Entendido o sucesso como a realização positiva dos
projetos idealizados e executados, ao longo da vida, seja da pessoa individualmente
considerada, ou da instituição, qualquer que seja a natureza dos resultados,
materiais e/ou imateriais, preenchendo, portanto, os requisitos constantes dos
objetivos, seguramente que nesse êxito, uma parte significativa resulta do
trabalho desenvolvido, justamente e também, o trabalho comunicacional.
Pela comunicação se estabelecem contactos, se
negoceiam condições, se encontram soluções, novos conhecimentos foram
adquiridos, outras relações se estabeleceram. A comunicação sempre esteve
presente nas relações que, ao longo do projeto e da vida, foram necessárias e
desenvolvidas, implícita ou explicitamente, com objetivos pré-estabelecidos ou
alterados e fixados no decurso da comunicação. Sempre, e uma vez mais, a
comunicação a conduzir os destinos da humanidade em geral, e do indivíduo em
particular.
Toda a pessoa, as instituições e os povos de todo o
mundo vivem em permanente conflito, seja consigo próprio, no mais íntimo da sua
interioridade, seja com o vizinho, o colega de trabalho, o amigo, a família, as
organizações.
A decisão que cada um entender adotar e executar,
para resolver um conflito, interno ou externo, implica, por uma lado, assumir a
responsabilidade pelas consequências resultantes e, por outro, alcançar o objetivo
que se propôs, pelo desenvolvimento e desfecho do conflito, sendo certo que
este estado latente de conflitualidade, pode contribuir para clarificação de
muitas situações individuais, coletivas, institucionais e organizacionais.
Pode-se aplicar aqui o adágio popular: “Do
conflito, nasce a luz”.
A comunicação, no sentido mais utilitarista,
desempenha na condução de qualquer conflito, um papel nuclear, na busca de
soluções. Pelo relacionamento interpessoal e interinstitucional, pela aplicação
de regras, métodos e estratégias transparentes, é sempre possível tentar a
aproximação das posições.
Um dos segredos para o sucesso comunicacional
poderá residir na aplicação de uma ética do diálogo, aqui considerada como uma
deontologia, isto é, um conjunto de deveres que os interlocutores devem
assumir, como se se tratasse de uma situação profissional. O diálogo
profissional, entendido como um conjunto de capacidades e competências, no
respeito por deveres recíprocos, na perspectiva assertiva.
Uma das possíveis chaves para o sucesso pode,
então, passar por uma atividade comunicacional do tipo relações públicas, com
ética, com assertividade, com total comunhão de valores, princípios, regras, deveres
e direitos, ou, na impossibilidade de tal convergência, no respeito pelas
diferenças. Exige-se que a comunicação seja de nível profissional, com técnicas
adequadas e verdadeiras, como se impõe em qualquer atividade e entre pessoas
civilizadas.
Adoptar, neste âmbito, os padrões da conduta
profissional das relações públicas, pode ser uma boa estratégia para o êxito do
diálogo, porque: «Temos o dever positivo
de observar os padrões mais elevados na prática das relações públicas. Além
disso, temos a responsabilidade pessoal, em todas as ocasiões, de lidar justa e
honestamente com o cliente, empresário e empregados, passados ou presentes, com
os colegas, com os meios de comunicação e, sobretudo, com o público.» (GARCÍA,
1999:152).
Este padrão de conduta, no quadro das relações
públicas, é susceptível de adaptação à comunicação entre vários interlocutores,
nos diferentes papéis em que estão investidos e com objetivos estabelecidos
para as partes, sem que, necessariamente, alguém perca ou ganhe tudo, mas, pelo
contrário, que se verifique um resultado do tipo “ganha/ganha”.
Outra das chaves possíveis para o sucesso, aqui num
quadro conflitual, pode passar por uma conduta baseada no interesse, no
respeito e na atenção que se manifesta, em relação ao interlocutor que expõe as
suas razões, sobre o conflito em análise. Neste caso, o diálogo com base no
saber escutar, pode funcionar.
A verdade absoluta é um conceito cuja concretização,
ao nível da descoberta, não está totalmente ao alcance do ser humano. Extremar
argumentos, sem fundamentação lógica, coerente e verdadeira, é uma prática
muito utilizada, que não tem conduzido a resultados genuinamente verídicos,
porque são falseados na disputa pela vitória, que cada interlocutor procura a
todo o custo, não só para alcançar destaque e protagonismo pessoais, como
também para humilhar o seu alegado adversário. Neste tipo de condutas, em que
ninguém ouve ninguém, em que a escuta ativa não faz parte do diálogo,
certamente que o sucesso das partes fica comprometido, ou nem sequer é
alcançado.
A verdade, como a virtude e outros valores, não
sendo absoluta para o indivíduo humano, no que respeita à certeza, pode,
contudo, encontrar-se no meio-termo, na perspectiva das partes atingirem o
máximo consenso, sem vitórias nem derrotas, sem protagonismo nem
discricionariedade.
