sábado, 26 de março de 2016

Páscoa: Renovação de Valores e Virtudes

 
Como em todos os anos, desde há muitos séculos, o tempo Pascal revela-se um período extremamente simbólico, que culmina com o Domingo de Páscoa. Segundo a tradição Cristã é comemorado com alegria, na medida em que significa a ressurreição de Cristo e a sua ascensão ao céu.
A Páscoa também é um período que finaliza o tempo quaresmal, durante o qual se observam algumas regras religiosas, alimentares em determinados dias da semana e os rituais próprios, segundo os preceitos católicos, naturalmente que observados pelos crentes em Jesus Cristo ressuscitado, nos dogmas da Igreja Católica e nos seus valores, inerentes à Fé, numa vida celestial eterna.
A semana que antecede o “Domingo da Ressurreição de Cristo” é carregada de simbolismo, profundamente vivida e sentida pelos fiéis católicos, com uma adesão ainda muito significativa, a um conjunto de rituais que ao longo da “Semana Santa” decorrem em todas as Igrejas Católicas.
A exemplo do que acontece com outras festividades: Ano Novo, Carnaval, Natal, entre outras comemorações, também a Páscoa se carateriza por uma outra vertente, não religiosa, porém, legítima que se prende com o aumento do consumo de bens materiais, principalmente aqueles que são de uso corrente em geral, e para o próprio dia pascal. Há todo um conjunto de objetos que são tradicionais desta solenidade católica.
Importa, todavia, refletir sobre a dimensão espiritual da Páscoa, a vertente religiosa, com toda a sua influência nos crentes católicos e também na conjugação prática destas valências, no sentido de se construir uma solução eclética que leve cada pessoa em particular e a sociedade no seu todo a alterar comportamentos lesivos dos legítimos e legais interesses individuais e coletivos, respetivamente.
Independentemente das diferentes doutrinas, qualquer que seja a convicção religiosa de cada pessoa e dos diferentes povos, seria essencial para atenuar conflitos e caminhar para a paz, que se aprofundassem o diálogo interreligioso, que se complementassem as boas práticas dos crentes, não-crentes, agnósticos e ateus.
A Humanidade é uma só, que juntamente com outros seres animais, vegetais e minerais, habitam este mesmo planeta. Degradar o equilíbrio, já de si muito precário, entre os diferentes seres e forças da natureza, é um erro que a inteligência humana deve corrigir de imediato e evitar no futuro.
Na Páscoa, mas não só, a confraternização entre crentes das diferentes religiões é possível, basta que se respeitem, que se aceitem as convicções, a fé e os rituais dos diferentes, que se congreguem as convergências e assumam as diferenças, sem hostilidades, porque, afinal, ainda está por se provar qual a religião que é dona da verdade absoluta.
Neste mundo complexo, difícil, conturbado e, por vezes, sem rumo, o que se verifica, em alguns pontos do planeta, é que os conflitos políticos, estratégicos, religiosos, económicos e até de natureza financeira, têm de ser resolvidos pela força do diálogo e nunca pela violência das armas que, estas sim, destroem tudo por onde passam: crianças, mulheres, idosos, pessoas inofensivas e frágeis, que não pediram para nascer, nem para vier sob a ameaça dos poderosos meios bélicos.
A Páscoa é um tempo especial, o tempo para se ressuscitar os valores religiosos mais consentâneos com a civilização moderna, humanista e defensora dos deveres e direitos humanos, mas para isso o diálogo entre religiões, a política e a economia, tem de ser melhorado, aprofundado e sempre aperfeiçoado, com medidas justas, que proporcionem paz, tranquilidade, conforto e felicidade.
“Rentabilizar” as potencialidades que a Páscoa pode facultar, estará ao alcance de cada pessoa, na sua quota-parte de responsabilidade mas, principalmente, caberá aos líderes mundiais, religiosos, políticos e financeiros, coadjuvados pelos seus colegas nacionais e locais, tudo fazer para, de uma vez por todas, eliminar as atrocidades que se vêm cometendo, que provocam desemprego, fome, miséria, alienação da pessoa humana e, finalmente, em muitas situações-limite, a morte.
