domingo, 29 de abril de 2012

O Dilema Humano


A Ética, como ciência da praxis humana, que visa dirigir a vida no respeito pelos direitos e deveres de todos e de cada um, tem de estar presente na consciência das pessoas. A Ética como a disciplina dos deveres, principalmente no que a cada pessoa tem a obrigação de fazer, de se comportar, enfim, de contribuir para um relacionamento humano mais saudável, em todos os contextos.
A importância da família não deve, portanto, ser menosprezada pelos seus próprios elementos, os quais devem, eles próprios, isso sim, procurar por todas as formas admissíveis, a melhor harmonia e progresso. Na verdade, muitos são os problemas que afetam a estabilidade familiar, podendo citar-se, entre os que mais contribuem para a discórdia, no seu seio e que, inexoravelmente, passam à sociedade e provocam nesta, desequilíbrios mais ou menos profundos.
Numa sociedade cada vez mais complexa, e tendo em conta uma determinada orientação filosófico-religiosa, ao nível do matrimónio legal e religiosamente celebrado, os atos sexuais naturais, praticados em comunhão recíproca dos cônjuges, com amor, afetividade e respeito, são aceitáveis pela Ética e pela Lei Divina, contribuindo, com a sua quota-parte, de forma eficaz, para a harmonia e felicidade conjugais, para a estabilidade e progresso da família, para o equilíbrio e tolerância da sociedade.
A Ética assume, na vida sexual, uma importância fundamental, tanto mais decisiva quanto mais vincula o indivíduo a uma praxis verdadeiramente humana, consentânea com os valores mais profundos que todos devem desejar reativar, agora que se iniciou um novo século, do qual se espera uma era de paz, de prosperidade, de amor e de progresso controlado, vocacionado para a supressão da fome, do ódio e da guerra.
A família, como é sobejamente conhecido, constitui a primeira e a mais significativa estrutura organizado, como construto de uma sociedade, de resto, a família é a célula a partir da qual se formaram os clãs, as tribos, as comunidades, as sociedade, as nações e o mundo humano, em que as gentes deste universo vivem, com as suas tradições, culturas e civilizações.
A Ética é, portanto, a base normativa da tarefa do Homem-ser-Homem, inviolável, intimamente pessoal, a que nenhuma autoridade terrena tem acesso. A Ética como disciplina normativa, do foro íntimo de cada ser humano, subordina a si todas as demais disciplinas práticas, e tanto mais quanto mais íntima e direta é a relação destas com o humano.
O homem é um “ser-com-os-outros”, numa atitude dialógica permanente e, como tal, palco de inúmeras atividades, especificamente humanas. A atividade política é, neste contexto heterogéneo, uma vertente ou dimensão do homem que não o globalizando ou substancializando, não deixa, porém, de ser um componente importante, na caraterização do seu todo.
Nos dias atuais, coloca-se, também, a questão de se saber se o progresso moral e espiritual acompanham o progresso técnico-material. Com efeito, a descoberta de técnicas que ainda há bem poucas décadas seriam uma utopia, e a consequente aplicação de práticas, revelam até que ponto pode a grandeza do homem chegar, todavia, tal dimensão será ela, por si só, dignificante do homem como pessoa humana, ou conduzirá, pelo contrário, à escravidão e humilhação do mesmo homem, que a desenvolveu?
Atualmente a Ética terá de ser a disciplina nuclear em todos os currículos escolares, sejam de natureza técnica, cultural ou científica. Há que ressuscitar a moral fundamental de há dois milénios. Urge dinamizar as Igrejas no mundo, no sentido da concretização da mais íntima união da Igreja com toda a família humana, porque ela é a vocação do homem, porque o homem é criado à imagem de Deus e Este é Supremo Bem, cúpula celestial de todas as cúpulas terrenas.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo


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domingo, 22 de abril de 2012

