 6ª Ed. São Paulo: Editora Gente
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA, (2004), Versão de 2004. Porto: Porto Editora.
TORRALBA, Francesc, (2010). A Arte de Saber Escutar. Trad. António Manuel Venda. Lisboa: Guerra e Paz, Editores S.A.


Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Coaching

Provavelmente, um dos grandes valores que presidem ao relacionamento entre duas pessoas que se entreajudam, é a gratidão, porque: «Agradecer com um coração verdadeiro, fortalece o vínculo de tal maneira que essas relações permanecem indeléveis na memória» (ARAÚJO, 1999:9). Na verdade, a gratidão é uma virtude que começa a rarear em muitas pessoas que se relacionam em vários contextos. Apesar de tudo, este valor existe em grande parte das relações no processo Coaching.
Numa definição breve e para se iniciar este tema aceite-se como primeiro conceito que: «Coaching é uma relação de parceria que revela/liberta o potencial das pessoas de forma a maximizar o desempenho delas. É ajudá-las a aprender ao invés de ensinar algo a elas …» (GALLWEY, in: ARAÚJO, 1999:25).
«O Coaching é uma técnica usada para melhorar o desempenho: quer na vida profissional; quer na vida pessoal. Assenta nas seguintes premissas: Que é possível conhecermo-nos melhor; Que é possível pensar melhor (com menos limitações e bloqueios); Que é possível entender melhor os outros e lidar melhor com os conflitos, não fugindo deles; Que é possível adquirir novas capacidades e ferramentas; Que é possível tornarmo-nos mais criativos; Que é possível sermos mais proactivos; Que é possível melhorar a performance; Em suma, que é possível mudar - e para melhor: tanto como pessoas; como profissionalmente». (http://www.clearmind.pt/o-que-e-o-coaching/, consultado em 08.02.2020).
Mas Coaching também é muito mais do que eventuais resultados de uma relação, significa um compromisso com a pessoa, como um todo, com a sua realização e o seu desenvolvimento, na medida em que através deste processo surgem novas oportunidades e possibilidades de aprendizagem.
Num processo de Coaching, existem dois intervenientes fundamentais: o coach e o seu cliente. Dir-se-á que o coach desempenha: «O papel de professor, treinador, preparador técnico». (ARAÚJO, 1999:25). Coach é, portanto, o papel que alguém assume: «quando se compromete a apoiar alguém a atingir determinado resultado e o processo de Coaching começa quando uma pessoa procura apoio para resolver um problema ou realizar um projeto» (Ibid).
O «Coaching é mais do que um treinamento, o coach permanece com a pessoa até ela atingir o resultado. A sua função é dar-lhe poder para que ela produza para, que suas intenções se transformem em ações que, por sua vez, se traduzem em resultados. Coaching é, essencialmente, empowerment. Dar poder para que o outro adquira competências, produza mudanças específicas em qualquer área da vida ou até e principalmente, transforme a si mesmo (…). Apoiar alguém e transformar sua auto-estima em sua força pessoal é parte fundamental do processo Coaching» (Ibid.:26).
A verdade é que: «Precisamos de Coaching porque não podemos observar nossas próprias ações sem a ajuda dos outros; é com os olhos dos outros que nos enxergamos melhor, que vemos quem realmente somos e os resultados que, de fato, produzimos. Precisamos dos outros especialmente quando ainda não temos competência para produzir algum resultado. O coach nos ajuda a desenvolver confiança em nossas possibilidades e persistência diante de obstáculos. Precisamos dos outros até mesmo quando somos competentes. Queremos ser ouvidos, reconhecidos e apreciados. Precisamos ser valorizados pelo nosso esforço e por resultados que produzimos.» (Ibid.:27-28).
O mundo moderno não se compadece com atitudes estáticas. A energia da sociedade é cada vez mais acentuada. Tudo se desenvolve com uma “velocidade vertiginosa” e, neste dinamismo, entram as pessoas com todos os seus saberes, comportamentos e atualização permanente de conhecimentos diversos: culturais, sociais, profissionais, cívicos, económicos, religiosos e todos os outros que integram as várias dimensões da pessoa humana.
Por via desta crescente evolução: «As pessoas deveriam dedicar-se ao desenvolvimento dos outros porque é uma forma de também se desenvolverem. Coaching é um exercício refinado de liderança. Todo coach é um líder, mas nem todo o líder é um coach. Para ser coach não é necessário ser o chefe do cliente, embora gerentes, chefes e supervisores sejam os coaches mais prováveis em função da liderança que se espera que exerçam junto dos outros, e não sobre os outros.» (Ibid.:28).
Como se pode verificar: «O Coaching é um processo de alto impacto para o aumento da produtividade, pois significa compromisso com os resultados e com a realização das pessoas e pressupõe disposição para cooperar. Quando a equipa está muito competitiva, a prática de Coaching restabelece os vínculos entre as pessoas e a preocupação com o desenvolvimento dos outros; e quando ela está cooperativa de mais, ou até complacente, (tolerante) provoca uma reflexão sobre a responsabilidade pelos resultados.
