domingo, 30 de outubro de 2022

Interdependência Humana

Sabe-se que, sociologicamente, a composição das comunidades humanas, integra pessoas com os mais diferentes, quanto mais, ou menos, relevantes estatutos: sociais, profissionais, académicos, políticos, religiosos e muitos outros, de tal forma que a interligação entre os seus titulares é um dado adquirido, assim como no que concerne às diversas instituições. O mundo atual já não é um espaço onde se consiga viver isoladamente.

Poder-se-ia trazer para esta análise: ricos e pobres; letrados e analfabetos; políticos e indiferentes a esta atividade; religiosos, ateus, agnósticos; cientistas e técnicos; especialistas e leigos, entre muitos outros intervenientes na sociedade. Igualmente uma abordagem para instituições com diferente natureza: empresas comerciais, industriais; organismos do Estado/Governo, organizações não-governamentais, instituições privadas de solidariedade e muitas outras.

O que se pretende é refletir sobre a inevitabilidade do relacionamento entre pessoas, estas com a natureza, com o mundo. Viver-se isoladamente, qual época das cavernas, é impossível, porque, em bom rigor, todos dependemos uns dos outros, por mais que alguém pense que por ter sorte: em saúde, em dinheiro, em recursos materiais diversos, um bom emprego, uma habitação apalaçada e tudo quanto é necessário a uma existência confortável e luxuosa, não carece de ninguém, isso não corresponderá à verdade, porque, ainda assim, vai precisar de muitas outras pessoas, com os mais diversos estatutos e atividades.

Considerar que somos, absolutamente, independentes, é uma falsa perspectiva, até porque: 

«É necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo, que vale a pena ser bons e honestos. Vivemos já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à ética, à bondade, à fé, à honestidade; chegou o momento de reconhecer que esta alegre superficialidade de pouco nos serviu. Uma tal destruição de todo o fundamento da vida social acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses, provoca o despertar de novas formas de violência e crueldade e impede o desenvolvimento de uma verdadeira cultura do cuidado do meio ambiente.» (PAPA FRANCISCO, 2016:168).

A interdependência entre pessoas, povos e nações é, portanto, um facto incontornável, uma situação irreversível e, pode-se afirmar, com relativa segurança, que fundamentando e alimentando esta dependência entre pessoas, instituições e a própria natureza, tem vindo a desenvolver-se um fenómeno, eventualmente, avassalador, mesmo no melhor sentido do termo: Globalização.

Os meios mais sofisticados, inventados, produzidos e utilizados pelo ser humano, constituem, realmente, um fator de progresso, tanto para o bem, como, igualmente, algumas vezes, para o mal. A importância dos transportes, os avanços rapidíssimos da ciência e da tecnologia, os meios de comunicação e, agora muito em uso, as redes sociais, possibilitam um contacto em tempo real, o conhecimento, ao segundo, de um terminado acontecimento, numa qualquer parte do mundo.

Impossível viver-se isoladamente. Inviável ser-se autossuficiente. Desaconselhável fugir destas e de outras realidades. Quem pretender colocar-se à margem desta nova sociedade, pós-moderna, certamente vai “morrer na praia”, porque por si só não conseguirá sobreviver, por muito tempo. Sempre vai precisar de alguém, para alguma tarefa que lhe seja necessário realizar, para alguma coisa que lhe faça falta, para algo que não seja capaz de fazer.

Quem ignorar que: cada vez está mais dependente de tudo o que gira à sua volta; quem desejar viver à margem de princípios, valores e leis estabelecidos; quem pretender impor algum tipo de domínio absoluto sobre os seus semelhantes, e até sobre a sociedade no seu todo, certamente que acabará marginalizado, sem quaisquer possibilidades de implementar as suas ideias, eventualmente, incompreensíveis para a maioria da população.

Hoje habitamos uma denominada “Casa Comum”, na qual cada “morador” tem um papel a desempenhar, e quanto melhor o souber executar, tanto melhor para ele, como para os restantes “residentes”, que é o mesmo que dizer, para a sociedade. A época da Globalização está aí, em força, irreversível, com avanços e consequências imprevisíveis, até porque a proximidade cada vez se estreita mais.

Por isso: 

«A casa comum de todos os homens deve continuar a erguer-se sobre uma reta compreensão da fraternidade universal e sobre o respeito pela sacralidade de cada vida humana, de cada homem e de cada mulher, dos pobres, dos idosos, das crianças, dos doentes, dos nascituros, dos desempregados, dos abandonados, daqueles que são vistos como descartáveis porque considerados meramente como números desta ou daquela estatística. A casa comum de todos os homens deve edificar-se sobre a compreensão de uma certa sacralidade da natureza criada.» (Ibid.:169).

Cada vez se torna mais evidente, que vivermos de costas voltadas uns para com os outros, só serve para estimular e exacerbar posições e comportamentos egocêntricos que, mais tarde ou mais cedo, provocam consequências nefastas para o bem comum em geral e, particularmente, para as pessoas que assim procedem. Obviamente que não será fácil oferecermos a face da cara à mesma pessoa que nos agrediu na outra. Este gesto de magnânima generosidade e de perdão, é uma virtude, praticamente, inacessível à maioria das pessoas.