Amizade Incondicional

Os verdadeiros e sinceros princípios, valores, sentimentos e amigos são inegociáveis porque, de contrário, faltar-se-á ao que de mais autêntico deverá prevalecer nas pessoas que, reciprocamente, se desejam bem.
Efetivamente, a comunhão daquelas dimensões, nas pessoas genuinamente humanas, constitui a superior e sublime diferença entre o ser humano e as restantes criaturas que habitam este planeta. A amizade pura, sem restrições, é o sentimento que consolida todas relações entre pessoas que se gostam, dir-se-á, que se amam, aqui na grandeza e generosidade de um genuíno “Amor-de-Amigo”.
Ao longo da vida, nas diferentes situações, papéis e intervenções que surgem a cada ser humano, os sentimentos perduram, com maior ou menor intensidade, de acordo com os níveis de lealdade, reciprocidade e confiabilidade da pessoa por quem eles se manifestam.
A amizade não pode ficar prisioneira de conjunturas circunstanciais e, muito menos, de oportunismos e conveniências pessoais, sociais, profissionais e estatutárias. A amizade é um bem supremo, pelo qual se deve pautar toda a relação que se deseja sincera, permanente e fidedigna. A amizade, quando se pauta pela reciprocidade, deverá ser eterna. Ela só é conciliável com a lealdade, com a solidariedade, com a cumplicidade, com a reciprocidade e com a firmeza de atitudes.
É praticamente impossível conceber a amizade sem algum sofrimento. A pessoa que verdadeiramente alimenta um autêntico “Amor-de-Amigo”, ao longo de uma relação, enfrentará situações complexas, por desinformação, por dificuldades de explicação, por incorreta interpretação de uma ou das duas pessoas envolvidas e porque estas se querem bem, preocupam-se, reciprocamente, com o bem-estar de cada uma, e tudo o que contrarie aqueles objetivos, causa dor.
Tais desentendimentos, temporários, possibilitam, depois, um reforço da amizade, justamente, pelo esclarecimento e pela reconciliação. É nesta dialética relacional que os amigos atingem, com frequência, a felicidade de se ser um verdadeiro e incondicional amigo.
O amigo será sempre um conselheiro, um confidente, um cúmplice, no qual se pode acreditar, desabafar, pedir ajuda, dar apoio. O amigo não vira as costas, em nenhuma circunstância, à pessoa de quem verdadeiramente gosta, que por ela luta incansavelmente, procurando, a todo o custo, tê-la sempre do seu lado. Os amigos são para se ouvirem, para se solidarizarem, para partilharem tudo, sem restrições, nos bons e nos maus momentos. Amigos incondicionais, para a vida e para a morte.
Há um princípio na vida das relações pessoais e da amizade que reza o seguinte: “Quem convive, confraterniza e se relaciona bem, para lá do estritamente profissional, com pessoas que  ofendem, a nós e/ou aos nossos amigos, então quem continua a conviver com tais pessoas, não pode ser nossa verdadeira e sincera amiga”. Há como que uma incompatibilidade sentimental, afinal e se se quiser, uma inconfortável “flexibilidade” que, quantas vezes, magoa o verdadeiro amigo.
Pode-se transformar aquele princípio na seguinte fórmula: “Se “A” é amigo de “B”; “B” é amigo de “C”; mas “C” é detractor de “A”; então “B” não pode ser amigo verdadeiro de “A” e vice-versa. Se assim não for e todos se fazem amigos de todos, então talvez esteja aberto o caminho da hipocrisia, da falsidade, da desconfiança.