A competência reside no saber escutar o outro,
compreender as suas motivações, os seus anseios, as informações potencialmente verídicas
que possui, ou não, a emoção colocada no assunto e/ou conflito em discussão, na
sua genuína transparência. Se houver uma escuta ativa, atenta, interessada,
amiga, se necessário solidária, em cada interlocutor e/ou ouvinte, então, tudo
ficará mais fácil, porque mais claro e mais verdadeiro.
De facto: «Os ouvintes atentos pensam melhor porque
sabem escutar e percebem melhor os factos e as opiniões. Porque os ouvintes
atentos vêem melhor os problemas e combinam o que aprendem das formas mais
imprevisíveis, são mais capazes de ideias surpreendentes. Finalmente, os
ouvintes atentos estão em melhor sintonia com o rumo das situações e o modo
como os produtos, o talento e as técnicas devem evoluir para o acompanhar. Por
isso é especialmente útil adquirir a capacidade de escutar, mas ser um ouvinte
eficaz não é tão fácil como parece.» (WILSON, 1993:144). Saber escutar com
as características que se citaram é fundamental para o sucesso de qualquer
comunicação.
O sucesso da comunicação, elevado ao seu mais alto
expoente, pode traduzir-se na obtenção da paz, esta considerada como uma
situação que proporciona a cada um, e à comunidade em geral, um bem-estar a
todos os níveis da existência humana: bem-estar moral, social, profissional, económico,
físico-mental, religioso, político e ambiental, entre outras classificações
possíveis.
Uma paz que não é definida pela ausência da guerra,
mas uma paz ativa, numa sociedade responsável, constituída por pessoas de
valores, princípios e sentimentos, capacitada para anular problemas latentes e
resolver conflitos em ato, ou potencialmente em deflagração.
Vai ser pelo respeito dos direitos e deveres de
cada um que se poderá alcançar um pouco mais de harmonia, a começar nas
atitudes comunicacionais, precisamente a partir da competência de escutar, o
que envolve uma grande serenidade de espírito, para não estar preocupado
consigo próprio, enquanto deveria estar a ouvir atentamente o seu interlocutor.
Implica, também, lutar contra a tentação de fazer
juízos de valor, sobre a pessoa que fala, evitar a todo o custo a preparação,
premeditada e intencional, para produzir uma resposta que, objetivamente, vai
desrespeitar o interlocutor que discursa e destruir todos os seus argumentos,
por mais sérios, corretos e lógicos que estes sejam.
Se a omissão, em certas circunstâncias, é
compreensível, nomeadamente em determinado tipo de negócios e competições,
porque não provoca prejuízos nem ofende a outra parte, já a mentira, (que
implica deslealdade, falta de solidariedade e intransigência), muito
dificilmente, será compreendida e aceite, ressalvando-se sempre o conceito
quando elevado ao nível do absoluto, porque a omissão e a mentira absolutas,
também, tal como a verdade, não estão ao alcance da capacidade humana,
existindo, muitas vezes, algum relativismo: o que hoje é verdade, amanhã poderá
não o ser; o que ontem era mentira, hoje será verdade; o que foi omisso no
passado, poderá ser declarado no futuro.
Sejam quais forem as circunstâncias, as estratégias,
os recursos e os objetivos, a comunicação deve revestir as características de:
clareza, objetividade, assertividade, escuta ativa, sem preconceitos; sem
formulação de juízos de valor; deve utilizar uma linguagem correta, do ponto de
vista das regras e simplicidade, para uma boa compreensão.
A formação no domínio da comunicação verbal e
não-verbal, deve ser considerada uma prioridade mundial e um investimento
altamente rentável, a médio prazo, para o êxito de todas as atividades humanas,
inclusive para a obtenção do sucesso de cada um em particular, mas também de
quase todos e da paz universal, no sentido em que aqui lhe é dado.
Deseja-se, por tudo o que se expôs, uma elevada
competência no comportamento comunicacional para a melhoria das relações
interpessoais, na dignificação da pessoa humana, no respeito pelas opiniões
diferentes, na compreensão de atitudes e condutas. Nunca perder de vista que o
ser humano é altamente falível e como tal: “reação, gera reação”.
Evitem-se, portanto, os confrontos agressivos, vexatórios
e persecutórios, bem como todo e qualquer procedimento que ofenda a honra, o
bom nome e a nobreza das pessoas. “Esta vida são dois dias”. Tudo é efêmero
neste mundo terreno e para a posteridade ficam registadas apenas: as nossas
ações: boas e más; as nossas amizades; os nossos princípios, valores,
sentimentos e emoções sinceramente sentidos e vividos, conforme a nossa
consciência, de cujo julgamento não escapamos, mesmo que tenhamos enganado todo
o mundo.
Bibliografia
GARCIA,
Manuel Moler, (1999). As Relações
Públicas, Trad. Duarte Nuno Bettencourt da Câmara, Lisboa: Estampa (BP)
WILSON,
Graham & LODGE, Derek, (1993). Resolução
de Problemas e Tomada de Decisão: Inovação, Trabalho de Equipa, Técnicas
Eficazes. Trad. Isabel Campos. Lisboa: Clássica.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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