domingo, 25 de fevereiro de 2024

O Criacionismo e a Dimensão Mística.

A filosofia de Leonardo Coimbra pretende ser uma inovação filosófica e proposição de grandes linhas orientadoras do pensamento filosófico português, trabalhando dentro de uma perspectiva antropológica, com dois termos fundamentais que são: o Homem e a Vida.

«Leonardo José Coimbra (Borba de Godim, Lixa, 30 de Dezembro de 1883Porto, 2 de Janeiro de 1936) foi um filósofo, professor e político português. Enquanto Ministro da Instrução Pública de um dos governos da Primeira República Portuguesa, lançou as Universidades Populares e a Faculdade de Letras do Porto. Como pensador fundou o movimento “Renascença Portuguesa, e evoluiu do criacionismo para um intelectualismo essencialista e idealista, reconhecendo a necessidade de reintegrar o saber das "mais altas disciplinas espirituais", como a metafísica e a religião (http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_Coimbra

Com efeito, o autor do “Criacionismo”, pela sua própria personalidade fogosa, não se contentava em ficar à margem dos problemas correntes do homem, e por isso empenhava-se decididamente, dinamizando uma filosofia vitalista.

O “Criacionismo” de Leonardo Coimbra não se manifesta hostil à política, mas desprendido e tolerante, propaga a fraternidade espontânea, impeditiva da dissolução das vontades, pela criação de um ideal coletivo, que seja a fonte de uma efetiva irmandade espiritual.

É assim que, no contexto da cultura portuguesa de então, o movimento da “Renascença Portuguesa”, transformado em “Criacionismo”, é um movimento de interiorização e exteriorização do espírito, que abrange uma dupla dimensão: Lusitana e Antropológica.

O “Criacionismo” pretende, assim, construir um esboço de sistema filosófico, que incorpore os valores patrióticos e antropológicos da nação, isto é: “tocar o Além, mas sem esquecer a Terra”. O seu “Criacionismo” relaciona-se muito com aquele caráter místico e profundamente artístico, que atinge a pessoa moral.

Todo o trabalho de Leonardo Coimbra, visto numa perspetiva antropológica e filosófica, constitui um particular esboço ao problema do Homem e da vida. Ele tem como marco inicial o propósito sincero de tracejar um sistema filosófico que possa tornar-se um programa de ação, em que, progressivamente, o acordo entre o real e o pensamento seja possível. O seu pensamento filosófico subordina-se a uma consciência aberta: aos problemas do Homem e da Vida; do conhecimento e da cultura; da sua comunidade e da sua pessoa.

Na evolução do seu pensamento, intercalam-se o poeta, o iletrado e o filósofo, submetidos ao crescimento espiritual e amadurecimento intelectual do seu autor, preocupado com um certo pragmatismo, numa maior capacidade de ação, mas também pelo amor à verdade, ao real, reagindo, por isso, contra o positivismo, embora admitindo as boas intenções de Augusto Comte.

O positivismo que ele rejeita é do tipo cientificista, que se degradou e se fez tecnicismo de uma ciência de aspirações técnicas. O seu “Criacionismo” critica o culto do progresso, do indefinido acréscimo do bem-estar e das comodidades materiais, o domínio da natureza.

É difícil rotular o pensamento de Leonardo Coimbra com uma qualquer corrente filosófica estrangeira, havendo quem o pretenda identificar com Bergson, por ter defendido a luta que a liberdade encetava para “subir à luz”, não obstante estar enterrada pelos vários determinismos científicos, vendo nessa luta o seu legítimo campeão em Bergson.

Outros há que preferem qualificar a filosofia de Leonardo Coimbra como uma filosofia de ação, no sentido “Blondealiano”, ou ainda que o autor do “Criacionismo” “sofre de uma visão global da existência e do destino no confronto da fé e da filosofia cristã, visão que apresenta profunda analogia com o dinamismo ‘maréchaliano”. (Leopoldo Marechal, nasceu em Buenos Aires em 1900 e faleceu em 1970. Poeta, narrador, dramaturgo e ensaísta)

Mas poder-se-á afirmar que o vitalismo de Leonardo Coimbra não é de desengano, mas de um idealismo realista, aberto em aspiração para um complemento sobrenatural. Por tudo isto, o conceito “Criacionismo” reflete uma categoria do ser humano, ao mesmo tempo que significa uma condição do mundo, reproduzindo, ainda, uma noção de vida ou uma forma de se viver e uma propriedade do pensamento sem obstáculos, do pensamento humano, que é criacionista, numa imitação deficiente do pensamento divino.

A verdade humana compõe-se de fragmentos de harmonia, e por isso o termo “criacionista” convém ao pensamento humano, enquanto considerado um diminutivo do pensamento criacionista, positivamente encontrado na existência genuinamente criadora de Deus.

O método criacionista é um misto de pedagogia, porque reflete a disposição espiritual que movia o seu autor, bem como fazer da atividade do pensamento um hábito, uma qualidade espiritual permanente, solicitando o indivíduo a aprofundar, explicar e intensificar o conhecimento humano do positivismo, na medida em que, tendo Leonardo Coimbra estudado num ambiente de formação positivista, movido pela ideia de renovação cultural e filosófica, e querendo uma nova filosofia, o seu método confunde-se em duas atitudes de um mesmo dinamismo.

Este método é a própria vida do pensamento, e deve ser, só por si, um sistema filosófico. Em resumo, poder-se-á dizer que o método criacionista apresenta três supostas caraterísticas:

a) Dialético: porque segue um dinamismo próprio do pensamento, que avança para novas sínteses;

b) Construtivo: porque estuda o ser mental que é a ciência para, a partir dela, encontrar o valor da arte, da moral e da própria filosofia, saindo da experiência científica, tende para todas as outras experiências, sendo a experiência fundamental, a vida;

c) Pedagógico: porque apresenta uma pedagogia própria do espírito humano, que não permite qualquer espécie de particularismo ou fechamento.

É, afinal, um método crítico de análise regressiva e síntese progressiva.

Naturalmente que o “Criacionismo” de Leonardo Coimbra enfrenta, como qualquer outro sistema filosófico, alguns problemas, face a determinados níveis dos diversos ramos do conhecimento, designadamente em relação à ciência, à filosofia, à moral, à religião, à arte, entre outros.

 

Bibliografia

 

COSTA, Dalila L. Pereira da e GOMES, Pinharanda, (1976). Introdução à Saudade. Porto: Lello & Irmão, Editores.

GAMA, José, (1983). Filosofia e Poesia no Pensamento de Leonardo Coimbra. In: Revista Portuguesa de Filosofia, Tomo XXXIIX-4.1983. Braga: Faculdade de Filosofia.

MORUJÃO, Alexandre Fradique, (1983) O Sentido da Filosofia em Leonardo Coimbra, in: Revista Portuguesa de Filosofia, Tomo XXXIIX-4.1983. Braga: Faculdade de Filosofia.

SPINELLI, Miguel (1981). A Filosofia de Leonardo Coimbra. O Homem e a Vida. Dois Termos da sua Antropologia Filosófica. Braga: Publicações da Faculdade de Filosofia.

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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