É essencial: estarmos unidos, sim; sem abdicarmos dos nossos princípios, valores e sentimentos; da nossa dignidade e tudo fazermos para sermos tolerantes, compreensivos e humildes, dentro dos limites que a fraqueza humana comporta, na medida em que:

«O mundo contemporâneo, aparentemente interligado, experimenta uma crescente, consistente e continua fragmentação social que põe em perigo “todo o fundamento da vida social” e assim “acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses”» (Enc. Laudato si’, 229, in: Ibid:170).

Importa, também, refletir na condição humana que, com o devido respeito por outras opiniões, mais fundamentadas, por quem conhece melhor a composição da pessoa, na possibilidade da dupla dimensão do ser humano: física e espiritual, para se poder aquilatar da superioridade que temos em relação à restante natureza.

E se é crucial, e correto, respeitar outras posições diferentes, também se afigura legítimo defender a dualidade da pessoa humana, desde logo porque: 

«O edifício da civilização moderna deve construir-se sobre princípios espirituais, os únicos capazes não apenas de o sustentar, mas também de o iluminar e de o animar.» (Discurso aos Representantes dos Estados, 4 de outubro de 1965, n. 7, in: Ibid.:170).

A esmagadora maioria da humanidade, certamente, perspectiva, e deseja, um futuro melhor, onde os valores da saúde, do trabalho, da segurança, do amor, da felicidade e da paz sejam os alicerces da grande “Casa Comum”, na qual se possa viver com fraternidade, liberdade, igualdade e conforto, independentemente das faixas etárias em que cada pessoa esteja.

É urgente e necessário compreendermos que: 

«O tempo presente convida-nos a privilegiar ações que possam gerar novos dinamismos na sociedade e frutifiquem em acontecimentos históricos importantes e positivos.» (Cf. Exort. Ap. Evangelii Gaudium, 223, in: Ibid.).

Entende-se, perfeitamente, que as relações interpessoais, assertivas, transparentes e leais, na observância do mais rigoroso respeito de uns para com os outros, é o caminho a seguir para se vencer as interdependências, porque, efetivamente, é impossível qualquer forma de vida que exclua o contacto com os nossos semelhantes.

Pode-se avançar com alguns ingredientes que facilitam a boa convivência nesta “Casa Comum”: Respeito pelos nossos semelhantes, quando intervimos na sociedade, seja qual for o meio utilizado, os objetivos e os argumentos; Gratidão para com todas as pessoas que de alguma forma já nos ajudaram; Humildade para com quem é igualmente humilde connosco, nos deseja bem e nos defende.

 

Bibliografia

 

PAPA FRANCISCO, (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.


“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. A Regra é simples, para se obter a PAZ”

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 23 de outubro de 2022

Territórios Culturais

O mundo planetário, ao que se julga saber, é só um, no entanto, as classificações e divisões administrativas-territoriais são diversas e aqui, para efeitos de simplificação deste trabalho, poder-se-á considerar dois mundos: o rural e o urbano, cada um com as suas características próprias, com os seus valores, usos, tradições culturais, porém, nenhum deles superior ou inferior, mas, inequívoca e desejavelmente, complementares.

Se: o mundo citadino, cosmopolita e elitista tem uma cultura própria, acesso mais facilitado ao conhecimento intelectualizado, à ciência e tecnologias, o que não significa superioridade axiológica; o mundo rural, paisagístico e, muitas vezes edílico e bucólico, possui uma cultura de natureza antropológica, baseada nos costumes, no genuinamente natural, não se excluindo, todavia, que também neste espaço, existem dificuldades de vária ordem e comportamentos, nem sempre, previamente construídos. Impera mais uma cultura da pessoa na sua autenticidade, o que não significa que, dos territórios rurais, não surjam grandes especialistas em todas as áreas científicas e tecnológicas.

Numa primeira análise, desapaixonada, e tanto quanto possível imparcial, sabe-se que, os territórios rurais, em geral, são mais carenciados, em diversas áreas da satisfação das necessidades básicas: saúde, educação, formação, emprego, habitação, transportes, mas também se reconhece que seria impossível, a todos os títulos, dotar os milhares de freguesias, e centenas de vilas (no caso português), com todas as infraestruturas urbanísticas, de resto, nem haveria público para justificar a implementação da maioria dos  serviços existentes nas grandes cidades: Hospitais, Universidades, Centros de Investigação, portos aeroportos, entre outros.

É preciso reconhecer, por outro lado, que a vida rural é bem simples, bastante mais saudável em diversos aspetos: praticamente, a poluição, nas suas diversas vertentes não existe; a alimentação, em geral, é de excelente qualidade e isenta, na sua maioria, de quaisquer componentes químicos; a segurança também é um elemento relativamente presente, excetuando-se as situações, pontuais, de atos de violência contra idosos, e outros extratos da população mais vulneráveis.

Obviamente que no espaço rural, principalmente no interior do Portugal “profundo”, a desertificação das pequenas localidades é um dado adquirido, justamente, porque as perspetivas de futuro, para os jovens, no sentido de obtenção de estudos superiores, especializações e respetivas colocações profissionais, praticamente não existem, salvo uma ou outra aldeia, e/ou, vila onde se tenham ou venham a instalar grandes empresas nacionais e/ou multinacionais.

