domingo, 24 de outubro de 2021

Um Mundo Ético

 Em quaisquer circunstâncias, atividades, projetos, relações interpessoais e societárias em geral, entre muitas outras situações, a ética deveria ser o princípio, o valor, o comportamento fundante para um mundo melhor, nos diferentes contextos, em que a pessoa humana vai agindo, ao longo da vida e, pode-se afirmar, que em cada cenário, um novo papel é preciso representar.

As boas-práticas devem ser adquiridas, realizadas e consolidadas, tendo por farol orientador a experiência, porque: «A experiência ética é uma experiência pessoal em um sentido singular: apenas a pessoa pode intencionar o valor e torná-lo historicamente presente na ação e no tempo. O valor ético encontra a sua realização plena na pessoa. As diversas dimensões da experiência ética convergem para a construção da pessoa como sujeito ético capaz de uma resposta ao valor.» (DENNY, 2003: VII – Prefácio).

A ética, enquanto valor moral, no conceito Kantiano, segundo o qual: “não devemos desejar para os outros o que não desejamos para nós”, vem sendo cada vez mais ignorada, infelizmente, em quase todas as atividades humanas, incluindo as de natureza política, religiosa, negócios, entre outras. Há como que uma perceção de “meio mundo a enganar outro meio” ou, eventualmente, estas duas proporções estejam desfasadas para pior, ou seja: a maior parte das pessoas não olha a meios para atingir os fins que mais lhes interessam, sem respeito pelos direitos dos seus iguais.

O exercício do valor moral envolve, para a pessoa ética, uma dimensão decente, suportada pela virtude, para que o comportamento coerente e idóneo não ofereça quaisquer dúvidas, sabendo-se que uma pessoa assim formada será sempre credível, conveniente e merecedora de respeito.

A ética, na perspetiva da moral é, portanto, uma virtude, e sabe-se que: «Qualquer virtude supõe uma resposta fundamental a uma esfera de valores, uma resposta que é determinação concreta daquela atitude fundamental. Uma atitude geral torna-se virtude quando forja a personalidade inteira e assinala essencial e profundamente o caráter.» (Ibid.: IX - Prefácio).

Refletir, e depois tentar aplicar, na vida corrente, o valor ético, enquanto virtude de moral, seguramente que não será nada fácil para a pessoa humana, que é, e continuará a ser, sempre um ser limitado, imperfeito, condicionado por diversas variáveis: umas intrínsecas; outras externas, não sendo possível desenvolver um esforço para se melhorar o relacionamento na sociedade, na família, no círculo de amigos e noutras atividades que não envolvem interesses objetivamente materiais.

Aceita-se que: «As ações, as atitudes internas e as virtudes constituem as três dimensões da experiência ética. Estas circunscrevem os âmbitos concretos de uma dúplice atualização: o valor no seu encarnar-se histórico, e a pessoa na sua identidade própria de sujeito ético. A experiência ética é, na sua essência, a experiência de um encontro entre o valor e a pessoa no ato de uma resposta, num ato de liberdade.» (Ibid.: X-Prefácio).

O mundo é um espaço dinâmico, no qual se criam, desenvolvem, lutam e/ou se harmonizam diferentes forças, interesses, situações e objetivos, por isso, a penetração da ética encontra imensas resistências, porque, também, o ser humano, em geral, estará mais preparado para “disputar” os seus próprios interesses, do que incorporar-se num projeto coletivo, para o bem-estar da maioria da sociedade.

O avanço, surpreendentemente, acelerado da ciência, da técnica e da tecnologia, por vezes não se compatibiliza com o valor ético, no seu sentido moral. Na verdade: «No passado, no clima de estabilidade de um mundo solidariamente estruturado, a ética podia com uma certa facilidade, dar diretivas simples e claras com a convicção sincera de resolver qualquer problema. Hoje, em um mundo em contínua transformação, caracterizado por um progresso sem precedentes mas, também, pela emergência de problemas graves, a discussão tornou-se mais complexa. A revolução tecnológica tornou possível um aumento de bem-estar, antes impensável, mas também criou riquezas imensas, de um lado, e miséria imensa do outro, constituindo uma ameaça constante à paz.» (Ibid.:100).

