A vida humana apresenta-se, ao longo de todo o seu
percurso, como uma imensa rede de relações diversas, as mais importantes das quais
poderão situar-se aos níveis: religioso, familiar, profissional, político e
interrelacional, cuja gestão implica: conhecimentos, experiência,
sensibilidade, princípios, valores, sentimentos e emoções diferentes, boas-práticas,
complementaridade das múltiplas dimensões que caraterizam a pessoa humana.
Na sociedade contemporânea, ainda no primeiro
quarto do século XXI, verificam-se grandes mudanças, em relação ao que nos
descrevem a História nas suas múltiplas especialidades e muitas outras
disciplinas das Ciências Exatas e das Ciências Sociais e Humanas. De facto,
dir-se-á, ainda que simbolicamente: “o mundo gira a uma velocidade estonteante”.
Já quase ninguém acompanha o ritmo das ciências e
da tecnologia, podendo-se afirmar, com alguma ironia subjetiva, que até parece
que estamos a regredir nos conhecimentos, justamente porque cada dia que passa,
surgem novas teorias, experiências, soluções, problemas, práticas, invenções,
enfim, resolvem-se umas situações à luz dos conhecimentos e ensinamentos
experienciados, mas outros enigmas, conflitos e situações, com mais ou menos
dramatismo, emergem na vida da humanidade.
Entretanto, no que à dimensão axiológica se
verifica é que: por um lado, os grandes valores universais, na maioria da
população mundial persistem, como a: saúde, família, trabalho, paz, justiça,
felicidade, (independentemente do conceito que esta possa merecer), Graça
Divina; por outro lado, diversos valores parecem relativamente esquecidos, ou
pelo menos pouco lembrados e, eventualmente, envergonhados na sua práxis como
o: respeito, amizade/amor, gratidão, solidariedade (este valor, felizmente,
muitas pessoas o exercem com grande alegria, entusiasmo e generosidade),
lealdade, dignidade, entre outros.
Apesar das muitas dificuldades que diversas
sociedades atravessam, a portuguesa incluída, ainda vai havendo imensa
sensibilidade do povo anónimo e de algumas instituições, públicas e privadas,
para o exercício de valores fundamentais, para que muitas pessoas consigam
viver com um mínimo de dignidade e conforto material, embora o número dos mais
vulneráveis e carenciados tenha vindo a aumentar de forma preocupante, sem que
se vislumbrem soluções efetivas, de alteração para melhor, de imensas situações
de pobreza, que não só existem como se afigura estarem a aumentar. (Vejam-se as
reportagens televisivas na SIC na semana de 15 a 21 de Abril de 2013 sobre a
miséria e a fome em Portugal).
O valor Prosperidade, progressiva e sustentável, não
só ao nível objetivamente material, mas também subjetivamente, no âmbito da:
educação, formação, criação de condições para o aumento e valorização da
auto-estima. Claro que se concorda com uma prosperidade material, de conforto e
bem-estar, de trabalho, complementada e em reciprocidade com uma prosperidade
de auto-afirmação com: dignidade, mérito próprio, dentro de regras, princípios
legais e legítimos, valores, sentimentos e emoções.
Como seria interessante, inédito e corajoso que
alguém, individualmente, ou em grupo e, neste caso, constituísse lista para uma
“Assembleia Nacional da Defesa da Dignidade e Prosperidade da Pessoa Humana”! É
evidente que esta ideia não passa de uma utopia, até porque tem imensos
argumentos contra, desde logo constitucionais, leis e regulamentos específicos,
aos próprios programas político-partidários e projetos eleitorais, só que, tudo
isto parece de difícil execução e muitas normas da lei fundamental nem sequer
passam do papel, como se de uma carta de boas intenções se tratasse.
Sem a prosperidade de um povo não há
desenvolvimento, e sem este não se atinge aquela. É um círculo vicioso do qual
parece não se sair. Não é como o empobrecimento galopante que se carateriza,
precisamente, pelo oposto da prosperidade, que se consegue atingir um nível
razoável de conforto material e de realização pessoal.
