domingo, 28 de julho de 2013

A Felicidade da Gratidão

No passado dia 19 de Julho, a meio da tarde, algo correu mal com a minha saúde e, em plena vila de Caminha, fui acometido de doença súbita que me levou à perda de consciência e à condução rápida para o Hospital de Viana do Castelo, onde recuperei a perceção da minha existência em condições de grande sofrimento físico.
Sei que fui prontamente socorrido pelo INEM/Bombeiros Voluntários de Caminha e sua equipa de especialistas, bem como diversas pessoas amigas e conhecidas que, rapidamente, tomaram as medidas necessárias para que eu fosse assistido eficazmente, o que de resto se verificou, assim como no serviço de urgência do Hospital de Viana do Castelo.
Aos meus familiares, a todas as pessoas conhecidas e amigas, instituições e especialistas que me socorreram, se interessaram e continuam preocupadas com o meu estado de saúde, e me têm acompanhado, quero, publicamente, manifestar o meu agradecimento pelas manifestações de solidariedade, amizade e carinho. Sem dúvida que é com estas/es amigas/os e entidades que eu posso contar. Muito obrigado.
Na verdade continuo a pensar que a autêntica amizade se revela: na doença/hospitais; na privação da liberdade/prisão, nas dificuldades da vida/provações; no apoio sempre oportuno, qualquer ele se faça necessário e sem que seja solicitado. Quem nos quer bem sabe quando estamos a passar dificuldades e, na medida do possível, ajudam-nos.
É fundamental que durante a recuperação para a vida normal e a saída destas situações difíceis, bem como ao longo da vida, possamos contar com o apoio incondicional de quem nos quer bem e que desta forma revela a sua atenção, apreço, cuidado e carinho. Ter amigas/os para nos ajudarem a superar as dificuldades da vida, é como que possuir um património  inestimável.
A vida física é uma passagem muito rápida por este mundo terreno. Tudo é efêmero e as ações: boas, omissas ou más, ficam com quem as praticam. Todos precisamos de todos e, quando pensamos que somos autónomos, que já não vamos necessitar de mais ninguém, eis que acontece o imprevisível. É aqui que surge, novamente, aquela pessoa que, quantas vezes, rejeitamos, que humilhamos, que trocamos por outras, que pensávamos já não mais carecer dela.
De facto, o mundo é muito pequeno, está repleto de “esquinas” e a vida cheia de precipícios e alçapões. “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acaba”. Em bom rigor, poderemos afirmar que o presente não existe em tempo absoluto, porque milésimos de segundo são suficientes para tudo acontecer, tudo ter passado. Quando muito, poderíamos dizer que o presente é o passado a preparar o futuro.
Por isso não poderei esquecer um passado muito recente, que foi extremamente doloroso. Não vou ignorar que realmente as pessoas minhas amigas e, obviamente, aqui incluo a minha família, são profundamente importantes nas nossas vidas. Confirmei que tenho pessoas amigas, mas também tomei conhecimento de que outras, que eu pensava que o seriam, afinal, talvez eu esteja errado, porque a amizade é solidariedade, preocupação para com o amigo, disponibilidade para estar presente. Muito Obrigado a quem me quer bem e comigo se desassossega. De ora em diante, é com estas/es que eu conto.
Eu procurarei retribuir sempre, com solidariedade, amizade, lealdade, consideração, estima e imenso carinho. Neste período de grandes preocupações e sofrimento físico e emocional, registei, felizmente, que tenho amigas/os, que comigo se inquietaram mas também anotei que, infelizmente, uma ou outra pessoa, por quem eu tinha uma profunda solidariedade, amizade e consideração, me viraram as costas.
Para as primeiras, Deus queira que tudo lhes corra bem na vida, que nunca saibam o que é uma doença, mais ou menos grave e que se tiverem tal infelicidade, podem contar com todo o meu apoio e carinho, porque jamais esquecerei a atenção que durante este período de recuperação tiveram para comigo. Algumas destas maravilhosas pessoas foram incansáveis.
Quanto às segundas, felizmente poucas, muito poucas, apesar do muito, mesmo muito, que lhes tenho querido e por elas realizado, peço a Deus que nunca experimentem a mágoa da rejeição, da humilhação, da dor, do sofrimento psíquico e do desgosto de ser trocado por outras pessoas, interesses e situações. Para estas pessoas peço a Deus que lhes ilumine as suas inteligências e “amoleça” os seus corações, para que, no mínimo, saibam ser gratas.
Deixem-me abordar esta situação com algumas breves reflexões porque: é nos “pequenos-grandes” gestos, nas palavras simples mas generosas, sinceras e carinhosas; na solidariedade, na amizade, na lealdade, na consideração, na estima, no carinho e na reciprocidade que os nossos verdadeiros e muito especiais amigos, aqueles que nos têm no coração, que se mostram, incondicionalmente, do nosso lado, estão inequivocamente connosco.
É na prática dos princípios, valores, sentimentos e emoções autênticos, que nós sabemos onde estão os nossos amigos. É nos momentos bons, como nas horas de maiores dificuldades, que os nossos verdadeiros amigos se nos entregam, sem reservas, que connosco se preocupam e nos acalentam o espírito para resistirmos aos infortúnios da vida.
