domingo, 7 de abril de 2013

Educação Estética

 
Das reflexões que foram efetuadas e que tiveram por base a obra de Friedrich Schiller, denominada “Cartas Sobre a Educação Estética da Humanidade”, creio poder pensar que tal obra está ao serviço da Humanidade, porque ela revela o espírito sofredor, que encontra na educação estética um lenitivo e motivo para a luta por um bem supremo.
O autor pretende que o estado natural atinja o moral pelo empreendimento do estado estético, isto é, do “Terceiro Carácter”, já que as sociedades são conflituosas, por interesses antagónicos e neles, o homem ideal não pode viver pelo situacionismo material reinante.
Na perspectiva Schilleriana, o homem deve autoconstruir-se como obra de arte, a fim de poder reaver a humanidade que possuía, e perdeu pelas constantes investidas de uma civilização que o pretende destruir, ou pelo menos reduzir a um ser impessoal, pelo que para voltar a um estado puro deve libertar-se do material e subir ao ideal, onde o espírito se sobressai da matéria.
O homem é, na sua essência originária, uma obra de arte, um modelo de Beleza porque integra uma unidade perfeita, em todos os seus elementos constituintes, é uma obra inacabada, porque em constante relacionamento com o seu Criador, seja ele apelidado desta ou daquela maneira, porque, efetivamente, o artista desta obra suprema, que é o homem, foi apenas um, Deus Criador, Deus Artista.
É por isso que a educação estética do homem deve iniciar-se o mais cedo possível, em ordem à chamada para as realidades belas e, desde logo, aquela que à sua volta se coloca, ou seja, a Beleza Natural, seja a Beleza mineral, vegetal ou animal, e isto porque todos os elementos que integram o nosso mundo têm o toque do seu Criador, que foi o mesmo para todos e n’Ele todos devemos ir buscar a inspiração necessária à compreensão de toda a obra de arte, desde o conhecimento da obra de arte, que é a linguagem, até ao entendimento do gesto e da intenção do nosso homólogo dialogante.
Entre outras formas de a humanidade se cultivar, se compreender, se auxiliar é, naturalmente, pela leitura que cada um faz da obra de arte, é através do aperfeiçoamento do juízo do gosto que nós aprendemos a amarmo-nos em respeito, em tolerância e em harmonia, na medida em que todos somos uma obra de arte produzida pelo mesmo Artista.
Ao finalizar esta minha análise sobre a Educação Estética, creio ser meu dever afirmar a necessidade imperiosa de, tal como outras matérias, designadamente a ética, a educação cívica, a mundividência, também a Estética deveria ser implementada ao nível do ensino preparatório.
 Isto porque só bem cedo na vida de uma pessoa, que se pretende digna e titular dos seus direitos, e responsável pelos seus deveres, se conseguirá alterar o curso de uma mentalidade fortemente afetada pelo “ideal do belo material”, ou seja, o ideal do ter, a troco da degradação do nosso semelhante, terá de ser erradicado da humanidade e, nada melhor do que na comunhão do homem com a Beleza Natural para se elevar ao nível do Supremo Belo Absoluto.

Bibliografia

DUCASSÉ, P., (s.d.). As Grandes Correntes da Filosofia. 5ª Ed. Lisboa: Publicações Europa-América
HADJINICOLAOO, N., (1978). História das Artes e Movimentos Sociais. Lisboa: Edições 70
MARCUSE, H., (s.d.). A Dimensão Estética. Lisboa: Edições 70
PLAZAOLA, Juan, (1973). Introdución a la Estética. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos
SCHILLER, Johann Christoph Friedrich von, (s.d.). Cartas Sobre a Educação Estética da Humanidade. Buenos Aires: Ed. Aguilar.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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