Para muitas pessoas é muito difícil viver com a verdade, independentemente de ser a sua própria versão, ou estranha a si mesma. Por vezes, a verdade dói muito, quer a quem a sente, quer a quem tem de a divulgar e, também acontece, que quando é necessário afirmar-se a realidade que se tem no interior, que não traz alegria, a uma pessoa de quem gostamos muito, essa atitude provoca um sofrimento atroz, que só quem gosta genuinamente de outrem, sabe o quanto custa suportar.
Seria
excelente se fosse possível viver-se com a verdade benevolente que cada pessoa
tem no seu íntimo. Talvez que a “construção” do caráter individual beneficiasse
com a certeza autêntica: «É o caráter que
faz funcionar a receita da vida, determinando se engasgamos com ela ou se a
saboreamos» (HAWLEY, 1995:161).
Quando se
aborda o conceito “caráter”, tenta-se identificar um conjunto de qualidades
e/ou defeitos para definir uma pessoa. Igualmente, nas empresas, esta
enunciação, é muito importante para se avaliar um trabalhador. Afirma-se que o
colaborador tem bom caráter, ou mau caráter, imputando-se boas ou más
particularidades.
Com efeito:
«O caráter é o elemento que distingue, a
essência, o ingrediente básico do novo paradigma administrativo. Ele pode dar à
vida da empresa um calor e uma especialidade que hoje em dia estão muito
comprometidos. As pessoas têm fome de caráter. A palavra caráter refere-se a um
conjunto de ideias e virtudes sociais interligadas, dentre as quais estão a
moralidade, a ética, a honestidade e os valores humanos. No trabalho
administrativo o caráter consiste em integridade e dharma.» (Ibid.:163).
Se não
houver encenações, nem falsidades, nem impostorices, nem hipocrisias, o nosso
comportamento funciona muito na base do nosso caráter, da nossa verdade
interior, com todos os defeitos e qualidades, apesar de em certos contextos, as
regras sociais, jurídicas, tradições, usos e costumes nos imporem atitudes que,
muitas vezes, estão em oposição ao nosso caráter.
Em
determinadas circunstâncias, quando não se torna pertinente obedecer às normas
da sociedade, e estamos perante pessoas que nos merecem a mais elevada
solidariedade, amizade, lealdade, estima, consideração e gratidão, isto é,
quanto convivenciamos com pessoas que, independentemente de qualquer laço
parental, temos a obrigação de sermos sinceros, verdadeiramente amigos, então a
nossa verdade interior, através dos nossos princípios, valores, sentimentos e
emoções, deve ser manifestada, porque só assim estaremos a respeitar a dignidade
de tais pessoas, bem como a amizade que temos por elas.
Novamente,
numa versão diferente, aceita-se perfeitamente que: «O caráter é o ingrediente fundamental que provoca a singularidade e a
totalidade da vida. A falta de caráter é uma doença de deficiência, uma falta
da quantidade mínima da vitamina C necessária à vida. Quer ou não as pessoas
viabilizem isso ou pensem, elas sabem que a ausência de caráter significa que
são menos do que eram, menos do que deveriam ser, e menos do que se destinavam
a ser.» (Ibid.:166).
É certo que
o caráter envolve integridade nos vários sinónimos que esta palavra possa
assumir: probidade, honradez, retidão, virtude, inteireza, entre outras
possíveis. Portanto: «Integridade é ter a
coragem e a autodisciplina para viver segundo sua verdade interior. Imagine uma
vida humana assim. Existe nela uma grande honra. (…) É um grande sentimento.»
(Ibid.:167).
A
integridade, talvez o alicerce essencial e mais sublime do caráter, comporta em
si mesma cinco ideias básicas a saber: «(1)
inteireza, (2) bondade – duas coisas implícitas na palavra integridade – (3)
coragem, (4) autodisciplina e (5) viver de acordo com a verdade interior.»
(Ibid.).
Aceite-se,
ou não, que a sociedade coloca-nos muitos obstáculos, para podermos ser
totalmente verdadeiros, porque em certos ambientes, com pessoas complexas e
fingidas, no jogo dos interesses quantas vezes inconfessáveis, quando se deseja
agradar a “gregos e troianos”, não há
caráter para agirmos em conformidade com a verdade interior, recolhemo-nos numa
covardia social, e até nos insurgimos quando alguém tem a audácia de usar
connosco a sua verdade interior. Tais pessoas preferem a “flexibilidade” da
perfídia para ficarem bem “fotogénicas” no quadro dos valores sociais mais
quixotescos e inacreditáveis.
Mas é
possível, ao longo da vida, e na maior parte das circunstâncias, contextos e
pessoas, manifestarmos a nossa integridade, nas suas cinco principais ideias
que se transcrevem: «1. Inteireza implica
totalidade, perfeição e completude – uma espécie de integridade ou força
estrutural forjada. Essas ideias são atraentes em nossas culturas ocidentais
(…). 2. A bondade fornece a honestidade e a moralidade em que pensamos ao usar
a palavra integridade. Incluídos na bondade estão a decência humana, a justiça,
a gentileza, a polidez e o respeito. (…). 3. Coragem não é ausência de medo; é
seguir em frente a despeito dele. (…), decidir não guardar alguma coisa que
você sabe que precisa ser dita. É dizer a verdade diante do perigo e do abismo.
É ser cândido quando isso pode ser perigoso. É fazer ou dizer coisas mesmo
quando sejam desconfortáveis. 4. Autodisciplina (…) é ganhar forças para agir
de acordo com suas instruções interiores. É disciplina no sentido positivo (…)
Autodisciplina é autodesenvolvimento. É o cultivo de capacidades internas (…).
5. Viver de acordo com a verdade interior é o mais importante. A verdade
interior comunica-se através de fracos sussurros, pensamentos, imagens e
sentimentos profundamente enterrados em nós. Todo o ser humano nascido neste
planeta possui esta verdade e tem capacidade de conjurá-la. É uma capacidade
aprendida, e exige trabalho. É uma descoberta de nossa percepção sutil, porém
verdadeira.» (Ibid.:167-169).
Depois do
que se acaba de investigar e divulgar, é provável que muitas pessoas entendam
que não se consegue viver em sociedade com a “Verdade Interior”, manifestando-a
em todos os contextos, circunstâncias e com quaisquer pessoas e que, portanto,
eventualmente, não estão preparadas para assumir, em público, e/ou em privado,
tão grande quanto importante responsabilidade.
Por outro
lado, será que a maioria das pessoas está preparada para ouvir, concordando ou
discordando, as “verdades Interiores” de outras, se tais verdades não forem
“agradáveis” para elas? Será que estas pessoas preferem informações fabricadas
a gosto, para ficarem satisfeitas no seu ego? E até onde se podem alimentar
tais atitudes que não correspondem à Verdade Interior?
Bibliografia.
HAWLEY, Jack, (1995). O Redespertar
Espiritual no Trabalho. O Poder do Gerenciamento Dharmico. Tradução, Alves
Calado. Rio de Janeiro: Record
“NÃO,
ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha – Portugal, 2024
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras
e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
Sem comentários:
Enviar um comentário