Peço-vos, ainda que, em conjunto, reflitamos em algumas grandes máximas, da autoria de quem sabe muito mais do que eu. Ei-las: «Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.» (Carlos Drummond de Andrade). «Quando o amor é sincero ele vem com um grande amigo, e quando a amizade é concreta ela é cheia de amor e carinho.» (William Shakespeare). «Não erramos quando damos muito de nós a alguém. Erramos quando esperamos o reconhecimento de alguém que não sabe valorizar a sinceridade que lhe damos.» (Vinicius Trombini Martins in http://pensador.uol.com.br/frase/OTY1NzIz/). «Os nossos amigos conhecem-nos na prosperidade. Nós conhecemos os nossos amigos na adversidade.» (John Collins). «O amigo de todos não é amigo de ninguém.» (Louis Bourdaloue).
«O amigo de verdade, do coração, especial, é aquele que nos ama, pura e incondicionalmente, com um ilimitado “Amor-de-Amigo”; é aquele que, quantas vezes, humilhado, desconsiderado, ridicularizado, esquecido, eventualmente agredido, por aquele de quem é amigo, continua ao seu lado, desejando-lhe sempre, para ele e família, todo o bem do mundo, felicidade, saúde, trabalho, sucesso, e proteção Divina. Este é o amigo único, exclusivo, do peito, especial que continuará a afirmar que nunca será inimigo de quem o desprezou. É aquele para o qual, apesar de muitas desfeitas, ainda temos uma frase de estima, uma frase bem sentida, que transporta generosidade e por isso lhe dizemos: Vai, vai com Deus, Querido Amigo. Vai, vai com Deus, em paz. Deus te proteja.» (BÁRTOLO, 2012:TA-450)
Por vezes pensamos que temos amigos especiais, que nos “metem” no coração, mas que: por negligência, por influências nefastas, por falta de consideração, estima e carinho, por deslealdade, viram-nos as costas, esquecendo tudo o que fomos e fizemos para e por essas pessoas; deixam-se iludir por circunstâncias, por vezes fugazes, da vida; por afinidades parentais ou por “coleguismos”; por paródias e farras no âmbito de determinados convívios; também por pensarem que ficarão melhor enquadrados nas mesmas faixas etárias; depreciam princípios, os comportamentos sérios de quem é mais velho e lhes quer muito bem, tão bem que até são capazes de tudo dar por tais pessoas.
Elas ignoram, inclusivamente: princípios, valores, sentimentos e emoções; “jogam” tudo para a “gaveta” do ostracismo, porque consideram que por sermos doentes, seniores, nada influentes e outras situações, já não servimos para mais nada. Esquecem que, num tempo mais próximo do que aquele que desejam, estarão nas mesmas condições e que muitas/os das/os “amigas/os” de hoje, também os postergarão no futuro. Sentirão, então, a mágoa, a dor, o desgosto, o sofrimento do abandono. Algumas destas pessoas, quererão, então e talvez, recuperar velhos amigos, mas nessa altura, quem sabe, se não será muito tarde.
É deplorável que em circunstâncias tão especiais, quanto dolorosas, sejamos “apunhalados”, traiçoeiramente rejeitados e trocados, precisamente por quem nós tínhamos amizade sincera, por quem tudo demos, e que agora nos rejeita, por quem julga ter a ganhar com o rompimento de relações construídas com sinceridade, no maior respeito pela honra, dignidade e reputação. Como se mudam os comportamentos em função de determinadas conveniências, parece algo impróprio em pessoas que se queriam muito bem.
Mas o mais lamentável é haver alguém que de nós só tem recebido manifestações de solidariedade, de amizade, de lealdade e imenso carinho, agora se deixe manipular por “Salvadoras/es da Pátria”, por amigas/os de “farras” que, em muitos casos, não passam de autênticas/os oportunistas. Mas o tempo e a história encarregar-se-ão de desvendar a verdade. A máscara das hipocrisias, das falsidades, um dia cairá, talvez mais rapidamente do que o desejado. Então vão restar aquelas/es amigas/os que sempre estiveram ao nosso lado.
De uma outra forma, quero deixar uma nota de reflexão, que se prende com o facto de, realmente, ter a certeza de que os amigos solidários, sinceros, leais, preocupados com o nosso bem-estar, ainda existem, felizmente e são tão necessários como muitos dos elementos das nossas famílias.
Costuma-se dizer que quem tem um amigo não morre na miséria, seja esta qual for. Acredito nesta máxima, porque, uma vez mais, tive a prova e fiquei a saber onde estão os meus amigos especiais, aqueles com quem posso contar no futuro que, não sendo muitos, são os suficientes para se preocuparem comigo, conforme eu a eles me tenho dedicado, mesmo recebendo alguma ingratidão.
Por tudo o que acabo de viver (e que ainda continuo), desejo manifestar a minha gratidão pelos cuidados que tais amigas/os me prestaram, pela preocupação e carinho com que me têm acompanhado durante este período de doença, porque para além deste meu dever primário, também sinto imensa felicidade em agradecer a quem é minha/meu sincera/o amiga/o.
A alegria de saber que posso (e devo) agradecer a tais amigas/os inunda-me o meu espírito de uma felicidade que eu consideraria “Bendita” e que por isso mesmo, para mim, constitui uma Graça Divina. Obrigado, minhas/meus amigas/os muito especiais. É convosco que eu quero partilhar todas as minhas alegrias e tristezas, sucessos e derrotas. Podeis, igualmente, contar comigo, no pouco que eu ainda valho.
Pretendo concluir esta reflexão pela positiva, reiterando os meus agradecimentos a todas as pessoas, e foram muitas que nestes dias difíceis estiveram ao meu lado, interessaram-se pelo meu bem-estar e não se pouparam a esforços para me ajudarem a ultrapassar as principais dificuldades. A estas/es amigas/os, não tenho palavras para lhes manifestar a minha gratidão, a não ser com um muito humilde, quanto muito sincero, simples e comovido: OBRIGADO.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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