Apesar das condições, muito pouco atrativas para a fixação dos jovens e a continuação de muitos idosos, a verdade é que não se deveria menosprezar estes territórios: muitos dos quais, únicos no país; outros, classificados de patrimónios mundiais. O Estado/Governo, os privados e quaisquer entidades, na medida do possível, poderiam, pelo menos, fazer um esforço para recuperar e conservar todo este espaço rural, natural e construído, nele instalando unidades turísticas, observatórios, escolas profissionais direcionadas para o que de mais específico e único existe nesse mesmo lugar.

As populações rurais, de facto, e de direito, merecem toda a nossa consideração, apoio e respeito, porque em boa verdade, são elas que mantêm viva uma riqueza paisagística natural, praticamente impossível de se encontrar no espaço urbano. São essas gentes que: transmitem os mais simples, quanto simbólicos, valores, usos, costumes e tradições; a genuína cultura ao nível antropológico e etnográfico que é levada aos quatro cantos do mundo, desde logo para junto dos nossos emigrantes; e, além do mais, é esta cultura que alimenta a saudade pela família, pela sua terra natal, de quem está na diáspora.

Numa outra dimensão, deveremos, igualmente, considerar a vitalidade das nossas cidades, o que nelas se produz a partir das mais prestigiadas Universidades, Institutos Superiores, Centros de Investigação, Fundações, Academias e outras instituições do mais elevado nível científico e tecnológico internacional, verdadeiros Centros de Poder, influência e riqueza, ainda que tendo em conta uma imensa diversidade de interrelações, algumas destas, bem difíceis.

Em boa verdade: «Viver numa cidade é algo bastante complexo: um contexto multicultural, com grandes desafios não fáceis de resolver. As grandes cidades recordam-nos a riqueza escondida no nosso mundo: a variedade de culturas, tradições e histórias. A variedade de línguas, roupas, comida. As grandes cidades tornam-se polos que parecem apresentar a pluralidade das formas que nós, seres humanos, encontrámos para responder ao sentido da vida nas circunstâncias em que nos achávamos. Por sua vez, as grandes cidades escondem o rosto de muitos que parecem não ter cidadania ou ser cidadãos de segunda categoria.» (PAPA FRANCISCO, 2016:153).

No caso português, em boa verdade, é preciso sermos realistas, e não tentar escamotear algumas situações que nos devem fazer meditar, para não dizer, envergonhar. Acredita-se que nas grandes metrópoles nacionais, ainda existe muita miséria: pessoas que vivem em piores condições que muitos animais de estimação; que não têm comida, um teto para se protegerem do frio e da chuva; dificuldades de acesso aos principais bens que sustentam uma vida humana condigna.

Ser pragmático não tem, neste trabalho, o mesmo significado que ser pessimista e, na verdade, todos temos de assumir as realidades com as quais coabitamos, mas que em relação às mesmas, algumas vezes: “metemos a cabeça na areia, qual avestruz”, para que a degradação não nos magoe a vista e nos interpele, acusadoramente, a consciência. Devemos, todos juntos, pugnar pela dignidade daquelas pessoas: a quem a sorte, a complicada autogovernação e a própria vida não têm sido, particularmente, favoráveis; a quem a família, os amigos, colegas e conhecidos, viraram, vergonhosa e cobardemente, as costas.

Algumas das nossas cidades são o espelho, cruelmente fiel, dos maiores desequilíbrios sociais, das injustiças e do ostracismo. É provável que: «Nas grandes cidades, sob o mito do tráfego, sob o “ritmo das mudanças”, permanecem silenciadas as vozes de tantos rostos que não têm “direito” à cidadania, não têm direito a fazer parte da cidade – os estrangeiros, seus filhos (e não só) que não conseguem a escolaridade, as pessoas privadas de assistência médica, os sem-abrigo, os idosos sozinhos – postos à margem das nossas estradas, nos nossos passeios num anonimato ensurdecedor. E entram a fazer parte de uma paisagem urbana que lentamente se torna natural aos nossos olhos e, especialmente, ao nosso coração.» (Ibid.:153-154).

Há, portanto, um trabalho hercúleo a realizar para que, ainda que minimamente, seja reposta a dignidade de: milhões de pessoas em todo o mundo; cerca de milhão e meio em Portugal, às quais falta quase tudo e, do que é essencial à vida, necessitarão de apoio em diversas vertentes do conforto humano: saúde, trabalho, habitação, educação/formação, segurança, paz, felicidade, uma velhice confortável e respeitada.

Sem dúvida alguma que: «Muito podemos nós fazer pelo bem de quem é mais pobre, de quem é frágil e de quem sofre, para favorecer a justiça, promover a reconciliação, construir a paz. Mas, acima de tudo, devemos manter viva no mundo a sede do absoluto, não permitindo que prevaleça uma visão unidimensional da pessoa humana, segundo a qual o homem se reduz àquilo que produz e ao que consome: esta é uma das insídias, mas perigosas para o nosso tempo.» (Ibid.:157).

A complementaridade entre os territórios rurais e urbanos deve, por isso mesmo, ser uma primeira medida a tomar, no sentido de: por um lado, evitar que a desertificação se agrave pelas nossas aldeias, dotando-as de meios necessários e suficientes à fixação de crianças, jovens, adultos e idosos, nas melhores condições; por outro lado, incentivar a mobilização dos centros urbanos para os espaços rurais, criando e desenvolvendo os mecanismos técnico-jurídicos para o efeito.

Pensa-se que, a partir desta estratégia, se reduzam muitas das atuais desigualdades, se promova e consolide a dignidade da pessoa humana, designadamente, de quem, atualmente, não tem quaisquer perspetivas de vida minimamente confortável.