Realmente, Coaching é responsabilidade. Mas isso não quer dizer que precisamos ter medo de exercê-la, pois é responsabilidade compartilhada. É uma relação de compromisso, é bilateral e não unilateral. O filho que não aceita o apoio do pai, nem da mãe, nem dos irmãos, está criando uma condição de autossuficiência que pode prejudicá-lo em muitas situações futuras, principalmente no trabalho em equipa.» (Ibid.:29).
Ao longo da vida, cada pessoa está sempre num processo de aprendizagem, porque ninguém nasce ensinado em coisa alguma, pelo contrário, pode-se afirmar que o ser humano é extremamente frágil, em todos os seus aspetos, a sua preparação para a vida demora anos e nunca vai estar totalmente formado para enfrentar as diversas situações que se lhe vão deparando, por isso, cada pessoa precisa de outra pessoa, de meios, de condições para se desenvolver.
Nesse sentido: «Para apoiar alguém a desenvolver credibilidade, isto é, apresentar os resultados dos quais se comprometeu, é preciso aceitar que esta pessoa cometerá seus próprios erros; caso contrário, ela não terá uma experiência genuína. O conhecimento não pode ser transferido de uma pessoa a outra, ele só é adquirido na experiência pessoal, no ato de caminhar o próprio caminho.» (Ibid.:30).
O processo Coaching envolve quatro etapas a saber:
«1ª – Construção de uma parceria sólida, consciente. Uma parceria baseada em confiança mútua e maturidade para assumir e cumprir todas as responsabilidades acordadas. A abertura entre o coach e o cliente tem de ser total; afinal, eles viverão juntos: vitórias e realizações, mas também compartilharão momentos de fracasso e frustrações. Como precisam lidar honestamente com a realidade dos fatos, devem adotar o feedback como prática, frequentemente. É importante que a relação seja nutrida durante todo o processo, até o resultado final ser atingido, pois constitui um trilho seguro para o percurso;
2ª – Diz respeito ao que o cliente deseja realizar: sua visão do futuro. O coach pode ajudar a transformar a visão da empresa na visão da equipa ou negócio e, finalmente, na visão pessoal do cliente. Pode ser também que o cliente tenha uma visão mais ampla que transcenda a visão da organização ou um projeto específico ou pessoal. O coach deve estimular o cliente a sonhar …, de olhos abertos, expressar quem ele é através dos sonhos e a manter a integridade consigo mesmo.
3ª – Consiste na análise da “bagagem de mão”, ou seja, a trajetória de realizações de ambos. É muito importante que coach e cliente se conheçam bem, para que explorem com competência os talentos um do outro. É valioso também que apontem dificuldades e limitações atuais e definam aquelas que precisam ou desejam mudar. Parte do papel do coach é ajudar o cliente a separar, na bagagem, o que é seu do que é dos outros, o essencial do supérfluo, e libertar de eventuais “pesos inúteis” a bagagem. Outra parte significativa reside em ajudá-lo a valorizar o que tem: seus talentos, sua dedicação, enfim, seu potencial de realização.
4ª – É o Plano de Ação. Conhecendo melhor o cliente, o coach pode ajudá-lo a identificar o que falta, a lacuna, entre a sua visão e a situação e competências atuais. O coach precisa observar se essa distância não está muito além do que se pode cumprir, pois isso só causaria ansiedade. O próximo passo é construir uma ponte firme para que a intenção se transforme em resultados. Estabelecer e acordar um plano de ação é fundamental para que o coach possa acompanhar bem o desenvolvimento do cliente, garantindo o sucesso do projeto.» (op. cit.: 34-35).
 Como reconhecer um bom coach:
«Ele aceita o cliente como é e escuta-o sempre com atenção; ele focaliza a atenção do cliente e dá prioridade à ação; lida com a realidade e tem energia e disposição para alterá-la; é comprometido com o cliente, sem lhe tirar o poder de decisão e sem competir com ele ou tentar superá-lo; diante de erros, não acusa mas analisa. Vê o erro como chances de aprender.» (Ibid.:38).
Como reconhecer um bom cliente:
«Ele é consciente dos seus talentos e suas limitações atuais; ele sabe quais são seus objetivos e tem determinação para alcançá-los; é aberto ao feedback e disposto a aprender sempre; aceita influência e tem espírito crítico e prontidão para agir.» (Ibid).
Atualmente é sabido que o capital humano é o mais importante em qualquer organização, por isso mesmo, elas, as organizações: «não poderão manter ou atingir os padrões de excelência e produtividade necessários se as pessoas não se libertarem do apego às posições e da rigidez das estruturas hierárquicas.» (Ibid.:41).
Caminha-se, portanto, para o reforço da ideia segundo a qual: «O Coaching é liderança refinada, pois ao se concentrar mais no desenvolvimento das pessoas, fortalece o capital humano nas organizações, para enfrentar mudanças com maior agilidade.» (Ibid.: 42).