Não é castigando o povo trabalhador, os reformados
e pensionistas, com medidas fiscais de grande intensidade, com cortes injustos,
retroativos (eventualmente imorais e inconstitucionais) que se proporcionam
condições e capacidade de aquisição de bens e serviços. Não é com retaliação
institucional que, na verdade, atinge os mais fracos, que se chega à
prosperidade e à felicidade que ela pode comportar e/ou acrescentar.
A promessa eleitoral, por exemplo, para aumentar,
sustentavelmente, a prosperidade, poderia ser um grande desígnio nacional,
regional e local, nem seria necessário mais nenhuma promessa, para se vencerem
eleições, todavia, um tal compromisso que, por outras palavras, até já tem sido
anunciado, nunca foi cumprido, por isso, também daqui resulta que a
prosperidade para alguns povos, grupos, famílias e pessoas não passa, ou não
tem passado de uma utopia, bem pelo contrário, o empobrecimento e a miséria é
que são a realidade.
Com efeito, é fundamental que as populações tenham
um nível e qualidade de vida sustentáveis por um desenvolvimento equilibrado,
para se entrar num círculo de prosperidade progressiva e, nesse sentido, é
necessário que o poder de compra aumente gradual e irreversivelmente. É urgente
estabelecer uma verdadeira prioridade nacional, que se coloquem todas as
sinergias ao serviço da criação de riqueza (não de empobrecimento), de produção
de bens e serviços da melhor qualidade.
Ora, isso consegue-se com a maior taxa de
empregabilidade para todas as faixas etárias (ninguém pode ficar de fora de um
projeto nacional, regional e local de produção de riqueza), com salários que
permitam aos trabalhadores e suas famílias um grande poder de compra, porque o
consumo estimula a produção, o lucro dos investidores, a modernização das
empresas, o reinvestimento, a criação de mais postos de trabalho, melhores
salários, mais exigentes qualificações o que leva à educação e formação.
Trata-se de uma “espiral progressiva para a prosperidade”.
É possível criar-se, um “PPP – Partido para a
Prosperidade Progressiva”, o qual poderá ser constituído por todos os cidadãos
que queiram um futuro promissor, para eles próprios, para as famílias, para as
empresas, para o país e para as gerações vindouras, (ou então adotar-se aquelas
palavras como lema para qualquer movimento interessado na defesa do povo em
geral e dos mais fracos em particular).
A experiência de vida ensina que a dignidade humana
se conquista pelo: estudo, formação, trabalho, poupança e reinvestimento, e não
vale a pena insistir em receitas de laboratório, porque a pessoa humana não é
um objeto qualquer, uma cobaia para exercícios académicos, quantas vezes
realizados por pessoas que nunca passaram pela privação de um simples prato de
sopa, pela exclusão social, pela iliteracia, descendentes de pobres ou não
terem um estatuto social de prestígio, porque tais pessoas, por mérito próprio,
mas também por ajudas que tiveram, hoje estão bem na vida e não podem ignorar
os milhões de cidadãos que vivem na miséria, que passam fome, que não têm um
abrigo condigno, que são autênticos “farrapos humanos”.
No Partido para a Prosperidade Progressiva devem
participar todas as pessoas, sem quaisquer discriminações negativas, em que
cada cidadão desempenhe as funções que melhor sabe e gosta de fazer. Como em
qualquer organização, terá de haver líderes, orientadores, que possuam não só
os títulos académicos e os currículos internacionais, mas também a experiência
que a vida real, no terreno das dificuldades, no seio do povo podem proporcionar,
e com estas credenciais, há fortes possibilidades de grande sucesso.
Como seria estimulante que, acima das organizações
político-partidárias, movimentos cívicos e instituições diversas, de todas as
forças políticas, se constituísse esse grande Partido para Prosperidade Progressiva,
precisamente com os responsáveis mais qualificados, segundo os critérios
anteriormente insinuados, Que grande adesão popular um tal partido teria! Que
entusiasmo se geraria na sociedade. Como a Democracia seria autêntica e estimulante.