 

Bibliografia.

 

PAPA FRANCISCO (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.

 

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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sábado, 15 de outubro de 2022

Defesa Integral do Planeta Terra e das Pessoas

O binómio em título: Planeta e Pessoas, que se apresenta com os seus elementos numa ordem que se supõe ser a correta, pelo menos até prova científica em contrário, nestes tempos, que diríamos pós-modernos, primeiro quarto do século XXI, atravessa riscos de degradação muito significativos, principalmente ao nível ecológico, por parte do planeta, mas também no que respeita à humanidade que o habita, por vezes, quase selvaticamente.

Os dirigentes mundiais, os representantes das mais significativas organizações, com destaque para as Não-governamentais, os cientistas, os técnicos, têm enfrentado grandes dificuldades para obterem consensos, que visem melhorar as condições de vida na Terra, porque muitos são os interesses em jogo, nomeadamente, no domínio empresarial de grandes multinacionais, que operam em contextos ambientais.

Atualmente, ninguém consegue viver isoladamente e, muito menos, maltratando o próprio Planeta que habita, por isso as gerações do momento, têm graves responsabilidades quanto ao futuro, de resto, deveríamos dar bons exemplos de preservação do meio ambiente, porque já existe muita literatura e recursos disponíveis, para o exercício de boas práticas neste domínio.

Nesta lógica, é importante afirmar que: 

«Somos nós os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a humanidade que nos vai suceder. Trata-se de um drama para nós mesmos, porque isto põe em causa o significado da nossa passagem por esta terra.» (PAPA FRANCISCO, 2016:131).

Temos o dever de pensar no bem-estar das gerações que vão seguir-se a nós, porque elas têm o direito de usufruir de uma elevada qualidade de vida: seja ao nível socioprofissional, seja no âmbito dos direitos, liberdades e garantias, seja num contexto ecuménico, no qual poderemos, e deveremos, obviamente, integrar as preocupações ambientais.

As gerações que nos precederam, certamente que desenvolveram iniciativas adequadas ao bem-comum, pelo menos uma parte, que se acredita tenha sido significativa, sabendo-se, contudo, que outros setores da humanidade zelaram mais pelos seus próprios interesses, aliás, a História nos indica que sempre foi assim, e nada nem ninguém nos garante que, infelizmente,  no futuro seja muito diferente.

Um bom ambiente ecológico, é tão necessário ao bem-estar individual e ao bem-comum como quaisquer outros recursos, ou, indo um pouco mais ao fundo da questão, provavelmente, se tivermos um Planeta “doente”, prestes a entrar em “coma”, o mais certo é que todos os seus habitantes sofram com tal situação, prejudicando, portanto, a qualidade de vida, a que todos os seres vivos têm direito.

Por isso: 

«Quando pensamos na situação em que se deixa o planeta às gerações futuras entramos noutra lógica: a do dom gratuito, que recebemos e comunicamos. Se a terra nos é dada, não podemos pensar apenas a partir de um critério utilitarista de eficiência e produtividade para o lucro individual. Não estamos a falar de uma atividade opcional, mas de uma questão essencial de justiça, pois a terra que recebemos pertence também àqueles que hão de vir (…). Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer? Esta pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira isolada, porque não se pode pôr a questão de forma pragmática» (Ibid.:130-131).

Ao refletirmos sobre a coesão que deve existir, entre o planeta que habitamos e a humanidade, não podemos ignorar que as pessoas estão muito mais dependentes da Natureza terreste, do que esta em relação às pessoas, portanto, tudo o que se possa fazer, e que devemos ter sempre esse cuidado, pela boa e continuada preservação da nossa “Casa Comum”, é importante que o façamos, sob pena de, mais tarde ou mais cedo, sucumbirmos, tragicamente, porque não tenhamos ilusões: a Natureza é bela,  poderosa, imprevisível a maior parte das vezes e, também quase sempre,  invencível.

A sensibilização para as questões ecológicas, deve começar na vida de cada pessoa, o mais cedo possível e, felizmente, há desenvolvimentos positivos nesse sentido. Sabe-se que: 

«A educação ambiental tem vindo a ampliar seus objetivos. Se no começo, estava muito centrada na informação científica e na consciencialização e prevenção dos riscos ambientais, agora tende a incluir uma crítica dos “mitos” da modernidade baseados na razão institucional (individualismo, progresso ilimitado, concorrência, consumismo, mercado sem regras) e tende também a recuperar os distintos níveis de equilíbrio ecológico: o interior consigo mesmo, o solidário com os outros, o natural com todos os seres vivos, o espiritual com Deus.» (Ibid.:144).

De ora em diante, é contraproducente estar de “costas voltadas” para a Natureza, esta considerada em todos os seus elementos, porque os “mistérios” que a envolvem ainda não foram totalmente desvendados pela ciência e pela técnica. Os fenómenos naturais acontecem com relativa frequência, em toda a face da terra. O ser humano parece não querer mentalizar-se para cultivar uma atitude de preservação do meio ambiente.