Bibliografia                                                  

ARAUJO, Ane (1999). Coach: Um parceiro para o seu sucesso. 6ª Ed. São Paulo: Editora Gente

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Gestão do Capital Humano


A estruturação da sociedade envolve várias vertentes e, em todas elas, a componente humana vai estando presente, seja de forma direta e/ou indireta. Não é despiciendo considerar que a pessoa humana, verdadeiramente assumida, e considerada como tal, é o motor de toda a organização societária, na medida em que sem a sua intervenção, possivelmente, apenas a natureza, respeitando os seus ciclos, cumpriria as respetivas funções, e o mundo não teria evoluído até ao ponto em que hoje é conhecido, com todas as suas grandezas e misérias que, afinal, constituem os dois extremos, a partir dos quais se procura, incessantemente, o equilíbrio que se deseja cada vez mais estável.
A intervenção humana, praticamente em todas as áreas que lhe são conhecidas, ou sob investigação, tem sido notável, para o bem e para o mal, todavia, e pelo menos, verifica-se que, ao longo dos milénios, tem havido uma evolução cada vez mais acelerada, de tal forma que, atualmente, é impossível acompanhar-se, em simultâneo, o avanço da ciência e da técnica. O ser humano, seguramente, está dotado de capacidades que ele próprio, também e ainda desconhece, bem como a diversidade de situações em que é capaz de intervir, e que é incomensurável.
Mas se organizar e gerir certas conjunturas, lhe está relativamente acessível, e até consegue, com mais ou menos sucesso, nomeadamente, a modificação de parte da natureza, outro tanto não alcança, em pleno, quando a intervenção tem por objeto as pessoas, seja qual for o contexto em que estas se encontrem: familiar, profissional, social, político, religioso, económico, empresarial, porque não é possível a experimentação absoluta, das pessoas, em laboratório, e muito mais difícil estabelecer leis científicas e universais, para certos comportamentos humanos.
A sociedade, através dos seus atores, e dos instrumentos que são adequados às mais diversas situações, naturalmente, que se vai organizando com a busca ininterrupta dos equilíbrios necessários, a fim de ser possível chegar-se ao bem-comum, à paz e à felicidade. Por isso a elaboração, a aplicação e controlo de regras, em todos os domínios, é essencial. Gerir pessoas, é uma ciência e uma arte, que não está acessível a qualquer cidadão, independentemente da sua vontade e recursos disponíveis. Ninguém ignora que o capital humano, em qualquer organização: da família à empresa, passando pela sociedade na sua imensa diversidade, é o bem mais valioso que existe no mundo.
A sociedade de hoje está organizada em múltiplos e complementares setores de atividade, logo, nesse sentido, toda a pessoa tem capacidades para dar o seu melhor, num determinado contexto de intervenção: «As capacidades das pessoas são geralmente consideradas no âmbito das suas funções, havendo pouco conhecimento daquilo que um indivíduo é capaz de fazer fora do seu departamento ou seção. Assim se desperdiçam competências disseminadas pela organização, se desmotivam as pessoas, se perdem oportunidades de negócio e se desperdiça potencial competitivo.» (CUNHA, et. al., 2010:64)
O que se aplica às empresas públicas e privadas, pode-se, muito bem, adotar para a sociedade em geral, obviamente, com as devidas adaptações, na medida em que esta é composta, precisamente, por indivíduos, inseridos numa qualquer instituição ou, provisoriamente, num determinado contexto ou, ainda, numa situação específica, porém, sempre dotado de capacidades diversas, evidentemente, enquanto detentor das respetivas faculdades, conhecimentos e práticas. Por isso, todas as pessoas são necessárias e valiosas.
Educar e formar uma pessoa, nas suas diversas dimensões, é uma tarefa que envolve meios complexos e avultados, qualitativa e quantitativamente considerados. Preparar a pessoa, verdadeiramente humana, para intervir em várias frentes: família, sociedade, profissão, instituições culturais, desportivas, religiosas e de lazer, com sentido responsável e cívico, implica, por sua vez, um conjunto de recursos materiais e humanos que devem ser disponibilizados pelo Estado Democrático de Direito e também com grande envolvimento das próprias pessoas.
