Enquanto valor e
atitude, a Lealdade é uma dimensão humana que importa enaltecer e praticar,
sistematicamente, em quaisquer contextos da intervenção da pessoa
verdadeiramente humana. A Lealdade poderá, também, ser uma virtude, se se
considerar que colocada ao serviço do bem-comum produz resultados que, em
parte, conduzem à harmonia, à paz e à felicidade entre as pessoas que se querem
relacionar de forma saudável, sem azedumes, sem invejas, sem ódios.
Na política, tal como
noutras atividades humanas, exige-se valores e comportamentos compatíveis com a
dignidade individual e coletiva, respeitadores das ideias, opiniões e
intervenções dos adversários, partindo-se do pressuposto que todos são pessoas
de bem, com direito inquestionável à honra, reputação e bom-nome. “Até prova em contrário, todas as pessoas são
inocentes”.
Na política, como
noutras atividades, a Lealdade fará parte, certamente, de um processo, este
entendido como o conjunto de boas-práticas, de organização, de aplicação de
normas éticas e morais, de transparência e de respeito pelos adversários.
Respeito como valor cívico e civilizacional.
O exercício da
atividade política implica, por parte de quem se envolve na vida pública, ao
serviço da comunidade, a maior isenção e rigor no que respeita ao
relacionamento com os cidadãos em geral, e com os adversários em particular.
Com efeito, quem se predispõe, voluntariamente, a servir o povo, não pode, nem
deve, valer-se da sua posição, do poder que detém e das influências que conquista,
discriminar quem não comunga das suas ideias.
Desempenhar uma função
política exige qualidades de liderança competente, assertiva e,
fundamentalmente, grande nobreza de caráter. É necessário considerar que antes
de se ser líder político, possivelmente, desempenharam-se outras tarefas na
vida, como simples cidadão e que, certamente, nesta qualidade, não gostaria de
ser humilhado, marginalizado e, tão pouco, devassado na sua vida privada.
O cidadão/político que
se envolve na “luta” pela conquista do poder, tem consigo toda uma equipa de
colaboradores que, evidentemente, tem de liderar, com humildade e segurança,
também com firmeza e generosidade: «A
verdadeira generosidade não é evento ocasional. Vem do coração e permeia todos
os aspetos da vida de um líder, tocando o seu tempo, dinheiro, talento e bens.
Os líderes eficazes, o tipo que as pessoas vão querer seguir, não juntam as
coisas apenas para si próprios, fazem-no para dar aos outros. Cultivam a
qualidade da generosidade nas suas vidas. (…) A generosidade requer que se
coloque os outros em primeiro lugar.» (MAXWEL, 1999:62).
O líder político age,
portanto, com valores essenciais à dignidade da pessoa humana, independentemente
de serem os seus fiéis seguidores ou os seus adversários políticos, religiosos,
profissionais ou de quaisquer outras atividades e estatutos e em diferentes
contextos.
É, naturalmente,
inconcebível e intolerável que, em pleno século XXI, ainda se utilizem
“recursos e técnicas” de inaceitável comportamento. O líder que hoje recorre à difamação,
ao ataque pessoal e à ofensa da honra, reputação e bom-nome dos seus
adversários, amanhã fará o mesmo em relação àqueles que tiverem a infelicidade
de estarem debaixo do seu poder, sempre que o contrariarem.
Regra geral, toda a
pessoa tem a obrigação de ser educada, correta, amável, tolerante. Em concreto,
todo o líder político tem o dever ético-moral de ser generoso, leal e
compreensivo para com os seus adversários e, nesse sentido, deve preocupar-se
em apresentar, claramente, as suas ideias, os seus projetos, informando e
prometendo com verdade o que tenciona realizar, efetivamente, sem demagogias
nem populismos ocasionais.
O debate democrático
das ideias e dos projetos é o melhor processo para respeitar os adversários e o
povo eleitor, de contrário o descrédito da política e dos políticos é a
consequência natural e que, rapidamente, se concretizará, para prejuízo de
todos. Ao que as sondagens indicam, parece o que está a acontecer um pouco por
todo o lado: a difícil aceitação da atividade política e seus agentes.
A lealdade na política
pressupõe, portanto, atitudes que sejam entendidas como preocupações que o
líder/candidato tem para com a comunidade que, voluntária e generosamente, quer
servir. Ações de grande transparência, sinceridade e humildade, nas quais se
possa acreditar como sendo próprias de uma pessoa bem-formada, sem preconceitos,
de uma qualquer superioridade.