Dito de forma mais direta: “O amigo do meu adversário/inimigo, e/ou que com este convive,  não será, certamente, meu amigo”. Se assim não for, então, as pessoas envolvidas numa relação desta natureza, fingem que são amigas, elas cuidam das suas aparências, pretendem fazer passar a ideia de que são “boazinhas”, quais “lobos vestidas de cordeirinhos”. Infelizmente, a sociedade, está repleta de “cordeirinhos”.
Outras há que colocando, acima de tudo e de todos, os seus próprios interesses, egoísmos e ganâncias, do tipo: “primeiro eu, depois eu e sempre eu”, dando, depois, para os outros, com falsa generosidade, o que já não podem e/ou não querem “comer”, também não parece que possam ser amigas sinceras, do coração.
Estas pessoas, enquanto a vida corre para o seu lado, tudo fazem para ganhar as simpatias, convivendo com “Deus e com o Diabo”, porém, quando as suas ambições e ganâncias se frustram, são as primeiras a “abandonar o barco”, leia-se, os presumíveis “amigos”, disso não parece existir  as menores dúvidas. De resto, até se vão aproveitando de quem  está de boa-fé, com bons sentimentos e sinceridade.
Desmacaradas tais “falsas amizades”, então vão ficar aquelas/es pessoas que realmente nos “amam”, como amigas leais, cúmplices e em quem se pode continuar a confiar, até ao resto da vida.
Por vezes, menosprezam-se amizades que provêm de pessoas simples, humildes, generosas, que não sabem mentir, nem disfarçar, que dizem, com coragem, mas lealmente, o que lhes vai na alma. Os sentimentos destas pessoas nem sempre são apreciados e respeitados.
Pessoas leais, quantas vezes não conseguem transmitir os verdadeiros e puros sentimentos,  e quando pensam que esse valor, o da lealdade,  é apreciado, confrontam-se, incompreensivelmente, com atitudes de menosprezo, de rejeição, precisamente, por parte de quem esperavam amizade sincera, carinho e ternura.
Vive-se, em muitas circunstâncias, em meios sociais e profissionais de cinismo, de falsidades, enfim, de “sorrisos e falinhas mansas”. Infelizmente não se acredtia nesta realidade, enquanto é tempo. Algumas pessoas, como que se deixam “seduzir” por estes estilos de relacionamento,  em que  os  punhos de renda” enebriam, produzem como que uma “tranquilidade paradisíaca” e, assim, sem aparentes problemas, preferem esta relação balofa e hipócrita. Uma “Paz Podre”.
O receio de assumir, inequivoca e publicamente, valores como a lealdade, a solidariedade, a cumplicidade, a confiabilidade, a reciprocidade, entre outros, que conduzem a uma amizade firme e duradoura,  é evidente em muitas pessoas, porque temem perder algum tipo de benefício, situações, interesses e pessoas de que julgam necessitar. Afinal, ficam cada vez mais prisioneiras dos falsos amigos.
Compreende-se esta posição, mas duvida-se que ela possa vir a ser a solução para a elevação da auto-estima, para a afirmação da própria dignidade, para a caracterização de uma personalidade bem definida, pela positiva. O verdadeiro amigo nunca poderá ficar passivo perante tais comportamentos e, certamente, pedirá, generosamente, ao seu amigo, para abanodnar este rumo de insegurança.
Com efeito, por vezes, pensamos que precisamos de certos favores, de determinadas pessoas, colocamos de lado as  nossas próprias capacidades, eventualmente, um saudável orgulho que podemos e devemos defender.
Recorremos a tais pessoas, mesmo que elas, num passado recente, nos tenham ofendido, a nós ou a amigos nossos, ou então, que continuem a pactuar e a conviver com quem nos faz mal.  Estamos a humilharmo-nos.
Outras vezes, exaltamo-nos com os verdadeiros amigos, só porque estes têm a lealdade e a coragem de nos alertar para certos perigos e, como que castigando aqueles amigos, redobramo-nos em amabilidades e subserviências para com aquelas pessoas que, disfarçadas de “amigas” cuidam primeiro dos seus interesses, ainda que à nossa custa, ou ignorando-nos.