Como hipótese de reflexão, muito séria, pode-se partir da posição individual de cada pessoa que, habitualmente, defende nunca estar completamente satisfeita com o que tem, e/ou não tem, porque: se possui muita riqueza material, pode ser muito débil ao nível da saúde; se ama, intensamente, alguém e não é correspondida, não será muito feliz; se tem um projeto de vida e este não se concretiza plenamente, é natural que se considere frustrada e desiludida.

Por vezes, a vida não se desenvolve como se deseja, porque não utilizamos, nem praticamos certos valores, muito embora, unilateralmente, os exijamos aos outros, quase sempre a pessoas, profissionalmente dependentes ou que devem favores difíceis de “pagar” e/ou retribuir. Falta-lhes o sentido ético com que devem orientar a própria existência.

A sociedade, ainda bastante estratificada, na sua maioria, vê o valor ético como um “adorno”, um “enfeite” para, hipocritamente, o exibir, contudo, não o praticando, genuinamente, sabendo, mesmo assim, que certos comportamentos “não-éticos”, conduzem a situações complexas, de consequências imprevisíveis, onde tudo pode acontecer, inclusive, o conflito violento e, até, a morte física.

Por isso é que: «Em um mundo caraterizado por uma grave desorientação no plano dos fins, a primeira função da ética é transmitir uma força capaz de transformar a pessoa, abrindo-se ao mistério do outro. Quando, no centro da ética, não se coloca o outro, mas a defesa narcisística da imagem de si, constroem-se atitudes profundamente não idênticas.» (Ibid.:110).

Hoje, ninguém está livre de precisar de alguém: por muito poder que possua; por muitos bens e riqueza material que tenha, sempre haverá algo que não se consegue obter por nós mesmos, carecendo-se dos conhecimentos, do apoio, da influência, da boa-vontade de uma outra pessoa, com a qual, e não só, devemos manter um relacionamento ético, sob pena de não sermos atendidos.

A vida e o mundo estão repletos de obstáculos, as tais “esquinas” que por diversas vezes temos invocado, noutras reflexões. Os altos e baixos que vivenciamos, ao longo do nosso percurso existencial, são constantes, embora, algumas vezes, muitas pessoas não os deem a conhecer, mas a verdade é que não há vidas perfeitas, sem problemas, nem dificuldades, pelo contrário, quando menos se espera, surge um obstáculo, que nem sempre se consegue vencer sozinhos.

Em bom rigor, é sabido que: «Vivemos um mundo que se encontra em uma difícil passagem cultural, rico de instrumentos, mas privado de prospectiva de um fim, capaz de recompor em uma unidade a sua fragmentação de propostas e de contra propostas de regionalismos e fundamentalismos. No atual impasse de um utilitarismo fechado no ter, é necessária uma reação profética, um anúncio de esperança de um sentido que não é possuído, mas oferecido ao homem, e que lhe permite instruir uma hierarquia de valores entre as diversas realidades do seu mundo.» (Ibid.:111)

Acredita-se que na verdade, a ausência de valores positivos, na perspetiva do humanismo, da solidariedade, da amizade, da lealdade, da cumplicidade, do amor, da felicidade e da paz, tem dificultado o caminho para um mundo melhor,  no qual cada pessoa se possa sentir realizada, nas suas diferentes dimensões humanas: política, religiosa, profissional, cultural, cívica, enfim, onde a democracia, a liberdade, a igualdade de oportunidades, o progresso, o pleno emprego e a equidade social sejam os pilares da dignidade da pessoa humana, como é de seu direito inquestionável.

  

Bibliografia.

 

DENNY, Ercílio A., (2003). Fragmentos de um Discurso sobre a Liberdade e Responsabilidade. Campinas, SP: Edicamp

  

«Protejam-se. Vamos vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de todos». Cumpram, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco chamado: “Planeta Terra”, de onde todos, mais tarde ou mais cedo, partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros, porque será o único “CAPITAL” que deixaremos aos vindouros: “O PERDÃO”.  Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música: 

https://youtu.be/DdOEpfypWQA 

 

https://youtu.be/RY2HDpAMqEoo  https://youtu.be/-EjzaaNM0iw    https://youtu.be/PRFkpwcuS90  https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc  https://www.youtube.com/watch?v=RCDk-Bqxfdc  https://www.youtube.com/watch?v=ispB4WbcRhg

 

 

Venade/Caminha – Portugal, 2021

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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