A Páscoa deverá ser, também, a festa da “ressurreição” dos valores humanistas universais, um tempo de indulgência e reconciliação, em todos os aspetos inerentes à condição humana, na medida em que há erros que se cometem que apenas uma entidade Divina tem poderes para perdoar e, ainda assim, no que ao ser humano respeita, absolver não significa esquecer, porque com o perdão pretende-se dar uma nova oportunidade a quem nos magoou e ofendeu.
Recuperar, portanto, boas práticas humanistas, também no âmbito das virtudes que mais desejamos ver exercidas – Prudência, Temperança, Fortaleza, Justiça, Fé, Esperança, Caridade, Compaixão, Benevolência, entre outras – porque só o ser humano é dotado destas superiores qualidades, por isso, mas não só, ele é tão diferente de todos os seres que coabitam com ele na terra.
Neste período simbólico, para os cristãos de todo o mundo, em que a Semana Santa culmina um outro período mais longo, a Quaresma, vivem-se dias muito intensos do ponto de vista religioso, principalmente nas quinta e sexta-feira santas, a que se segue o sábado de Aleluia e, por fim, o domingo da Ressurreição, dia do compasso pascal, com a “visita” de Cristo Redentor aos lares que O desejam receber, com Respeito, Fé e Esperança.
No dia do compasso pascal, as famílias, os amigos, os vizinhos e conhecidos, visitam os lares uns dos outros para “beijarem” Cristo crucificado e depois conviverem em franca alegria. É singularmente bela a Páscoa em nossas aldeias portuguesas, também muito alegre, sempre com profunda religiosidade e reverência, que é assim que deve ser.
Neste ano, em que todos nós, principalmente portugueses, desejamos uma Páscoa menos austera, com um pouco mais de conforto material e melhoria geral das condições de vida, principalmente para todas as pessoas “diferentes”, por uma qualquer circunstância da vida, e/ou por opções próprias, também para quem se encontra numa situação de desemprego, sem-abrigo, doentes, reformados, entre outras camadas desprotegidas da população, apela-se a todos os dirigentes responsáveis nas diferentes posições da intervenção pública e privada, para que sejam sensíveis às situações acima descritas e ajudem a resolvê-las.
Estamos todos de passagem neste mundo, independentemente do estatuto que cada pessoa tenha e dos bens que possua. O tempo de permanência é muitíssimo curto, ninguém vai ter qualquer privilégio quanto a uma estadia para sempre, porque seja aos 20 ou aos 120 anos, de facto todos vamos “partir” fisicamente, logo, tudo o que for realizado com intenção de prejudicar, de alguma forma, os nossos semelhantes, ficará anotado na memória das gerações seguintes e também nas nossas consciências. De igual forma, todas as nossas boas ações serão registadas no seio da família, dos amigos, da sociedade.
Nesta Páscoa de 2016, os votos muito sinceros do autor desta reflexão, apontam no sentido de desculpabilizar todas as pessoas que, por algum meio e processo, o prejudicaram, ofenderam e magoaram, não significando esta atitude: “passar uma esponja”; esquecimento total, mas apenas a vontade de reconciliação, de tentar novos diálogos, novas abordagens, para um melhor e mais leal relacionamento.
Páscoa que se pretende para todas as pessoas, como um dia, pelo menos um dia no ano, de reflexão, de recuperação de valores humanistas universais, um dia para festejar e recomeçar com novas: Precaução, Moderação, Robustez, Justiça, Fé, Confiança, Caridade, Comiseração e Generosidade. Uma nova Esperança Redentora, entre a família, os verdadeiros e incondicionais amigos. A todas as pessoas: Páscoa Muito Alegre e Feliz.
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
 
