O mundo global da competitividade apresenta-se-nos
hoje como uma inevitabilidade, da qual temos de saber tirar o melhor proveito,
no sentido de, pelo menos, atenuar os efeitos de uma crise profunda, que teima
em manter-se e atingir com invulgar gravidade, os mais fracos, os mais
carenciados, aqueles que, praticamente, não têm quem os defenda, pese embora e,
justiça seja feita, a uma ou outra organização, a um ou outro político,
verdadeiramente preocupados com este caos económico, financeiro e mercantil.
O ser humano, querendo, possui recursos abundantes
para, através do empreendedorismo, resolver esta situação dramática, em que uma
parte significativa da sociedade mundial está a viver no limiar da pobreza,
portanto, a situação económica, os défices, e outras anomalias financeiras, não
se vencem com austeridade sobre austeridade, impostos sobre impostos, redução
de salários previamente contratualizados, cortes nas pensões e reformas,
acordadas há décadas com um Estado que se presumia “pessoa coletiva de bem”.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, o combate ao
desemprego, à pobreza, à fome e à exclusão, qualquer que esta seja, está no
poder de compra dos cidadãos, mas para isso é necessário que aufiram salários e
pensões compatíveis com um adequado nível de consumo, em qualidade e
quantidade, porque, “sem poder de compra, pouco ou nada se pode adquirir” (Verdade
de Monsieur de
La Palice).
Empreender, produzir, consumir, reinvestir e
modernizar são conceitos-chave que urge desenvolver no plano prático. É claro
que o empreendedor também precisa do apoio do Estado, sob diversos aspetos:
orientação administrativo-burocrática, acesso ao capital em condições
favoráveis ao negócio, como o próprio investidor igualmente carece, na medida do
possível, de conhecimentos e experiências.
Ao analisarmos o papel do empreendedor, não será
difícil concordar com o seguinte conceito: «As
empresas nunca precisaram tanto de verdadeiros empreendedores quanto nos dias
atuais. Cada funcionário deve ter atitudes e comportamentos de dono do negócio,
e as empresas de sucesso são aquelas que têm em seus quadros esses verdadeiros
empreendedores.» (MARINS, 2005:64).
Uma sociedade pobre, e/ou a caminho da penúria,
leva a consumos mínimos de bens e serviços, que por sua vez afeta o escoamento
dos produtos fabricados pelas empresas e pelos diversos setores de atividade
económica, entra-se na tal “espiral
recessiva” ou, se quisermos utilizar uma outra imagem, ainda mais
compreensível, ruma-se para a pauperização das pessoas, da comunidade, dos
países.
Portanto, os incentivos aos investidores, devem
constar do conjunto de medidas que visem restituir direitos adquiridos dos
cidadãos e, entretanto, imoralmente, retirados. Mas os empreendedores precisam
de diversos instrumentos e, em qualquer organização, os recursos humanos de
alta qualidade são essenciais: «A grande
verdade que não pode ser ocultada de quem pense com objetividade e
inteligência, é que, para terem condições de competir no mercado atual, com
possibilidades reais de vencer, as empresas precisam de um ativo fundamental:
gente talentosa. O talento é hoje o recurso mais escasso e valioso das
corporações. O capital pode, cada vez mais, ser obtido com boas ideias e bons
projetos.» (BERNARDI, 2003:20-21).
Em bom rigor, de entre os diversos recursos que o
empreendedor deve possuir, nem sempre o capital financeiro é o mais importante
sendo, todavia, necessário para se adquirirem os bens adequados ao lançamento e
funcionamento do projeto, no entanto, sem haver recursos humanos acima da
média, ou pelo menos, fortemente motivados, que se sintam, também eles, como se
fossem os próprios investidores, não haverá sucesso da empresa.
Não há que recear esta nova posição dos
funcionários, no seio da sua própria empresa. Eles, realmente, sentem-se mais
responsabilizados se forem considerados partes integrantes do empresariado, ou
até na qualidade de acionistas e, neste papel, como que se auto-exigem mais
rigor, mais qualidade, mais produtividade, porque sabem que no final de cada
exercício, poderão obter maiores lucros, além dos respetivos salários poderem
ser melhorados.
Nos tempos difíceis que correm, um pouco por todo o
mundo, nos domínios da economia, do emprego, do poder de compra e da
assistência aos mais idosos, qualquer investimento é sempre envolvido em maior
ou menor risco, todavia, uma das características do empreendedor é assumir
riscos, relativamente controlados, mas que a médio longo prazos contribuam para
o retorno dos investimentos, a retirada de lucros e uma parcela para
modernização, expansão e consolidação da empresa.
O empreendedor inteligente sabe que a evolução
positiva e sustentada da sua empresa não depende, em grande parte, dos recursos
financeiros que investiu no projeto, mas sim nas pessoas que o vão acompanhar,
numa equipa multidisciplinar, coesa e competente.