Pese embora um conjunto de grandes dificuldades que atravessa todas as sociedades de diferentes naturezas: familiar, económica, laboral política e axiológica, a verdade é que a gestão das capacidades positivas, individual e/ou grupalmente consideradas, não estarão a ser usufruídas, optando-se, provavelmente, (mal) por se ignorar estes fatores de desenvolvimento do país, apelando-se à saída da pátria, ou então a enviá-las para uma existência de ócio e inutilidade social, o que até constitui uma grande ofensa a quem deseja colaborar na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos duma determinada sociedade.
O desperdício que resulta da inatividade dos cidadãos, e do conformismo perante a adversidade, constitui, por si só, uma perigosa descrença quanto à possibilidade que realmente existe de um futuro melhor. O exercício de valores, atualmente tão esquecidos, ajuda a vencer as dificuldades em que o mundo se encontra. É fundamental acreditar-se de que se pode vencer, com estudo, trabalho, poupança, investimento e boas-práticas cívicas.
Na verdade, e a título de estímulo, pode-se afirmar, sem vergonha que: «A sociedade, entendida como sentimento de fraternidade, de adesão, de fidelidade e de compreensão que nos impele a cuidar, apoiar, animar mutuamente, é uma força natural que incute confiança, segurança, esperança e fomenta uma perspetiva mais comunitária do mundo, menos individualista.» (MARCOS, 2011:122)
A gestão do capital humano, seja em que âmbito for, não pode visar, exclusivamente, resultados materiais quantificáveis numa determinada unidade monetária mas, paralelamente, haver uma forte preocupação pela realização pessoal de cada pessoa, pelo seu próprio bem-estar e da  família, profissional, económico, social e por uma interiorização do valor espiritual que cada uma transporte consigo mesma, enfim, por uma convicção bem consolidada da importância e insubstituabilidade de cada ser humano. Princípios e valores, não se negoceiam. A felicidade não se mede, sente-se, vive-se e transmite-se solidariamente.
Atualmente, terceira década do século XXI, não poderá haver mais lugar para a desordem, para o divisionismo do capital humano, que é o mesmo que dizer, colocar pessoas contra pessoas, porque os resultados familiares, sociais, políticos, económicos, religiosos e empresariais são, seguramente, desastrosos e, eventualmente, definitivos, deixando feridas insanáveis, que jamais deixarão de sangrar e doer.
Uma boa gestão do capital humano, em todos os contextos da intervenção da pessoa, passa pela conjugação de todas as sinergias, pela educação e formação, por objetivos bem claros e, previamente, definidos, sempre reiterados, no caminho que conduz à realização suprema de cada pessoa em particular, e da sociedade global em geral. Numa sociedade que, maioritariamente, busca o gozo dos mais elevados valores, gerir este valiosíssimo património humano é fundamental, para que, pelo menos, as próximas gerações tenham uma vida digna.
Superintender este capital humano deve conduzir, entre outros, a valores universais que se dirijam à paz e à felicidade. Mas governar este capital passa, em primeiro lugar, por cada pessoa, porque tem de ser ela a gerir-se a si própria, obviamente, com as regras societárias que estão estabelecidas e sevem aqueles valores, a outros que enaltecem a dignidade humana, seria demasiado irresponsável: exigir aos outros o que em primeira instância pertence ao próprio; ou seja, cada pessoa deverá ser um bom exemplo para outra e assim sucessivamente.
A interiorização de valores altruístas e a sua prática começa por ser da livre vontade de cada pessoa de bem, porque: «Se nós transformarmos a nossa consciência individual começaremos o processo de mudança da consciência coletiva. Transformar a consciência do mundo não é possível sem a mudança pessoal. O coletivo é feito de indivíduos, o indivíduo é feito do coletivo, e todo e cada indivíduo tem um efeito direto na consciência coletiva.» (HANH, 2004:60)