É muito fácil fazerem-se experiências com a vida
dos mais necessitados; é muito prático impor, com invulgar violência e
insensibilidade, medidas de austeridade, quando não se está na situação dos
mais fragilizados, embora, muitos destes já tenham dado um contributo
substancial para a sociedade, que indiretamente já contribuíram para que muitos
chegassem ao lugar onde estão.
O que mais interessa a todas as pessoas de bem, que
felizmente é a esmagadora maioria da sociedade, é verem garantidas algumas
medidas que contribuam para a saúde, trabalho, educação, formação e uma velhice
merecidamente tranquila, confortável e digna. A segurança de usufruírem, sem
receio de os virem a perder: todos os seus direitos, não só adquiridos, como
contratualizados; o que mais importa é eliminar o sofrimento físico,
psicológico e moral, resultante da falta de trabalho, de comida, de futuro.
Mas a esperança não deve morrer, e para que isso
não aconteça, o Partido para Prosperidade Progressiva que, como é bom de ver,
trata-se de um ideal que toda a sociedade deveria interiorizar: governantes e
governados; empresários e trabalhadores; professores e alunos; crentes e não
crentes. Este ideal em nada prejudica a participação cívica dos cidadãos: quer
enquanto independentes; quer integrados em forças políticas.
Nunca ninguém pode ignorar que, pelo facto de, em
dado período da vida, ter estado muito bem, não fique sujeito, num futuro mais
ou menos próximo, à miséria envergonhada, à exclusão social. Tudo é possível na
vida, embora se tenha a ideia de que algumas pessoas, possuam como que um
escudo protetor, constituído por outras pessoas que, alternadamente, se
entreajudam, revezadamente trocam de posições, sempre conseguem um bom futuro
para elas, familiares e amigos, em qualquer parte do mundo, todavia, ainda
assim, de vez em quando, ocorre uma qualquer ação que destrói, completamente,
uma pessoa, uma família, um grupo, enfim, um império. Todos os pedestais são
suscetíveis de derrube, mais ou menos violento.
A esperança num futuro de prosperidade não pode
morrer. Interiorizemos todos de que: é preciso trabalhar arduamente, poupar,
investir, pagar impostos justos para nos autodesenvolvermos; cumprirmos com os
nossos compromissos, porém, sem imposições desumanas; assumirmos as nossas
responsabilidades é um dever das pessoas e sociedades honradas; é essencial
negociar humanamente o respetivo encargo; é necessário que tenhamos condições condignas
para produzir e consumir os nossos produtos.
É possível ultrapassarmos as dificuldades normais,
mas acrescentar mais obstáculos implica uma redução das capacidades “anímicas”
para a participação na criação de cada vez mais prosperidade, de forma
sustentada e irreversível.
É profundamente injusto e extremamente perigoso
nivelar-se tudo e todos por baixo e, pelo contrário, pelo menos que se
sensibilize quem muito já tem, a doar um pouco mais, a quem cada vez menos tem,
está mais pobre. Isto não só é prosperidade como também solidariedade.
E se a solidariedade, a amizade, a lealdade, a
consideração, a estima, o respeito, a reciprocidade e toda a axiologia
protetora da dignidade humana são fundamentais nas relações interpessoais,
então para o sucesso do coletivo societário serão, igualmente, essenciais, mas
para isso é necessário fixar, a partir de “ontem” o grande ideal humanista,
traduzido no objetivo de se alcançar a Prosperidade Progressiva Sustentável.
Trata-se de um ideal que está acessível ao
coletivo, porque as faculdades humanas quase não têm limites, as capacidades, a
todos os níveis, são imensas e a determinação para vencer obstáculos naturais
também já tem sido demonstrada.
A estratégia para se alcançar a Prosperidade
Progressiva Sustentável é muito simples: criar as condições mínimas para que
todos, sem exceção, possam trabalhar, produzir, consumir e os resultados
positivos, rapidamente, surgirão, portanto, “mãos-à-obra” caros concidadãos:
governantes e governados; empresários e trabalhadores; professores e alunos;
crentes e não-crentes. Todos.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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