Com efeito e sem quaisquer preconceitos, é urgente refletir sobre estas questões, porque: 

«A educação ambiental deveria predispor-nos para dar este salto para o Mistério, do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo. Além disso, há educadores capazes de reordenar os itinerários pedagógicos de uma ética ecológica, de modo que ajudem efetivamente a crescer na solidariedade, na responsabilidade e no cuidado assente na compaixão.» (Ibid.:145)

Quando se invoca a educação ambiental não se pretende, apenas, envolver o sistema educativo, bem pelo contrário, a orientação para o conhecimento e boas práticas, deve abarcar a sociedade no seu todo, desde logo, a partir do próprio indivíduo, da família, da comunidade, das mais diversas instituições. Trata-se de um projeto global, cujos resultados positivos beneficiarão o conjunto dos cidadãos.

É a partir de um bom ambiente natural, aqui no seu sentido ecológico-ecuménico, que toda a criação existente no Planeta terá melhores condições de vida, mas é da responsabilidade suprema do ser humano, elaborar e executar todas as medidas possíveis em ordem à melhor “saúde”, a usufruir por todos os habitantes da Terra. A responsabilidade é de todos, mas os benefícios também.

Com efeito: 

«É muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas ações diárias, e é maravilhoso que a educação seja capaz de motivar para elas até dar forma a um estilo de vida. A educação na responsabilidade ambiental pode incentivar vários comportamentos que têm incidência direta e importante no cuidado do meio ambiente, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poder comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias … Tudo isto faz parte de uma criatividade generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano.» (Ibid.:145-146)

Admite-se que alguém possa ter, ainda, algumas dúvidas, quanto à responsabilidade que a todos pertence na conservação de um bom ambiente, e tudo continuar a fazer para que cada vez seja melhor, nunca sendo demais apelar a atitudes positivas, na proteção do que de mais valioso a humanidade possui, por isso: 

«O exercício destes comportamentos restitui-nos o sentimento da nossa dignidade, leva-nos a uma maior profundidade existencial, permite-nos experimentar que vale a pena a nossa passagem por este mundo.» (Ibid.:146).

O mundo, a vida e a humanidade são maravilhosos, assim o queiram as pessoas. A vida deve ser desfrutada com simplicidade, sem ataques a quem quer que seja, desse logo, ao ambiente, que, se o soubermos cuidar, preservar, melhorar e amar, encontraremos nele o nosso melhor aliado, para que possamos ter um nível e qualidade de vida verdadeiramente dignos da superior condição humana.


Bibliografia

 

PAPA FRANCISCO (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.


“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As Regras são simples, para se obter a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2022

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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sábado, 8 de outubro de 2022

Didatologia para Utilização das Redes Sociais

Em tempos tive a possibilidade de assumir a responsabilidade de escrever e publicar uma reflexão sobre os benefícios e malefícios das redes sociais, concretamente, sobre o Facebook. Critiquei, e continuarei a reprovar, intransigentemente, com profunda convicção, as intervenções escritas, icónicas, pictóricas que ofendem a dignidade da pessoa humana bem-formada, apesar de “só consultar tais perfis quem assim o deseja”, segundo alegam alguns utilizadores de tais incursões de baixo e inqualificável nível ético-moral.

No mesmo artigo, manifestei, igualmente, o meu apoio a todas as pessoas que utilizam esta aplicação para encontrarem familiares, amigos, colegas de várias atividades, divulgarem conhecimentos, tecnologias, combinarem encontros, trocarem opiniões sobre os mais diversos e decentes temas, que se repercutem, universalmente: para o bem; ou para o mal, conforme as utilizações que se fazem.

Pretendo, nesta reflexão, destacar as virtualidades positivas, por exemplo, do Facebook, solidarizar-me com os utentes que escolhem este meio de comunicação para: divulgarem os seus conhecimentos; publicarem matérias sobre o temas científicos, culturais, literários, tecnológicos, e/ou quaisquer outros que acrescentem riqueza ao património axiológico mundial, desde logo, ao nível da Cidadania, Direitos Humanos, Felicidade, Paz, Bem-Comum, entre muitos outros.

Naturalmente que é aceitável, porventura, desejável, que se elaborem e publiquem trabalhos de índole crítica, porém, com objetivos construtivos, sem entrar no domínio do irracional, dos “esquemas da mais baixa moral” e, principalmente, sem invocar/exibir as diversas práticas de pedofilia, pornografia, orgia e outras aberrações antiéticas e antimorais.

Os utilizadores do Facebook estão em permanente observação, em qualquer parte do mundo, no ciberespaço, por milhões de pessoas, entidades públicas, e/ou privadas. É, até, compreensível que assim seja, para que se saiba: “quem é quem?”; “quem está com quem?”; “quem faz o quê?”; “quem apoia, o que gosta e com quem gosta de conversar?”, porque a resposta a estas questões, conduz-nos imediatamente ao velho provérbio: “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, muito embora se saiba que também é possível “fabricar”  perfis e fotos, que não correspondem à pessoa que se diz ser e que esta prática, também pode induzir muitas pessoas a cometer atitudes perigosas.

Em bom rigor, se uma determinada pessoa, sistematicamente: dialoga, acompanha, concorda, apoia, certo tipo de outras criaturas, e se estas revelam comportamentos extrovertidos, atentatórios de princípios, valores e sentimentos nobres, é possível que, mais tarde ou mais cedo, tal pessoa venha a ser como aquela com quem se tem relacionado em atitudes de baixo nível educacional, cultural, civilizacional e ético-moral, podendo vir a ser provável que quem regularmente se relaciona e acompanha, por exemplo, com indivíduos do mundo do crime, acabem por se afundar nesse mesmo universo tenebroso.