Imprensa Escrita Local:
 
Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “Terra e Mar”
 
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)

domingo, 20 de março de 2016

Pai: Onde Estás?

 
Todos os anos se homenageiam os Pais, homens, em geral e, em cada família, em cada comunidade o Pai, em particular, sendo certo que este papel notabilíssimo, que alguns homens desempenham, nem sempre é assumido com todas as componentes amorosas, afetivas e materiais que implica, designadamente: amor, educação/formação, respeito, responsabilidade para com os filhos.
Ser Pai não é sinónimo, apenas, de ter um filho biológico, ou adotivo, de ter sido parceiro numa relação sexual da qual resultou o nascimento de uma criança que, depois, é necessário apoiar, incondicional e permanentemente, ao longo da vida. Ser Pai pressupõe a garantia de um total envolvimento, cumplicidade e proteção, igualmente, a transmissão de conhecimentos, de boas-práticas e dos melhores exemplos.
Neste “Dia Mundial do Pai”, não é possível ignorar a imprescindibilidade das funções da Mãe que, naturalmente, sendo relativamente diferentes das do Pai, nalguns casos e, substancialmente diversas, noutros, elas se complementam, numa tal harmonia e comunhão de objetivos, que os filhos virão a beneficiar, ao longo da vida, desejavelmente, para o bem, para o sucesso deles.
Independentemente do modelo de família: tradicional – um homem, uma mulher -, monoparental, de adoção, de acolhimento, institucional, homossexual, entre outras eventuais possibilidades, o importante é que os superiores interesses: deveres e direitos, da criança, do adolescente, do jovem, do “diferente”, estejam sempre assegurados e, se possível, em permanente melhoria.
E se é certo que, cultural e tradicionalmente, nas diversas sociedades, a educação e a formação dos filhos para a vida, não depende só dos Pais, mas também dos sistemas educativos, culturais, hábitos, tradições, hierarquização profissional histórico-familiar, entre outras condicionantes, também é verdade que sem o apoio motivador e material dos Pais, será muito difícil que os filhos consigam elevados níveis e qualidade de vida.
O mundo está a mudar vertiginosamente, quanto: aos valores, objetivos e meios para os alcançar. As mentalidades de hoje pautam-se por novos e diferentes interesses, dos de antanho, admitindo-se que os conflitos vão continuar, cessando numas regiões e deflagrando noutras. As consequências que podem resultar da utilização de meios bélicos, cada vez mais sofisticados e mortíferos, ainda não são totalmente conhecidas, porque a seguir à bomba de hidrogénio, provavelmente, outras mais potentes já estarão em construção e/ou prontas para ensaio.
O Pai, tal como a Mãe, tem a obrigação de preparar os filhos para estas realidades e, simultaneamente, transmitir-lhes uma base axiológica sólida para que, um dia, estas crianças, adolescentes, jovens e depois adultos, tenham referências: não só para organizarem as suas próprias vidas; como também, quando no exercício do poder, as possam implementar na comunidade em que se inserirem.
O papel do Pai que não é, portanto, nada despiciendo, pelo contrário, a influência, mais ou menos profunda, que pode vir a exercer no futuro da vida dos filhos é decisiva, para o sucesso pessoal, profissional, espiritual e material dos mesmos, apenas com um pequeno detalhe: os filhos também têm o dever de apoiar os pais, desde logo acatando a sua autoridade, conselhos e orientação, porque sem esta colaboração dos filhos, por mais que os pais se esforcem, jamais aqueles alcançarão o êxito na vida.
Provavelmente, em muitas famílias, as tarefas do Pai e da Mãe serão diferentes, relativamente aos filhos e às filhas, sendo compreensível, talvez desejável, que a Mãe desenvolva, e transmita, determinados conhecimentos para com as filhas e o Pai para com os filhos. É uma questão de ajuste de compatibilidades e também maior à-vontade.
Neste dia do Pai, importa debruçarmo-nos, um pouco mais, sobre determinadas situações críticas, nas quais o Pai, infelizmente, em muitas famílias, é a figura central, tristemente, o principal protagonista, pelo péssimo comportamento e maus exemplos que comunica aos filhos, a partir do exercício: indevido, injusto, ilegítimo e ilegal de violência doméstica, em todas as suas diferentes facetas.
Fazer um “Ato de Contrição” por parte dos pais, homens,  que procedem de forma censurável e inaceitável, pode, para começar, ser uma atividade de grande coragem e reconhecimento dos erros cometidos. Talvez este seja o dia indicado para que pais, homens, insensíveis, violentos e sem sentimentos de amor e afeto pelos filhos, comecem uma nova vida junto dos seus descendentes, dando-lhes tudo o que podem, eles merecem e têm direito.
O “Dia do Pai” deve, portanto, ser um período de profunda reflexão, quer para o Pai, quer para os filhos, quer também, e por que não, para a Esposa/Mãe, no sentido de aprofundar conhecimentos, boas-práticas, analisar comportamentos, valores e sentimentos, para que se corrija o que tem estado mal, ou menos bem.
Atualmente, a esmagadora maioria das tarefas domésticas são desempenhadas, repartidamente, tanto pela Mãe como pelo Pai, muito embora, presumivelmente, a esposa consiga melhores resultados em determinadas lides e o marido noutras e, ainda, em algumas, apenas a Mãe consegue realizar, nomeadamente, amamentar, naturalmente, os filhos.
É interessante examinar o empenhamento com que muitos Pais, homens, se envolvem nas funções que beneficiam o bem-estar dos filhos, promovem a autoestima destes e contribuem para um futuro bom e estável, particularmente, no sentido da saúde, educação, formação, emprego e habitação. Estes são os Pais, homens, que assumem, responsavelmente, a paternidade e que, felizmente, assim procede a maioria deles.
Neste dia consagrado ao Pai, também não se pode olvidar aqueles Pais, homens, que, em dado momento, pelas mais diversas razões, não conseguiram acompanhar os seus filhos, deixando-os entregues aos cuidados da Mãe e, na maior parte dos casos, também, dos avós maternos, naturalmente com eventuais danos para os superiores interesses destas crianças, pelo menos quando não havia qualquer tipo de violência doméstica.
O mais grave, é, talvez, o abandono dos filhos, depois de profundas perturbações familiares, desde a violência, nas suas diferentes formas, à negligência, quanto à dádiva de amor e afetos, cuidados adequados e outras dimensões espírito-sentimentais, a que se segue a negação de qualquer apoio material para sustento, cuidados médicos e medicamentosos da criança, educação e formação. O Pai que abdica dos filhos naquelas circunstâncias, de facto não reúne condições para educar os seus descendentes.
Estes Pais, homens, indiscutivelmente irresponsáveis, desamorosos, deveriam ser severamente punidos, por isso, este é o dia indicado para que quem governa reflita nestas situações, melhorando as leis de proteção das crianças, de contrário o futuro do mundo ficará, irremediavelmente, comprometido, porque as crianças são o maior tesouro da humanidade.
Dia do Pai, apenas um dia por ano, o que significa que para muitos filhos e pais, os restantes trezentos e sessenta e quatro dias, uma parte significativa daquelas pessoas – Pais e Filhos – se esquecem muitos deveres e direitos, não se manifestam sentimentos e emoções, não há lugar para as ofertas e presentes, materiais e/ou afetivos.
É um dever de paternidade exercer, todo o ano, as sublimes e autênticas responsabilidades de Pai, como é um direito dos filhos, também um dever, receber do Pai e da Mãe, todos os cuidados e, por outro lado, cabe aos filhos amarem, respeitarem e apoiarem os seus pais, quando estes mais necessitam na vida.
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
 