Não se pode hipotecar a dignidade, a competência e a  superior qualidade da nossa inteligência, em troca de uns favores casuísticos, de umas “esmolas” intelectuais/profissionais. A quem nos ofende e aos que pactuam, convivem e confraternizam com tais pessoas, nada devemos pedir, nenhum favor, nenhuma ajuda, porque a nossa firmeza, os nossos sentimentos, o nosso carácter são bem mais importantes e abonatórios das nossas personalidades.
Por tudo o que aqui fica reflectido, e que cada pessoa, seguramente, já tem experienciado ao longo da vida, o corolário mais lógico vai no sentido de que: construir, alimentar e consolidar uma amizade, para a vida e, até, para além desta, não depende, apenas, da racionalidade de cada pessoa, nem está acessível a mentes influenciáveis e/ou impressionáveis. Exige verdade, amor e firmeza.
Uma amizade leal, suportada num sincero “Amor-de-Amigo”, entre duas pessoas, independentemente do sexo, raça, confissão e estatuto, tem todas as condições para frutificar e perdurar, para todo o sempre.
Dois amigos assim, jamais se deixarão envolver em falsas aparências, em relações pretensamente amigáveis, em compromissos alegadamente honestos, com quaisquer pessoas que utilizam  estratégias inconfessáveis. A Amizade verdadeira é transparente e objectiva.
São os  gestos simples, as gentilezas, a boa educação e correcção em todos os papéis da vida, as preocupações pelo bem estar do amigo, a solidariedade sempre reiterada, a lealdade, a cumplicidade, a confiabilidade e a reciprocidade que sutentam, para sempre, uma amizade pura e superior, porque, em boa verdade: “Das pequenas coisas e gestos simples, se fazem as grandes amizades da vida”.
Para se conquistar um amigo pode-se demorar dias, meses ou anos. Para se perder um amigo, são suficientes alguns segundos. Por isso, quando se têm provas irrefutáveis, segundo as quais, uma determinada pessoa é nossa verdadeira amiga e se queremos a sua amizade, o caminho a seguir é só um: retribuirmos, incondicionalmente, tal amizade, estarmos, inequivocamente ao lado desse amigo, rejeitarmos, liminarmente, os “cordeirinhos” e todas as atitudes de quem pretende fazer-se passar por nosso amigo.
Adaptando o adágio popular, segundo qual. “vale mais um pássaro na mão do que dois a voar”, também se poderá dizer que vale mais um amigo fiel e solidário, em todas as circunstâncias e durante toda a vida, do que muitos pseudo-amigos em situações pontuais e, quantas vezes, para exclusivo interesse deles próprios. É importante referir que este trabalho tem por objectivo levar os leitores a reflectir sobre este inestimável sentimento que é a Amizade e, neste sentido, apelar para a felicidade que um amigo verdadeiro pode proporcionar.
Hoje, ter um amigo confiável, leal, solidário, disponível para nos ouvir, aconselhar e apoiar, que por nós é capaz de tudo fazer, só para nos ver bem na vida, e realizados e felizes, pode-se considerar uma verdadeira dádiva, uma autêntica ventura.
A amizade incondicional de um amigo assim, é uma das  maiores riquezas a que uma pessoa pode aspirar na vida. Com efeito, a relação pessoal mais pura e nobre entre dois amigos, só é possivel quando estes se entregam sem reservas, confiando, totalmente, na força, honestidade e respeito de um sincero “Amor-de-Amigo”.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 15 de abril de 2012