É muito frequente que os utilizadores do Facebook, para determinados fins legais, justos e legítimos, de troca de informações decentes, peçam e aceitem as denominadas “amizades”, como se afigura de bom gosto, e educação sociocultural, agradecer a aceitação de uma afeição Facebookiana, com a colocação de um simples “gosto/curto/like/adoro/amo”, expressões universalizadas, que se colocam sobre fotos e frases de quem nos aceitou como amigo. É uma espécie de cortesia.

Os termos utilizados: “gosto/curto/like/adoro/amo”, são, afinal, aqueles que o sistema disponibiliza, e nada tem a ver com qualquer atitude de ofensa, abuso de confiança, tentativa de “conquista”. É, apenas, uma postura de gratidão, de gentileza e elogio, para com a pessoa, ou entidade, que nos aceitou como amigo, na circunstância, “amigo virtual”.

Manifestar gratidão, elogiar educadamente, proferir uma opinião gentil, afinal só é possível entre pessoas cultas, educadas, de boa-formação ético-moral e, principalmente, empenhadas em relações sociais de elevado nível civilizacional, que nada têm a ver com as intervenções de outros estratos da sociedade que, para se tornarem “engraçadamente mal-educados”, recorrem ao: insulto, à insinuação sexista, tudo isto encoberto numa “cândida garotice”.

O Facebook é, excluindo os exageros indecentes, exibicionistas e mal-educados, de algumas pessoas, de muito duvidosa reputação, a todos os níveis, da dignidade humana, um recurso tecnológico que  se julga necessário rentabilizar, pela positiva, ou seja: partilhar a excelência do que de melhor existe na sociedade cultural, política, religiosa, empresarial, científica, tecnológica, financeira, económica, enfim, num universo que se deseja humanista, no respeito de “todos por todos”, de resto, não se pode ignorar que as nossas crianças, hoje em dia, são imensamente inteligentes e,  ainda com pouca idade, já sabem manejar um computador e entrar na internet, bem como em todas as redes sociais.

Pelo Facebook, e outras aplicações que integram as redes sociais, existe o recurso poderoso de penetrarmos em todas as casas, estados e, inclusivamente, no nosso próprio espaço, isto é: não há fronteiras para estarmos em permanente contacto, vivenciarmos, em tempo real, as mais inimagináveis situações, por isso é que é tão importante que se dê o bom uso desta maravilhosa “ferramenta” tecnológica.

Neste tempo complexo que o mundo atravessa, é essencial que saibamos utilizar as potencialidades das redes sociais: não para atacarmos quem quer que seja; não para ofendermos pessoas, instituições, nações; não para a infâmia, calúnia, humilhação e agressão sob qualquer forma; não para intervenções xenófobas, sexistas, etnocêntricas, racistas, pedófilas, pornográficas e de meras e baixas ostentações de ridicularias ofensivas.

É tempo de direcionarmos as nossas intervenções para: a partilha de conhecimentos, princípios, valores e bons sentimentos, próprios da dignidade superior da pessoa humana; é tempo de nos afastarmos de quem utiliza estes recursos para fomentar humilhações, provocações encapuzadas de anedotas pseudoinofensivas;  é tempo de sentenciarmos quem não tem a maturidade, o bom senso e a probidade perante os outros utilizadores, familiares, amigos e colegas; é tempo de dizer basta aos predadores Facebookianos e de lhes exigir responsabilidades e comportamentos cívicos, éticos e morais.

Debrucemo-nos, portanto, para as boas amizades que, paulatina e respeitosamente se vão “angariando” nas redes sociais, e com elas, desenvolvermos o que de melhor nos podem proporcionar, precisamente, na partilha de bons princípios, valores, sentimentos e emoções com as afeições, assim e por esta via, conseguidas.

Nenhuma pessoa, em princípio, e até prova em contrário pode: levar a mal, sentir-se ofendida, humilhada ou provocada, no sentido negativo, quando ao estabelecer uma amizade virtual com outra, recebe desta, palavras de agradecimento, de gentileza, de carinho-social, enfim, uma atitude de sincera gratidão, por ter aceitado um pedido de amizade.

É claro que se tem conhecimento que muitas situações deploráveis, algumas delas com consequências nefastas, e até irreparáveis, têm acontecido a partir das redes sociais, desde logo: encontros duvidosos; chantagens; violações; extorsões; violências diversas, cobranças e, provavelmente, algum homicídio. Tudo isto parece estar comprovado.

Nesta complexidade, é bom, é necessário, estar-se atento e, na medida do possível, não nos aliarmos a quem, através das redes sociais, manifesta comportamentos indecorosos, provocatórios do bom-nome, reputação e dignidade das pessoas, porque se não nos respeitam nas redes sociais, muito mais facilmente nos desrespeitam em privado, ou mesmo em público, na vida real. Apoiar este tipo de pessoas, equivale a ser como elas, ou ainda muito pior.

Em todo o caso, e para se tentar demover certo tipo de utilizadores das práticas impróprias que utilizam, pode-se-lhes dar uma ou outra oportunidade, dialogando com eles, sobre assuntos: decentes, científicos, técnicos, culturais, literários, desportivos, entre outros, porém, se possível, nunca nos perfis/páginas deles, mas em contas de pessoas conhecidas, amigas e dignas.