A lealdade não é compatível
com intervenções improvisadas, ilusórias e de pura e sedutora duplicidade. A
lealdade em política deve, inclusivamente, contribuir para a credibilização,
para a dignificação de todos os agentes no processo democrático, em todos os
setores da vida das comunidades.
É pela lealdade que se
incute a confiança, seja nos concorrentes, seja no povo anónimo. Em princípio,
quem não é leal para com os seus adversários, muito menos o será para com os
cidadãos comuns, pelo que estes devem estar muito atentos em relação ao que é
dito, prometido e exequível de realização, pelos diversos candidatos, a um
determinado cargo público.
O líder leal será
sempre uma pessoa que procurará a verdade, que sabe esclarecer com
clarividência todas as suas posições, que não recorre a métodos que humilham as
pessoas em geral, e os seus adversários em particular. O líder leal, assertivo
e justo deve apoiar-se na sua própria convicção, acerca de uma ideia, de um
projeto, de grandes princípios, valores e sentimentos, até porque este líder
deverá ser uma pessoa portadora de diversas dimensões humanas, familiares,
religiosas, políticas, profissionais, sociais, entre tantas outras.
A lealdade, em
política, paga um preço muito alto, quando confrontada com a deslealdade dos
adversários, com os ataques pessoais, vilipendiosos, difamatórios e
intimidatórios. Mas o povo é sábio, prudente e justo, pelo que saberá muito bem
que se um líder/candidato não é leal para com os seus concorrentes, jamais o
será para com a comunidade em geral.
A mentalidade da
promessa fácil e enganosa, do sorriso forçado, do cumprimento forçado, do
denegrir os adversários para “conquistar” simpatias, entre outros “truques”,
tem os seus dias contados, porque, em bom rigor: “Quem hoje me quer mal a mim; amanhã quererá o teu mal”; ou
ainda: “Quem é amigo do meu adversário, não pode ser meu amigo, nem estar do
meu lado com lealdade”.
O líder que se pauta
pela lealdade, preoupa-se com o respeito pelos seus adversários, solidariza-se
com eles quando são vítimas de injustiças, de ataques pessoais, de
comportamentos que humilham e ofendem. A lealdade na política coloca-se acima
de meros interesses político-partidários, egoísmos e oportunismos. A lealdade
não é solidária com jogos duplos, nem compatível com posições ambíguas,
neutras, de mero comportamento de circunstância. Lealdade implica firmeza,
verticalidade, transparência, tolerância e solidariedade.
O líder/candidato a um
cargo público, através do voto livre e democrático, tem de ser uma pessoa com
formação cívico-institucional e democrática, bem consolidada, porque o respeito
pelos valores da cidadania, exercidos pelos adversários e eleitores, é o núcleo
central, à volta do qual deve funcionar todo o processo democrático
Com efeito: «Cidadania é um estado de espírito e uma
postura permanente que levam as pessoas a agirem, individualmente ou em grupo,
com objetivos de defesa de direitos e de cumprimento de deveres civis, sociais
e profissionais. Cidadania é para se praticada todos os dias, em todos os
lugares, em diferentes situações, com variadas finalidades.» (RESENDE,
2000:200).
Como corolário,
pretende-se deixar bem vincado que a lealdade em política passa,
necessariamente, pelos valores cívicos, pelos comportamentos democráticos,
pelas atitudes corretas, educadas e amáveis, rejeitando, liminarmente, toda e
qualquer intervenção que vise devassar a vida privada, profissional, social,
cultural, religiosa e empresarial dos adversários, dos seguidores e da
população em geral.
O líder leal é o que
orienta a sua atividade política dentro dos valores democráticos, no respeito
pela dignidade, ideias e projetos dos seus adversários, que é solidário com
estes, sempre que forem vítimas de injustiças, humilhações e ofensas. O líder
leal terá de ser a pessoa com quem a sociedade pode contar, para o bem e para o
mal, confiar e socorrer-se, sempre que seja necessário.
O líder lela e democrático,
em circunstância alguma, se for bem formado, recorrerá à injúria, à humilhação,
à devassa da vida dos seus adversários, familiares, seguidores e colegas. O
líder leal, suscita confiança, estima, consideração, solidariedade e, por que
não, amizade, e recebe também idênticos valores e sentimentos de todos os que
como ele intervêm na sociedade
Bibliografia
MAXWELL, John C., (1999). As 21 Indispensáveis Qualidades de um
Líder. 1ª Edição Portuguesa, 2010.Trad. Paula Alexandra. Lisboa:SmartBook.
RESENDE, Enio, (2000).
O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda
para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
www.caminha2000.com
(Link’s: Cidadania e Tribuna)
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