A simplicidade comportamental implica uma grande complexidade nos relacionamentos, na medida em que pressupõe a recusa de princípios, valores, sentimentos e emoções inverdadeiros. Sabe-se que a autenticidade das nossas palavras, atos e atitudes têm de garantir previsibilidade, confiança e seriedade.
Talvez devido a uma
tal dificuldade, é que muitas pessoas se revelam extremamente flexíveis que:
tanto afirmam estar do lado de uma pessoa e situação; como, quase em
simultâneo, demonstram, exatamente o contrário. Nestas circunstâncias é muito
difícil confiar em tais pessoas, e só uma grande amizade pode atenuar a
incerteza futura, como igualmente é muito problemático deixarmo-nos apossar por
valores e sentimentos que, mais tarde, nos fazem sofrer, apanhar desgostos,
eventualmente, para o resto da vida.
Haverá pessoas que
pela sua simplicidade, humildade, generosidade, sinceridade, respeito e
vergonha, que são verdadeiramente amigas, manifestam sempre, através de “pequenas-grandes” coisas, que são
genuinamente confiáveis, em quem podemos acreditar, ter a certeza que nunca nos
vão enganar, que não nos vão magoar, defraudar, no limite, desprezar.
São estas pessoas
simples, a tocar as fronteiras da ingenuidade, da pureza e da virtude que nos
garantem estabilidade relacional, nos entusiasmam, nos incentivam e nos
defendem em todas as situações. São elas que nos respeitam, a nós, aos nossos
familiares e amigos. São estas pessoas que nunca se aproveitam das nossas
fragilidades, desorientação e infortúnios da vida. São estas pessoas que tudo
fazem pelo nosso sucesso e felicidade: familiar, profissional e social. São
estas pessoas as nossas verdadeiras amigas.
Pessoas humanas
simples, descomplexadas nos seus princípios, valores, sentimentos e emoções,
profundamente preocupadas com o nosso bem-estar, que se revelam, diariamente,
possuidoras de um espírito virtuoso, sempre disponíveis para nos escutar,
aconselhar, orientar.
A pessoa simples e
de carácter facilmente se torna amiga, porque nela, praticamente, tudo é puro,
não há intenções inconfessáveis, porque ela sabe e deseja partilhar as suas
ansiedades, desejos, projetos, sucessos e fracassos. Ela quer estar
inequivocamente do nosso lado.
São estas pessoas
simples, que por vezes se tornam nossas verdadeiras amigas, e que até podem ser
ignorantes, na perspetiva das pessoas complexas, difíceis, calculistas e
intelectualmente desonestas. Claro que: «Existem
pessoas que não sabem ficar sozinhas, que precisam de alguém com quem
interagir. Basta um ouvidor: elas mesmas perguntam e respondem, têm revelações
sem que o outro explicitamente tome parte – a propósito, essa é a função do
amigo.» (NAVARRO, 2002:81).
A sociedade
portuguesa e, eventualmente, outras, viveu dias conturbados, num passado ainda
recente (2013-2014-2015). As relações interpessoais, familiares, institucionais
e sociais nem sempre decorrem com: harmonia, respeito e dignidade. Em vez de se
simplificarem as atitudes e os comportamentos, parece que até há uma
preocupação, e um grande prazer em se dificultar a vida às pessoas,
eventualmente, com objetivos de notoriedade, a qualquer título, e daqui
resultar alguma influência, em proveito próprio.
Os comportamentos “sofisticados” “afetados” ou demasiado “liberais”, aqui no sentido da aparente
boa convivência com “gregos e troianos”,
sabendo-se que se forem autenticamente imparciais, justos e assertivos, não
existem condições para uma tal “polivalência
relacional”.
De resto, as
pessoas envolvidas em certas atividades, conseguem um tal “equilíbrio” que não corresponde à solidariedade, à amizade
lealdade, enfim, à sinceridade e honestidade, revelando assim um carácter do
qual teremos de nos dissociar, sob pena de perdermos a nossa credibilidade,
dignidade e respeito por nós mesmos.
Quando se abordam a
simplicidade, humildade e lealdade das pessoas, tal não significa que nos
estejamos a referir a um qualquer estatuto, mais ou menos importante e
influente. Não estamos a privilegiar a: sabedoria e/ou a ignorância; riqueza
e/ou pobreza; letrado e/ou inculto, aqui na perspetiva elitista, porque,
antropologicamente, todos temos uma cultura, e nela somos cultos.
É, facilmente
demonstrável que existem pessoas simples, modestas, humildes e leais em todos
os: estratos da sociedade, classes socioprofissionais, escalões etários,
gerações, dimensões político-económicas, ético-morais e religiosas. Por isso
não se pode estigmatizar as pessoas, porque são difíceis, complexas e
calculistas, por causa de um qualquer estatuto, conhecimento, experiências, na
medida em que o contrário também será possível.
O que aqui importa
é enfatizar a atitude simples, a palavra, o gesto, o comportamento habitual,
que assentam, essencialmente, nos valores característicos da naturalidade,
como: a humildade, a modéstia, a sinceridade, a assertividade e também em
intervenções que, normalmente, revelam timidez, uma respeitável vergonha na
exposição, no exibicionismo, ou seja: pessoas que são, por natureza, recatadas,
algo austeras e disciplinadas.
Viver a vida com
simplicidade, ajuda à harmonia, à alegria, ao entusiasmo, à generosidade.
Simplificar o discurso oral e escrito, a intervenção social, política,
profissional, religiosa e empresarial, é um caminho possível para se: melhorar
as relações interpessoais; exercerem, eficazmente, os mais nobres e positivos
valores, numa cultura universal para a: paz, bem-comum e felicidade dos povos e
das nações.
Simplicidade
combina com humildade. Daqui pode-se inferir que: «A humildade favorece a força de carácter: o humilde toma as suas
decisões consoante o que achar ser justo e assim se mantém. Sem se inquietar
com a sua imagem ou a opinião de outrem. (…). Exteriormente é meigo.»
(RICARD, 2005:169).
Bibliografia
NAVARRO, Leila, (2000). Talento para Ser Feliz. 10ª Edição. S. Paulo:
Editora Gente. Direitos Cedidos para Edição portuguesa à Editora Pergaminho,
Ld.ª., 1ª Edição. Cascais, 2002
RICARD, Matthieu, (2005). Em Defesa da Felicidade. Tradução, Ana Moura.
Cascais: Editora Pergaminho, Ldª.
“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao
diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2024
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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