Os “pequenos-grandes” sinais dos verdadeiros
amigos (daqueles que nos são solidários; nos têm sincera e carinhosa amizade;
nos são leais e estão incondicionalmente do nosso lado), que se podem receber
ao longo da existência terrena, também se revelam em momentos, datas e períodos
importantes da vida: um simples telefonema, um e-mail, um “bilhetinho”, uma
carta, um singela flor do campo, uma prendinha, um abraço afetuoso, um beijo
terno, de verdadeiro “Amor-de-Amigo”,
enfim, um gesto de consideração, de estima, de simpatia, que faz toda a
diferença, entre quem é conhecido, colega, ou amigo muito especial.
É extremamente difícil, se não mesmo impossível,
suportar a indiferença, a rejeição, o esquecimento. A dor é tanto mais profunda
e o desgosto tanto mais intenso e duradouro, quanto mais nós gostamos das
pessoas que nos ignoram. Abrem-se “feridas” que ficam a “sangrar” durante muito
tempo, e que mesmo que se “curem”, a “cicatriz” da mágoa, vai permanecer para o
resto da vida. É uma provação que não se pode desejar aos nossos maiores
inimigos.
Ainda que num outro contexto, é fácil e
gratificante concordar-se com a seguinte poesia: «Homem, ama quem te ama, na permanência do tempo, / Aquela que jamais
te esquece, nem te abandona órfão, (…)» (VASCONCELOS, António da Rocha, in www.caminha2000.com Link “Poesia: Socialização”, N. 643, 06/12 Jul.2013. De
facto é essencial para a felicidade possível, sermos retribuídos nos nossos
sentimentos, ações, comportamentos e valores!
Ao longo da vida, vamos experienciando de tudo um pouco: desde a
amizade sincera, de um ou outro amigo, verdadeiramente solidário, leal,
apoiante, cúmplice e grato; também surgem aquelas outras pessoas que, num dado
momento, parecem realmente nossas amigas mas que, mais tarde, quando já não
lhes servimos para mais nada, nos desprezam e, eventualmente até nos criam um
ambiente de insuportável desconforto social, moral e pessoal para, finalmente,
convivermos com aquelas que por nós nunca nutriram qualquer tipo de simpatia,
amizade ou um sentimento específico.
As relações humanas, de facto, são muito complexas, porque: não existem
duas pessoas exatamente iguais; cada pessoa tem os seus princípios, valores,
sentimentos e emoções, que as levam a reagir de formas diferentes; subsistem,
também as culturas: nacionais, regionais e locais, as microculturas; a educação
e formação, quer ao nível das famílias, quer a que é adquirida em contexto
escolar.
Igualmente, são diferentes; a atividade profissional, o estatuto dela
resultante e o que através destes dois instrumentos se consegue, determinam um
posicionamento na sociedade que abre, ou reduz, o leque de influências; as
preferências religiosas, políticas e clubísticas, que envolvem autênticas
massas humanas, quando se realizam eventos, com elas relacionados, colocam os
seus aderentes em sintonia e solidariedade, ou em divergência e conflito, cujas
consequências nunca se sabe quais serão.
Por isso, em cada etapa da nossa vida, é da mais elementar coerência
fazermos um balanço retrospetivo e uma antevisão do que desejamos para nós,
para a nossa família, para os nossos verdadeiros amigos e para a sociedade,
cabendo-nos, em relação ao passado: a) retirar as ilações de tudo o que de bom
e de mal foi feito; b) refletirmos no presente, todavia, este sempre em
movimento para o futuro; c) o que deveremos projetar, por forma a conseguirmos
viver numa sociedade mais humana, mais tolerante, mais justa, no respeito pelas
opções e dignidade da pessoa humana que connosco, afinal, continuará a
conviver.
Caminhando nós para o “fim da
linha da vida física”, haverá para os crentes, uma possibilidade de
esperança, numa outra dimensão, a espiritual, para a qual nos poderemos, e
deveremos, preparar nesta vida terrena, através da prática das virtudes que são
exclusivas do ser humano, pelo menos tanto quanto se pode saber. Há, portanto,
um outro projeto a preparar, um outro rumo a seguir.
Tudo o que aqui fizermos, poderá, então, refletir-se nesse outro
projeto, beneficiar a caminhada num rumo bem melhor. Os crentes, os
praticantes, devem ser os primeiros a dar estes bons exemplos. Neste caminho
para o transcendental, há virtudes que importa, rapidamente, tentar exercer e,
nesse sentido, podem transcrever-se algumas que se tornam fundamentais para a
nossa boa convivência neste rápido percurso existencial:
1ª) «A Benevolência para com os
semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe
são a manifestação. Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a
educação e o hábito do mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há
cuja fingida bonomia não é senão máscara para o exterior, uma roupagem cuja
forma premeditada esconde as deformidades ocultas! O mundo está cheio dessas
pessoas que têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são brandas
contanto que nada as machuque, mas que mordem à menor contrariedade; cuja
língua dourada, quando falam face a face, se transmuda em dardo envenenado,
quando estão por detrás.» (KARDEC, 2010:127-27).
2ª) «A Misericórdia é
complemento da doçura, porque aquele que não é misericordioso não saberia ser
brando e pacífico; ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio
e o rancor denotam uma alma sem elevação, sem grandeza; o esquecimento das ofensas
é próprio da alma elevada; que está acima dos insultos que se lhe pode dirigir;
uma é sempre ansiosa, de uma suscetibilidade desconfiada e cheia de fel; a
outra é calma, cheia de mansuetude e de caridade.» (Ibid.:132).
3ª) «A indulgência não se ocupa
jamais com os atos maus de outrem, a menos que isso seja para servir, e tem
ainda o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações
chocantes, não tem censura nos lábios, mas somente conselhos, o mais
frequentemente velados.» (Ibid.:139).
4ª) «A Caridade é a virtude
fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrestres; sem
ela, as outras não existem. Sem a caridade não há esperança num futuro melhor,
nem interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, porque a fé não é
senão um raio puro que faz brilhar uma alma caridosa.» (Ibid.:178).
Praticar tais virtudes, entre muitas outras, independentemente de
sermos, ou não, crentes, parece o comportamento ideal nos tempos tão
conturbados que o mundo em geral atravessa, a sociedade portuguesa, em
particular, está a viver e, muito especialmente, as atitudes exacerbadas,
difamatórias e ofensivas à honra e bom nome das pessoas que, em pequenas comunidades
locais, se fazem sentir. É importante que se passe das palavras, das boas
intenções aos atos, porque assim todos seremos credibilizados nas nossas
múltiplas atividades.
Bibliografia
KARDEC,
Allan, (2010). O Evangelho Segundo o Espiritismo: contendo a explicação das
máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação
nas diversas situações da vida. Trad. de Albertina Escudeiro Sêco. 4ª Edição.
Algés/Portugal: Verdade e Luz – Editora e Distribuidora Espírita.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
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