Cooperação Cultural Lusófona

O mundo, através dos povos, abre-se à humanidade: primeiramente, pelos processos virtuais; numa fase posterior, pela cooperação institucional, empresarial e individual. O intercâmbio de conhecimentos, de tecnologias, de recursos, os mais diversos, de pessoas e bens é uma inevitabilidade salutar que beneficiará as nações e as pessoas.
É impossível viver-se, desenvolver-se e alcançar padrões de vida mais elevados numa atitude de isolamento individual, institucional e técnico. A livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais, dentro de regras bem definidas e fiscalizadas, poderá constituir uma estratégia que conduza a um melhor bem-estar geral.
Impõe-se com grande acuidade a implementação, desenvolvimento e consolidação de uma política de Educação para uma Cultura da Cooperação que, na circunstância, atendendo às perspectivas da lusofonia, se iniciaria na família, na escola e prosseguiria ao longo da vida profissional e social dos indivíduos, bem como no funcionamento das instituições.
Nenhum dos países constituintes da CPLP – Comunidade de Povos de Língua Portuguesa, independentemente do seu maior ou menor potencial em recursos naturais, científicos e tecnológicos, é totalmente autónomo, aliás, a autonomia absoluta será difícil de se obter, até mesmo ao nível do pensamento individual, na medida em que o Tribunal da Consciência Ética e Moral, sancionará quaisquer desenvolvimentos intelectuais contrários aos valores essenciais da vida verdadeiramente humana e digna.
Interiorizar uma genuína cultura de cooperação lusófona, sem prejuízo dos diversos acordos internacionais já existentes ou a celebrar, sem deslealdade para com as parecerias que se estabeleceram entre países, e aproveitando, justamente, todas as experiências e sinergias já adquiridas, poderá melhorar, enriquecer e consolidar os níveis de vida dos povos envolvidos, reduzindo tensões, eliminando barreiras físicas e artificialmente construídas, possibilitando, afinal, a irmanação no desenvolvimento das causas nobres, como a paz, a justiça, a saúde, a educação, o bem-comum, obviamente, no respeito por legítimos, legais e justos interesses das instituições e das pessoas.
Não se trata de uma educação para a cultura da cooperação miserabilista, pela qual toda a humanidade deveria ser pobre, bem pelo contrário, deseja-se que os povos de todos os lugares do mundo vivam cada vez melhor, cooperando entre si, precisamente em todos os aspectos que sirvam para aprender, desenvolver e pacificar.
Um projeto lusófono de educação para uma nova cultura da cooperação poderá iniciar-se a vários níveis da intervenção geral: a) para resultados a curto prazo, os governos conseguem implementar medidas que conduzam ao exercício real de práticas de cooperação; b) para resultados a médio prazo, a escola é essencial; c) para resultados a longo prazo, as gerações atuais mais novas devem ser mentalizadas, apoiadas e encaminhadas para atividades de intercâmbios internacionais de investigação, contacto direto com outras culturas e construção de novos e estimulantes paradigmas, para a importância da cultura, do trabalho no respeito pelos valores nacionais e universais, no cumprimento dos deveres, igualmente nacionais e universais.
A cooperação cultural, científica e tecnológica será um primeiro e grande passo no sentido da harmonização dos povos cooperantes, de resto, e a título de bom exemplo, o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre o Brasil e Portugal, assinado em 2000, é um instrumento que deveria ser potencializado à exaustão: «Essa cooperação poderá assumir, nomeadamente, a forma de intercâmbio de informações e de documentação científica, técnica e tecnológica; de intercâmbio de professores, estudantes, cientistas, pesquisadores, peritos e técnicos; de organização de visitas e viagens de estudo de delegações científicas e tecnológicas; de estudo, preparação e realização conjunta ou coordenada de programas ou projectos de pesquisa científica, no território de uma das partes …» (2000: Artº 28º)

Bibliografia

TRATADO AMIZADE E COOPERAÇÃO E CONSULTA ENTRE BRASIL E PORTUGAL, (2000), Resolução da Assembleia da República Portuguesa, nº 83/2000, Aprova para ratificação o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a Republica Federativa do Brasil, assinado em Porto Seguro, em 22 de Abril de 2000, publicado no Diário da República, I Série-A, Nº 287 de 14 de Dezembro de 2000 pp. 7172 a 7180.
 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

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domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa

