domingo, 22 de julho de 2018

Confraria de São Bento, Homenageia Fé dos Seixenses


Há cerca de mais de sete anos (abril de 2011) fui confrontado com um repto que me deixou muito aflito e amedrontado. O desafio que me foi colocado primeiro, por um colega de trabalho, depois confirmado e reforçado por uma instituição de imenso prestígio local, nacional e internacional, representativa de valores religiosos que ultrapassam a minha condição de simples mortal, de um pecador que, eventualmente, nem seria merecedor de tal privilégio por parte de quem o convocou para esta nobre missão.
Com efeito, o meu colega Dr. Rui Ramalhosa, teve a gentileza de me sondar sobre a possibilidade de eu escrever "umas coisas", sobre a vida e obra de São Bento de Seixas, conjugadamente com a história da Confraria do venerando Santo, no contexto de uma população residente e emigrante que, convictamente, professa a sua fé em São Bento, tendo, ainda, em atenção quatro grandes dimensões que os escritos deveriam abarcar: religiosa, histórica, profana e filosófica.
Confesso que fiquei, num primeiro momento, bastante confuso e, desde logo, fui invadido pelo receio de que tal exigência poderia ser incompatível com as minhas capacidades, para além de poder vir a resvalar para algum tipo de profanização o que, de todo, eu teria o dever de evitar. Além do mais, eu nunca escrevi nada com a exigência, rigor e fé a que ficaria obrigado, caso aceitasse a "provocação" que então me era dirigida.
Claro que fiquei a pensar no convite, para mim, muito aliciante e, antecipadamente, gratificante, para além de muito honroso, porque eu também sou crente, acredito na santificação de São Bento, por Quem manifesto respeito e crença, apelo à sua intercessão, nos momentos de maior aflição na vida.
Entendi, ainda, este repto como uma oportunidade para galardoar e dignificar São Bento, por tudo o que Ele tem feito por mim, pela minha família e pelas pessoas minhas amigas, para as quais, e sempre que julgo necessário, peço proteção, orientação e sorte na vida. Tenho sido atendido, por isso, também tenho de retribuir.
Este será um primeiro motivo para amadurecer a decisão de aceitar o convite que, amavelmente, me foi, posteriormente, endereçado por todos os membros da Confraria de São Bento de Seixas, numa reunião para o efeito realizada.
Aconselhei-me, entretanto, com algumas pessoas da minha inteira confiança: família, que rejubilou com este dignificante convite e me entusiasmou a aceitar a tarefa. Tive o cuidado de, numa postura ético-cultural, conversar com outro colega da escrita que, numa atitude de grande humildade e solidariedade me deixou à-vontade para iniciar o "trabalho". Troquei, igualmente, impressões com colegas de trabalho que, desde logo, não só me incentivaram como se disponibilizaram para me ajudar no que fosse preciso. Estavam reunidas as condições para avançar.
Desde já devo agradecer todo o apoio que me foi dado pelos membros da Confraria de São Bento, ao me disponibilizarem toda a documentação que tinham em seu poder, pelo acompanhamento que ao longo do trabalho me deram, de forma muito compreensiva, solidária e com permanente incentivo. Sem esta ajuda, provavelmente, não chegaria a este resultado. A estes ilustres membros da Confraria de São Bento de Seixas, aos irmãos e a todos os seixenses, muito obrigado.
Uma palavra de grande gratidão devo-a ao Senhor Padre Ricardo, digníssimo Pároco de Seixas que, me honrou com um prefácio que, na verdade, ultrapassou todas as minhas expetativas, porque não serei a pessoa assim tão merecedora de elogios que, apesar disso, sei serem sinceros, mas devo confessar-lhe que, a sua análise psicológica e religiosa, a meu respeito, corresponde à verdade. Já li imensas vezes o seu generoso prefácio que, a partir de então, passa a ser uma referência na minha vida, que terei muito orgulho em apresentá-la em quaisquer circunstâncias. Muito Obrigado Senhor Padre Ricardo.
Penso que é importante realçar, aqui e agora, a adesão manifestada pelas mais diversas personalidades da nossa vida societária. Registo com muita emoção e orgulho a presença de pessoas que, desempenhando várias e elevadas funções no seio da nossa comunidade local e nacional, também me fazem a gentileza de serem minhas amigas e que eu, humildemente, procuro retribuir. É gratificante sabermos que temos amigos, que eles respondem positivamente aos nossos apelos, para os bons e para os maus momentos da vida. Hoje, é um bom ensejo para todos nós festejarmos S. Bento, e por isso agradeço a vossa generosa presença. Obrigado, estimada/o/s amiga/o/s.