Imprensa Escrita Local:
 
Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “Terra e Mar”
 
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)

domingo, 13 de março de 2016

Abordagem Habermasiana


O desenvolvimento das sociedades modernas a partir da Revolução Francesa, é um conjunto sequencial de mutações profundas, implicando, correlativamente, e por via da desintegração das conceções religiosas do mundo, uma nova cultura profana onde se incluíram: «(…) as modernas crenças empíricas, a autonomização das artes e as teorias da moral e do direito, fundamentadas a partir de princípios, conduziram à formação de esferas culturais de valores que possibilitaram processos de aprendizagem, segundo as leis internas dos problemas teóricos, estéticos ou prático - morais.» (HABERMAS, 1998b:13)
Se Habermas cita Arnold Ruge para afirmar que «A filosofia hegeliana apresenta logo na primeira fase da sua evolução histórica um carácter que é essencialmente diferente do desenvolvimento de todos os sistemas que existem», pois trata-se de uma filosofia consciente e concreta, que tem que se transformar em ato e, neste sentido, a filosofia de Hegel é a filosofia da Revolução, aliás, já anteriormente Kant desenvolveu um conceito universal de filosofia referindo-se àquilo que interessa, necessariamente, a toda a gente, e, também, um conceito académico compreendido como um sistema de conhecimentos da razão.
Compreensivelmente, hoje, não se colocaria, como então, para aqueles grandes pensadores, o problema central dos Direitos Humanos, na linha de preocupações que, atualmente, afetam a humanidade, muito embora e, designadamente em Kant, uma teoria axiológica fosse profundamente construída e divulgada através das suas obras, nas quais as grandes máximas se mantém pertinentes e vigentes: «Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne universal.»(KANT, 1960), sabendo-se que as máximas são projetos da livre vontade, princípios humanos, que são necessários distinguir, radicalmente, das leis objetivas.
E se é certo que no discurso da modernidade, há uma censura que consiste na acusação dirigida contra uma razão subjectiva, que só denuncia e procura abalar todas as formas de ostensiva opressão e exploração, aviltamento e de exploração, para em seu lugar se impor o domínio expugnável da própria racionalidade, também é verdade que a crítica dos hegelianos de esquerda, orientada para a prática e tendo por objetivo a revolução, pretende mobilizar todo aquele potencial da razão.
Ora, competirá aos Estados normativizar as regras que, não só concetualizem os Direitos Humanos, como também os imponham coercivamente, aliás, já se fala hoje no «Direito de Inferência Humanitária», uma nova figura que se encontra em fase embrionária nos grandes areópagos mundiais, onde os Direitos Humanos ganham cada vez mais importância.
Defende-se, hoje, que Habermas é considerado um dos mais brilhantes representantes da segunda geração da Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno e Marmse), preocupado na elaboração de uma crítica à sociedade, tendo como objetivo central da sua obra, caraterizar as sociedades contemporâneas como sociedades racionalizadas, não no conceito da razão de tradição filosófica, mas como uma forma específica de racionalidade de tipo instrumental.
 Todavia, Habermas não se satisfaz com a simples descrição do mundo, cada vez mais submetido às regras da racionalidade instrumental, mas a sua verdadeira intenção, aliás, na linha dos seus antecessores de Frankfurt, é a denúncia de que nesse mundo tecnicizado, orientado basicamente pelas preocupações relativas ao desenvolvimento acelerado da economia, uma das dimensões genuínas da espécie humana – a linguagem e a possibilidade de com ela as pessoas se comunicarem – termina por se submeter também às regras da natureza técnica e por perder, dessa forma, a sua autonomia.
A interdependência das pessoas, num mundo que funciona em rede, é uma condição para o bom relacionamento da sociedade, tornando-se necessário que todos reconheçam que a autonomia absoluta é impossível, mesmo ao nível do pensamento individual, na medida em que ao se pensar em algo, sempre se dependerá de uma outra situação qualquer, incluindo o pensamento dito original, inédito. Sempre terá de existir uma procedência, por muito insignificante que pareça.

Bibliografia

HABERMAS, Jürgen, (1998a). Facticdad y Validez. Madrid: Editorial Trotta SA.
HABERMAS, J., (1998b) O Discurso Filosófico da Modernidade, Trad. VVAA, Lisboa: Publicações Dom Quixote, Ldta.
KANT, Immanuel, (1960). Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Coimbra: Atlântida. PP 74-78

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689

Imprensa Escrita Local:
 
Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “Terra e Mar”
 
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)