Para os crentes católicos é mais um dia festivo, um dia que recorda a “Ressureição de Cristo” e com este acontecimento se fundam os valores da alegria, da reconciliação e confraternização. Na Páscoa celebra-se a vida, a renovação da esperança, eventualmente, perdida, um novo alento para enfrentarmos as dificuldades que diariamente se nos colocam, num mundo complexo, onde nem sempre prevalecem os valores da Amizade, da Solidariedade e da Paz.
«A Páscoa cristã celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até sua ressurreição. É o dia santo mais importante da religião cristã. Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica, que é uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias e onde é comemorado o êxodo dos israelitas do Egito, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.» (Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1scoa, consultado em 08.04.2012)
Sabe-se que a vida humana joga-se entre o nascer e o morrer, período de duração indeterminada, durante o qual decorre toda uma existência, com episódios diversos: uns, previsíveis; outros, não, mas que todos vão contribuir para um balanço final que a própria pessoa fará, se tiver oportunidade para isso, e de que resultará a sua satisfação, maior ou menor, que permitirá um juízo ético-moral, relativamente a tudo quanto de bom, ou de mal, tenha feito, mas que, em muitas circunstâncias, não vai permitir qualquer reparação por danos causados seja a ela própria, seja a terceiros, o que, em situações graves, pode proporcionar profundo arrependimento e, eventualmente, algum desespero. O corolário lógico será, então, resolver em vida o que há para resolver e pelas vias pacíficas.
Acontece que a Páscoa nos devolve à vida pelo exemplo de Cristo que, desta forma simbólica, nos transmite uma mensagem de confiança, um incentivo para continuarmos a lutar por tudo em que acreditamos, por princípios, valores, projetos. Hoje, domingo de Páscoa, temos a possibilidade de refletir sobre o nosso passado, reavivar e implementar os nossos sonhos, aprender com os erros que cometemos e reconvertê-los em aspetos positivos.
Nesse sentido, o homem deve viver com fé, quer ao nível espiritual, quer no âmbito da sua intervenção no mundo, acreditando e demonstrando que tudo o que faz tem uma finalidade boa, um sentido concreto, um objetivo real e até altruísta, revelando-se, também, fiel aos valores e princípios. É necessário estar dotado de uma grande fé, quer para o êxito dos projetos espirituais, quer na realização dos projetos materiais.
Para os Católicos o dia de hoje está carregado de simbolismo e nos atos do culto, nomeadamente o Santo Evangelho é patente o apelo à união, à solidariedade entre os “irmãos” que, independentemente das convicções religiosas de cada pessoa, se poderá extrapolar para o mundo global em que todos estamos envolvidos.
Por isso, a passagem do Santo Evangelho para este domingo, deverá levar-nos a refletir sobre o que realmente somos, de onde vimos, o que estamos cá a fazer e para onde vamos. Estas, entre outras, são as questões que nos devem preocupar e, se for possível “endireitarmos o caminho”, então que a “Ressurreição de Cristo” nos possa servir para “Ressuscitarmos para uma nova vida”.
«Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Leitura dos Atos dos Apóstolos. Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, toda a gente se enchia de temor. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam propriedades e bens e distribuíam o dinheiro por todos, conforme as necessidades de cada um. Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se. Palavra do Senhor. SALMO RESPONSORIAL Salmo 117 (118), 2-4.13-15.22-24 (R. 1) Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Aclamai o Senhor, porque Ele é bom: o seu amor é para sempre.» (Disponível http://www.liturgia.pt/leccionarios/domA/1_05_A_Pascoa.pdf, consultado em 08.04.2012)
É importante, no atual contexto mundial recolocar fenómeno humano religioso no lugar que, por mérito próprio, lhe pertence, isto é, ao nível dos mais altos poderes do Estado, porque se o poder espiritual da Igreja tem servido para mediar conflitos, então, deve-se-lhe reconhecer tal influência e capacidade em tudo o que respeita, por exemplo, ao reconhecimento inequívoco, não envergonhado e o correspondente relevo temporal, em todo o cerimonial protocolar do Estado, até porque, segundo o Santo Padre, João XXIII, na Encíclica “Pacem in Terris” 1963: «Entre os direitos do homem, deve incluir-se, também a liberdade de prestar culto a Deus de acordo com os retos ditames da própria consciência, e de professar a religião, privada e publicamente.» (in BIGO & ÁVILA, 1983: 266) 