Bibliografia

CUNHA, Miguel Pina e, et. al., (2010). Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humano. 2ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Ldª.
HANH, Thich Nhat, (2004). Criar a Verdadeira Paz. Cascais : Pergaminho
MARCOS, Luís Rojas, (2011). Superar a Adversidade, O Poder da Resiliência. Trad. Maria Mateus. Lisboa: Grupo Planeta.

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

domingo, 2 de fevereiro de 2020

O Maravilhoso Mundo da Comunicação

Mas a comunicação social é muito mais do que isso, pela simples razão de que, em princípio, deve cobrir uma diversidade imensa de comunidades, culturas, línguas, costumes, regiões e, nesse sentido, será aqui entendida como divulgação de um facto relevante (assim deveria ser): seja ele científico, político, religioso, económico, militar, cultural, lúdico ou de qualquer outra natureza importante.
A comunicação de ideias, de projetos e de valores, pode veicular-se pelos Órgãos de Comunicação Social, genérica e inocuamente entendidos, daí a importância que para o cidadão comum tenha acesso aos atuais meios de comunicação, embora a preparação científica e técnica não seja a realidade constante e uniformemente considerada.
Na sua acepção mais lata, o vocábulo “imprensa” designa o conjunto dos meios impressos, falados e televisivos, que permitem a difusão periódica da informação, modernamente intitulados Órgãos de Comunicação Social, todavia, em linguagem técnica, o termo designa, somente, as publicações gráficas emitidas com periodicidade regular: jornais e revistas.
A televisão vem desempenhando uma tarefa complexa e, simultaneamente, também aumenta o número de telespectadores, porque este meio de comunicação entra pelas casas, vai até à mais recôndita intimidade que é o quarto conjugal, naturalmente, que telecomandado, mas, ainda assim, nem sempre a vontade é mais forte do que o programa que está a passar.
A internet é um poderoso meio de comunicação social neste século XXI. Através desta tecnologia da informação e da comunicação, é possível a quem domine razoavelmente este meio, comunicar com todo o mundo, em direto, participar em quaisquer debates, frequentar cursos praticamente a todos os níveis, assistir a eventos de diversa natureza, publicar artigos, enfim, saber o que se passa em qualquer parte do mundo e, investigar um assunto técnico, científico, religioso, cultural, biografias de grandes vultos. Hoje, tudo está na internet.
Por outro lado, a especificidade do jornalista não reside no facto de escrever nos jornais; como não está, também, no facto de ter opiniões, nem de as exprimir, nem de modificar a sociedade mas, bem pelo contrário, a sua função social própria é transmitir comunicações úteis, é uma tarefa universalista, porquanto ele deve, desde logo, captar os rumores da sociedade, dar sentido a esses rumores, transformá-los objetiva e isentamente em informação, em notícia, porque ele deixou de ser como que um “mago que sabe tudo” para assumir o papel de especialista em comunicação, por isso, detentor de uma competência técnica nesta matéria.
A televisão favorece (se os responsáveis assim o desejarem): a cultura, o progresso, a ciência, porque ela permite levar ao conhecimento dos interessados, tudo aquilo que de mais recente se vai criando, experimentando e consolidando.
Finalmente, a televisão pode contribuir, poderosamente, para a efetivação do direito à informação por parte do indivíduo comum, porque aquele direito justifica a necessidade de defender a coletividade, os cidadãos, os grupos e os interesses gerais.


Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

TÍTULO NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR, condecorado com a “GRANDE CRUZ DA ORDEM INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR DO BRASIL, Pedro Álvares Cabral” pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística  http://www.minhodigital.com/news/titulo-nobiliarquico-de

COMENDADOR das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker – Brasil

TÍTULO HONORÍFICO DE EMBAIXADOR DA PAZ pelos «serviços prestados à Humanidade, na Defesa dos Direitos as Mulheres. Argentina»

DOCTOR HONORIS CAUSA EN LITERATURA” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.

https://www.facebook.com/ermezindabartolo