domingo, 6 de março de 2016

Mulher: A Riqueza do Mundo

 
Mais um Dia Internacional dedicado à Mulher, como de resto acontece todos os anos. A homenagem faz todo o sentido, sem qualquer dúvida, porque sem a Mulher, provavelmente, a sociedade seria muito diferente, mais pobre, menos sensível e muito pouco, ou mesmo nada, equilibrada, considerando que, quase sempre, a violência física e bélica, partem do homem.
A Mulher é essa pessoa maravilhosa que a Natureza/Deus colocou no mundo, para acompanhar o homem e ser seguida por ele, em todas as suas iniciativas e dimensões, sendo certo que são estes dois seres que movimentam o mundo, e, hoje, pode-se afirmar que: “Ao lado de um grande homem deve estar sempre uma grande Mulher e vice-versa”.
A história da Mulher no que respeita à luta pelos seus deveres, direitos e dignidade é longa, remonta a milénios de anos. Ela, a Mulher, até há bem pouco tempo, talvez menos de dois séculos, limitava-se a obedecer, incondicional e cegamente ao homem, fosse o pai, o marido ou até um irmão mais velho. O seu papel não seria muito superior ao de uma escrava.
Ainda hoje verificamos que, em muitas sociedades e culturas, a Mulher continua a ser um “objeto” de satisfações de outras “pessoas”, nomeadamente, sexual, por parte de alguns maridos e/ou indivíduos “tarados”, assumindo, ainda, impositivamente, a procriação e aumento da família, designadamente nos países onde a lei assim o determina, também entre diversas tribos indígenas, ou, então, ser privada de ter filhos, porque o marido não o deseja. Há de tudo um pouco por esse mundo fora, quase sempre com o sofrimento da Mulher.
Ao longo dos séculos, foi ignorada, maltratada, vilipendiada, abusada, humilhada, ostracizada, inclusive, apedrejada, em certas culturas que mais se aproximam da selvajaria. Igualmente desvalorizada quanto às suas capacidades intelectuais, inteligência, relativamente aos seus dotes criativos e competências diversas que, realmente, sempre possuiu, mas que o homem se opunha a que se revelassem e desenvolvessem ainda mais.
Felizmente, os tempos, as mentalidades e as circunstâncias têm vindo a mudar em favor desta deliciosa criatura que é a Mulher, também, e em grande parte, devido aos seus méritos próprios, na persistência em obter tudo o que por direito lhe é devido, porque na verdade: “Todos somos livres e iguais, em deveres e direitos.”.
Neste dia de homenagem, justa e merecida, à Mulher, importa reafirmar a sua cada vez maior influência nos destinos do mundo, desde logo a começar no seu papel de mãe, que é de imenso relevo, cuja responsabilidade em educar e preparar os filhos, para estes, quando chegar o tempo, estarem preparados e contribuírem para um mundo cada vez melhor.
Numa outra dimensão, a Mulher: enquanto esposa, companheira, amiga do homem que, nem sempre, tem uma sensibilidade tão apurada quanto a Mulher, para enfrentar e resolver certas situações, ela, na sua vertente moderadora, apaziguadora e tranquilizante, quantas vezes alcança excelentes resultados em diversos e, aparentemente, irresolúveis conflitos?
Na vida profissional, a mulher tem vindo a ganhar imensas competências,  verificando-se que a sua ascensão a posições de grande relevo, nas diversas hierarquias: públicas e privadas é uma constante, bem como na diversificação das muitas, dir-se-ia, quase todas, as atividades em que se envolve, na maioria dos casos, com sucessos evidentes e indiscutíveis.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, a Mulher desempenha, na sociedade, dita moderna, os mais proeminentes serviços, porque dotada de grande inteligência, profunda sensibilidade para as questões sociais e humanas, bem como uma intuição muito apurada, por vezes direcionada para o pressentimento bom, ou mau, ela consegue, com estas faculdades inatas e/ou adquiridas, resolver situações extremamente complexas, pelo diálogo, pelo sentimento, pela sua predisposição para o bem e para o perdão.
Neste dia mundial dedicado à Mulher, cumpre à sociedade, alegadamente moderna, valorizar o seu contributo, enquanto promotora de ideais nobres, dos quais se destaca a sublime missão da maternidade, e as consequências que dela resultam para o mundo que se deseja muito melhor para: mães, pais e filhos, na medida em que cabe à família, em primeira instância, na circunstância e, por maioria de razões, à mãe, cuidar, preparar e acompanhar os filhos, obviamente, tendo a seu lado o marido que, de igual forma, tem idênticos deveres para com os filhos.
Naturalmente que o ideal, sempre que ele seja possível, seria que a mãe e o pai tivessem todas, ou pelo menos as melhores condições para se manterem unidos: na saúde, no amor, no trabalho, na alegria e na tristeza, que comungassem objetivos idênticos, para assim educarem e prepararem para a vida os seus descendentes, biológicos ou adotivos.
Quando se pretende enaltecer o papel da Mulher na sua componente matrimonial, é suposto exigir-se ao seu parceiro que tenha por ela semelhantes sentimentos, atitudes e comportamentos, tal como ela manifesta para com o marido, porque só assim é possível caminhar para a felicidade, obviamente, respeitando princípios, valores, crenças e ideais de cada um, desde que não colidam com a harmonia e amor que devem existir entre eles, e também para com os filhos, quando os há, de contrário há que chegar a consensos para a melhor harmonia.