Hoje em dia: «Nenhuma
organização revoluciona ou conquista mercados se não transformar pessoas e
conduzi-las ao crescimento. Eis aí a empresa viva: aquela que se preocupa com a
vida de sua atividade e daqueles que a exercem. Mesmo no futuro virtual, deverá
existir um fator humano por trás das telas de computador, pois, se não houver,
os relacionamentos serão tão fracos que despertarão o saudosismo das emoções.»
(ROMÃO, 2000:157).
Na permanente valorização, que é necessário ter
para com os recursos humanos, importa destacar o papel, cada vez mais
relevante, da mulher no seio das sociedades modernas, deste século XXI, porque,
sem pretender fazer uso do argumento de que realmente estão, numericamente, em
maioria, a verdade é que as provas de grande capacidade de trabalho, de rápida
adaptação às mais diversas profissões, algumas das quais até há bem pouco
tempo, exclusivas do homem, e porque, em regra, funcionam muito bem com uma
intuição extremamente peculiar, em certas situações e setores.
Acontece que o empreendedor moderno, sábio e
prudente, já não pode, nem deve deixar-se influenciar por determinados
preconceitos, assentes numa mentalidade arcaica, da superioridade do género, na
circunstância, masculino, porque: «As
mulheres assumem, de maneira cada vez mais vigorosa, o comando da liderança do
mundo. Intuição, um novo sentido de poder, objetivos diferentes para o
dinheiro, despojamento, equilíbrio, crenças psicossociais diferenciadas formam
um leque de atributos e qualificações com enorme compatibilidade e adequação a
este novo mundo (…). No marketing o amor, a intuição, a família e o papel de
mãe passarão a ser fatores críticos de sucesso.» (VIANA & VELASCO,
1998:133).
Certamente que, devido aos atributos femininos, o
empreendedor ficará tentado a constituir a sua equipa de colaboradores
maioritariamente feminina. Trata-se, a enveredar por tal opção, de uma decisão
que deverá ter em conta algumas variáveis, em função da natureza da empresa,
sua missão, objetivos, público-alvo, princípios e valores a observar,
designadamente e por exemplo: forças militares e de segurança, construção
civil, indústrias extrativas do tipo minas, pescas, entre outras, na medida em
que a compleição física é muito importante.
Mas há setores dentro da empresa em que o
empreendedor também deve estar atento, nomeadamente às projeções: local,
nacional e internacional da instituição e isto faz-se através da qualidade e
preço dos produtos, cumprimento de prazos, marketing da melhor qualidade e um
bom serviço e/ou profissional de relações públicas, porque assim as
possibilidades de chegar ao mercado e o atendimento ao cliente saem
beneficiados.
Por muito reduzida que seja, é praticamente
impossível dispensar a publicidade, o que exige técnicos especialistas e depois
os interventores diretos no mercado, lançando os produtos e apresentando-os aos
potenciais compradores e aqui entram as Relações Públicas que: «Complementam todos os elementos, de um
negócio, mas especialmente as outras funções de marketing. Boas Relações
Públicas ajudarão a criar uma imagem positiva de um produto, o que por sua vez
encorajará o mercado a procurá-lo (auxilia a distribuição): fará os clientes
valorizá-lo (apoia o preço) e encorajá-los-á a mostrá-los aos amigos (impulsiona
a promoção).» (AUSTIN, 1993:24).
Bibliografia
AUSTIN,
Claire, (1993). As Relações Públicas com Sucesso. Trad. Manuela Madureira.
Lisboa: Editorial Presença.
BERNARDI,
Maria Amália, (2003). A Melhor Empresa. Como as Organizações de Sucesso atraem
e mantêm quem faz a diferença. Rio de Janeiro: Elsevier.
MARINS, Luiz,
(2005). Homo Habilis. Você como empreendedor. São Paulo: Editora Gente.
ROMÃO, Cesar,
(2000). Fábrica de Gente. Lições de vida e administração com capital humano.
São Paulo: Mandarim.
ROMÃO, Isabel, (2000). A Igualdade de Oportunidades nas
Empresas. Gerir para a Competitividade. Gerir para o Futuro. Lisboa: Comissão
para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres – Presidência do Conselho de
Ministros. Coleção Bem-estar, Nº 1
VIANA, Marco
Aurélio Ferreira, & VELASCO, Sérgio Duarte, (1998). Futuro: Prepara-se.
Cenários e Tendências para um Mundo de Oportunidades. 3ª Edição. São Paulo:
Editora Gente.
Diamantino Lourenço
Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
Imprensa Escrita Local:
Jornal: “Terra e Mar”
1 comentário:
Sábias palavras. A gente nunca pode prever o que acontecerá com nossos textos uma vez publicados na internet.
Manoel Amaral
osvandir.blogspot.com.br
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