Há fases da vida em que toda a pessoa tem legítimas
aspirações que, nessas épocas, são consideradas utópicas, porém, ninguém pode
garantir que, num futuro mais ou menos remoto, se não possam tornar realidades
ainda que, relativizadas, face a uma outra dimensão absoluta que,
necessariamente, se busca e, desesperadamente, se reconhece a incapacidade para
a alcançar.
Defronta-se a humanidade com uma realidade que lhe
é dada pela natureza das coisas, como um fenómeno, que é interpretado segundo
os conhecimentos da ciência e da técnica de cada época, mas cujo núcleo mais
profundo ainda se ignora, pese embora, e a favor, o facto de se avançar imenso
na descoberta e explicação de tais realidades.
O mistério do insondável persiste e até as coisas
mais simples: uma árvore, uma pedra, o movimento das águas, a montanha, o
vento, o fogo, o ar, os povos nas suas organizações mais rudimentares e
primitivas, contêm aspetos que o homem ainda não conhece total e absolutamente.
A sociedade humana, que é uma construção do génio
humano, continua, complexa, apesar de toda a evolução da sua estratégica
organização, da proliferação e aplicação de regras, complexa, difícil e
conflituosa, gerando situações que já não são compatíveis com o estatuto
superior que deveria corresponder à dignidade da pessoa humana, numa sociedade
que tem a obrigação de se conduzir pelos valores e princípios referenciais
desta superior espécie.
O homem (abrangendo, obviamente, os dois géneros:
feminino e masculino) que ao longo da sua história, a partir do seu mais remoto
antepassado, cientificamente denominado por “hominídeo”, considerando, ainda, a sua evolução nas abordagens
filogenética e ontogenética, certamente que tem sido objeto de um progresso, a
todos os títulos notável, que nenhuma outra espécie animal terá conseguido.
O novo século iniciou-se com as esperanças que
transitaram do século anterior, à cabeça das quais se coloca a paz, podendo
esta ser entendida como: «A paz, vale
dizer a tranquilidade, nascida da ordem, é o mais elevado desses bens
desejáveis, pois inclui todos os outros.» (SIMÕES, 2000:85), a saúde, o
trabalho, a felicidade, entre outras, igualmente desejáveis, que se encontram
bem identificadas num documento subscrito pela esmagadora maioria dos países do
mundo: Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Neste documento universal, resultante do sofrimento
provocado por duas guerras mundiais, que marcaram negativamente o século XX,
aprovado em 10 de Dezembro de 1948 pela Assembleia-geral das Nações Unidas, estão
plasmados, em trinta artigos, os direitos humanos fundamentais, a que lhes
correspondem outros tantos deveres, porque cada pessoa que usufrui de um
direito tem o dever de proporcionar igual oportunidade ao seu semelhante.
As causas, as soluções e a comprovação dos
resultados, para a situação das pessoas, das comunidades e das nações, não
cabem no âmbito da presente investigação-reflexão, qualquer que seja a
abordagem: científica, técnica, política, social, económica, religiosa,
cultural ou outra.
Pretende-se, isso sim, refletir sobre a
possibilidade de se instituir ou melhorar uma filosofia dos deveres individuais
institucionais, comunitários e universais, com o objetivo de se idealizar e
implementar uma “Nova Ordem Ética Mundial”,
tal como já se avança para a “Nova Ordem Económica Mundial”, para a
globalização do capital, da economia, do comércio e em tantos outros setores
das atividades humanas. É preciso divulgar, insistir e incrementar, com
boas-práticas, uma nova ordem ética, para a pessoa nos seus vários papéis, para
a comunidade e para o mundo.
Bibliografia
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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