Algumas, muito breves, referências ao "livrinho" que então foi lançado. Nele coloquei, sem qualquer preconceito: toda a minha sensibilidade religiosa; as minhas dificuldades existenciais, as quais e invocando a sabedoria de um dos maiores filósofos de todos os tempos, Sócrates, que tendo vivido entre os anos 469-399 antes de Cristo, portanto há mais de 2.400 anos, manifestava dúvidas, aparentemente, tão simples como estas: "Quem sou, de onde venho, o que faço e para onde vou?". Que cada pessoa reflita profundamente e dê a resposta.
Hoje, em pleno século XXI, não temos a certeza de que a Ciência, a Técnica, a Tecnologia e todos os avanços cognitivos do homem, possam dar respostas concretas, objetivas, observáveis e validadas àquelas interrogações! O HOMEM continua a ser um mistério para si próprio. Ele vive atormentado porque não consegue controlar tudo o que está à sua volta, muito menos dentro de si próprio, nem sequer consegue saber qual será o seu fim último, e quando este vai ocorrer.
Em todo o caso, este mesmo HOMEM, insatisfeito, porque ainda não totalmente realizado, ele continua a considerar-se um ser superior, concebido à imagem do seu Criador, independentemente das suas convicções religiosas, que, no presente livrinho, houve o cuidado de respeitar. É possível que, numa situação-limite, de vida ou de morte, todos nós tenhamos, um pensamento, dirigido a Deus suplicando-Lhe proteção. Não tenhamos vergonha nem preconceitos com os valores religiosos e com eles recorrer à Divindade.
É este HOMEM que, neste livrinho, se invoca, consubstanciado na figura insigne de São Bento, também Este, com todas as suas dificuldades e incompreensões, até dos próprios monges que Ele sempre defendeu, ensinou e repreendeu, quando tinha de o fazer. Também Ele, um homem imperfeito, porém, determinado a seguir o caminho de Deus, um exemplo para a humanidade, padroeiro da Europa Livre e Democrática.
Entretanto e antes de concluir, tenho o dever de vos dizer que, enquanto crente, estou sempre disponível para colaborar com as instituições religiosas, para a realização de trabalhos desta natureza, em prol da defesa de valores que, de alguma forma, e nas mais diversas circunstâncias da vida, por vezes, todos comungamos, com mais ou menos Fé, mas com a esperança na obtenção de soluções que contribuam para a resolução dos nossos problemas.
Quero com isto afirmar que terei muito gosto em trabalhar com as pessoas responsáveis pelas Paróquias, Comissões Fabriqueiras, Confrarias, Juntas de Freguesia e outras instituições ligadas à divulgação e preservação da nossa cultura, dos nossos valores, das nossas tradições, especialmente aquelas de cariz religioso. Penso que Religião, Razão, Ciência, Tecnologia, Ordem e Progresso não são incompatíveis, pelo contrário, complementam-se e dão ao ser humano a sua dimensão superior.
Não poderei deixar passar esta oportunidade para vos confessar que estou muito empenhado em contribuir para que o nosso concelho continue a ser uma referência nacional, nos diversos domínios que mais o caracterizam: o turismo religioso, com as suas festas e romarias, dimensões sagradas e profanas, a gastronomia, as belíssimas paisagens, desde o maravilhoso Rio Minho (ao qual nos referimos neste livrinho que acabamos de lançar com um artigo intitulado: "A Lenda do Rio Minho"), a nossa orla marítima, todo o contexto da serra D'Arga, o artesanato, as tradições seculares das desfolhadas, matança do porco, jogos populares, a pesca, a caça, a agricultura de minifúndio, enfim, um manancial a não se perder, que constitui o nosso mais valioso património natural e construído.
Em consequência e na qualidade de cidadão, natural, criado e residente no Concelho de Caminha, também tenho o dever cívico de dar o meu contributo para engrandecer, ainda mais, este recanto minhoto e manifestar a disponibilidade para prestar a minha cooperação sincera e empenhada.
Nesse sentido tenciono lançar, ainda este ano, 2012 um novo livrinho relacionado com os Direitos Humanos e a Cidadania Participativa, tentando demonstrar a importância da autêntica Cidadania e que, segundo o conceito que me foi ensinado por um meu formando, de 75 anos de idade, eu passei a adoptar, sem reservas. Cidadania é então: «A adaptação da consciência ao exercício de direitos e deveres, em liberdade e com responsabilidade».
Concluo esta minha breve intervenção com um muito e sincero obrigado a todos vós que, cada um à sua maneira, me ajudou a realizar esta obra, a qual, de ora em diante, passa a ser de todos nós; pedir-vos desculpa por, certamente, não corresponder às vossas expetativas, mas também vos garanto que fiz o melhor que sabia e podia; solicitar-vos que adquiram o livrinho, afinal o produto reverterá, integralmente,  para melhoramentos que a Confraria de São Bento irá fazer e, por fim, formular um pedido a São Bento para que nos ilumine a todos nós, que interceda por nós e nos proteja.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal


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