A importância de virtualizar as redes sociais, agora mais do que nunca, torna-se essencial. É necessário: apaziguar hostilidades e conflitos; eliminar ofensas, provocações, insinuações torpes e mesquinhas. A urgência em redimensionar a função social e axiológica destas “ferramentas” tão poderosas, não pode ser adiada por mais tempo.

É um imperativo universal respeitarmo-nos, quaisquer que sejam os contextos. A necessidade de assumirmos a humildade parece evidente, assim como dotarmo-nos da coragem de abdicarmos de exibicionismos, de vaidades serôdias, relacionadas com o “Chiquismo-espertismo. Trata-se de uma oportunidade que se tem de agarrar, a partir destas redes sociais, para conseguirmos dignificar a sociedade, o Ser Humano, os princípios, valores, sentimentos e emoções que ela, a Pessoa Humana, como mais ninguém, transporta.

Fica aqui o apelo lancinante, qual “pedrada no charco”, para que saibamos utilizar as redes sociais para o Bem-comum, para começarmos por nos respeitarmos a nós próprios, a família, os amigos, os colegas, as instituições, os povos, as nações e todas as culturas, sejam elas elitistas e/ou antropológicas, de resto, os nossos atos, de ora em diante, recaem sempre nas novas gerações.

Não é, certamente, com ataques verbais, provocações, insinuações torpes, acusações sovinas e infundamentadas que conseguimos construir um mundo melhor, e alcançar a Paz. Os utilizadores das redes sociais não podem continuar a servir-se delas para: satisfação de instintos discriminatórios e sexistas, exibicionistas; humilhar e denegrir a honra, o bom-nome e a dignidade das pessoas, porque tudo isto só contribui para um clima de crispação, de ressentimentos, ódios e vinganças.

Aproveitemos estas novas tecnologias para o Bem-estar, para o Bem-comum, para a Paz e Felicidade dos Povos, porque, verdadeiramente, isto é que nos torna superiores, autenticamente humanos, merecedores do lugar supremo lugar que ocupamos neste espaço físico, que é o nosso Planeta Terra. Honremos esta supremacia que nos foi concedida por Alguém, Deus, as Mulheres e os Homens e não por nenhum outro animal.

Atualmente, é fundamental disciplinarmos os nossos corações para o bem, para a ajuda a quem mais necessita, para atendermos a quem solicita o nosso apoio, a nossa amizade, a nossa presença, a nossa benevolência, o nosso perdão.

Hodiernamente, é tempo de concedermos aos nossos verdadeiros e incondicionais amigos, mais atenção, mais carinho, um pouco mais de tempo, ainda que seja para, com amizade autêntica, tomarmos um, dois, muitos “cafezinhos”, de solidariedade, de bem-querer e de esperança na recuperação de sentimentos, entretanto perdidos, abandonados ou, infelizmente, passados à indiferença, ao ostracismo, pela rejeição e pela humilhação de quem continua, apesar dos comportamentos, a ser nosso genuíno e “incorrigível” amigo do coração.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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sábado, 1 de outubro de 2022

Louvor à Vida

            A interação entre: pessoas que se respeitam, e querem bem; entre povos soberanos que não interferem nas decisões uns dos outros; e entre nações que não recorrem à ingerência interna, umas das outras, das opções que tomam, é, provavelmente, um dos caminhos a seguir, para se alcançar a paz, porque é inadmissível qualquer tipo de intervenção que prejudique uma população inteira.

No passado, tal como ainda hoje; «O colonialismo, novo ou velho, que reduz os países pobres a meros fornecedores de matérias primas e mão de obra barata, gera violência, miséria, emigrações forçadas e todos os males que vêm juntos … precisamente porque ao pôr a periferia em função do centro, nega-lhes o direito a um desenvolvimento integral. (…) Digamos não às velhas e novas formas de colonialismo. Digamos sim ao encontro entre povos e culturas. Bem-aventurados os que trabalham pela paz.» (PAPA FRANCISCO, 2016:113-114).

Sempre que existe uma predisposição para a interação, tendo por objetivo valores superiores que dignificam a pessoa humana, e lhes proporciona melhores condições de vida, então, nestas condições, poder-se-á afirmar que as pessoas, os povos, as nações estão a trabalhar para o bem comum, considerando este como: «O conjunto das condições de vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição.» (Gaudium et Spes, 26, in: Ibid.:119).

A pessoa humana passa, rapidamente, por este mundo terreno. Se não tiver o bom-senso e a clarividência para compreender esta sua frágil, e efêmera condição, e pensar, que jamais desaparecerá da face da Terra, portanto, poder envolver-se em todos os planos maléficos e diabólicos, contra os seus pares, mais tarde ou mais cedo, aperceber-se-á que se equivocou e, quanto tal acontecer, será demasiado tarde para arrepiar caminho, e enveredar pelas práticas do Bem.

Deverá ser, sempre na convergência de boas ideias, de boas práticas e de objetivos nobres, que o mundo habitado por esta humanidade, poderá melhorar, para que todas as pessoas, independentemente de quaisquer ideologias, orientações, faixas etárias, estatutos e desempenho de atividades diferenciadas, tenham, justa e merecidamente, uma qualidade e nível de vida, de acordo com a sua condição superior de “Ser Humano”.