Convém esclarecer que tanto a Mulher, quanto o homem, não podem, em circunstância alguma, serem dominados um pelo outro, objetos de satisfação de caprichos, motivos de discriminações negativas, porque o respeito, a probidade, a dignidade e os sentimentos devem ser recíprocos, verdadeiros, sem ambiguidades nem oportunismos. A transparência e a confiança são essenciais no matrimónio.
Hoje é o dia que o mundo dedica à Mulher, mas todos os dias deveriam ser consagrados a este ser maravilhoso Ser, que nem sempre o homem sabe estimar, valorizar e amar incondicional e autenticamente, seja qual for esse amor: conjugal, filial, parental, amigo genuíno, entre outros possíveis, no limite amar a Mulher no seu sentido mais sublime, nobre, respeitável, agora e sempre, não apenas hoje.
É claro que à mulher também lhe cabem idênticas responsabilidades e sentimentos, assumindo as posturas e comportamentos que a dignifiquem e que sejam respeitadores dos seus entes queridos, reveladores de um amor impoluto, sincero, integral que sente, por exemplo e desde logo, pelo seu marido, companheiro ou, por que não, pelo seu “apaixonado”, enfim, atitudes que não venham a estigmatizar, humilhar e envergonhar os seus filhos e demais familiares.
Neste dia mundial dedicado à Mulher, tal como em todos os dias do ano, a responsabilidade da Mulher, enquanto arquétipo de bons exemplos, na sociedade e na família, é muito grande, por isso ela deve rodear-se sempre das melhores companhias, fazer-se acompanhar das pessoas que sabe que, em todos os contextos, a respeitam, a dignificam e que não se aproveitarão de eventuais fragilidades, para tentarem quaisquer “benefícios” que a venham a magoar.
E se por um lado, pertence à família defender, intransigentemente, a respetiva progenitora, também a esta compete precaver-se, para não dar azo à divulgação de “juízos de valor” por parte de uma determinada sociedade por vezes, aparentemente, bem informada, porque quando uma Mulher se envolve com certos indivíduos, cujo caráter deixa muito a desejar, que se tem conhecimento da vida que eles levam, de dia e de noite, de um passado duvidoso, que continua no presente e se projeta para um futuro de excessos de vária ordem: do álcool, passando pela prostituição até à droga, de uma vida parasitária ou quase, de uma situação de negação de quaisquer compromissos familiares, a Mulher que pactua, convive, relaciona-se, mais ou menos estreitamente, com tais criaturas, corre sérios riscos de vir a ser desvirtuada, toda a sua honestidade, reputação e bom nome, caem, irremediavelmente, na “lama”, porque: “À mulher de César não lhe basta ser séria; também tem de o parecer”.
Nesta sociedade tão conturbada, onde os princípios, valores, sentimentos e emoções, parece que são cada vez mais “falsificados”, resta-nos a esperança de recebermos o apoio, os bons conselhos, os excelentes exemplos da Mulher Imaculada, seja ela a nossa mãe, a nossa esposa, a nossa namorada, a nossa amiga verdadeira, enfim, aquela Mulher que nós sabemos que nos quer bem, que nós amamos, respeitamos e também, quando necessário, protegemos.
Os olhos da sociedade, para o bem e para o mal, estão colocados na Mulher. Por isso, e nesse sentido, se apela à nossa outra “Alma Gêmea” em particular, e à Mulher em geral, para que cada vez mais dignifique a sua condição feminina, que honre o seu superior estatuto de mulher, esposa, mãe, filha, amiga. A Felicidade das pessoas, da família e da sociedade gira à volta da Mulher, este Ser magnífico que tanto nos pode orgulhar e ajudar a vencer as dificuldades da vida, como nos derrotar para todo o sempre.
Fica aqui, também, uma palavra para os homens que se consideram amigos fidedignos de senhoras e/ou que têm amigas verdadeiras: nunca permitam, na medida do possível, e no que de vós depender, que algum outro indivíduo, por qualquer processo, por qualquer posição mais privilegiada, por ascendentes que possa ter, que comprometa a idoneidade de uma Mulher honesta, porque há por aí muitos sujeitos, que gostam imenso de se exibir, de mostrar a sua alegada virilidade.
A felicidade de uma Mulher, quando ela tem a sua família constituída, que ama o seu marido e filhos, não pode ser atacada por quem quer que seja, deve, isso sim, ser protegida, a não ser que ela dê sinais em contrário e, em cado momento da sua vida, esteja a caminhar para uma rutura, todavia, ainda assim, nós, homens, educados, amigos verdadeiros e incondicionais de tais mulheres, devemos tudo fazer para que elas mantenham a sua respeitabilidade, dignidade, reputação e bom nome, até para salvaguarda da nobreza dos seus restantes familiares. Não deveremos ser oportunistas da fragilidade ou infelicidade de uma amiga, se realmente somos amigos dessa Mulher.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
 
Imprensa Escrita Local:
 
Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “Terra e Mar”
 
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)