Portugal,
decorridos mais de quarenta anos, após a Revolução de vinte e cinco de abril de
mil novecentos e setenta e quatro, assumida responsavelmente pelos valorosos
“Capitães de Abril”, assim mais tarde designados, vive, atualmente, uma
tranquilidade e um desenvolvimento que faz inveja a grandes potências mundiais,
para além da liberdade que se “respira” e experiencia na vida corrente dos
cidadãos e das instituições.
Está
por escrever a História do 25 de abril de 1974, nesta data consubstanciada numa
Revolução Democrática, Pacífica e Exemplar, que viria a designar-se por
“Revolução dos Cravos”, devido ao facto de nas extremidades das espingardas e
outras armas dos militares, juntamente com as munições, terem sido colocados cravos
vermelhos, a que se uniria o povo anónimo a distribuir, nas ruas, estas lindas
e tão simbólicas flores.
Naturalmente
que, como em qualquer revolução, haveria algum confronto entre os apoiantes
deste ato, libertador de uma ditadura de quase meio século, para a
passagem a uma democracia, e aqueles que
continuavam e desejavam manter o antigo regime ditatorial e, nesta tensão,
seria necessário tomar algumas medidas mais robustas, até à rendição dos
principais responsáveis governamentais e altos quadros civis e militares, por
isso, um reduzido número de disparos, teriam sido realizados, precisamente para
intimidar; jamais para ferir ou matar.
Aceita-se,
e até se compreende, que existam diferentes versões deste acontecimento
extraordinário, que a História e os seus especialistas, investigadores e
intervenientes diretos, um dia darão conta aos Portugueses e ao mundo, mas
existem realidades que já são verdades e factos incontestáveis, que não carecem
de qualquer prova científica, ao fim destas décadas de Democracia.
As
consequências, mais evidentes, desta revolução modelar estão à vista de
qualquer pessoa, inclusive, das menos informadas política e historicamente, por
isso e em jeito de breves tópicos, destacam-se as seguintes: cessação das
guerras coloniais; independência das então colónias; restauração dos direitos,
liberdades e garantias para todos os cidadãos; aprovação e implementação de uma
nova Lei Fundamental, para um Estado Democrático de Direito; eleições livres
por sufrágio direto, universal e presencial, para os Órgãos de Soberania:
Assembleia da República, Presidência da República e Governo, assim como para as
Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e Autarquias Locais: Assembleias
Municipais, Câmaras Municipais e Assembleias de Freguesia; entre outras
desfechos positivos que se vieram a concretizar pós-revolução, como a famosa
trilogia dos “3D’s”: Descolonizar, Democratizar e Desenvolver.
Portugal
é, atualmente, primeiro quarto do século XXI, uma autoridade em Democracia,
fazendo cobiça, seguramente, às poderosas nações económica e financeiramente
assim reconhecidas. Os Portugueses são um povo de fracos recursos naturais,
contudo, riquíssimo em recursos humanos, meios culturais, a todos os níveis e,
também, em vários domínios da ciência, da técnica, da política democrática,
cívica e multirracial.
Os
Portugueses, atravessam um dos grandes e brilhantes momentos da sua História,
apesar das dificuldades económicas, financeiras e sociais, porque tem passado,
nesta primeira década e meia do século XXI, na medida em que foram muitos os
sacrifícios impostos à população: austeridade praticamente incontrolada e
cruel, que arruinou a classe média e atirou para a miséria mais de quinze por
cento das famílias. Todas estas dificuldades têm vindo a ser ultrapassadas com
grande coragem, eficácia, realismo e esperança em melhores dias.
Portugal,
hoje, é um país pacífico, onde se pode olhar o futuro com otimismo, um
território cujo povo se revela profundamente humanista e bondoso, basta
analisar a nova política de acolhimento de refugiados, oriundos de países em
guerra, de regimes extremistas, nos quais a dignidade e os direitos humanos
perderam ilegítima e ilegalmente qualquer sentido.