O Bem-estar geral não se constrói no conflito, na guerra, na perseguição e, muito menos, isoladamente, porque: «Uma nação que procura o bem comum, não pode fichar-se em si mesma; as redes de relações abonam a sociedade. Assim no-lo demonstra o problema da emigração dos nossos dias. Hoje é indispensável o desenvolvimento da diplomacia com os países vizinhos, que evite os conflitos entre povos irmãos e contribua para um diálogo franco e aberto dos problemas.» (Ibid.:121-122).

Quando se reflete sobre a necessidade de convergência de sinergias, tendo por objetivo o bem-estar geral, pretende-se sobrepor o coletivo ao individual, muito embora se defenda que se cada pessoa estiver bem, então, o mais provável, é que toda a comunidade também se sinta mais confortável, e esta situação é a que mais interessa a todas as pessoas, porque, salvo melhores e comprovadas opiniões, só temos uma vida física, por isso, é de bom senso, usufruí-la bem.

Pensa-se que: «O bem-estar que faz referência apenas à abundância material tende a ser egoísta, tende a defender interesses parciais, a não pensar nos outros e a deixar-se levar pela tentação do consumismo. Assim entendido, o bem-estar, em vez de ajudar, incuba possíveis conflitos e desintegração social; instalando-se como perspetiva dominante, gera o mal da corrupção que faz desamimar imensamente e causa tanto dano.» (Ibid.:120).

Acontece, em todo o caso, que a vida é, ao que tudo indica, experienciada uma só vez, pelo menos na sua dimensão física. Todas as iniciativas que possam conduzir a que cada pessoa alcance uma vida melhor, em todos os seus principais aspetos, serão sempre bem-vindas, apoiadas e coparticipadas, dá-se a importância em congregar o máximo de sinergias, e desenvolver as melhores estratégias para termos condições e motivos para glorificarmos a vida humana, em primeiro lugar, e depois a vida de todos os seres que connosco coabitam neste Planeta.

Um dos objetivos, entre muito outros, para que a vida humana seja um bem supremo a vivenciar com alegria, paz, felicidade, solidariedade e humildade é pela aplicação dos direitos (naturalmente, também, os deveres), porque: «Promover a dignidade da pessoa significa reconhecer que ela possui direitos inalienáveis, de que não pode ser privada por arbítrios de ninguém e, muito menos, para benefício de interesses económicos.» (Ibid.:128).

A vida será tanto mais confortável e digna quanto a soubermos vivenciar, a cada instante, em cada dia, semana, mês e ano, por isso, é necessário que não se invoquem sempre, e quase que exclusivamente, direitos, porque estes implicam deveres e vice-versa, até porque de outra forma, talvez nem conseguiríamos uma sublime vivificação, apenas própria do Ser Humano.

É essencial termos presente que, infelizmente: «Ao conceito de direito já não se associa o conceito igualmente essencial e complementar de dever, acabando por afirmar-se os direitos do indivíduo sem ter em conta que cada ser humano está unido a um contexto social, onde os seus direitos e deveres estão ligados ao de outros e ao bem comum da própria sociedade.» (Ibid.:128-129).

Enaltecer a vida humana, com todas as dimensões, facetas e aspetos positivos e negativos que ela comporta, deve ser um comportamento permanente de cada pessoa, e da sociedade. Todos temos o dever de preservar a vida, pelo menos enquanto considerarmos que temos condições para a usufruir com qualidade, com respeito e dignidade, uns para com os outros.

O melhor hino que se pode cantar à vida é, justamente, através de princípios e valores a que todos tenham acesso, tais como: a liberdade, considerada nas suas dimensões ético-morais e jurídico-legais; a distribuição justa da riqueza natural, produzida pelos diferentes fenómenos terrestre e espaciais; a aplicação equitativa, célere e tendencialmente gratuita da justiça; o acesso gratuito à saúde, assistência média, diagnóstica  medicamentosa; o direito à educação e formação, por forma a preparar uma nova sociedade que esteja cada vez mais e melhor capacitada para resolver os problemas da humanidade, enfim, todo um conjunto de recursos que permitam uma via de qualidade, longa e feliz.

O melhor hino de enaltecimento  à vida pode-se fazer, desde logo, a partir de um clima de Paz, de observação de direitos, porque de contrário: «Não pode haver verdadeira paz se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e só os direitos próprios, sem se importar ao mesmo tempo com o bem dos outros, com o bem de todos, a começar na natureza comum a todos os seres humanos nesta terra.» (Ibid.:124).

A vida e o mundo podem, e devem ser períodos e espaços maravilhosos, assim a sociedade, os seus dirigentes, em geral; cada pessoa, em particular o desejem e façam por isso. É necessário intensificar a educação, a formação para os princípios, valores e sentimentos característicos da superior condição humana, inerentes a uma vida digna, boa, acima de qualquer outra espécie.

A vida humana merece, é fundamental que com ela nos preocupemos, porque não haverá nada melhor neste mundo do que cada pessoa ter condições para viver com: saúde, trabalho, amizade, solidariedade, lealdade, segurança, felicidade, paz e na Graça de Divina, qualquer que seja e crença e/ou a Entidade em que se acredita e À Qual se recorre em situações-limite, de grandes dificuldades. Cantemos à Vida; e louvemo-la com entusiasmo e verdade.

 

Bibliografia.

 

PAPA FRANCISCO (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.

 

“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. A Regra é simples, para se obter a PAZ”

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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