Bibliografia

BIGO, Pierre, S.J., & ÁVILA, Fernando Bastos, S.J., (1983). Fé Cristã e Compromisso Social; Elementos para uma reflexão sobre a América Latina à luz da Doutrina Social da Igreja, 2. Edição revista e aumentada, São Paulo: Edições Paulinas.
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo




domingo, 1 de abril de 2012

Pensar a Filosofia

Sendo o objetivo deste trabalho refletir um pouco sobre o que é, afinal, a Filosofia, certamente, qual a sua situação neste início de século, não cabe no seu âmbito académico e histórico, recuar no tempo, para inventariar as inúmeras e possíveis definições.
Em todo o caso não resistimos a transcrever algumas passagens da idade moderna aos nossos dias e, com esta metodologia, é importante destacar o que pensavam alguns responsáveis da época, começando primeiro por destacar Pinharanda Gomes, na apresentação que faz, por exemplo, à obra de Silvestre Pinheiro Ferreira, (1769-1846) quando afirma: «De verdade, uma nação só é autónoma e livre quando se garante a liberdade, a propriedade de pensamento e de movimento. Nenhuma ficção política ocultará a verdade da subserviência filosófica, se esta for tão real como tem sido, desde o século XVIII (no caso português). Ainda que possamos dispor de poder económico mundial, não seremos dignos, se não garantirmos, antes disso, a autonomia de uma própria e inalterável felicidade filosófica.» (FERREIRA, 1994:23)
Possivelmente, aceitaremos, sem grande contestação, que a Filosofia, desde há mais de 25 séculos, constitui uma dimensão fundamental e exclusiva do ser humano. Também é sabido que, principalmente, a partir dos primeiros filósofos naturalistas, críticos, pré-socráticos, socráticos, platónicos, aristotélicos até aos dias de hoje, todos se têm preocupado com aspectos que a ciência não abordara e outros fenómenos que ainda não consegue explicar.
Quem poderá garantir, se alguma vez conseguirá, de forma objetiva, rigorosa e provada, esclarecer-nos acerca das questões radicais que desde sempre têm atormentado o homem? A Filosofia poderá não nos informar, globalmente, sobre tais questões especiais mas, pelo menos, assume, incessantemente, a busca para uma explicação, recuando sempre e em primeira abordagem às causas mais remotas e transcendentais, mesmo continuando a ser acusada de nada resolver.
Se analisarmos o Manual de Filosofia do “Curso Elementar de Philosophia”, elaborado por António Ribeiro da Costa, segundo o programa oficial para o ensino nos Lyceus do Reino, em 1866, poder-se-iam formular algumas interrogações, de cujas respostas afirmativas, resultava, à época, uma definição de Filosofia.
Então convide-se o autor para se pronunciar: “Quem sou eu? Qual é a minha origem, e o porquê da minha existência? Onde está o meu fim, ou o para quê da minha existência? A Filosofia é a ciência que se ocupa de resolver estes três problemas; solução que é o ideal a que o homem aspira e do qual se aproxima incessantemente, sem poder jamais chegar à solução completa. Deste modo a Filosofia pode definir-se a ciência que procura expor a natureza, atributos e faculdades das substâncias espirituais, consideradas em si mesmas, e nas suas relações gerais com as outras substâncias.” (COSTA, 1866:7)

Bibliografia

COSTA, A. R. da, (1866). Curso Elementar de Philosophia. 2a Ed. Porto: Typographia de António J. S. Teixeira.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix, (1992). O Que é a Filosofia. Trad. Margarida Barahuna e António Guerreiro. 1a Ed. Lisboa: Editorial Presença.
­FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1994) Categorias de Aristóteles. Tradução de Silvestre Pinheiro Ferreira, apresentação e notas de Pinharanda Gomes, 3ª Ed., Lisboa: Guimarães Editores.
MARIAS, Julián, (s.d.). Historia de la Filosofía. Trad. de Alexandre Pinheiro Torres. São Paulo: S.A
REZENDE, Antônio (Org), (1997). Curso de Filosofia para Professores e Alunos dos Cursos de Segundo Grau e de Graduação, 7a Ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor/SEF.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

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