A
dimensão multicultural dos Portugueses, após a Revolução dos Cravos, como que
se reforçou no mundo, agora com princípios, valores e sentimentos renovados,
eventualmente, compagináveis com uma mentalidade universalista, pós-moderna
que, em muitos países sociáveis, tal como em Portugal, releva de uma
Civilização Ocidental humanista-cristã, muito embora, igualmente, aberta e
dialogante com outras religiões moderadas.
A
Revolução dos Cravos, que também poderíamos designar de “Cetim”, - para não
repetir o vocábulo “Veludo”, utilizado por Vaclav
Havel, aquando da Revolução, não belicosa, de 1989 na antiga
Checoslováquia -, é hoje um bom exemplo
de um povo culto, calmo e nobre como são os Portugueses, que bem podem
orgulhar-se dos seus militares, libertadores de uma regime inaceitável, que não
respeitava os Direitos Humanos, por mínimos que fossem, principalmente, aqueles
que se reportavam à liberdade de expressão político-ideológica.
Comemorar,
com pompa e circunstância, a Revolução dos Cravos, em Portugal, será sempre um
tributo merecido, não só aos militares que correram graves riscos, quer nas suas
carreiras profissionais e, até, possivelmente, na vida física, como também
prestar uma homenagem ao povo anónimo que, serena e civicamente, se juntou e
apoiou os promotores da Revolução.
E
se feridas ainda existem, e é natural que sim, designadamente, nos Portugueses
que escolheram as então colónias para trabalharem, viverem, educarem os seus
filhos e terem um futuro tranquilo e que, de repente, se viram obrigados a
fugir, para a então Metrópole, ou para outros países, sendo despojados dos seus
bens, que nuca nenhum governo, em Portugal e/ou nos novos países, os
ressarciram destes prejuízos tremendos.
Esta
será, talvez, a parte menos positiva da Revolução, mas também se compreende
que, à época, não seria possível fazer muito melhor. Afinal, os Portugueses
oriundos das ex-colónias, acabaram por se reintegrarem na sociedade nacional e:
muitos deles, recomeçaram uma nova vida, com mais ou menos empreendimentos,
criando, inclusive, postos de trabalho; outros, foram recolocados no aparelho
do Estado, bancos e grandes empresas multinacionais. A resiliência destes
Portugueses foi outro exemplo que muito nos honrou e correu mundo.
Decorridas
mais de quatro décadas, após o dia das “Flores Revolucionárias”, em Portugal,
constata-se que o país vive um clima de grande desenvolvimento: de avanços
significativos na área da investigação científica; em toos os domínios da
tecnologia e da ocupação de cargos importantíssimos a nível mundial, chegando,
na circunstância, indicar que uma das mais elevadas posições políticas mundiais
foi assumida, recentemente, por eleição e aclamação, por um ilustre Português,
refira-se, o cargo de Secretário Geral das Nações Unidas a partir de 01 de
janeiro de 2017. É uma grande honra, um privilégio para Portugal, que assim
reforça a sua importância, influência e respeitabilidade, num mundo tão
complexo.
Portugal
recuperou a democracia perdida há décadas e hoje é admirado em todo o mundo,
porque sabe fazer bom uso deste valor supremo, porque: «Manter viva a realidade das democracias é um desafio deste momento
histórico, evitando que a sua força real – força política expressiva dos povos
– seja removida face à pressão de interesses multinacionais não universais, que
as enfraquecem e transformam em sistemas uniformizadores de poder financeiro ao
serviço de impérios desconhecidos. Este é um desabafo que hoje vos coloca a
História.» (FRANCISCO, 2016:79)
Bibliografia.
PAPA FRANCISCO (2016) Todos os Dias com
Francisco. Prefácio, Padre Vitor Melícias. Selecção e Organização, Helder
Guégués. Lisboa: Guerra & Paz, Clube do Livro.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
Imprensa Escrita Local:
Jornal: “Terra e Mar”
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
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