domingo, 16 de junho de 2024

RELAÇÕES PESSOAIS E INSTITUCIONAIS ENTRE AUTARQUIAS

O autarca vive com o seu povo, sente e emociona-se com as dificuldades, com os sucessos e os fracassos. O povo, até haver motivos para o contrário, confia nos seus autarcas e, por isso mesmo, não pode haver disputas político-partidárias que conduzam à desestabilização da comunidade.

Um esforço de contenção, nas palavras e nos atos, é o mínimo que se exige aos autarcas e candidatos aos diversos lugares das autarquias, bem como a todos quantos exercem funções públicas de responsabilidade, extensivamente ao setor privado que, naturalmente, continuará a ser um parceiro fundamental no desenvolvimento e progresso da sociedade, porque: «Sem a felicidade de todos ninguém pode ser feliz». (MAX NETLAU, 1929, in RODRIGUES, s.d:.165).

Na verdade: «Este pregão dos redatores de “A Vida”, partindo do Amor Fraterno e da liberdade consciente, do bem-estar coletivo, do respeito mútuo, era e será (se é que a humanidade quer realmente a paz) as ferramentas capazes de forjar e caldear os elementos humanitaristas que servirão de alicerces para um mundo novo sem vinganças, sem ódios e sem temores.» (Ibid).

O Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas e Freguesia, ou qualquer outro Departamento com designação diferente, pode constituir-se numa excelente ferramenta para: não só apaziguar certos comportamentos entre políticos, partidos, movimentos e instituições; como também para relançar a esperança, recuperar a imagem e a dignidade que são devidas a toda a pessoa humana em geral e, na circunstância, a alguns titulares de determinadas funções, em particular.

Deve-se compreender, com tolerância e consideração, que a fragilidade da condição humana, conduz, frequentemente, ao erro e que as probabilidades de errar são muito maiores naqueles que têm de tomar decisões, naqueles que exercem uma atividade, porque quem nada faz, também acaba por errar: primeiro, porque tinha a obrigação de participar, colaborar, trabalhar, produzir; segundo, porque quem critica tem a obrigação ético-moral de apresentar melhores alternativas e soluções para as situações e pessoas criticadas.

O exercício de boas-práticas de relações humanas, a partir da institucionalização de parcerias sólidas, leais e unidas, entre Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, poderá ser parte da solução, para a maioria dos problemas e dificuldades. Numa postura ética e de total lealdade, nada justifica as “guerrilhas” que, por vezes, se leem e ouvem nos meios de Comunicação Social, entre autarcas, entre políticos de outros níveis do poder, entre pessoas que, na verdade e com sinceridade até desejam o melhor para as suas comunidades.

No que às autarquias respeita, afigura-se, evidentemente, da maior utilidade, o lançamento de um projeto de desenvolvimento de Relações Humanas, precisamente a partir do Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia. Iniciado um tal projeto, este poderá ser sustentado, por exemplo, em ações de sensibilização a serem ministradas a todos os autarcas do Concelho – Executivo, Legislativo, Juntas, Assembleias de Freguesia –, bem como aos funcionários que, livremente, assim o desejem.

A convivência sadia entre autarcas, funcionários e comunidade é o método correto para se obterem os melhores resultados, em todos os domínios da intervenção humana. Os legítimos e justos interesses das populações não são compatíveis com as frequentes quezílias entre políticos, independentemente das suas orientações ideológicas e filiação partidária.

Consumada a eleição, devem ser arrumados dos escaparates da propaganda eleitoral todos os utensílios materiais e inscrições psico-ideológicas. O povo precisa de paz, de bem-estar, de ver os seus problemas resolvidos, com justiça, compreensão, tolerância e apoio amplo.

O Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia, ou qualquer outra estrutura similar, constituirá um instrumento de relações humanas de uma mais-valia incalculável, porque a ausência de diálogo, a inexistência de uma sã convivência, a carência de atitudes, comportamentos e acordos leais, entre outros aspetos, revela-se, certamente, um entrave nas boas relações que sempre devem orientar a sociedade.

Afinal, quer se queira ou não: «O homem é um ser social que, em sua busca do significado e orientação na vida, inevitavelmente encontra os problemas de autorealização. Esta autorealização como um indivíduo não depende, como pode sugerir o termo, de uma autocontemplação solitária, mas basicamente de uma interação com outros indivíduos. Para conhecermos a nós mesmos e sermos nós mesmos, para pôr à prova e desenvolver nossos valores pessoais, precisamos viver e trabalhar com outras pessoas.» (WILLIAMS, 1978:11).

Para além do objetivo primordial – desenvolver e consolidar boas relações pessoais e institucionais, entre os membros do executivo municipal e os autarcas das freguesias –, o Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas, funcionaria, também, como o centro coordenador das atividades das freguesias, no qual se centralizariam planos de atividades, projetos, controle de despesas, encaminhamento de assuntos específicos para técnicos e entidades especializadas nos respetivos temas.

Neste Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia, conceber-se-ia toda a estratégia que conduzisse ao cumprimento dos respetivos manifestos eleitorais de cada Junta de Freguesia, independentemente da força política que tivesse ganho as eleições, o que iria contribuir para a dignificação dos políticos-autarcas, em particular, e a credibilização do Poder Local Democrático, em geral. É justo, e eticamente correto, que um Executivo Municipal apoie uma Junta de Freguesia do seu Concelho, mesmo que essa Junta tenha sido ganha, em eleições livres, justas e democráticas, por outra força política diferente.

Numa perspetiva de maior democratização do Poder Local, tendo por objetivo fundamental o tratamento equitativamente proporcional para cada Junta de Freguesia, cujos critérios e delegação de competências, bem como as transferências das correspondentes verbas, serão estabelecidos entre, e com todos os interessados, e o Gabinete de Apoio e Solidariedade às Juntas de Freguesia deve ser presidido, supervisionado e conectado à Presidência da Câmara Municipal, diretamente na pessoa do Presidente.

Aos objetivos já mencionados, alia-se, assim, o facto da importância e dignidade que devem merecer as Juntas de Freguesia e os legítimos titulares dos respetivos cargos, incluindo-se, aqui, os membros das Assembleias de Freguesia. Entre outros processos, este será um daqueles em que, inequivocamente, e de uma vez por todas se reconhece, pública e legitimamente, os relevantes serviços que as Juntas de Freguesia prestam às populações do país, em geral e às suas comunidades em particular, logo toda a solidariedade que lhes seja manifestada e, objetivamente, prestada, nunca será de mais.

 

Bibliografia.

 

RODRIGUES, Edgar, (s.d.). Violência, Autoridade & Humanismo. Rio de Janeiro: Empresa Gráfica Carioca, S.A.

WILLIAMS, Michael, (1978). Relações Humanas. Tradução, Augusto Reis. São Paulo: Atlas

 

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744

 

 

 

Venade/Caminha – Portugal, 2024

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

site@nalap.org

http://nalap.org/Directoria.aspx

http://nalap.org/Artigos.aspx

diamantino.bartolo@gmail.com

http://diamantinobartolo.blogspot.com

Sem comentários: